sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Presidente da Venezuela recorda triunfo de Hugo Chávez

Reuters - Hugo Chávez

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recordou na quinta-feira (16) o nono aniversário do triunfo do Comandante Hugo Chávez no referendo revogatório de 2004, frente às tentativas de derrocada da oposição.


Na época, o povo venezuelano respaldou massivamente (com 59% dos votos) o Comandante para que continuasse na presidência. Através da rede socialTwitter, Maduro destacou que a comemoração é pelo “dia da vitória da democracia verdadeira, de Chávez, Comandante invicto de nosso povo, sigamos em seu caminho".

Segundo ele, o momento histórico representa “um grande dia da revolução bolivariana que ratificou o caminho de dignidade e pátria". O mandatário pediu ainda que o povo seja leal ao projeto de futuro deixado por Chávez, para garantir uma pátria socialista.

Citando Simón Bolívar, ressaltou ainda que "o juramento do Libertador está vigente como compromisso eterno, dos que amamos a pátria livre e independente".

O referendo revogatório foi mais uma tentativa para derrubar o governo de Chávez por parte de uma oposição que já tinha tentado de tudo, desde um golpe de Estado em 2002 até uma greve petroleira no ano seguinte, entre outras ações desestabilizadoras.

Da redação do Vermelho - com informações da Prensa Latina

"Tudo que consegui com agrotóxicos foi me intoxicar"

“Os agricultores da minha geração nasceram praticamente dentro de uma lata de veneno. Eles não conheceram agricultura antes do agrotóxico”. Aos 50 anos e após sofrer duas intoxicações por agrotóxicos que quase tiraram sua vida, o agricultor e amigo do MST Luiz Bueno, natural da Lapa, no Paraná, acabou por descobrir a agroecologia e começou a plantar alimentos saudáveis.


Com sua vivência, garante: “o veneno não tem nada de bom para nos oferecer. Fui agricultor que usei veneno. Com o uso do veneno o que consegui foi me intoxicar e fazer dívida em banco”.

Luiz se define como “fruto do êxodo rural”. Seus pais eram agricultores, mas venderam suas terras e foram viver como operários na cidade na década de 1960, em busca de melhores condições de vida. Morou na cidade até seus vinte anos, quando adquiriu uma propriedade de 20 hectares e decidiu trabalhar como agricultor tradicional. 

Sua produção inicial se baseava no cultivo de batata e feijão de maneira convencional, utilizando grandes quantidades de agrotóxicos e fertilizantes fornecidos pelo pacote tecnológico.

Ele sonhava em ficar rico por meio de seu trabalho. queria ganhar muito dinheiro e ter pelo menos dois carros zero quilômetro na garagem. Ao invés disso, o que ganhou com o uso intensivo de agrotóxicos foram duas intoxicações, que por pouco não acabaram com sua vida.

A segunda vez que se intoxicou, plantava feijão com o agrotóxico Furadan. O veneno é líquido, mas vira um pó depois que se mistura com a semente. Quando Luiz colocou esse saco dentro da plantadeira do feijão, o pó levantou e ele respirou tudo. Os sintomas apareceram de imediato.

“Comecei a babar, ter ânsia de vômito e ansiedade. Veio uma chuva bem na hora da intoxicação, e fui obrigado a abrir os vidros do carro porque a ansiedade não me deixava ficar em ambiente fechado. É uma lembrança muito viva na minha memória, apesar de todos esses anos, e acredito que até hoje estou intoxicado com esses produtos. Se passar hoje numa lavoura com o princípio ativo do veneno, consigo perceber o cheiro dele e me sinto mal”.

A intoxicação não foi o único problema sofrido por Luiz em seus tempos de lidar com a agricultura convencional. Alguns acidentes no manejo do agrotóxico fizeram com que ele derrubasse baldes de veneno em um rio próximo à sua propriedade, e o endividamento que teve com o Banco do Brasil por conta do crédito foi muito grande.

“A minha dívida no banco quando trabalhava com batata dava para comprar três carros zero. Somando os sintomas do veneno com essa dívida, desenvolvi uma depressão e por muito pouco não cometi suicídio, revela”.

Produção agroecológica


Ao perceber que a agricultura acabaria com sua vida, Luiz decidiu abandonar o ofício e resolveu abrir uma loja que vendia insumos e ração. Algum tempo depois, foi convidado pelo Sindicato dos trabalhadores rurais da região, com quem tinha fortes ligações, a participar de um dos encontros de agricultores familiares na associação Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA).

