sexta-feira, 21 de junho de 2013

A direita nos protestos

A direita: o fascio volta às ruas, agora contra a "roubalheira"

No momento em que esta coluna entra no ar, o trânsito no centro do Recife está parado. Os jovens nas ruas em manifestações de protesto viraram o maior carnaval fora de época em Pernambuco. A parada geral recebeu a providencial força de uma greve de motoristas de ônibus em toda região metropolitana. 

Por Urariano Mota


Natural e coerente, pois o protesto é contra o aumento das passagens, não? Não. É contra tudo. E, justiça seja feita, o mundo todo, tudo da terra aos céus precisa de mudanças, do campo à cidade, das mulheres aos homens, das crianças aos jovens, do povo ao povo. Tudo precisa de mudanças reais, radicais e na maior urgência. Pelas trombetas de toda a imprensa, tudo tem que ser agora, a hora é esta. “Vem para a rua” virou um grito de oprimidos sob o patrocínio do capitalismo. 

Isso longe está de ser um fenômeno do acaso, uma aparição marginal à lógica do tempo. Se só víssemos a realidade com os olhos de hoje, seria inexplicável notar que toda a mídia esteja unida na divulgação e no apoio aos jovens nas ruas. No rádio, jornais, revistas e televisão, os caras são a juventude revoltada. Projeta-se até mesmo uma telenovela com os novos heróis, numa assimilação rápida do instante presente, numa criação inédita, pois nenhuma arte fez isso até hoje. O sistema é esperto e multiforme. Há até quem diga que a depredação de bancas de revista e lojas será um ótimo negócio para os bancos: os pequenos empresários, falidos, procurarão empréstimos a qualquer taxa de juros.

O protesto virou um happening. É a maior festa do Face. Um evento de sucesso. Mas a “juventude indignada” é mais que um movimento nascido no Facebook. Além de ser o que dele falam alguns sociólogos, quando o veem como resultado das condições sociais e econômicas do Brasil, os protestos nas ruas parecem ser, de imediato, um acúmulo da doutrinação da mídia que, à semelhança de música do hit parade, martelou denúncias diárias e frequentes do mensalão, na fúria contra os governos Lula e Dilma. Ele, o espantalho Lula/Dilma, com as suas bolsa família, perdão, Bolsa esmola e prounis, ameaçou diminuir o poder secular da elite brasileira. Mas como pode um protesto de jovens ser conservador, pois tudo que é jovem é novo e belo, pois não? Como poderia um protesto contra o mundo se voltar contra governos à esquerda?

Pois sim. Em São Paulo, militantes de partidos políticos foram expulsos do ato na Praça da Sé. Mais, em maioria, os jovens nas ruas negam a existência de partidos políticos, quero dizer, negam o direito à existência dessas legítimas expressões da democracia. Em seu lugar, nas ruas levantam bandeiras e lemas velhos, desde a Itália e Alemanha dos anos 30: falam em “nação”, em “pátria”, quando mais próprio deveriam falar no fascínio do fascismo sobre as suas cabecinhas. O movimento, aqui e ali, tem se transformado em algo sujo e excludente, que todos conhecemos como a direita. Em página do facebook, as múmias da ditadura aproveitam e criam um Golpe Militar 2014, com quase 5.000 pessoas. É essa a primavera brasileira?

Alegam, os velhinhos à moda paizão, que isso é a minoria, que tais ocorrências não refletem o caráter dessa coisa nova, linda e inexplicável de um movimento de massa independente. Então, como assimilar jovens universitários com bandeiras do gênero “Foda-se o Brasil”? Seria isso a revolta justa de alguém excluído dos benefícios dos últimos governos? Um programa de construção para a identidade nacional? Ou será algo mais próximo de velhíssimos fascistas que sobrevivem em peles de pouca idade, malhadas, dos grupos neonazistas ou alienados em geral que se referem a nordestinos como os mendigos do Bolsa Família? Mas isso é um fenômeno marginal, fala-se, em um movimento de mais de 100 mil em passeata, em multidões de Galo da Madrugada em pacífica reivindicação.

Sim, com tais extremos, é minoritária a expressão do fascio. Mas há uma imensa massa despolitizada onde tais apelos impressionam. Numa pesquisa empírica, que os órgãos de melhor método poderão confirmar, perguntem aos revoltados da hora quais os problemas do Brasil. A maioria vai declarar que o maior deles é a corrupção. Em cartazes, todos vemos nas passeatas “Cadê a Dilma da guerrilha?”. 

Vídeos no YouTube com falas de carinhas moças chamam para as ruas com “Vamos parar a roubalheira do governo... Vamos parar com essa palhaçada do governo do Brasil... O Inimigo é o Governo”. 

A terra é fértil para a pregação de coisas antigas em rostinhos e corpos jovens. Esse é o dado novo, que se desconfiávamos não adivinhávamos. O gigante acordou, o gigante de nossas consciências acordou. Chega de afagos demagógicos.


Fonte: Vermelho

Extrema-direita tenta manipular os protestos

Os fascistas clamam por um golpe militar!

Enquanto alguns querem impor suas pautas em protestos, juventude que se diz “apartidária” corre o risco de desviar-se da luta central ao atacar partidos.
Por José Francisco Neto


Durante o quinto e o sexto protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, foi notável a heterogeneidade de reivindicações. A pauta central do Movimento Passe Livre (MPL), que pede a redução das tarifas, parece estar perdendo a centralidade. Surgem em meio às manifestações cartazes com dizeres como: “Contra a corrupção” e “Impeachment à Dilma”.

Na segunda-feira (17) e na terça-feira (18), a reportagem do Brasil de Fato constatou uma sensível diferença nos atos comparando-os com a semana anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos sociais. As bandeiras dos partidos não foram mais estiadas. Muitas, inclusive, foram impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas que pediam “Sem partido!”, com bandeiras do Brasil nas mãos e cantando o hino nacional.

A reportagem passava ao lado da prefeitura de São Paulo quando presenciou um grupo de pessoas que segurava uma bandeira vermelha de um movimento sem-teto. Um rapaz, de aparentemente 27 anos, ao ver a bandeira, disse irritado: “que merda é essa? Só faltava ter comunista aqui agora”.



A agenda fascista infiltrada nos protestos

Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram violentados por alguns manifestantes. "Começaram com gritos de longe e depois vieram para cima dizendo que nenhum partido os representava e que os partidos deveriam sair do ato. Aos socos e ponta-pés as bandeiras do PSTU foram arrancadas das mãos dos militantes e rasgadas por aqueles manifestantes que comemoraram logo depois", conta uma manifestante que presenciou a cena. 


