sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Bernie Sanders e a questão da Palestina

Em uma coletiva de imprensa em março de 1988, quando apoiava a candidatura de Jesse Jackson para presidente, Bernie Sanders rechaçou o tratamento brutal que Israel dava aos manifestantes palestinos como uma “absoluta desgraça.”

Por Rania Khalek, em The Electronic Intifada | Tradução: Moara Crivelente


  
“A imagem de soldados israelenses quebrando os braços e pernas de árabes é repreensível. A ideia de Israel enclausurar cidades e sitiá-las é inaceitável,” o então prefeito de Burlington, Vermont, disse a um bando de repórteres.

Sanders referia-se às imagens televisivas que chocaram o mundo naqueles primeiros meses da primeira intifada, de soldados israelenses metodicamente quebrando membros de jovens palestinos, sob ordens do então ministro da Defesa, Yitzhak Rabin.

Sanders foi além e sugeriu que os EUA usasem a “influência” que seus bilhões em assistência militar a Israel e seus vizinhos garantiam para forçar uma mudança de comportamento, “ou então, comecem a cortar [o abastecimento de] armas.”

Este foi um apelo ousado para qualquer político eleito, tanto para a época como para agora.
Avançando para agosto de 2014, o senador de Vermont assume um tom muito diferente, gritando raivosamente com seus eleitores quando eles questionam sua defesa do rompante de massacres de Israel na Faixa de Gaza, naquele verão [do hemisfério norte].

“Há uma situação em que o Hamas está lançando mísseis contra Israel...desde áreas habitadas,” disse Sanders, usando pontos do discurso padrão do governo israelenses.

Quando alguém na audiência levantou a questão de os palestinos “terem o direito de resistir”, Sanders gritou de volta, “Cale-se! Você não tem o microfone!” e ameaçou acionar a polícia.
“Você vai prender as pessoas?”, o eleitor gritou de volta.

Sanders rapidamente desviou a conversa para a brutalidade do ISIS, ou Estado Islâmico.
Um ano mais tarde, ativistas da solidariedade à Palestina foram expulsos de um evento da campanha de Sanders em Boston e ameaçados com a detenção por trazer cartazes que indagavam “Você vai #SentirA[chama]Bern pela Palestina?”1

Enquanto Sanders, que é nominalmente um independente, emerge na campanha primária Democrata contra a favorita do establishment, Hillary Clinton, a questão da Palestina esteve virtualmente ausente do debate.

Em uma tentativa de deter o ímpeto dos eleitores migrando para as demandas populistas de Sanders por igualdade econômica, Clinton empregou pontos de discurso neoconservadores anti-Irã para apresentar o senador de Vermont como perigoso para Israel.

Isso marca um dos poucos momentos em que Israel foi mencionado de todo durante a campanha primária Democrata – um contraste notável com a corrida Republicana, que tem estado dominada pelo fanatismo anti-Muçulmano envolto no apoio chauvinista à violência israelense.

Embora Clinton continue sendo a favorita para assegurar a nomeação Democrata, Sanders já não é considerado uma opção distante.

Muitos dos apoiadores de Sanders estarão esperando que sua enorme vitória na primária de ontem [9 de fevereiro] na primária de New Hampshire lhe dará a ocasião que ele precisa para desafiar Clinton em estados onde as pesquisas de opinião dão a ela uma firme liderança.

Por isso, vale a pena examinar o histórico dele sobre a Palestina e os israelenses, como suas visões mudaram e o que podemos esperar dele, enquanto ele tenta expandir seu poder de atração.

Uma revisão do histórico de Sanders sugere que as mudanças em suas visões estão enraizadas em conveniências políticas, ao invés de um comprometimento ideológico.

“Sem armas para Israel” 
Bernie Sanders nasceu no Brooklyn em 1941, filho de pais imigrantes, judeus poloneses. Muitos dos parentes do seu pai, Eli, que veio para os EUA quando adolescente, em 1921, foram mortos pelos nazistas.

No início dos anos 1960, Sanders passou vários meses em um kibbutz israelense, uma experiência da qual ele continua a falar afetuosamente.

Mas aquela experiência não o deteve nas críticas à violência israelense, no início da sua carreira política.

De acordo com Peter Diamondstone, co-fundador do Partido da União da Liberdade, socialista e anti-guerra, ao qual Sanders pertenceu nos anos 1970, Sanders apelou: “sem armas para Israel”, durante uma parada de campanha em 1971 em uma sinagoga, no primeiro ano em que ele concorreu por um cargo político.

Após várias campanhas fracassadas com o passe da União da Liberdade, Sanders abandonou o partido e, em 1981, foi eleito prefeito de Burlington como independente, com uma margem de apenas 10 votos.

“Com uma decolagem que surpreendeu até mesmo os burgueses de tendências mais liberais em Burlington,” The Guardian observava em 1990, Sanders “usou seu cargo [de prefeito] para fazer pronunciamentos ambiciosos sobre a política externa estadunidense”, como “apelar por uma pátria palestina” (“Burlington Bernie takes on big parties in Congress fight,” [Bernie, de Burlington, desafia grandes partidos em confronto no Congresso], The Guardian, 15 de março de 1990).

Hoje em dia, Sanders ainda apoia a posição oficial dos EUA por uma solução de dois Estados, mas naquela época, defender um Estado palestino ainda estava fora do mainstream.

Tais visões estiveram à mostra na coletiva de imprensa de 1988, em que ele apoiou Jesse Jackson.
“Tem-se a habilidade, quando se tem os Estados Unidos da América, que apoia os exércitos do Oriente Médio, de exigir que essas pessoas trabalhem por um acordo razoável, protegendo os direitos dos palestinos, protegendo os direitos de Israel,” disse Sanders.

Mais tarde, naquele ano, quando ele concorria a um assento no Congresso, Sanders manteve sua posição.

“A política em que os israelenses atiram contra pessoas é inaceitável. É errado que os EUA forneçam armas a Israel”, Sanders disse a estudantes na Universidade de Vermont. “Não seremos os mercadores de armas para nações do Oriente Médio.”

Quando questionado sobre essas declarações de quase três décadas atrás, o porta-voz da campanha Michael Briggs negou veementemente que Sanders tenha jamais encorajado suspender as [entregas] de armas dos EUA para Israel. Briggs acusou o jornal estudantil da Universidade de Vermont, The Vermont Cynic, que relatara sobre as visões de Sanders, de apresentar uma “má interpretação de citações antigas”.

“Ele não chamou de errada a assistência militar a Israel”, Briggs disse ao jornal setembro passado. “Bernie não apoia e nunca apoiou o fim [do envio] de armas a Israel e esta nunca foi a sua posição.”
A tentativa de Briggs de revisar a história é contradita pelas claras declarações de Sanders na coletiva de imprensa de 1988, gravada em vídeo.

O que mudou?
Depois de finalmente conquistar um assento no Congresso, em 1990, Sanders ainda estava disposto a usar sua nova plataforma para avançar suas visões históricas. Mas quanto mais ele ficou no Congresso, e quanto mais alto subiu, menos ele falou contra os abusos israelenses de direitos palestinos.

“Tenho um problema com a destinação de USD 2 bilhões para o Egito e USD 3 bilhões para Israel. Vamos resolver alguns dos problemas que temos em casa primeiro”, Sanders disse na Câmara em 1991, quando destinava o seu voto à rejeição de uma medida de US$ 25 bilhões em assistência estrangeira (“House of Representatives rejects 25-billion-dollar foreign aid measure,” [Câmara dos Deputados rejeita medida de USD 25 bilhões de dólares para ajuda estrangeira”] Agence France Presse, 31 de outubro de 1991).

Naquele mesmo ano, Sanders votou por deter USD 82,5 milhões em assistência estadunidense a Israel a menos que Israel parasse de construir colônias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza ocupadas.
Mais recentemente, entretanto, Sanders não apelou pelo corte em assistência a Israel como uma forma de pressão. Ao contrário, ele apoiou totalmente a assistência estadunidense a Israel, enquanto expressava a esperança de que mais ajuda econômica a Israel e ao Egito, assim como aos palestinos, pudesse substituir alguma da ajuda militar em um futuro não especificado.