Após este primeiro encontro, viajou para o Rio Grande do Sul onde participou do seu primeiro curso de agroecologia. Ao descobrir uma nova forma de produzir, as esperanças de Luiz na agricultura se reanimaram e, ao voltar para casa, resolveu aplicar o que tinha aprendido e banir os agrotóxicos de sua forma de produção.

Luiz realiza ao longo de mais de 20 anos a produção agroecológica em sua área. Além de não usar agrotóxicos, a diversidade de produtos na área agroecológica, de apenas 1,5 hectares, é muito grande. A propriedade tem cerca de 46 produtos diferentes, como acelga, alface, almeirão, repolho, rúcula, cheiro verde, couve, uma grande quantidade de hortaliças, pepino, abobrinha, batata doce, mandioca, milho, feijão e frutas como pêssego e maçã.

Por meio de uma agroindústria que abriu com alguns sócios, ele também produz vinho e vinagre de maçã orgânicos. Os produtos de Luiz são comercializados pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além de feiras agrárias na região.

Os outros hectares da propriedade são utilizados para a criação de animais, que geram o adubo para a horta, garantindo a alimentação do solo natural. “Você fecha um ciclo: o esterco vira alimento novamente. É uma forma de garantir nossa independência como agricultor, pois não precisamos buscar adubo químico das multinacionais. Isso é importante principalmente para os movimentos sociais, que combatem tanto as práticas dessas empresas, pois ao usar adubo delas sustentamos nosso maior inimigo, que ganha em cima do nosso trabalho”, afirma.

Educação

Luiz só estudou até a sétima série, mas o seu interesse pela agroecologia foi tanto que realizou diversos cursos e especializações na área. A busca pelo conhecimento, aliada à vivência com a terra, mudou a sua visão de como entender e lidar com ela.

“A visão que tenho hoje é um amadurecimento de vida, durante esses 20 anos de trabalho com a agroecologia. Antes eu via a terra apenas como ferramenta para gerar dinheiro. Pensava só no lucro, achava que o solo era morto, e que servia só para eu pôr o adubo e tudo que vinha do pacote tecnológico, algo que nos foi imposto a partir da segunda guerra como a única forma de produção.”

Entretanto, atualmente o agricultor enxerga a terra de outra forma. “É preciso respeitar a terra, ou ela vai ser um recurso finito, e não vai ter mais solo para as gerações futuras produzirem. Se você tem dois hectares, tem a missão de cuidar dessa terra, e se cuidamos mal, contaminamos a terra e acabamos com a vida do planeta. Só meu lote não vai resolver os problemas do mundo, mas se todo mundo fizer sua parte a gente consegue realizar uma mudança concreta”.

Para Luiz, o agrotóxico é um dos principais causadores da degradação do solo, e não traz nenhum efeito positivo. “Falo com segurança, como agricultor, de que o veneno não tem nada de bom para nos oferecer. Com o uso dos agrotóxicos tudo que consegui foi me intoxicar e fazer dívida em banco".

Critica ainda o fato de muitos agricultores familiares terem "um pensamento de fazendeiro", que tendo pouco hectares de terra já plantam soja e usam venenos. "Não herdamos a terra dos nossos pais, pegamos emprestada dos nossos filhos e netos. Se entregarmos essa terra pior do que pegamos, estaremos explorando as gerações futuras”, afirma. 

Fonte: Página do MST

(título original “Tudo que consegui com agrotóxicos foi me intoxicar e fazer dívida em banco” alterado por redação Vermelho)

UNE e OAB defendem financiamento público de campanhas

Para o diretor da UNE, o financiamento público
 reduz a influência de empresas na
 política e fortalece o debate de ideias..
 Foto.Agência Camara

O diretor de relações internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Thiago Aguiar da Silva, defendeu o financiamento exclusivamente público de campanhas eleitorais na segunda audiência pública promovida, ontem, quinta-feira (15), pelo grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que vai elaborar uma proposta de reforma política. “No sistema atual, quem se elege não é quem tem o melhor programa, mas que tem mais dinheiro” argumentou.


Ele acredita que o financiamento público reduzirá a influência de empresas na prática política. “Isso significa equiparar os confrontos eleitorais e fortalecer o debate de ideias”, acrescentou.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos Vinicius Furtado Coêlho, também defendeu o financiamento exclusivo público de campanha. Ele afirmou que 78% dos entrevistados da pesquisa Ibope-OAB são contrários à doação de empresas às campanhas eleitorais. 

“Se a Constituição estipula que todo o poder emana do povo e as empresas não integram o conceito de povo, essa autorização é inconstitucional”, argumentou.