Os fascistas, infiltrados nos protestos, 
contra os partidos da esquerda

Presente nos atos, o cientista social Bruno Casalotti lembra que ser contra os partidos é corroborar com o fascismo. "A existência de partidos é fundamental para a garantia da democracia. É ótimo que eles estejam nos atos, inclusive a juventude do PT", destaca.

União popular é o que conclama Casalotti. "Quer pressionar o Haddad a baixar a tarifa? Vamos fazer isso junto com a juventude do próprio partido dele que temos mais força! PSTU, PSOL, todos têm o direito de estarem nos atos e levantarem suas bandeiras", reforça.

Somando-se ao debate, o professor de sociologia e história do Instituto Federal de Educação e Ciência, Kennedy Ferreira, ressalta que em uma manifestação democrática cabem todas as bandeiras, "em especial aquelas que sempre estiveram ao lado dos mais desfavorecidos".

Direita radical

Fatos inusitados não presenciados nas primeiras manifestações também foram registrados pelo cientista social Bruno Casalotti. Ele disse ao Brasil de Fato que, enquanto caminhava junto a manifestação, uma menina, de aproximadamente 17 anos, entregou dois panfletos a ele com dizeres do tipo “Prisão rural perpétua, não queremos sustentar bandidos” ou “eliminação da idade mínima penal, independentemente da idade, o infrator deve ser punido". Ao ser questionada sobre a origem dos panfletos, ela respondeu: “um cara me deu esse bolinho pra distribuir”.

Casalotti considera que os dizeres presentes nesses panfletos são pautas da direita mais reacionária do Brasil. “A existência de um panfleto como esse demonstra que há setores que estão interessados em desvirtuar as motivações iniciais dos protestos, e o pior é que são setores escusos, porque nem assinar o panfleto eles assinaram”, reforça.

Fonte: Brasil de Fato 

(até as 17h do dia 20 a página do Brasil de Fato no Facebook estava bloqueada há mais de 24 horas)

Fonte: Vermelho

MPL: "não seremos manipulados pela pauta da direita"

Fomos convidados para um encontro com integrantes e apoiadores do Movimento Passe Livre (MPL), que nas últimas duas semanas protagonizaram um episódio histórico: levaram o povo de volta às ruas para reivindicar. Desde crianças a pessoas da terceira idade. Foram vítimas de repressão só comparável àquela empregada pela Polícia Militar paulista na desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos.

Por Luiz Carlos Azenha


No meio da conversa, a notícia: o governador Alckmin e o prefeito Haddad anunciaram a redução das tarifas conforme o reivindicado pelo movimento.

Houve celebração.

Dentre os convidados, os blogueiros Rodrigo Vianna, Altamiro Borges, Leonardo Sakamoto e este que lhes escreve, o empresário de mídia Joaquim Palhares, o ativista Sergio Amadeu e a jornalista Maria Inês Nassif.

O objetivo era, basicamente, dizer que “sim, somos de esquerda e temos uma pauta de esquerda”. Ou: “Não, não seremos manipulados pela pauta da direita”.

O professor de História Lucas Oliveira, o Legume, falou em nome do MPL. Ele e ativistas ligadas ao movimento descreveram a unidade que conseguiram forjar com integrantes de partidos de esquerda nos últimos dias — PSOL, PSTU e PCO, entre outros — além de militantes do PT e de um grande número de movimentos sociais, dentre os quais o MST, a UJS (do PCdoB) e a UNE.

Sim, sim, estavam todos extremamente preocupados com a possibilidade de infiltração e manipulação da pauta do movimento por grupos de direita, que buscam se apropriar das manifestações para atacar o governo federal.

Negaram que os anarquistas estavam na origem da tentativa de retirar as bandeiras de partidos do movimento, dizendo que a iniciativa era de “caras-pintadas” recém-chegados.

Lembraram que era impossível controlar as multidões que se juntaram às manifestações — segundo uma pesquisa do Datafolha, a grande maioria saiu às ruas pela primeira vez.

Confirmaram o ato desta quinta-feira, comemorativo, na avenida Paulista.

Para as próximas mobilizações, pretendem reforçar os coletivos de segurança, comunicação e primeiros socorros.

O ativista digital Sergio Amadeu exibiu um gráfico mostrando que nos últimos dias o MPL tinha perdido protagonismo nas redes sociais relativamente a grupos de direita, que passaram a ter maior poder de mobilização de seguidores com seu perfil ideológico — o que talvez explique a aflição de muitos apoiadores do Passe Livre.

A próxima mobilização talvez tenha relação com a PEC 90, de autoria da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que torna o transporte um direito social. Além disso, trabalhando com o vereador petista Nabil Bonduki, o MPL pode tentar aprovar o passe livre na Câmara Municipal de São Paulo.

Todos estavam certos da presença de provocadores e agentes infiltrados durante as manifestações. Alguns, provavelmente da Polícia Militar, encarregados da coleta de imagens e informações. Outros, de grupos de extrema-direita, empenhados em promover vandalismo atribuído posteriormente ao MPL.

Numa avaliação coletiva, os blogueiros presentes concordaram que o prefeito Fernando Haddad foi o grande perdedor no processo — poderia, por exemplo, ter anunciado sua disposição de reduzir as tarifas depois de ouvir opiniões do Conselho da Cidade, que praticamente endossou a pauta do MPL.

O papel desempenhado por Haddad — que foi ao Palácio dos Bandeirantes para acompanhar o anúncio, falando depois do governador Geraldo Alckmin — também causou estranheza. Como a redução das tarifas foi anunciada quase ao mesmo tempo no Rio de Janeiro, especulou-se sobre um acordo de governantes para aliviar o establishment da pressão das ruas.

A celebração foi grande, tendo em vista que o MPL tem um núcleo duro bastante reduzido de militantes, com idade média calculada no chute em 23 anos de idade. Ainda assim, conseguiu a maior vitória desta geração de jovens militantes nas lutas sociais.

Nota do MPL

A cidade não esquecerá o que viveu nas últimas semanas. Aprendemos que só a luta dos de baixo pode derrotar os interesses impostos de cima. A intransigência dos governantes teve de ceder às ruas tomadas, às barricadas e à revolta da população.

Não foi o Movimento Passe Livre, nem nenhuma outra organização, que barrou o aumento. Foi o povo.

O povo constrói e faz a cidade funcionar a cada dia. Mas não tem direito de usufruir dela, porque o transporte custa caro. A derrubada do aumento é um passo importante para a retomada e a transformação dessa cidade pelos de baixo.