A campanha de Sanders não respondeu a uma questão colocada por The Electronic Intifada sobre a possibilidade de uma Casa Branca de Sanders ainda estar disposta a usar a assistência militar dos EUA para levar Israel a respeitar o direito internacional.

Histórico de votos ineficazes
Considerando o baluarte do lobby bipartidário de Israel no Congresso, o histórico de votos de Sanders poderia ter sido pior.

Mas, ao invés de se opor ativamente às atrocidades patrocinadas pelos EUA contra um povo indefeso e sob ocupação, Sanders frequentemente apenas manteve a cabeça baixa.

No fim de 2001, durante a segunda intifada, Salon observou: “Apenas um membro judeu da Câmara [Bernie Sanders] expressou qualquer forma de desacordo” com a resolução que responsabilizava o terrorismo palestino por toda a violência.

Em 2004, Sanders foi um dos 45 representantes no Congresso a votar contra a resolução expressando apoio pelo muro de Israel anexando terras palestinas na Cisjordânia ocupada, após ele ter sido considerado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça.

Hillary Clinton, que era uma senadora dos EUA na época, apoiou a versão do Senado daquela medida, que a sua campanha usa agora como marketing.

Em 2011, o Senado aprovou uma resolução instando a ONU a rescindir o relatório Goldstone, que encontrou evidências de crimes de guerra durante a campanha de bombardeios de 2008-2009 de Israel em Gaza.

Enquanto alguns creditaram Sanders por supostamente se opor à resolução, não houve votação registrado. A medida foi aprovada por consentimento unânime – um procedimento que significa que nenhum senador fez moção para bloqueá-la, pedir o debate ou para um voto registrado, nem mesmo Sanders.

Enquanto a população civil de Gaza era mais uma vez dizimada pelas bombas fornecidas pelos EUA no verão de 2014, Sanders foi um dos 21 senadores estadunidenses que não endossou uma resolução expressando solidariedade incondicional a Israel.

“Fim ao bloqueio de Gaza”
Quando questionado, no verão passado, por Ezra Klein, da Vox, se ele se identifica como um sionista, Sanders foi ambivalente, respondendo: “Um sionista? O que isso significa? Eu acredito que Israel tenha o direito a existir? Sim, acredito. Eu acredito que os Estados Unidos deveria estar desempenhando um papel equilibrado em termos do seu tratamento à comunidade palestina em Israel? Com certeza, sim.”

Quando o primeiro-ministro de Israeli Benjamin Netanyahu aceitou um convite Republicano para denunciar as negociações do governo Obama sobre o acordo nuclear do Irã, num discurso no Congresso, na primavera passada, Sanders, que disse abertamente não ser “um grande fã” de Netanyahu, foi o primeiro senador a anunciar sua intenção de boicotar o discurso.

Em uma entrevista em novembro na Rolling Stone, Sanders fez sua crítica mais dura até hoje à guerra de Israel contra Gaza – enquanto ainda justificava as ações de Israel.

“Eu acho que Israel exagerou na reação e causou mais danos civis do que o necessário”, Sanders disse. Eles argumentam, e eu respeito isso, que tentaram se certificar de que os civis não sofressem danos. Mas o resultado final foi que muitos civis foram mortos e muitas casas, destruídas. Danos terríveis, terríveis, ocorreram.”

Tomando essa posição, Sanders deixou de lado as conclusões do, além de outros, inquérito independente da ONU, de que Israel atingiu sistematicamente prédios residenciais e infraestrutura, sem qualquer justificação militar aparente, resultando na carnificina massiva.

Na mesma entrevista, Sanders tentou fazer transação entre as políticas linha-dura do consenso de Washington e as preocupações de muitos em sua base progressista.

“Os Estados Unidos apoiarão a segurança de Israel, ajudar Israel a combater ataques terroristas contra aquele país e manter sua independência”, ele disse. “Mas no meu governo, os Estados Unidos manterão uma abordagem equilibrada na área.”

Um aspecto de tal “equilíbrio” pode ser encontrado no site da campanha de Sanders, onde ele parece responsabilizar “os dois lados” igualmente, ignorando o vasto desequilíbrio de poder entre Israel, como um ocupante e colonizador armado pelos EUA, e os palestinos, que vivem sob o seu regime militar.

Mas nos Estados Unidos de 2016, mesmo apelos por “equilíbrio” nesses termos estão fora do mainstream.

Mesmo que suas posições sejam mornas, ele foi muito além do que qualquer coisa dita por Barack Obama, que muitos erroneamente acreditaram, apesar de todas as evidências, que apoiaria os direitos palestinos quando se tornasse presidente.

Sanders apela a Israel por “acabar com o bloqueio a Gaza e parar de desenvolver as colônias em terras palestinas”, tornando-se um dos únicos senadores estadunidenses a fazê-lo.
Entretanto, está muito longe do seu irmão, o candidato do Partido Verde do Reino Unido, Larry Sanders, que expressou apoio ao boicote, desinvestimento e sanções a Israel.

E Sanders não é um Jeremy Corbyn, apoiador de longa data dos direitos palestinos que conquistou a liderança do Partido Trabalhista, o principal na oposição do Reino Unido, e a quem o senador de Vermont é frequentemente comparado.

Isso dito, o histórico de Sanders é um contraste claro à adoção entusiasta, pela sua oponente, da liderança de direita de Israel e seu desprezo descarado pelas vidas dos palestinos.

Uma oponente linha-dura
Enquanto Israel massacrava 551 crianças em Gaza em 2014, Hillary Clinton acusou os palestinos de “manipular o palco” na cobertura da chacina para angariar a simpatia internacional e comprometer Israel.

Desde a campanha dela por um assento no senado dos EUA por Nova York, em 2000, Clinton tem o hábito de demonizar os palestinos para cortejar eleitores e doadores judeus pró-Israel.

Ela esteve tão empenhada em provar lealdade a Israel quando esteve no Senado que votou contra uma proposta de lei que visava evitar o uso de bombas de fragmentação, que mata crianças desproporcionalmente, em áreas civis densamente populadas.

A proposta de lei foi inspirada, em parte, quando Israel cobrou o sul do Líbano com cerca de quatro milhões de munições de fragmentação em 2006.

Ainda assim, a proposta foi derrotada “principalmente porque foi pintada como uma emenda anti-Israel”, de acordo com o diretor da divisão sobre armas da Human Rights Watch. Coincidentemente, um dos proponentes do projeto foi o senador Bernie Sanders.

Um dos contribuintes mais generosos da campanha de Clinton é o bilionário magnata da mídia Haim Saban, que admite abertamente que sua prioridade número um é influenciar a política externa dos EUA a favor de Israel.

Saban e sua esposa, Cheryl, já doaram USD 5 milhões à campanha de Clinton. Clinton expressou sua gratidão por tamanho apoio com uma promessa de “tornar a oposição ao BDS” – o movimento pelo boicote, o desinvestimento e as sanções liderado pelos palestinos – “uma prioridade” da sua presidência.

“Estive ao lado de Israeli minha carreira inteira” e, se eleita presidente, “continuarei a combater nesta batalha”, Clinton disse.

Após a sua derrota para Sanders em New Hampshire, relata-se que Clinton está planejando “uma confronto sobre Israel”, focando na “aparente falta de interesse de Sanders em Israel” para levar eleitores judeus a “repensar seu apoio ao judeu estadunidense que acaba de subir mais alto que muitos outros na política Democrata”, de acordo com The Jewish Daily Forward.

Fora de sintonia
A devoção linha-dura da antiga secretária de Estado a Israel está cada vez mais fora de sintonia com a base Democrata, um fato que torna a indisposição de Sanders para desafiá-la neste fronte especialmente confuso.

Clinton é amplamente impopular entre eleitores Democratas mais jovens – e são esses jovens eleitores os que as pesquisas de opinião revelam ser muito mais críticos de Israel e receptivos a apelos pelos direitos palestinos.