Coêlho defendeu a proibição das doações empresariais em conjunto com a criminalização do caixa dois. Ele propõe a cassação do mandato dos eleitos que receberam recursos ilícitos e a proibição de que as empresas que doaram ilegalmente a candidatos contratem com o Poder Público por até cinco anos.

Esforço concentrado

O presidente da OAB também pediu aos deputados um “esforço concentrado” para a aprovação de um projeto de reforma política até setembro deste ano. O objetivo é que as medidas sejam válidas para as eleições de 2014, já que qualquer mudança nas regras eleitorais deve ser publicada pelo menos um ano antes do pleito.

Coêlho afirmou que 84% dos 1500 entrevistados da pesquisa feita pelo Ibope e contratada pela OAB querem que a reforma política valha já no ano que vem. 

O diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, foi o único, entre os convidados da audiência, que defendeu a manutenção de um sistema de financiamento privado de campanhas eleitorais.

Segundo ele, a correlação entre o montante de dinheiro gasto nas campanhas e o sucesso eleitoral é “extraordinária”, mas não funcionaria proibir as doações a campanhas. “Uma empresa, quando financia, compra a promessa de decisão futura. Esse é um mercado como outro qualquer, e tentar proibi-lo não dá certo. O que deve haver é fiscalização”, argumentou.

Abramo sugere formatos alternativos de doações. Um deles é conhecido como “matching fund”, em que o Estado fornece ao candidato o mesmo valor que ele conseguir somar a partir de pequenas doações feitas por pessoas físicas. “Em tese, isso faria com que o candidato ficasse mais próximo do eleitor, e que o eleitor tivesse mais estímulo para cobrar o bom desempenho do candidato”, afirmou.

Da Redação do Vermelho em Brasília - com Agência Câmara

Monopolização da mídia deforma a democracia

Durante o debate sobre Democratização da Mídia no Brasil, que aconteceu na quarta-feira (14/8), no PAF V da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, o editor do Portal Vermelho e secretário Nacional de Comunicação do PCdoB, José Reinaldo, falou sobre a atual situação da mídia no país e a monopolização desta por grandes grupos.


Portal Vermelho– O que a monopolização dos meio de comunicação acarreta para o país?  


José Reinaldo
 - A centralização da grande mídia nas mãos de alguns grupos é a grande deformação do exercício da democracia e da liberdade de expressão no Brasil. Porque é óbvio que se a opinião é monopolizada por um punhado de grupos, a liberdade de expressão fica completamente comprometida. Embora o acesso a informação de uma maneira geral seja o mais amplo possível com os meios tecnológicos modernos, o exercício da liberdade de expressão é cada vez mais limitada porque esses meios de comunicação expressam exclusivamente a opinião das classes dominantes e retrogradas da sociedade e de seus semelhantes internacionais. Então, eu considero isso uma excrescência e uma grande deformação do sistema político social brasileiro; é algo que contamina a consciência do povo e deforma a sua formação cultural e ideológica. 

PV – Como essa monopolização pode ser combatida?

JR - Isso precisa ser combatido politicamente através do movimento de massa, de medidas legislativas e com a luta de ideias. O instrumento que temos para fazer isso é a adoção de uma lei dos meios de comunicação do Brasil; a regulamentação da Constituição Federal que prevê uma série de medidas nesse sentido e a campanha que está sendo levada a cabo pela Frente Nacional em Defesa da Comunicação, campanha na qual o nosso partido está inteiramente empenhado e o Portal Vermelho é um dos principais porta-vozes.

Tudo isso dentro de uma proposta que tem o PCdoB de reformas democráticas estruturais, onde nós consideramos que ao lado da reforma política, a reforma dos meios de comunicação é fundamental para a gente aprofundar e consolidar a democracia no Brasil.


PV 
– Qual o papel do Portal Vermelho no combate ao monopólio das mídias?

JR - O Vermelho é uma espécie de veículo de comunicação das campanhas em prol da democratização da mídia. Grande parte desta campanha nasceu no Vermelho, pois foi lá que se lançou e se plantou a ideia através da nossa propaganda de realizar a I Conferência Nacional de Comunicação, a qual tirou uma plataforma de lutas que é vigente. Na época, o Vermelho foi uma das molas propulsoras junto com outras correntes políticas e blogueiros desta movimentação, que resultou na realização da conferência. Nós tivemos lá uma bancada organizada e isso foi muito característico.

Hoje, continuamos assumindo o papel de veículo informativo, agitador e conscientizador dessa campanha. Fazemos isso com nossas modéstias forças, mas achamos que estamos dando uma contribuição importante para a vitória dessa causa.