A caminhada do Movimento Passe Livre, que não começa nem termina hoje, continua rumo a um transporte público sem tarifa, onde as decisões são tomadas pelos usuários e não pelos políticos e pelos empresários. Se antes eles diziam que baixar a passagem era impossível, a revolta do povo provou que não é. Se agora eles dizem que a tarifa zero é impossível, nossa luta provará que eles estão errados.

Por uma vida sem catracas!

Movimento Passe Livre São Paulo

 
Fonte: Viomundo via Vermelho

Carta aberta dos movimentos sociais à presidenta Dilma Roussef

Ela é assinada por 35 entidades do movimento social e popuular. Elas propõe a realização urgente de uma reunião nacional, envolvendo governos estaduais, prefeitos das principais capitais, e os movimentos sociais, como forma de encontrar saídas para enfrentar a grave crise urbana que atinge nossas grandes cidades.


Cara Presidenta,

O Brasil presenciou, nesta semana, mobilizações que ocorreram em 15 capitais e centenas cidades. Concordamos com suas declarações que afirmam a importância para a democracia brasileira dessas mobilizações, cientes que as mudanças necessárias ao país passarão pela mobilização popular.

Mais que um fenômeno conjuntural, as recentes mobilizações demonstram a gradativa retomada da capacidade de luta popular. É essa resistência popular que possibilitou os resultados eleitorais de 2002, 2006 e 2010. Nosso povo, insatisfeito com as medidas neoliberais, votou a favor de um outro projeto. Para sua implementação, esse outro projeto enfrentou grande resistência principalmente do capital rentista e setores neoliberais que seguem com muita força na sociedade.

Mas, enfrentou também os limites impostos pelos aliados de última hora, uma burguesia interna, que na disputa das políticas de governo, impede a realização das reformas estruturais, como é o caso da reforma urbana e do transporte público.

A crise internacional tem bloqueado o crescimento e com ele, a continuidade do projeto que permitiu essa grande frente que, até o momento sustentou o governo.

As recentes mobilizações são protagonizadas por um amplo leque da juventude que participa pela primeira vez de mobilizações. Esse processo educa aos participantes permitindo-lhes perceber a necessidade de enfrentar aos que impedem que o Brasil avance no processo de democratização da riqueza, do acesso a saúde, a educação, a terra, a cultura, a participação política, aos meios de comunicação.

Setores conservadores da sociedade buscam disputar o sentido dessas manifestações. Os meios de comunicação buscam caracterizar o movimento como anti Dilma, contra a corrupção dos políticos, contra a gastança pública e outras pautas que imponham o retorno do neoliberalismo. Acreditamos que as pautas são muitas, como também são as opiniões e visões de mundo presentes na sociedade. Trata-se de um grito de indignação de um povo historicamente excluído da vida política nacional e acostumado a enxergar a política como algo danoso à sociedade.

Diante do exposto nos dirigimos a V. Ex.a para manifestar nosso pleito em defesa de políticas que garantam a redução das passagens do transporte público com redução dos lucros das grandes empresas. Somos contra a política de desoneração de impostos dessas empresas.

O momento é propício para que o governo faça avançar as pautas democráticas e populares, e estimule a participação e a politização da sociedade. Nos comprometemos em promover todo tipo de debates em torno desses temas e nos colocamos à disposição para debater também com o poder público.

Propomos a realização, com urgência, de uma reunião nacional, que envolva os governos estaduais, os prefeitos das principais capitais, e os representantes de todos os movimentos sociais. De nossa parte, estamos abertos ao diálogo, e achamos que essa reunião é a única forma de encontrar saídas para enfrentar a grave crise urbana que atinge nossas grandes cidades.

O momento é favorável. São as maiores manifestações que a atual geração vivenciou e outras maiores virão. Esperamos que o atual governo escolha governar com o povo e não contra ele.

Assinam:

ADERE-MG; Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG); AP – Assembléia Popular; Barão de Itararé; CIMI; CMP-MMC/SP; CMS; Coletivo Intervozes; CONEN; Consulta Popular; CTB; CUT; Fetraf; Fórum Ecumênico ACT Brasil; FNDC- Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação; FUP; KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço; Levante Popular da Juventude; MAB; MAM; MCP; MMM; Movimentos da Via Campesina; MPA; MST; Quilombo; Rede Ecumênica de Juventude (REJU); SENGE/PR; Sindipetro – SP; SINPAF; UBES; UBM; UJS; UNE;/ UNEGRO


Fonte: Vermelho

Seguir lutando e rejeitar as manobras golpistas da direita

Os acontecimentos da última quinta-feira (20) mostram que tendências contraditórias estão presentes na grande onda de movimentações populares em todo o país. É preciso refletir sobre elas. O movimento popular tem na experiência atual um manancial de ensinamentos para orientar-se corretamente e resguardar-se de atuar como massa de manobra da direita golpista. 


Em mais de 100 cidades, dentre elas 25 das 26 capitais, realizaram-se manifestações de massas que mobilizaram mais de um milhão de pessoas. Um movimento cívico, popular, combativo, jovial, irreverente e - pela orientação dos seus organizadores e vontade da maioria dos participantes – pacífico. Mas a direita deu passos importantes na instrumentalização dos protestos e na tentativa de desviá-los para outras finalidades.

As manifestações foram infiltradas por provocadores que realizaram atos violentos e assumiram bandeiras políticas conservadoras. A transformação da luta democrática e social em um cenário de caos e desordem só favorece as forças da direita golpista. 

Os atos e passeatas tinham como eixo desde o seu início há duas semanas, a luta pela redução das tarifas do transporte urbano ou por sua gratuidade total. Num quadro em que esse transporte é caro e de péssima qualidade, em cidades de trânsito congestionado, a reivindicação calou fundo e alcançou enorme adesão popular. 

Ao mesmo tempo, em face dos flagrantes contrastes e desigualdades sociais nos grandes centros urbanos, que mais se assemelham a caóticos aglomerados de pessoas do que a cidades humanas e organizadas, a reivindicação em torno da questão dos transportes logo extravasou para outros temas igualmente sensíveis. 

Inicialmente incompreendido pelas autoridades que alternaram seu comportamento entre a soberba e a repressão, o movimento transformou-se em gigantesco pronunciamento da população na luta por direitos sociais. Mesmo o protesto contra os gastos com a construção de estádios e outros equipamentos para a Copa do Mundo de 2014 – embora equivocado na sua concepção, mal orientado e propenso à violência – também era compreensível.

Ainda que com plataforma difusa, as manifestações significaram um avanço na consciência política da população. Com o anúncio da redução das tarifas dos transportes em dezenas de cidades – principalmente em São Paulo, onde os protestos tiveram origem - é insofismável que a luta foi vitoriosa e é correto reiterar: lutar é um direito sagrado do povo brasileiro, conquistado a duras penas. Sempre vale a pena lutar.