Mesmo as elites Democratas – os mais educados, com maiores rendas e mais ativos apoiadores do partido – estão se distanciando de Israel. No verão passado, uma enquete mostrou que a metade considera Israel um país racista e aproximadamente três quartos acham que tem demasiada influência sobre a política estadunidense.

Notavelmente, 45% das elites Democratas responderam que estariam mais inclinados a votar por um candidato político que criticasse a violência israelense contra os palestinos, versus 23% que disseram que seriam afastados [pelo mesmo motivo].

Ao contrário de Clinton, Sanders não está comprometido com doadores pró-Israel, muitos dos quais, membros da classe bilionária contra quem ele faz campanha abertamente.

Isso pode explicar porque Sanders, até agora, absteve-se do ritualístico alcovitar requisitado a candidatos presidenciais estadunidenses – não há registros de discursos dele ao AIPAC, o grupo de lobby israelense mais influente nos EUA. E não está claro quando ele visitou Israel pela última vez.
Como um candidato competindo sobre uma plataforma anti-establishment, Sanders está posicionado perfeitamente para desfiar Clinton sobre o consenso bipartidário Israel-não-faz-nada-de-errado que domina o sistema político dos EUA.

Se o desafio de Sanders ao status de liderança de Clinton continuar a crescer, e no cenário em que ele se torne o candidato Democrata, suas visões sobre Israel ficarão sob ainda maior escrutínio.
Mas sem pressão significativa e contínua da sua base, há poucas razões para acreditar que um governo Sanders seria muito diferente do atual no tocante à Palestina.

Os próximos meses revelarão qual Sanders prevalecerá: aquele preparado para criticar Israel, embora guardado por declarações de apoio, ou o estridente Sanders pronto para invocar a polícia contra eleitores exigindo responsabilização pelo massacre de crianças em Gaza perpetrado por Israel.
 


Fonte: Vermelho

Brasil se mobiliza para combater ao Aedes Aegypti neste sábado

O governo federal promove neste sábado (13) o Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Aedes aegypti. A ideia é mobilizar famílias no combate ao mosquito transmissor do Zika, que também é vetor da dengue e da chikungunya. Três milhões de famílias deverão ser visitadas em suas casas, em 350 municípios.


Agência Brasil
Campanha vai mobilizar famílias no combate ao mosquito transmissor do Zika, que também é vetor da dengue e da chikungunyaCampanha vai mobilizar famílias no combate ao mosquito transmissor do Zika, que também é vetor da dengue e da chikungunya
Para isso, a presidenta Dilma Rousseff determinou o deslocamento de seus ministros a vários estados a fim de participar ativamente da mobilização, conversando com prefeitos, governadores e batendo nas portas das casas. Os destinos de alguns membros do primeiro escalão já foram definidos, como os do titular da Saúde, Marcelo Castro, que seguirá para Salvador, e do chefe da Casa Civil, ministro Jaques Wagner, que irá a São Luís.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, irá para Aracaju; a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, visitará o Recife; o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, participará da ação em Maceió, e Ricardo Berzoini, titular da Secretaria de Governo da Presidência da República, viajará a Manaus.

O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, por sua vez, irá a São Paulo. Ele vai se encontrar com o governador do estado, Geraldo Alckmin, em Campinas. “Estaremos presente nos estados. Acho que a presença dos ministros é um testemunho do compromisso e do esforço do governo federal para a contenção do mosquito e dos males que ele causa”, afirmou Aldo.

As Forças Armadas deslocaram cerca de 220 mil militares para a ação. Eles vão acompanhar os agentes de saúde no trabalho de conscientização, casa a casa. Foram usados dois critérios para definir as cidades que serão visitadas na campanha; municípios com a presença de unidades militares e os com maior incidência do mosquito Aedes aegypit, conforme dados do Ministério da Saúde.

“A campanha é de mobilização, de convocar a população a fazer parte do esforço de combate ao mosquito e essa mobilização terá que ser feita de casa em casa. Nosso propósito é alcançar pelo menos 3 milhões de domicílios e distribuir pelo menos 4 milhões de folhetos neste sábado”, acrescentou Aldo Rebelo.

Emergência internacional

No início do mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência internacional de saúde pública em virtude do aumento de casos de microcefalia associados à contaminação pelo vírus Zika. A situação é preocupante, segundo a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, por causa de fatores como a ausência de imunidade entre a população, a falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápidom além da possibilidade de disseminação global da doença.

Transmitido pelo Aedes aegypiti, o mesmo transmissor da dengue e da chikungunya, o Zika provoca dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. A grande preocupação, no entanto, é a relação entre o Zika e a ocorrência de microcefalia.
 

Fonte: Agência Brasil via Vermelho

Papa Francisco e patriarca Kirill celebram encontro histórico em Cuba

Cuba será palco de um encontro religioso histórico nesta sexta-feira (12). É a primeira vez que o chefe da Igreja Católica Romana e o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa se encontrarão desde que esses dois principais ramos do cristianismo se separaram, em 1054. Segundo o Departamento de Relações Eclesiásticas Exteriores de Moscou, o patriarca Kirill não aceitou que o encontro acontecesse na Europa, por ser um continente “vinculado à separação e aos conflitos entre os cristãos”. 


Vermelho
Esta é a primeira vez que as duas vertentes cristãs se encontram, desde a cisão em 1054Esta é a primeira vez que as duas vertentes cristãs se encontram, desde a cisão em 1054
A reunião será celebrada no Salão de Protocolo do Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, ponto de escala do papa Francisco para sua viagem ao México. O patriarca russo, convidado pelo presidente Raúl Castro, chegou ao país nesta quinta-feira (11) e deve permanecer no país até o próximo domingo (14).

Kirill foi recebido pelo presidente cubano já na chegada no aeroporto, onde tiveram um breve diálogo. Segundo um comunicado oficial da Igreja Ortodoxa Russa, a conversa dos dois líderes religiosos deve durar em torno de três horas. Eles abordarão temas relacionados às igrejas, o contexto político internacional e a defesa do cristianismo no Oriente Médio e no Norte da África diante de perseguições e genocídios motivados por fins religiosos.

Ao fim da reunião, outro fato histórico acontecerá: os líderes religiosos vão firmar uma declaração conjunta, a primeira em 962 anos, desde a cisão das duas vertentes.

Antes da partida de Kirill para Cuba, o chefe do departamento para a relação da igreja com a sociedade e os meios de comunicação, Vladimir Legoida, assegurou que a reunião em Havana foi uma decisão conjunta dos dois líderes.

O patriarca de Moscou qualificou o encontro como “um acontecimento importante” e “um sinal de esperança para toda a comunidade cristã”. O papa, por sua vez, explicou que as negociações para esta celebração duraram dois anos em total sigilo. “Eu queria ver e abraçar meus irmãos ortodoxos”, disse Francisco que defendeu a construção de “pontes passo a passo, até chegar a darmos as mãos aos do outro lado”.

O ministério das Relações Exteriores de Cuba, país escolhido como cenário para o histórico encontro, manifestou que a ilha “se sente honrada” de acolher a reunião dos líderes religiosos e assegurou que se responsabilizará por todo o necessário para o êxito desta celebração. 


Do Portal Vermelho, com informações da Prensa Latina

Grande mídia cria espetacularização em torno de Lula


  

Em comentário realizado ontem, quinta-feira (11) na TVT, o jornalista e analista político Paulo Vannuchi afirmou que existe uma espetacularização de tudo que envolve o nome do ex-presidente Lula na mídia convencional.


Segundo ele, a grande questão a ser levantada é a seletividade em relação aos investigados. “Quando se trata de Aécio (Neves), alguém do PSDB ou do Fernando Henrique Cardoso, as apurações não vão para frente.” Ele também questiona porque meios de comunicação como a revista Veja e a TV Globo conseguem informações antes mesmo dos próprios acusados.