De Salvador - Vermelho - Ana Emília Ribeiro

Fundamentalismo midiático: religião ocupa concessões públicas

A maioria da população brasileira não sabe, mas o espaço ocupado pela transmissão dos sinais de rádio e televisão é público, o que dá às emissoras o dever de respeitarem, em sua programação, os princípios constitucionais. E o Brasil é um Estado laico. Não é demais, portanto, esperar que a programação do rádio e da TV não privilegie nenhuma religião e tampouco seja espaço para o proselitismo religioso.

Por Bia Barbosa e Helena Martins, no Geledés*


Porém, se você já cansou de "zapear" em busca de conteúdo não-religioso na TV, prepare-se para usar ainda mais o controle remoto. Desde o ano passado, a Rede Globo tem estabelecido uma forte parceria com o setor evangélico, o que foi expresso na cobertura do musical "Festival Promessas", na contratação de artistas gospel para a gravadora do grupo, a Som Livre, e na inclusão de personagens evangélicas na teledramaturgia - Ivone (Kika Kalache), de "Cheias de Charme", e Dolores (Paula Burlamaqui), de "Avenida Brasil". Líderes evangélicos reunidos em 2012 com a maior emissora do Brasil pediram mais: uma heroína evangélica no horário nobre.

A parceria com a emissora é mais uma mostra da penetração das igrejas na mídia, um fenômeno que não é recente, mas que ganha proporções cada vez mais significativas. Levantamento realizado por Figueredo Filho, apoiando-se em dados de 2006, revela que 25,18% das emissoras de rádio FM e 20,55% das AM nas capitais brasileiras são evangélicas - muitas neopentecostais que, hoje, concorrem com a Igreja Católica, antes liderança no número de altares eletrônicos.

Dados divulgados pela Folha de São Paulo revelam que o "televangelismo", hoje, ocupa 140 horas semanais da TV brasileira. A Rede TV, líder na programação religiosa, vende 46h de sua programação semanal para igrejas; já a Record, da Igreja Universal, disponibiliza 32h. O terceiro posto deste ranking é ocupado pela Band, com 31h. Levantamento realizado pelo Intervozes denuncia casos como o do Canal 21, também do grupo Bandeirantes, que arrenda 22 horas diárias de sua programação à Igreja Mundial do Poder de Deus.

Já o poder público tem se eximido de enfrentar os interesses das igrejas e garantir que o sistema de comunicação não sirva ao proselitismo religioso. A ausência de ações dá-se mesmo quando esses grupos usam seus representantes no Congresso Nacional para manter e até mesmo ampliar suas redes de comunicação. Nesses casos, a tríade comunicação, religião e política mostra todo o seu poder de sustentação ideológica, política e econômica. E parlamento e mídia viram espaços para a publicização de discursos baseados no tradicionalismo, na defesa da família e da moral cristã.

Na esteira do fortalecimento do conservadorismo da sociedade, pautas históricas como o aborto, o casamento civil de pessoas do mesmo sexo e, ainda, a democratização dos meios de comunicação continuam interditadas no debate público. Essa situação faz com que seja urgente inscrever, na agenda dos movimentos sociais, a luta contra o conservadorismo e em defesa da pluralidade e da diversidade na mídia - inclusive de credos.

É este um dos objetivos do Projeto de Lei de Iniciativa Popular por uma mídia democrática, que pretende coletar mais de um milhão de assinaturas por um novo marco regulatório do setor no país. Do contrário, veremos os espaços públicos serem ocupados por setores que desconhecem os avanços políticos conquistados por grupos que foram, historicamente, oprimidos, mas que há tempos lutam por uma sociedade igualitária e livre de todo preconceito.


* as autoras integram o Setorial de Mulheres do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação. Helena Martins é mestra em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará e editora na TV Brasil. Bia Barbosa é jornalista, especialista em direitos humanos, mestranda em políticas públicas pela FGV-SP e integrante da Rede Mulher e Mídia.

(Título original "Fundamentalismo midiático: a religião ocupando as concessões públicas" alterado por redação Vermelho)

Encontro na Bahia avalia que democratização da mídia é urgente no país

É urgente promover a democratização dos meios de comunicação no país. Essa foi a opinião geral dos palestrantes durante o debate sobre Democratização da Mídia no Brasil, realizado na quarta-feira (14), no PAF V da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O evento contou com as presenças do editor do PortalVermelho, José Reinaldo, do professor da Faculdade de Comunicação da UFBA, Fernando Conceição, e do diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA, Messias Bandeira.


  
O evento contou com as presenças do editor do Portal Vermelho, José Reinaldo, do professor da Faculdade de Comunicação da UFBA, Fernando Conceição, e do diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA, Messias Bandeira.