O sentido das manifestações desta quinta-feira era precisamente o de comemorar a vitória e preparar-se para novos passos.

Mas por incitação da mídia a serviço de interesses antipopulares e antinacionais e de centros de poder que se mantêm ocultos e atuando por meio de algumas redes sociais na internet, as manifestações, em alguns casos, foram infiltradas por grupos de provocadores, que recorrem à violência, aterrorizando a população, depredando ou tentando invadir sedes de ministérios, prefeituras, bancos e estabelecimentos comerciais. 

Agrega-se a isto uma deriva conservadora que se expressa por meio do lançamento de palavras de ordem que visam claramente à desestabilização política do país, ao isolamento das forças de esquerda e à derrocada do governo. Pescando nas águas turvas da confusão política e ideológica provocada pelos meios de comunicação, fomentam a rejeição aos partidos políticos e ao governo, criando um ambiente propício a aventuras golpistas de cariz fascista.

A pressão para transformar as manifestações em protestos de caráter conservador contra o governo e os partidos de esquerda foi de tal ordem que o próprio Movimento do Passe Livre, que até então liderava as manifestações e se reivindica como “autônomo, anticapitalista, horizontal e apartidário”, retirou-se do ato realizado na Avenida Paulista. Militantes do MPL começaram a perceber as características conservadoras presentes em alguns discursos, palavras de ordem e sobretudo na hostilização a outras organizações do movimento social e a partidos políticos de esquerda. 

O que poderia ser uma festa cívica e democrática está sendo transformado em crise política e social. Mobilizar o povo em atos organizados para exigir direitos e reformas estruturais no país é algo indispensável e tarefa dos partidos de esquerda e das organizações do movimento social, que corresponde aos interesses e aspirações do povo brasileiro a uma vida digna, à democracia ampla e participativa e ao progresso social. 

Deturpar estas aspirações, transformando justos protestos sociais em ações violentas para atirar o país no caos, serve a interesses antinacionais. O povo quer avançar na construção da democracia. Continuará na luta por seus direitos e rejeitará as manobras golpistas da direita.

Redação do Vermelho

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Violência contra as mulheres no México é pandemia, diz ONU

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a violência contra as mulheres no México tem dimensões não de epidemia, mas de pandemia, alertou Ana Güezmes, representante da entidade no país.


Por dia, ocorrem pelo menos 6,4 casos de femicídio no país, segundo dados de 2010, afirmou Güezmes, observando que há uma concentração de assassinatos em cinco municípios.

Um quarto do total de homicídios de gênero ocorreram em Ciudad Juarez e Chihuahua, no estado de Chihuahua. Os outros municípios em que este tipo de violência se concentra são Tijuana, em Baja California; Culiacan, em Sinaloa e Ecatepec de Morelos, no estado do México.

Também apontou que de acordo com o estudo Violência de gênero no México (lançado pelo jornal La Jornada em 15 de Fevereiro), os assassinatos do gênero tiveram maior repercussão entre 2007 e 2010, período em que aumentaram 106,2% em comparação com outros anos.

Ele ressaltou que o assassinato de mulheres, que anteriormente estava no setor privado, hoje ocorre em espaços públicos e está mais associado a contextos de crime organizado e a impunidade.

As conclusões da Comissão sobre o estatuto das mulheres das Nações Unidas (CSW, por sua sigla em inglês), sobre prevenção e eliminação da violência contra mulheres e meninas, disse são necessárias respostas urgentes e uma maior coordenação entre as autoridades federais e locais, para enfrentar essa pandemia.

“A ONU tem insistido sistematicamente, através dos seus comitês, na importância de harmonizar a legislação (a lei geral de acesso das mulheres a uma vida livre de violência) com os códigos internacionais de direitos humanos.

Com La Jornada via Vermelho

Sindserv participa da manifestação contra aumento da passagem de ônibus

O Sindicato dos Servidores Municipais (Sindserv) juntamente com a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/Regional Sul da Bahia), a União da Juventude Socialista (UJS) e a União dos Estudantes da Bahia (UEB), participou da manifestação que ocorreu hoje em Itabuna contra o aumento da tarifa de ônibus.

"Em apoio aos protestos que estão ocorrendo em todo o país, o nosso Sindicato, o Sindserv, além de protestar contra o aumento da passagem de ônibus sem que haja uma efetiva qualidade nos serviços, manifestamos também pela valorização do servidor e pela ratificação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho, que prevê o direito de organização do funcionalismo público, uma importante luta   que está na agenda dos trabalhadores", pontuou Karla Lúcia, presidenta do Sindserv.

Para Jorge Barbosa, coordenador da CTB/Regional Sul da Bahia, nossa central sindical está colocando as bandeiras da classe trabalhadora nas manifestações em todo o país, pois pretendemos que o governo federal avance também na resolução das demandas dos trabalhadores.


A manifestação reuniu cerca de sete mil pessoas e teve início na Praça do São Caetano, seguindo pela avenida Princesa Isabel até o centro da cidade.

Manifestantes sofrem despejo forçado da polícia na Turquia

Bulent Kilic / AFP/Getty Images
Manifestantes correm para escapar das bombas
 de gás lacrimogêneo disparadas contra eles pela polícia, 
na Praça Taksim, de Istambul.

A polícia da Turquia desalojou à força, nesta quinta-feira (20), os acampamentos de protestantes nas cidades de Izmir e Mersin, onde prendeu dezenas de pessoas, enquanto também são registrados confrontos em Ancara entre manifestantes e a polícia, de acordo com a imprensa turca.


Segundo o diário turco Hurriyet, o choque policial teve lugar nas primeiras horas da madrugada, na praça de Gündoghu, em Izmir, onde tinham se agrupado os manifestantes pacíficos. Os manifestantes foram surpreendidos ante um choque violento das forças da polícia, que contavam com o apoio dos efetivos anti-distúrbios.

Como consequência desta operação, 30 pessoas foram detidas. Outro enfrentamento foi registrado na cidade meridional de Mersin, onde as forças policiais evacuaram um acampamento de 30 tendas, montadas há 20 dias, na praça Baris.

Já em Ancara, a tensão não diminuiu, e os manifestantes não recuam, embora a polícia continue atacando-os com canhões de água e gás lacrimogêneo.

Os protestos anti-governamentais eclodiram no fim de maio, em diferentes zonas da Turquia, após a violenta repressão policial a uma manifestação contrária à destruição do Parque Gezi, em Istambul, para a construção de um centro comercial.