Ouça o comentário:

Paulo Vannuchi

Vermelho - Com informações da TVT

O tríplex da família Marinho

Paraíso particular: mansão triplex encravada no melhor point da Mata Atlântica. A mansão de veraneio dos herdeiros do magnata da Globo Roberto Marinho também é um tríplex e também está sendo investigada pelo Ministério Público Federal, mas num processo em ritmo bem mais light e sem publicidade. 

Por Renan Antunes de Oliveira, do DCM


Os arquitetos que a projetaram e os engenheiros que a ergueram zombaram das leis ambientais: ela está totalmente irregular.

Das fundações ao teto, localiza-se em área desmatada de um parque federal. E parte, sobre terra pública, grilada logo por quem não precisa – a família mais rica do Brasil.

A mansão tem um andar quase subterrâneo e outros dois empilhados de forma engenhosa, parece que não se tocam. Fica na baía de Paraty, na costa do Rio.

Ela foi alvo de fiscais do Ministério de Meio Ambiente (MMA) desde o início da construção, em 2008.

A batalha parecia terminada quando a Vara Federal de Angra dos Reis mandou demolir a mansão, em 2010, poucos meses depois de concluída.

Mas os Marinhos não se curvaram à Justiça.

Seus advogados recorreram e fugiram das intimações. Eles a mantiveram em pé por seis anos e vão lutar para que fique assim até o último juiz.

Como um caso tão pequeno se arrasta no Judiciário por mais tempo do que o da Lava Jato só pode ser explicado pela nova teoria do “abuso do direito de defesa”.

A sentença da primeira instância não tem previsão para sair, mas os desembargadores do TRF já devem estar se acotovelando pra ver quem terá a sorte de pegar o caso na segunda.

É surpreendente que o MPF não tenha deixado escapar vazamentos. Partes do processo ainda estão sob segredo de justiça. Para vê-lo, use o código 201051110009517 no site.

Mamute de concreto
O terreno onde está a mansão é duas vezes maior do que o daquele sítio de Atibaia que tem aparecido no noticiário da Globo nos últimos dias.

Seu tamanho original era menor, apenas 50 mil m². Corretores da cidade disseram que os Marinho compraram mais áreas lindeiras, para evitar que gente comum quebre a privacidade da mansão acessando por morros e costões.

A mansão é tão pesadona e forte que parece ter sido feita para durar mil anos. Tem 1.300 m² de concreto, capaz de resistir a um tsunami.

Caberiam dentro dela três daqueles tríplex do Guarujá – veja detalhes no site dos arquitetos.

Além de estar sobre natureza morta, a mansão se projeta das pedras para o mar. Se arquitetura quer dizer alguma coisa, ela parece um navio de conquistadores, senão uma frota inteira.

Apesar de localizada na praia de Santa Rita, na costa do Rio de Janeiro, é mais conhecida no circuito dos ricos e famosos por seu nome em inglês: “Paraty House”.

A mansão é tida como joia da arquitetura moderna tupiniquim desde a prancheta. Assim que abriu as portas para os primeiros convivas foi premiada por uma revistinha inglesa de design, a Wallpaper.

A Paraty House oferece aos seus ocupantes uma espetacular imersão na natureza intocada – quer dizer, está intocado o que eles deixaram depois de desmatar uma parte, dar uma raspada nas pedras e cortar o cocuruto do morro para ela ser erguida.

Mesmo assim, o terreno ainda é um naco magnífico da Mata Atlântica, dentro da área de preservação de Cairuçu – puro verde, como no tempo das caravelas. Só se vê a casa quando se chega perto, por mar ou voando. Veja no site do MMA.

Por esses dias quem mais está usando a mansão são netos e bisnetos do magnata.

Uma faxineira, casada com o irmão de um jardineiro, contou ao DCM que os três filhos de Marinho, donos do Grupo Globo, se afastaram dela – da mansão, não da faxineira – devido à publicidade negativa provocada pelo processo do MPF.

Os procuradores investigam tão rigorosamente quanto possível o crime ambiental de desmatamento para erguer mansão, piscina, parquinho, aquashow e heliponto.

O encarregado do inquérito trocou várias vezes porque o caso não tem força-tarefa, nem procuradores exclusivos, atrasando as coisas. Foi no andar do processo que se descobriu a grilagem de uma área pública: os donos da mansão privatizaram na marra a pequena praia de Santa Rita, reservada para uso exclusivo de seus pimpolhos.

A piscina foi erguida direto na areia da praia – é show de bola, mas ilegal, sem falar na ideia de jerico de ter uma piscina salgada a 30 passos do mar.

Os Marinho ergueram na Santa Rita também aquashow tubular, ancoradouro para jet ski, mansãozinha de árvore, combo balanço-gangorra-escorregador e um depósito para as pranchas de surf e banana boats – assim a criançada e papais se poupam do complicado leva e traz dos brinquedos. Tudo ilegal.

Para manter os brinquedos na praia sem que ninguém se sinta tentado a usá-los, os Marinho contrataram seguranças armados. São dois homens em turnos de 12 horas, 7x30x365. Eles intimidam quem desembarca na areia, mas não há registro de violência. Só botam o povão para correr, coisa que ninguém ousaria fazer no Leblon.

Se a luta pela praia tem alguma justificativa deve ser pela qualidade da água. Este repórter esteve lá na semana do carnaval e ela estava simplesmente deliciosa.

Morninha, limpa, transparente, calma. O fundo tem areia igual de limpa – dá vontade de juntar alguns punhados e levar para aquários, afinal, a areia é do povo.

A prainha é pequena, 83 passos largos de costão a costão, entre o trapiche de jet ski e o ancoradouro dos iates. Tem brisa permanente, garante quem conhece a região. Ela está de frente para o noroeste, pega todo sol da manhã e sombra ao entardecer, com o fresquinho de graça, oferta da Mata Atlântica.

Os ricaços que a desfrutam não precisam passar aquele abafamento e sol quente que o povão enfrenta em locais apinhados, nem arrastar guarda-sol: amendoeiras frondosas e palmeiras garantem sombra eterna.

A praia é farofeiros free – uma lancha cobra até 350 reais pelo percurso de 15 minutos entre o cais histórico de Paraty e a House. De vez em quando algum desavisado salta nela, só para ser corrido pelos guardinhas.

As crianças dos Marinhos e seus amiguinhos não sentem falta dos vendedores ambulantes. Elas podem beber água de coco colhido no pé. Claro que não tem o agito de Copacabana, mas pelo menos a areia está sempre varrida e sem papel de picolé.

Como se não bastasse desfrutar deste pedaço do paraíso, a vida intramuros é de um conforto que a gente comum pode apenas sonhar – preste atenção nas suítes feitas com lascas de árvores e fotos completas da cozinha naquele site dos arquitetos.

Óbvio que tal cozinha não é para alguém fritar um ovo com arroz. Sempre que a family vai veranear provoca azáfama – correria com atrapalhação – entre os empregados, para abastecer freezers e prateleiras. Em geral, um chef escolhido entre os melhores do país acompanha a comitiva.

A House dispõe de várias embarcações de serviço e recreio. O Indiana X que estava atracado lá no dia da reportagem era apenas para os seguranças e domésticos. Vale 200 mil reais, na avaliação do comandante da lancha deste repórter.

A família, quando não voa direto para seu heliponto, usa um tremendo iatezinho compacto Ferretti 40 – os modelos antigos à venda no Mercado Livre valem um tríplex. Os iates mais novos, bem equipados, podem valer até 10 cotas daquela cooperativa imobiliária. O Ferretti dos Marinho não estava no porto e não pode ser avaliado.

O Ferretão, como foi apelidado pelo comandante Bradock, que já prestou serviços à família, é usado quando a prainha privatizada está sob ataque de farofeiros ou sofrendo das raras fiscalizações federais – aí ele navega para outros points privados.

Não se sabe pra onde porque a prefeitura de Paraty, ao imprimir mapas para turistas e escuneiros, fez a cortesia de omitir a (as) praia (s) dos Marinho.

Motosserra

O problema da Paraty House na Justiça é que para ser construída, premiada e desfrutada pelos pimpolhos dos bilionários, alguns operários tiveram que derrubar árvores protegidas por lei federal – todo verde hoje esmagado pelo concreto da mansão era original até eles desembarcarem no pedaço.

Não foi possível apurar o nome dos carinhas que passaram a motosserra nas árvores.

Assim, eles não poderão ser responsabilizados.

Mas, na outra ponta, nenhum Marinho jamais será punido ou multado – eles usaram uma empresa de fachada para erguer a House.

A empresa aparece como ré no processo do MPF. Chama-se Agropecuária Veine. O responsável é um tal de Celso Campos – ele conseguiu a proeza de ficar de outubro de 2011 a abril de 2014 sem ser localizado por um oficial de justiça.

Alguém no infalível MPF errou o endereço dele da Avenida Copacabana XXX para XYY, apenas 30 metros, o suficiente para Campos nunca ser encontrado. O truque funcionou bem até uma recente troca de procuradores, que descobriram a patacoada.

Os procuradores que se debruçaram sobre o caso disseram à revista americana Bloomberg que “os ricos brasileiros usam as praias públicas como se fossem sua propriedade” – só não deram entrevista pra Globo.

Nos bastidores, eles dizem horrores dos Marinhos, mas sem jamais citá-los oficialmente, já que o réu de fachada é o tal Celso Campos. Este, procurado em Copa, não falou ao DCM.

O que talvez tenha faltado para andar rápido uma ação tão simples – casa erguida irregularmente, praia ocupada na marra, tudo documentado pelo MMA – tenha sido um juiz como aquele paranaense, com seu apetite por enfrentar poderosos.

Na Vara de Angra dos Reis, o processo da Veine se arrasta porque é uma batata quente que ninguém quer segurar. Até o porteiro sabe quem está por trás dela – e não é o Celsinho.

Uma avó combativa

Quem levantou a lebre foi uma servidora pública federal, concursada, Graziela de Moraes Barros, fiscal do Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão do MMA.

Ela tem apenas 39 anos e já é avó. Mora num sítio escondido numas quebradas e implora pra que o repórter não diga onde é, porque teme represálias. De quem? “Quando fiz a denúncia da casa dos Marinhos, alguém atacou a minha e incendiou meu carro”, conta, sem acusar ninguém.

A Polícia Federal investigou o caso, óbvio que sem sucesso. Hoje, ela anda sempre em carro oficial e acompanhada de uma colega.

Graziela não é mais fiscal. Deu entrevista, na semana do carnaval, em seu escritório na APA Tamoios, no alto de um morro do qual se vê Angra dos Reis e Paraty – a House agora está fora de sua jurisdição.

“Desisti porque passei cinco anos dando murro em ponta de faca. O Estado e a Justiça não enfrentam e nem punem os poderosos. Minha função acaba sendo fazer o papel de polícia contra pescadores e pequenos posseiros”, resmunga, amargurada.

Ela aponta o processo contra os Marinho como um exemplo de desrespeito: “Eles poderiam ter erguido uma casa menor, de até 200 m², o que seria permitido pela lei. Mas fizeram aquele monstrengo de concreto derrubando mata. Foi uma afronta à lei e à natureza”.

Graziela é a estrela da acusação. Ela inspecionou a praia Santa Rita uma vez durante a construção e outra depois que a mansão ficou pronta: “Heliponto e casa devem ser derrubados. A piscina está na praia…” e ela despeja os argumentos que estão no processo iniciado pelo procurador Fernando Lavieri, tim tim por tim tim.

Ela quer os Marinho fora do pedaço: “Eles entram com recursos e vão rolando. Pagam multas e continuam ocupando a área, esperando tudo cair no esquecimento. Calculo que gastem mais de um milhão em multas e advogados, mas vão continuar lá, porque podem tudo”.

Graziela enumera uma lista de milionários que cometeram crimes ambientais na mesma região. Está desiludida: “Nada vai mudar”.

Na hora da fotografia, Graziela entra em pânico: “Tenho medo de ser exposta”, diz preocupada com sua segurança como se vivesse no meio de uma guerra de gangues. Pede que a foto seja tirada pelas costas, solicitação atendida.

A Paraty House foi desenhada pelo arquiteto paulista Márcio Kogan e sua equipe. Não foi possível localizá-lo para saber se ele nunca ouviu falar da proibição de derrubar Mata Atlântica. Se não ensinaram na faculdade dele, consola saber que já existe preservação ambiental até no currículo da escola fundamental.

O projeto original sempre esteve em desacordo com a lei de máximo 200 m² porque saiu da prancheta com 840. Aí foram mexendo e subiram para os 1.300.

Como a construção daquele bruto bloco de concreto foi premiada, as opiniões variam de maravilha arquitetônica a monstrengo – no prêmio Wallpaper 2010 os jurados analisaram apenas a arquitetura, sem avaliar o preju ambiental que ela causou.

Um arquiteto de Paraty, ligado à Organização Caiçara e defensor de quanto mais verde melhor, acha que “a mansão é até bonitinha, mas está totalmente deslocada do entorno. Na mata é um horror. Ficaria bem na Avenida Paulista. Por que tanto concreto no meio da mata”?

O arquiteto diz que “caberiam ali vários chalés de madeira, rústicos, bem mais leves, com o mesmo grau de conforto. Seria de bom gosto e estaria dando sinal de respeito à sociedade”. O homem não quer ver seu nome citado, temendo represálias.

De quem? O arquiteto fica de bico calado – deve temer a mesma gangue que aterroriza Graziela.

O dono de uma pousada – nome omitido porque teme represálias – contou que sua ex namorada, a bióloga Xis, fez um plano de manejo de pesca em cativeiro nas águas da Santa Rita: “Na verdade, o objetivo deles não era pescar, e sim lançar o emaranhado de boias para demarcar o cativeiro, impedindo atracação de barcos”.

Ele disse que a moça ficou seis meses só assinando papéis, até que se fartou do negócio e foi morar na Bélgica: “Por favor, não bote o nome dela na reportagem”.

Paraíso privado

Depois de realizar várias entrevistas em terra firme, decidi ir à praia dos Marinho, sem ser convidado, para conferir alguns dados do processo – no final do ano passado um juiz determinou diligências para saber se os parquinhos ainda estavam de pé.

Contratei uma lancha. O simpático comandante não quis ver seu nome aqui, temendo represálias: “Eu vivo do turismo e eles…sabe como é”, disse, parecendo assustado.

Minha lancha zarpou e por alguns minutos da viagem me senti inebriado com toda aquela beleza da baía de Paraty – mas logo veio o medo de enfrentar os tais seguranças armados.

Torci para que um Marinho, com quem troquei cumprimentos anos atrás quando era repórter de O Eco, estivesse tomando café na beira da piscina.

Quase 10 da manhã e eu estava na lancha, com o mar às costas e a mata na frente, temperatura de 22 graus, céu azul – até aquele ponto tudo ia bem.

Pedi para o comandante apagar o motor para gozar o silêncio, mas a barulheira de outros navegantes quebrou o encanto.

Dez e pouco começamos a nos aproximar da mítica Paraty House.

Fui fazendo fotos a distância. Ninguém à vista. Fiquei com aquela sensação de filmes quando vai surgir um dinossauro na praia deserta e só o mocinho não sabe.

Desviamos das boias fajutas da bióloga da Bélgica e pulei na água – morninha, como contei antes.

Já estava na areia quando, do meio das amendoeiras, surge um guardinha.

Ele veio falando qualquer coisa, de longe, com a mão escondendo o logotipo da empresa e o nome na farda, assim como fazem os PMs quando batem em jornalistas.

Aí, parou na minha frente e me intimou: “Vá embora, você não pode tirar fotos da casa”.

Não vi o segundo guarda e avaliei o perigo: apenas alerta amarelo.

Então, dei um patético carteiraço nele: “Sou jornalista e posso tirar fotos porque esta praia é pública” – e estendi minha carteira da Federação dos Jornalistas.

Na mesma hora contive o riso pela ironia de invocar este direito num solo supostamente sagrado à liberdade de imprensa. Ele nem deu bola pro documento.