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan foi objeto de duras críticas pela forma como tem lidado com a situação, acusando os manifestantes de violência e desordem, e defendendo a repressão policial, que usa força excessiva contra os protestantes.

Fonte: HispanTV
Tradução da redação do Vermelho

"O vigor de uma juventude irreverente e politizada", exalta UNE

Depois de quase três semanas de protestos que foram se intensificando, governos de norte a sul do país revogaram os aumentos praticados nas tarifas de transporte público coletivo. A União Nacional dos Estudantes (UNE), que integra a mobilização, divulgou nota exaltando o "vigor" da juventude e convocando para novos atos. "Os estudantes também levarão uma das principais bandeiras desta geração: a destinação de 10% do PIB para a educação pública".


UNE: Redução é Vitória e luta continua por qualidade e 10% do PIB para educação

O anúncio feito nesta quarta-feira, 19 de junho, da redução das tarifas do transporte público nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro são vitórias que nasceram nas ruas com mobilizações populares em diversos pontos do país. Os gigantescos protestos mostraram o vigor de uma juventude irreverente e politizada.

O momento agora é dar continuidade à luta para garantirmos mais avanços. A redução do preço tem que estar acompanhada com a melhora na qualidade e eficiência do transporte público. É preciso ainda transparência de gestão das empresas responsáveis pelo serviço. Os lucros dos empresários do transporte não podem estar acima dos interesses da população.

Nesta quinta-feira voltaremos a ocupar as ruas de todo o Brasil para comemorar a revogação dos aumentos das passagens e para dizer que é necessário também uma reforma política que garanta mais participação popular e que combata a verdadeira engrenagem da corrupção no país.

Para as ruas, os estudantes também levarão uma das principais bandeiras desta geração. A destinação de 10% do PIB para a educação pública é uma próxima vitória que se aproxima e para isso basta continuarmos as mobilizações, chamando a sociedade em torno da defesa de mais investimentos no setor.

19 de junho de 2013
União Nacional dos Estudantes
 
 Fonte: Site da UNE

Dirigente da CTB defende ampliação dos protestos populares

Crédito: divulgação

O secretário de Políticas Sociais da CTB, Carlos Rogério Nunes, entende como legítimas as manifestações populares que tomaram conta do Brasil nas últimas semanas, mas vê a necessidade de ampliá-los, a partir de uma pauta mais bem definida e direcionada pelos movimentos sociais do país.


Nesta terça-feira, o dirigente da CTB participou de uma reunião da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), em São Paulo, para avaliar a dimensão dos protestos e compreender sua amplitude. “Entendemos que a defesa da redução das tarifas é legítima e fundamental, mas também temos que defender a melhoria de uma série de serviços públicos”, afirmou.

Para Rogério Nunes, é importante que os movimentos sociais tomem a frente dos protestos, pois há indicações de que a mídia e setores da direita nacional estejam aos poucos dirigindo as manifestações para um rumo que atenda às suas pautas, e não os anseios populares.

“Temos que colocar nossas bandeiras para toda a sociedade. Trata-se de uma pauta que temos discutido há anos, mas nunca noticiada pela chamada ‘grande imprensa’. Em março deste ano, por exemplo, as centrais sindicais colocaram 50 mil pessoas nas ruas de Brasília, mas propostas como a redução da jornada de trabalho ou dos 10% do PIB para a Educação foram ignoradas”, destacou o dirigente da CTB.

Trabalhadores nas ruas
O secretário de Políticas Sociais lembra também que a CTB tem ido às ruas dar seu apoio às manifestações. “Em todos os estados em que aconteceram protestos estivemos presentes. A participação da classe trabalhadora nas ruas é fundamental para que o movimento alcance seus objetivos”, diz Rogério.

Portal CTB

Um terço das mulheres sofre violência doméstica no mundo, diz OMS

Manifestação no Chile contra violência doméstica:
relatório da OMS indica que 30% das mulheres
no mundo sofrem abuso de seus parceiros. Foto: AP

Quase 40% das mulheres vítimas de homicídio foram assassinadas por seus maridos. Organização Mundial de Saúde considera problema "epidemia global de saúde"

Mais de um terço de todas as mulheres do mundo são vítimas de violência física ou sexual, o que representa um problema de saúde global com proporções epidêmicas, disse um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (20).
A grande maioria das mulheres sofre agressões e abusos de seus maridos ou namorados, e sofrem problemas de saúde comuns que incluem ossos quebrados, contusões, complicações na gravidez, depressão e outras doenças mentais, diz o relatório. 

"Esta é uma realidade cotidiana para muitas, muitas mulheres", disse Charlotte Watts, especialista em política de saúde na Escola de Higiene & Medicina Tropical de Londres e uma dos autores do relatório.
O relatório concluiu que quase dois quintos (38%) de todas as mulheres vítimas de homicídio foram assassinadas por seus parceiros e que agressão por maridos ou namorado é o tipo mais comum de violência sofrida pelas mulheres. 

O relatório constatou que a violência contra as mulheres é uma das causas para uma variedade de problemas de saúde agudos e crônicos, que vão desde lesões imediatas, infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, à depressão e transtornos de saúde mental. Elas também são duas vezes mais propensas a abortar um filho indesejado.
As mulheres que sofrem violência de seus parceiros são 1,5 vezes mais propensas a ter sífilis, clamídia ou gonorréia. E, em algumas regiões, incluindo a África sub-saariana, têm 1,5 vezes mais probabilidade de serem infectadas com o vírus da Aids, diz o relatório.
“Como trabalho nesta área, os números não me surpreenderam”, afirmou ao iG Karen Devries, outra coautora do estudo. “Mas acredito que para muitos, eles serão chocantes, porque a violência doméstica acontece no âmbito íntimo e as mulheres não se sente à vontade de divulgar suas experiências, então muitos não compreendem a magnitude do problema”.
“Cada país deve estabelecer suas própria soluções para o problema,” continua Karen. “Ainda temos que aprender o que causa a violência, mas existem exemplos promissores em alguns países. Por exemplo, um programa na África do Sul diminuiu a violência pela metade em dois anos”.
A OMS está emitindo orientações para os profissionais de saúde sobre como ajudar as mulheres que sofrem violência doméstica ou sexual. Eles salientam a importância em treinar os profissionais de saúde para reconhecer quando as mulheres podem estar em risco de ser agredida pelo parceiro e saber como agir.
Em um comunicado que acompanha o relatório, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que a violência causa problemas de saúde com "proporções epidêmicas", acrescentando: "os sistemas de saúde do mundo podem e devem fazer mais pelas mulheres que sofrem violência."
Fonte: Portal IG (Com informações da AP, Reuters e reportagem de Maria Fernanda Ziegler)

CTB e UJS realizam manifestação e passeata contra aumento da tarifa de ônibus em Itabuna


A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/Regional Sul da Bahia) juntamente com a União da Juventude Socialista (UJS), União dos Estudantes da Bahia (UEB) e grêmios estudantis realizam manifestação hoje, às 9:30 horas na Praça do São Caetano. O protesto tem como objetivo defender a suspensão do aumento da tarifa de ônibus por parte da Prefeitura. As entidades  defendem que aumento só com qualidade dos serviços, aumento das linhas, veículos confortáveis, aumento da frota, acessibilidade, presença de cobradores nos ônibus, valorização profissional, melhoria nos pontos, etc.
Na parte da tarde, a partir das 14 horas, as entidades convocam a população em geral para concentração em frente ao Estádio Luis Viana Filho onde será realizada uma caminhada com manifestação em frente à Prefeitura de Itabuna.