O guardinha me mandou embora outra vez, desta vez com a mão na coronha da arma.

Mas ele não sacou. Ponto para mim. Senti a fraquejada e blefei: “Tá vendo aquela lancha? Tem uma câmera filmando nós dois. Você não manda aqui e só pode ficar dentro da propriedade, não pode nem andar armado na praia” – aí apontei minha Nikon pra ele.

Vapt vupt e o guardinha se esfumaçou. Entendeu que eu não era turista, virou pra esquerda e saiu dando pulinhos na areia – sinal que ele sabia que ali os guardas privados podem ser presos em flagrante por porte ilegal de arma, se não estiverem no perímetro da mansão.

Minutos depois, ele voltou, mais gentil, apelando: “Por favor, é meu trabalho”. Concordamos que eu poderia fotografar tudo, menos entrar na casa – uma banalidade, já que estava vazia.

O guardinha contou que “faz pouco avisaram que o helicóptero vai chegar com a patroa”. Ele não disse o nome, talvez temendo represálias. Trata-se de uma neta de Roberto Marinho. Meu único conhecido não estava na lista de passageiros, ia ser mais difícil me aproximar dela.

Outro problema: quem chega pelo heliponto, atrás da linha da praia e acima da mansão, pode entrar nela por um caminho de espelhos de cristal sobre um lago artificial. Eu não teria acesso àquela área.

Decidi não esperar um improvável convite para o almoço.

Mandei o guardinha sumir da minha frente, ele obedeceu.

E como meu nome não é trabalho, me joguei naquela pintura de água.

Decidi não esperar um improvável convite para o almoço.

Mandei o guardinha sumir da minha frente, ele obedeceu.

E como meu nome não é trabalho, me joguei naquela pintura de água.
 



Fonte: Vermelho

Martinho da Vila comemora 78 anos nesta sexta-feira

Martinho da Vila deve realizar nesta sexta-feira (12), mesmo com todo cansaço do Carnaval e a tristeza do penúltimo lugar da sua escola, uma tradicionalíssima roda de samba para comemorar os seus 78 anos. 


EBC
Além da vida artística, Martinho da Vila é, desde 2005, filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Além da vida artística, Martinho da Vila é, desde 2005, filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). 
Com seu jeito manso de ser, que lhe rendeu um dos sucessos musicais “É devagar. É devagar, devagarinho ... Martinho da Vila conquistou o Brasil e o mundo. Ele que nasceu em Vila Isabel, carioquíssimo, só conseguiu sucesso quando foi para São Paulo participar de um festival. E só depois de três anos consecutivos de sucesso, é que assinou o contrato para o primeiro disco.

Além da vida artística, Martinho da Vila é, desde 2005, filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Martinho traz o samba na alma, mas não para de reinventar a sua carreira. Seu estilo permanece o mesmo, no entanto, cheio de influências. Viajou pelos países africanos e, também os de língua portuguesa, sempre buscando origem e novos batuques.

Surpreendeu cantando samba em francês, tudo para que sua música tivesse o balanço do samba que só a influência afro pode trazer. Não deixe de conferir o documentário “O Samba”, do cineasta francês Georges Gauchot, uma revelação da vida em Vila Isabel e do legado de Martinho.


 
 

De Brasília - Vermelho - com agências 

Destruir o último líder popular a qualquer preço

A característica certamente mais exemplar de nossa história é a conciliação. De cúpula sempre (ou seja, conciliação em nome da preservação dos interesses da classe dominante), impedindo a revolução (como tal entenda-se também a simples ameaça de emergência das massas) e retardando as reformas das mais simples às mais essenciais – todas, como meras reformas, pleiteadas conforme as regras do regime que não visavam a alterar.


Destruir o último líder popular a qualquer preçoDestruir o último líder popular a qualquer preço
Por Roberto Amaral*

Em todos os momentos graves, a ruptura – ainda quando uma exigência histórica – cedeu espaço à concordata pois o essencial foi sempre a conservação dos donos do poder no poder. Da Colônia ao Império, do Império à República, e até aqui.

Mas a opção pela conciliação não impediu que nossa história fosse, desde o Primeiro Reinado, juncada de irrupções militares, às vezes quase só motins, como aqueles que precederam (preparando-a) a Independência e a sucederam (consolidando-a), até a resignação do Imperador, de malas prontas para o cerco do Porto e a revolução liberal que, depondo d. Miguel, faria D. Maria, a rainha brasileira dos portugueses, subir ao trono.

No Segundo Império a preeminência militar senta praça após a infeliz guerra ao Paraguai, quando nossas forças de terra e mar alcançam algum grau de organização e profissionalismo/profissionalização e, animadas pelas penosas vitórias nos campos de batalha, decidem exercer presença na política imperial.

Era propício o momento, com as seguidas crises dos seguidos gabinetes, as campanhas abolicionista e republicana e, no plano ideológico, o positivismo grassando na caserna e conquistando a jovem oficialidade. Assim, na formação histórica brasileira, temos duas linhas convergentes sob o fundo autoritário: a conciliação e a insurgência militar.

Mas na altura do II Reinado nada que sugerisse, nem de leve, o que seria a presença desestabilizadora dos militares na República. Se o marco inaugural foi a ‘parada militar’ do 15 de novembro, que derrubou o Império e viu a República consolidar-se com o golpe de Floriano, o ciclo se fecha com a conjuração do golpe de 1º de abril de 1964, que se afirmaria como uma ditadura de 20 anos.

Entre um polo e outro, de intentonas e sublevações seria rico o primeiro terço do século: o levante do Forte de Copacabana (1922), a insurgência paulista de Miguel Costa (1924) e a coluna Prestes (1924-1927) caracterizaram a República Velha, que morreria em 1930 com a irrupção civil-militar que passaria à história como Revolução de 30, hegemonizada pelos tenentes de 22 e 24, que comandariam as forças militares e permaneceriam no proscênio da política até a ditadura de 1964: Eduardo Gomes, Juarez Távora, Cordeiro de Farias, Ernesto Geisel...

A revolução de 1930 – que empossa Getúlio Vargas –, transforma-se na ditadura do Estado Novo em 1937, após sufocar um putsch integralista (1932) e um levante de militares comunistas comandados por Luís Carlos Prestes (1935). Os mesmos generais responsáveis pelo golpe de 1937 (à frente de todos os generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra) agora se levantam contra Vargas, e abrem caminho (1945) para a restauração democrática.

Inicia-se com um general, o ex-ministro da Guerra da ditadura, o general Dutra, o ciclo de presidentes eleitos pelo voto popular e de regimes democráticos que os mesmos militares sufocariam 18 anos passados.

Após uma sequência de golpes militares e tentativas de golpe – deposição e renúncia de Vargas (1954); tentativa de impedimento da posse de JK-Jango e contragolpe militar de Lott-Denis (1955), tentativa de impedir a posse de Jango (crise da renúncia de Jânio Quadros) e golpe parlamentarista (1961) – a estratégia da preeminência militar abandona as intentonas e as irrupções, para exercer um efetivo superpoder, pairando acima dos três poderes constitucionais, regendo a República sem depender da soberania popular ou submeter-se a qualquer regramento.

Foi o largo período dos pronunciamentos militares manifestando-se sobre a vida civil e interferindo na política. Naquele então o Clube Militar era uma instância suprema, na qual os destinos do País eram decididos. Naquele então, os militares se pronunciavam sobre tudo, até sobre os índices do salário-mínimo, e podiam exigir e obter a demissão do ministro do Trabalho que ousava favorecer os interesses dos trabalhadores.

Momento dos mais significativos dessa preeminência – ou do exercício desse poder para-constitucional –, seria observado, no regime democrático, em 1954, com a ‘República do Galeão’, anunciando o que seriam os tempos da ditadura de 1964-1984.

Os fatos estão no registro da história. Em agosto de 1954, uma desastrada tentativa de assassinato de um jornalista (Carlos Lacerda) termina com a morte de seu guarda-costas, um major da aeronáutica (Rubens Vaz), da ativa, o que enseja a brigadeiros e coronéis da FAB instalarem um IPM – à revelia da Polícia Civil – e, sob o pretexto das investigações desse crime, instaurarem o que ficou batizado como a ‘República do Galeão’, em homenagem ao aeroporto carioca em cujas instalações militares os coronéis operavam, à margem da ordem legal.

E assim sem leis a observar, desconhecendo limites a obedecer, o comandante do inquérito, ou presidente dessa República auto-constituída dentro da República constitucional, tornou-se um reizinho absoluto, porque tudo podia, todas as diligências, todas as prisões, senhor que era de todas as jurisdições. Porque tinha o respaldo de seus superiores – fortalecidos em face da fragilidade crescente do governo e de seu chefe – e o aplauso da grande imprensa, que o incentivava.

Tudo queria, tudo podia e tudo alcançava porque seu objetivo, o objetivo do IPM e da ‘República’, não era apurar a morte do major guarda-costas, mas atingir, como afinal atingiria mortalmente, a honra do presidente Getúlio Vargas, alvo da mais injuriosa, da mais violenta campanha de imprensa jamais movida no Brasil contra um chefe de Estado.

A infâmia, a injúria e a difamação não conheciam limites, invadindo mesmo sua privacidade e a intimidade de sua família. Vargas, o homem, o presidente, o líder de massas era o objetivo da imprensa unanimemente hostil, a serviço da direita derrotada com sua eleição em 1950.

Destruí-lo era o desejo de uma oposição desvairada, era o projeto de militares sublevados e de setores ponderáveis da classe-média, conquistados para a razzia antivarguista pelas denúncias, jamais comprovadas, de um ‘mar de lama’ que correria pelos inexistentes porões do discreto e quase ascético Palácio do Catete.

Enterrado Vargas, empossados Café Filho (presidente), Eduardo Gomes (ministro da Aeronáutica) e Juarez Távora (ministro chefe da Casa Militar), encerraram-se os inquéritos e nem os militares, nem a imprensa, nem a antiga oposição voltam a falar em corrupção.

Em 1964, retornam os IPMs, os inquéritos comandados por coronéis, e a caça às bruxas, primeiro indiscriminadamente, em seguida de forma metódica, com alvo preciso, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Mas aí era um regime de exceção, uma ditadura.

Os inimigos do novo regime foram transformados, uns (pessoas e entidades, como os sindicatos) em subversivos, outros em corruptos, e porque eram inimigos do regime eram, necessariamente, aos olhos deste, subversivos ou corruptos. Antes de acusados eram condenados, pois a acusação era a justificativa da condenação prévia, e os acusados eram presos para que seus crimes fossem apurados, apurados para justificarem a condenação e a pena, já imputadas.

Juscelino era, nos primeiros anos do golpe militar, o único líder civil do regime anterior politicamente sobrevivente. Jango, Brizola e Arraes amargavam o exílio. Torna-se, assim, JK, o inimigo a ser abatido. Como não poderia ser acusado de subversivo, foi condenado como corrupto, pela imprensa e pelos militares, a imprensa repetindo o ditado dos militares, embora nada tivesse sido ou fosse apurado contra ele.

Condenado, foi chamado a depor duas ou mais vezes em inquéritos militares (pois a pena decretada era sua desmoralização pública) até que, ameaçado, temendo maiores humilhações e mesmo temendo por sua integridade física, optou pelo exílio. Os militares não falaram mais nos inquéritos abertos e a imprensa o ignorou até ser obrigada a registrar o pranto nacional em sua trágica morte.

A história não se repete, mas saltam aos olhos as semelhanças entre o ódio vítreo que se construiu contra Vargas e JK e este que a imprensa brasileira, quase em uníssono, destila, alimenta e propaga contra o ex-presidente Lula, açulando, não mais as Forças Armadas como antes, mas agora agentes policiais sem comando, procuradores sem limites e juiz na presidência de inédita jurisdição nacional.

A história não se repete. Mas o ex-presidente Lula já foi chamado a depor, na Polícia Federal, umas duas ou três vezes, e agora é intimado, com a mulher, a depor em inquérito aberto pelo Ministério Público paulista. Precisa explicar porque desistiu da compra de um tríplex em Guarujá e porque visitava um sítio em Atibaia, e porque incentivou a indústria automobilística quando o País precisava criar empregos.

Condenado sem sursis como corrupto pela imprensa – como Vargas e JK –, exposto à execração pública, decaído em seu prestígio, como agora, Lula – e eis o que se pretende – estará afastado das eleições de 2018, seja como candidato, seja como grande eleitor.

Condenação decretada, pena anunciada, procura-se uma narrativa: eis o propósito, a finalidade dos inquéritos abertos e a serem abertos. Trata-se de destruir o último grande líder popular brasileiro. E isso vale, aos olhos de seus algozes, todo e qualquer preço.

A burguesia regurgita o sapo barbudo que as massas a fizeram engolir nas últimas eleições.
 

*Roberto Amaral é cientista político, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do PSB. Autor de Socialismo, morte e ressurreição (ed. Vozes)
Fonte: Vermelho

Gallup: Americanos têm medo do potencial militar da Rússia e China

A empresa norte-americana Gallup realizou uma pesquisa sobre as ameaças principais para os interesses dos EUA nos próximos 10 anos. Entre as três primeiras ameaças são terrorismo internacional, desenvolvimento de armas nucleares do Irã e ciberterrorismo.


Soldados russos treinam para desfile militar comemorativo do Dia da Vitória
É interessante que a lista inclui potências militares com a China e a Rússia. 41% dos participantes da pesquisa responderam que o crescente poderio militar da China é uma ameaça crítica à segurança dos EUA, enquanto 46% dos entrevistados consideram-na importante, mas não crítica.

39% dos norte-americanos interrogados pela Gallup pensam que o potencial militar pode resultar em uma ameaça crítica aos Estados Unidos nos próximos 10 anos. É 10% menos que no ano passado. Os especialistas da Gallup explicam esta queda pelo desenvolvimento menos intenso do conflito no leste da Ucrânia. Ao mesmo tempo, 47% dos interrogados afirmaram que a ameaça militar russa permanecerá importante nos próximos anos.

A Gallup afirmou que há diferença entre visão de apoiantes dos partidos Democrata e Republicano. Os republicanos são mais inclinados (44%) a considerar a força militar da Rússia como a ameaça crítica que os democratas (34%). A mesma situação é com a ameaça militar chinesa – 48% e 34%.

O único país que intimida os norte-americanos mais que a Rússia e a China é a Coreia do Norte (58%).

Além disso, as ameaças principais, na opinião de norte-americanos, incluem conflitos na Síria (58%), refugiados que podem chegar para os Estados Unidos da Europa (52%), conflito entre a Palestina e Israel (45%) e o poder econômico da China (41%).

Entretanto, a comunidade norte-americana percebe como ameaças não somente desafios militares. 63% dos respondentes afirmaram que uma grande ameaça é a proliferação de doenças infecciosas, provavelmente tendo em conta o zika vírus que está se espalhando pelo planeta nas últimas semanas. 50% pensam que o aquecimento global estará um assunto crítico para a segurança norte-americana até 2026.

Fonte: Sputnik via Vermelhgo

Aldo Rebelo reafirma: Zika não ameaça a Olimpíada

O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, disse ontem, quinta-feira (11) que não acredita que a epidemia de zika vai atrapalhar a realização da Olimpíada deste ano, no Rio. Ele ainda comparou o risco da doença com o do terrorismo enfrentado por outras cidades que já sediaram os jogos, como Londres em 2012.


Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Aldo Rebelo comparou a zika ao terrorismo e disse que a humanidade tem de enfrentar o desafioAldo Rebelo comparou a zika ao terrorismo e disse que a humanidade tem de enfrentar o desafio
“O mundo vive sob riscos, ou de saúde, de natureza política ou de terror. O risco tem que ser combatido com medidas eficazes, mas a humanidade não pode deixar de realizar suas tarefas de eventos internacionais por conta de riscos e ameaças, que devem ser combatidos”, disse Rebelo, que já foi ministro do Esporte.