Prefeito não autoriza aumento 

De acordo com nota da Prefeitura de Itabuna, o prefeito Claudevane Leite, a tarifa do transporte coletivo urbano em Itabuna deve permanecer por mais algum tempo em R$ 2,20 e declarou que o aumento está condicionado à melhora na prestação do serviço. A decisão do prefeito foi anunciada durante Sessão Especial na Câmara de Vereadores, na terça (18). Diz a nota que o prefeito informou pessoalmente aos empresários do setor que a Prefeitura está aguardando que a Cachoeira e a São Miguel façam investimentos que propiciem um serviço de qualidade para os usuário.

Fonte: Lingua de Fogo - www.linguadefogo.com

Cresce campanha contra cobrança de pedágios

Foto: Érica Moreira
A campanha contra a privatização da BR 101 e a cobrança de pedágios nas rodovias vem ganhando adesões. No III Congresso da CTB/Bahia realizado no último fim de semana em Salvador foi aprovada a inclusão desta luta nas plataformas da central estadual e portanto, será um dos pontos de discussão durante o III Congresso Nacional que ocorre em São Paulo no próximo mês de agosto. 




Diante disso, a nossa luta nascida aqui no Sul da Bahia terá um novo patamar, ou seja, será discutida em nível nacional. Uma vitória da CTB/Regional Sul da Bahia.



Pegue seu adesivo durante as nossas manifestações ou nos sindicatos dos Bancários, Comerciários, Sintratec (Têxteis e Calçadistas), Sindserv (Servidores Municipais) e participe desta luta você também.

Cobrança de Pedágios nas Rodovias. Luta agora ou pague para sempre!

CNI/Ibope: aprovação do governo Dilma cai para 55%

Foto: reprodução

A aprovação do governo Dilma Rousseff caiu de 63% para 55%, segundo pesquisa divulgada ontem, quarta-feira (19) realizada pelo Instituto Ibope e encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador é oito pontos percentuais menor do que o do último estudo, divulgado em março.


O  percentual dos que consideram o atual governo como ótimo ou bom caiu de 63%, na pesquisa de março, para 55%. O percentual de pessoas que consideram o governo regular subiu de 29% para 32%, e os que o consideram ruim ou péssimo subiu de 7% para 13%.

De acordo com a pesquisa, a aprovação da maneira como a presidenta governa o país também registrou queda, passando de 79% para 71%. Para 25% do público pesquisado, a maneira de ela governar é razoável. Em março, eram 17%.

Caiu também a expectativa em relação ao restante do governo, passando dos 65% para 55%. Recuou ainda o percentual da população que confia na presidenta: caiu de 75% para 67%. Ainda segundo a pesquisa, seis das nove áreas de atuação do governo foram desaprovadas pela maioria da população: segurança pública (67%), saúde (66%), impostos (64%), combate à inflação (57%), taxa de juros (54%), e educação (51%).

A pesquisa ouviu 2002 pessoas entre os dias 8 e 11 de junho, data posterior à primeira manifestação, ocorrida em São Paulo, porém anterior ao período em que elas ganharam força, a partir do dia 13. A manifestação do dia 6 não está entre as notícias mais lembradas pela população, de acordo com o gerente executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.

Os assuntos mais lembrados foram o boato sobre o fim do Bolsa Família (15%), as obras da copa (10%), a redução na conta de luz (8%) e a alta da inflação (7%). A margem de erro da pesquisa é 2 pontos percentuais para mais.

Fonte: Agência Brasil via Vermelho

quarta-feira, 19 de junho de 2013

São Paulo e Rio anunciam redução das tarifas do transporte urbano

Em coletiva ocorrida no começo da noite desta quarta-feira (19) no Palácio Bandeirantes, em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad anunciaram a revogação do preço da tarifa do transporte coletivo: ônibus, trem e metrô, dos atuais R$ 3,20 para R$ 3,00. No mesmo instante, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, confirmou também a redução do preço da tarifa do transporte de R$ 2,95 para R$ 2,75. 


Na coletiva, Haddad ressaltou que este é um gesto de abertura e de diálogo com a população. "Ouvimos ontem [18] o Conselho das Cidades, e desde então, estamos em diálogo permanente para que o orçamento fosse repensado".

Mais cedo, o prefeito Haddad reiterou o que ele chama de “equívoco” que está sendo alimentado na grande mídia. “Ao contrário de todas as outras prefeituras do Brasil, a Prefeitura de São Paulo segurou o aumento até a desoneração que o governo federal promoveu e deu o reajuste descontado até a desoneração”, disse. Durante a coletiva, ele lembrou que em maio o governo Dilma Rousseff desonerou a cobrança do PIS/Cofins sobre o transporte público para reduzir o impacto sobre a tarifa, o que reduziu o aumento de R$ 3,40, para R$ 3,20.

Na noite de terça-feira (18), Fernando Haddad se reuniu com a presidenta Dilma, que já havia se encontrado com o ex-presidente Lula, para tratar sobre a pauta da  mobilidade urbana. Um dos pontos discutidos, ainda segundo relato do prefeito, foram os recursos federais para a construção de corredores de ônibus no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê a construção de corredores de ônibus que impactam na redução das despesas com combustível, com a redução do tempo de viagem, além de aumentar o número de passageiros transportados em menos tempo.

O prefeito paulistano voltou a defender sua proposta de campanha, o bilhete único mensal, cujo lançamento ainda não tem data marcada. “Não vamos abrir mão da proposta que fizemos na campanha, que foi largamente debatida. Abrir mão de uma proposta que fizemos e com a qual nos comprometemos para usar o recurso em outra direção é criar uma contradição, que não deveria ocorrer. É criar uma contradição entre a rua e a urna que tem sua importância”, declarou. “Não há essa contradição entre a rua e a urna que estão querendo criar”, completou.