Para o ministro, a mobilização do governo para combater o mosquito Aedes aegypti, que também transmite a dengue e a febre chikungunya, vai demonstrar para a comunidade internacional que o Brasil está preparado para enfrentar o problema.

“Com o esforço que o governo está fazendo, não creio que a Olimpíada possa sofrer prejuízo por conta disso”, afirmou. Ele lembrou ainda que “infelizmente, os riscos ocasionados pelo mosquito não estão restritos ao Brasil, mas em outras partes do mundo”.

Neste sábado, cerca de 220 mil militares das Forças Armadas vão fazer um mutirão em 356 cidades do país para distribuir panfletos informativos sobre como eliminar o foco do mosquito. A própria presidenta Dilma Rousseff vai participar da mobilização e acompanhar atos da campanha no Rio. A meta é que 3 milhões de moradias sejam visitadas.

Na próxima semana, em uma ação mais direta, 50 mil militares serão mobilizados para aplicar larvicidas e outros produtos em residências. “Alguns chegam a falar que três quintos dos casos da doença têm origem dentro da casa das pessoas. Não adianta apenas o governo limpar as áreas públicas se não houver uma mobilização da população, essa campanha não tem como ser vitoriosa”, disse Rebelo.

Além da mobilização junto com a população, o governo anunciou nesta quinta a assinatura do primeiro acordo internacional para o desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus. A parceria foi feita entre a Universidade do Texas e o Instituto Evandro Chagas, no Pará. De acordo com o Ministério da Saúde, a estimativa é de que o produto esteja concluído entre um e dois anos. Terminado esse prazo, teriam início os testes, que devem durar mais dois anos.

EUA contrata infectologista para delegação
O Comitê Olímpico dos Estados Unidos (Usoc, na sigla em inglês) vai contratar dois especialistas em doenças infecciosas para aconselhar seus potenciais atletas olímpicos que estão preocupados com o surto do zika vírus no Brasil. O diretor executivo do Usoc, Scott Blackmun, enviou uma carta para todos os potenciais atletas olímpicos possíveis em que reconhece as preocupações crescentes com a doença. “Eu sei que o surto do zika vírus no Brasil é motivo de preocupação para muitos de vocês”, escreveu Blackmun. “Eu quero enfatizar que também é para nós e que o seu bem-estar no Rio neste verão é a nossa maior prioridade.”

A carta prossegue apresentando informações transmitidas pela Organização Mundial de Saúde e pelos Centros de Controle de Doença dos Estados Unidos sobre o zika, como de que o vírus é transmitido por mosquitos, aproximadamente 20% das pessoas infectadas apresentam sintomas leves, incluindo dores no corpo, e alertando que as mulheres que consideram engravidar têm maior motivo de preocupação porque o vírus pode causar microcefalia nos bebês.

Em entrevista à revista esportiva Sports Illustrated no início desta semana, a goleira da seleção dos Estados Unidos, Hope Solo, disse que não iria ao Rio se a Olimpíada ocorresse nesse momento. “Isso nos fez perceber que precisamos fornecer informações precisas para os nossos atletas”, disse Blackmun.
 

Fonte: Tribuna do Norte e AE via Vermelho

Bernie Sanders: Estados Unidos, terra em transe

Uma parcela muito expressiva do povo norte-americano tem revelado seu descontentamento com o predomínio da lógica que favorece apenas aos grandes milionários na política, na economia, na sociedade. 
 
Esse desconforto pode ser visto na eleição de Barack Obama, em 2008. Depois, em 2011, na grande onda de manifestações, de sentido antineoliberal, do movimento conhecido como Occuppy Wall Street (OWs) que começou em Manhattan e se espalhou pelo país, popularizando o slogan “We are the 99%” (“Nós somos os 99%”), em luta contra o predomínio apenas dos interesses do 1% mais rico. 
 
Foi a face mais visível da luta de classes que, na pátria de Tio Sam, nunca esmoreceu de fato, embora tenha enfraquecido desde as décadas de 1980 e da ação dos governos contra sindicatos, organizações de trabalhadores e os direitos sociais. Recentemente houve grandes greves de empregados de redes de fast-food, de funcionários públicos, trabalhadores de refinarias de petróleo, e também o movimento pelo salário mínimo de US$ 15 a hora – para falar apenas das ações de maior evidência. Isto é, a luta dos trabalhadores nunca parou.
 
Neste ano, na eleição presidencial marcada para 8 de novembro, esse descontentamento parece confluir para a disputa da Presidência da República, e ajuda a entender o surgimento e a força da candidatura de Bernie Sanders que, embora dispute a vaga pelo Partido Democrata, se define como “socialista democrático”, com um duro discurso contra a oligarquia financeira que controla o país mais rico do planeta. 
 
Desde a Independência (1776) até a emergência do capital imperialista, no século 20, os EUA foram a terra das promessas de liberdade e progresso social, como o próprio Marx reconheceu em seu tempo. A alta finança reforçou seu domínio sobre a política dos EUA desde a morte do presidente Franklin D. Roosevelt, no final da 2ª Grande Guerra, em abril de 1945. Com o desaparecimento de Roosevelt, e o reforço do poder das grandes empresas multinacionais, o país passou a chamar para si a tarefa anticomunista que esperavam que a Alemanha nazista cumprisse. Mas a Alemanha foi derrotada na guerra e, desde então, os EUA passaram a se portar como “polícia” do mundo, envolvendo-se cada vez mais em guerras e golpes de Estado em defesa do predomínio do grande capital, de suas multinacionais, e para manter os povos subordinados aos desígnios do imperialismo.
 
Esse papel de gendarme do capitalismo se acentuou desde o fim da União Soviética, no início da década de 1990. Em sua esteira cresceu o neoliberalismo e o avassalador domínio do capitalismo em todo o planeta – não só nos países subordinados da periferia capitalista, mas também contra os trabalhadores da própria metrópole imperialista, da Europa aos EUA.
 
O “socialismo democrático” de Bernie Sanders se insurge contra esta realidade. Na verdade, as medidas que sugere são mais próprias de um capitalismo regulado do que socialistas. No Brasil, seria chamado de “desenvolvimentista”, ou keynesiano. Ele tem falado, insistentemente, em saúde pública gratuita para todos, educação gratuita (do ensino fundamental à universidade), um salário mínimo de US$ 15 por hora, aumento de impostos para os mais ricos. Tudo isso em uma pauta mais ampla que é o avesso daquela que predomina hoje, e se propõe a usar o poder do Estado para fomentar o desenvolvimento e regular a ação do capital (de Wall Street, mais claramente) e conter sua ganância. 
 
Ele tem dito, por exemplo, que pretende aplicar US$ 1 trilhão em obras de infraestrutura (com investimentos em estradas, pontes, sistemas de tratamento de água, ferrovias e aeroportos), que poderiam criar 13 milhões de novos postos de trabalho em cinco anos.
 
Isto é, contra o neoliberalismo dominante, defende o uso de investimentos públicos para fomentar o desenvolvimento e criar empregos. Um típico keynesianismo que somente os direitistas mais radicais consideram “socialismo”. 
 
A mera existência de sua campanha, encarada como “ameaçadora” pela oligarquia financeira, deu nova cidadania ao termo “socialismo” (independente do que se entenda por esta expressão), e enseja o debate, do qual a elite dos Estados Unidos sempre fugiu, sobre os rumos do capitalismo.
Com bom humor, Bernie se referiu a isso em um comício ocorrido na véspera da primária de New Hampshire: “Nossa campanha está indo bem, porque tratamos a população americana como seres humanos inteligentes, o que é meio inusual na política hoje em dia”. A plateia riu, satisfeita.
 
O crescimento da sua candidatura é uma saída para a frente e move a esquerda norte-americana decepcionada com Barack Obama. Chamado de radical e utópico pelos críticos, Bernie responde com ironia. “Estão preparados para um conceito radical? Então lhes digo que vamos trabalhar juntos pela educação, em vez de aumentar o número de cadeias e encarceramentos.”

Fonte: Vermelho