Rio de Janeiro
Na cidade carioca, o valor havia sido aumentado para R$ 2,95 no dia 1º de junho. O reajuste no valor gerou protestos em todo o Brasil. No Rio, foram cinco protestos, sendo que o último, na segunda-feira (17), reuniu uma multidão de 100 mil pessoas nas ruas do Centro. Apesar de ter começado pacífica, a passeata terminou em quebra-quebra e tumulto em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Outras capitais 

Cuiabá, João Pessoa, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife e Vitória já tinham anunciado a redução do valor da passagem do transporte coletivo de suas cidades. Com exceção de Cuiabá e Porto Alegre, as outras cinco cidades já haviam aumentado o preço neste ano. E agora voltaram atrás.

Desde o início do ano, 11 capitais brasileiras aumentram a tarifa de ônibus municipais em 2013, com base nos dados disponibilizados pelas prefeituras. Os preços dos ônibus aumentaram neste ano em Aracaju, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Manaus, Natal, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.

Em Goiânia, a passagem subiu de R$ 2,70 para R$ 3 no dia 22 de maio, provocando uma onda de protestos, e o reajuste foi suspenso temporariamente por decisão judicial. Na noite desta segunda (17), houve uma decisão sobre o novo aumento: a passagem irá de R$ 2,70 para R$ 2,85.

A decisão de revogar os aumentos dos preços das passagens do transporte coletivo é uma vitória da mobilização popular.

Da redação do Vermelho por Deborah Moreira 

Movimentos reforçam luta social das ruas

Os protestos que pipocavam em diversas cidades brasileiras, há algumas semanas, ganharam contornos nacionais, saindo da temática do transporte ampliando a reflexão sobre o Brasil que queremos. A onda de manifestações de segunda-feira (17), que reuniu cerca de 250 mil pessoas, sem dúvida mudou a conjuntura política social. 

Por Deborah Moreira, do Portal Vermelho


É preciso ouvir o que as pessoas estão gritando nas ruas, compreendê-las e politizá-las ainda mais. Essa é uma das conclusões iniciais feitas por movimentos sociais reunidos ontem, terça-feira (18).

Na quarta-feira (19), uma nota assinada pelos movimentos sociais presentes no encontro, que aconteceu na Lapa, zona oeste da cidade, será divulgada em apoio ao Movimento Passe Livre e demais organizações que estão à frente das mobilizações. Além disso, pedem um encontro com a presidenta Dilma Rousseff para apresentar a pauta dos movimentos sociais, muitas delas reivindicadas nos gritos dos brasileiros que saíram às ruas ontem. Assinam a nota: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE), Consulta Popular, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), União de Negros pela Igualdade (Unegro) , Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), entre outros.

Para o economista Marcio Pochmann, que fez uma explanação inicial sobre a conjuntura nacional e internacional, o modelo social de garantir transferência de renda já está demonstrando seu esgotamento, apesar de ter se tornado ferramenta imprescindível para os beneficiados. Ele acredita que o movimento que está surgindo poderá forçar uma polarização em torno de um projeto de país: “A sociedade brasileira vai ficar muito mais polarizada. Mas essa polarização também é interessante para ganhar mais força, disputar mais a consciência política, repensar o que estamos fazendo”.

Para ilustrar, citou um trecho da trajetória do ex-presidente Lula, quando foi convidado pelo irmão para participar de uma assembleia do sindicato, nos anos 1970, disse que preferiria ficar em casa assistindo à novela. Anos depois, o chamaram para formar um partido político, e ele disse que não, que o sindicato era suficiente. “Quero chamar a atenção que a questão da consciência é algo a ser disputado. E esse é o nosso papel, a disputa das consciências na construção de um rumo possível dentro da realidade que temos hoje”, frisou Pochamann.

De acordo com sua análise, o governo terá agora que optar por um novo caminho e responder a questões como “com quem você está”. Para que o projeto de um país mais progressista vá para frente, é preciso ter claro que para um lado ganhar a disputa, o outro lado tem de perder. “A conjuntura mudou e esse novo elemento [mobilização popular] pode dar apoio muito grande a destravar a tentativa da direita em capturar o governo. É um movimento que traz uma explicitação dos limites de um projeto em curso. O que foi feito até agora está correto, mas é preciso avançar”, ponderou Pochmann, que observou que desde o final de 2012 houve um endurecimento de críticas feitas ao governo Dilma, orquestradas pela oposição em reação a posturas do governo federal. “O governo optou em enfrentar a mãe de todas as batalhas, que é enfrentar o núcleo do neoliberalismo, enfrentando as 20 mil famílias que governam o Brasil, que estão ligadas ao rentismo”.

Em entrevista ao Vermelho, Edson França concordou com os questionamentos de Pochmann sobre o esgotamento do atual modelo do governo, que tenta contemplar todos os setores. “É impossível desenvolver o Brasil contemplando todos, alguém tem que perder. O povo está querendo mais. E não terá mais se não houver o enfrentamento. O governo vai ter que aproveitar essa mobilização e estabelecer um foco que ajude a avançar na política de desenvolvimento”, completou.

A lição vem das ruas
Os movimentos sociais reunidos concordam que o debate deixou de ser somente o aumento da passagem, que, na verdade, foi apenas o estopim para que os protestos explodissem. “Vimos que se trata de uma parcela da sociedade que se movimenta por opinião, por convicção. Vale lembrar que é essa mesma juventude, essa mesma classe média, é a mesma que lutou contra a ditadura, que fez a diretas já, que tirou o Collor do poder e que tem impulsionado de maneira geral os avanços no Brasil”, analisou Edson França, secretário-adjunto de Movimentos Sociais do PCdoB e presidente da Unegro.

“A rua nos ensina muito e nos faz refletir. Cabe ao movimento social organizado, inclusive a UNE, que participa ativamente, tentar politizar ao máximo e tentar apresentar uma plataforma para que a gente consiga colher melhores frutos dessa mobilização”, opinou Edson França, secretário-adjunto de Movimentos Sociais do PCdoB, lembrando que movimentos espontâneos tem seu esgotamento natural.

Luana Bonone, presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), questionou a aposta grande feita no aumento do consumo que não foi suficiente para acelerar o crescimento e, além disso, não contribuiu com a cultura política. “Uma medida ousada de um projeto próprio de país, precisa de sustentação popular. E sobre o que está havendo, não percebo uma elevação da consciência social significativa, ainda. Embora haja elementos simbólicos de avanços, como o aumento do papel das mulheres e dos trabalhadores na política. Acredito, ainda, que é preciso fazer uma nova leitura sobre o conceito de cidadania, incorporando urgentemente pautas sobre qualidade de vida como moradia digna, educação de qualidade, saúde e transporte coletivo”, disse Luana durante a reunião.

Para os movimentos sociais reunidos, o momento político não se encerrará mesmo que a redução da passagem venha. “É uma parcela relevante da população. Não podemos dar as costas. São jovens que conseguiram derrubar a agenda reacionária que foi muito presente na eleição presidencial, e perdeu força, com mobilizações, na eleição municipal de São Paulo”, comentou o presidente da Unegro, referindo-se a movimentos como o Existe Amor em SP.

Sociedade do conhecimento
Em sua explanação, Marcio Pochmann lembrou o contexto que vive a atual sociedade pós-industrial, com novas formas de organizações de trabalho, grande parte dela no setor terciário (70%) que está submetida a um “processo de exploração exorbitante” por levar, cada vez mais, a uma intensificação da jornada de trabalho. Ao contrário do que ocorre com o bem material, que precisa ter um local para exercê-lo, o bem imaterial pode ser feito em qualquer lugar e isso faz com que as horas de trabalho se prolonguem.

Uma pesquisa feita no Reino Unido com trabalhadores da área de serviço, que utilizam serviços de tecnologia de informação, demonstrou que eles perderam a chamada semana inglesa - 8 horas de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas de convivência com a família. Hoje, essas pessoas se desconectam das tecnologias no sábado à tarde e retornam no domingo pela manhã. Ou seja, praticamente “não se desconectam de seus trabalhos”.

“Achávamos que na sociedade do conhecimento as novas tecnologias nos dariam mais tempo livre. Mas o que estamos vendo é que ninguém tem mais tem tempo para nada. Essa sociedade do conhecimento abre a perspectiva de novas batalhas pela redução dramática do tempo de trabalho”, observou Pochmann, lembrando que a educação, estrutura dessa sociedade nova, precisa ser repensada e ter mais investimentos.

“Não há razão para o que temos hoje. As 500 maiores corporações transnacionais que dominam o mercado mundial, com 50% do PIB, difundem cada vez mais as universidades corporativas. A Petrobras, por exemplo, gasta R$ 400 milhões anuais em qualificação. O ministério do Trabalho gasta R$ 125 milhões para todos os trabalhadores do Brasil”, comparou Pochmann.


Fonte: Vermelho

A voz do povo deve ser atentamente escutada e respondida

As manifestações juvenis e populares que se ampliam e se estendem por todo país têm um motivo - uma causa social. Para o PCdoB a questão democrática se entrelaça com a questão social. Por isso, para o avanço democrático é precioso e auspicioso conhecer através de largas manifestações - por serem mais autênticas - o que clama e atormenta parcelas significativas do nosso povo. 

Por Renato Rabelo*


Muitas vezes são razões maiores que se acumulam, vindo à tona através de reivindicação aparentemente simples. A luta contra os preços das tarifas dos transportes urbanos e o descontentamento contra os elevados investimentos na construção dos estádios de futebol são
manifestações agudas e de um grande estresse vivido pela maior parcela da população dos grandes centros urbanos no Brasil.

As cidades em nosso país cresceram rapidamente, sem conseguir contar em tempo com estruturas adequadas para responder a essa galopante transformação, provocando assim uma concentração de graves problemas sociais - tornando-as inóspitas para seus habitantes - sobretudo para os que vivem nas suas periferias. O estalar desses acontecimentos que se espraia pelo país afora tem o sentido de uma alerta, de um extravasamento das reais condições da vida nas cidades, sendo um dos grandes problemas, na sequencia de muitos, que ocupam agora a ordem do dia e devem ter prioridade e serem enfrentados.

Defendemos que os governos realmente democráticos e comprometidos em garantir o avanço social - os governos em que estamos à frente, ou dele participamos - têm o dever de buscar saídas para começar a resolver os graves problemas urbanos. Uma solução de fundo que se impõe, defendida pelo Programa do PCdoB, é a concretização de uma Reforma Urbana, que possa estabelecer um plano integrado para o desenvolvimento, renovação e humanização das cidades. É uma exigência que se avoluma.

De imediato, medidas para enfrentar o urgente problema habitacional - que tem forte impacto nos centros urbanos - já foram deflagrados pela presidenta Dilma Rousseff por meio do programa de grande dimensão, Minha Casa Minha Vida, que vem cumprindo significativo papel no financiamento de moradias populares. Também através do PAC 2 são muitos os projetos em andamento para solucionar impasses estruturais de mobilidade urbana em grandes centros nas capitais. Mas vai se impondo como uma questão candente a resposta para a edificação de um sistema e o financiamento dos transportes de massa, de qualidade nos centros urbanos, que permita a locomoção dos seus habitantes sem necessitar do uso constante do automóvel.

O PCdoB se empenhará - por meio da sua influencia no movimento social e da sua participação e relação com os governos democráticos - na busca emergencial de medidas que encontrem já soluções para reduzir os preços das tarifas dos transportes urbanos e para maior eficácia das redes de transporte coletivo. Neste momento é necessário um esforço conjugado que reúna os governos Federal, estadual e municipal no caminho de encontrar uma saída de como responder a esses sentidos anseios.

*Renato Rabelo é presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

Governo federal está investindo R$ 60 bilhões em mobilidade, diz ministro

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, destacou nesta quarta (19) que o governo federal tem investido “pesado” em ações que visam o aperfeiçoamento da mobilidade urbana no país.


“Temos ações em andamento em todas as cidades brasileiras. Algumas estão a pleno vapor, outras estão em fase de contratação. Nós não tínhamos investimento. Agora, estamos fazendo investimento pesado na área de mobilidade urbana. São R$ 60 bilhões, que estão obras em contratação ou já foram selecionadas para serem contratadas”, disse ao ser perguntado sobre as ações da pasta em relação às manifestações ocorridas nos últimos dias no país.

Os protestos ocorridos em várias cidades brasileiras demonstram o descontentamento da população, que teve como estopim o reajuste do preço da tarifa de ônibus, e agora engloba uma série de outras insatisfações.

Antes de participar de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Urbano, na Câmara dos Deputados, Ribeiro ressaltou que não há previsão de ação imediata do Ministério das Cidades em resposta às manifestações ocorridas no país. “Nós temos os investimentos da área de mobilidade urbana definidos. O que temos que fazer é avançar na execução. Isso que estamos trabalhando juntamente com estados e municípios para agilizar e cumprirmos os prazos daquilo que está pactuado nos contratos”, comentou.

Fonte: Agência Brasil via Vermelho