Durante o debate, o professor Messias Bandeira disse que os meios de comunicação cumprem um papel fundamental na sociedade por mediar o mundo da política, da ciência, da cultura e da esfera pública. “Enquanto mediadores, eles ganham uma posição de autonomia e também de alcance muito grande na sociedade. Os meios de comunicação precisam entender um pouco dessa responsabilidade social e da necessidade de um acesso amplo às pessoas também ao direito a comunicação.”

Nessa perspectiva, ele acredita ser adequado discutir a democratização das mídias, pois o histórico do Brasil nessa área não é exemplar do ponto de vista mundial. Messias declara ainda que todo profissional da área de comunicação deve perseguir a isenção da informação e a imparcialidade, mesmo com as dificuldades a serem enfrentadas.

Durante o debate José Reinaldo abordou a dimensão internacional da monopolização das mídias no sentido de demonstrar que o mundo enfrenta o problema do imperialismo estadunindense e os seus aliados, que monopolizam os meios de comunicação e realizam um ‘terrorismo midiático’. “Esse terrorismo consiste em utilizar os meios de comunicação para fazer pressão e chantagem com outros povos, com outros governos progressistas, contra forças revolucionárias e comunistas no mundo.”

Segundo ele, quando essas forças imperialistas querem agredir uma nação elas recorrem à mídia, que começa a demonizar aquele país e seu regime, além de justificar aos olhos da opinião pública a realização de uma guerra. “Isso é algo tão absurdo que a mídia chega ao ponto de conseguir naturalizar as guerras, transformar em algo natural. A luta da democratização não é só nossa. Ela tem relação com o processo de libertação nacional e social de todos os povos.”

Impor limites

Para o professor da Faculdade de Comunicação da UFBA, Fernando Conceição, o debate é importante, pois representa uma troca de ideias com outras duas pessoas que tem trabalhado com a questão da democratização da comunicação. Sobre o monopólio da comunicação nas mãos de alguns grupos, Conceição afirma que este é um fenômeno global, já que quando a comunicação se torna negócio, ela é apropriada por grupos e investidores.

“É preciso que cada estado-nação discuta limites para o grande poder que esses grupos de mídia no mundo adquiriram. Isso ocorre em qualquer país democrático; a possibilidade de impor limites. Acabamos de ver na Grã-Bretanha depois do escândalo envolvendo a News Corporation. O estado britânico criou uma comissão para tentar por limites aos abusos cometidos por esses grandes grupos sem que isso signifique censura”, pontuou Conceição. 

De Salvador - Ana Emília Ribeiro - Vermelho

"Estamos diante de uma oposição cínica e sem alternativa"

"Estamos diante de uma oposição cínica e sem alternativa", externou Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, ao falar sobre o escândalo do Metrô de São Paulo que envolve um esquema de milhões em desvio de recursos públicos. Na oportunidade, o dirigente falou ainda sobre a vitória da Educação com a conquista dos 100% do royaties do petróleo e 50% do fundo social do Pré-Sal para a Educação.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo 


Renato Rabelo inciou sua reflexão falando sobre aprovação do Projeto de Lei 323/07, que define 50% de todos os recursos do fundo social do Pré-Sal para a educação e à saúde e a determinação de 75% dos royalties do petróleo para a área da educação e 25% para a área da Saúde. “Essa vitória é da educação, mas também é de todo o Brasil”, ressaltou.

Ele ainda saudou a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União da Juventude Socialista (UJS) pela luta travada em torno dessa bandeira. “Uma vitória muito significativa dos movimentos sociais, sobretudo do movimento estudantil. Isso por quê? Porque, historicamente, esse será o maior volume de recursos destinados à educação pública no Brasil. Então, temos muito que comemorar”.

Renato citou a fala da presidenta Dilma Rousseff que destacou que essa vitória é uma grande resposta ao clamor das ruas. “Essa aprovação contou com o irrestrito apoio da presidenta Dilma. E quem ganhou foi a Educação. A questão da saúde também está no centro da preocupação, além da destinação dos 25% dos royalties, o Programa Mais Médicos ganha cada vez mais apoio da sociedade, mas essas são medidas emergências, que são necessárias em curto prazo”.

Ao reconhecer os esforços do governo para atender a voz das ruas, Renato Rabelo destacou avanços, mas lembrou que “a jornada apenas começou, ainda temos em curso campanhas como a defesa do ‘Saúde Mais 10’. No caso da saúde, por exemplo, defendemos ainda mais recursos. O PCdoB defende que sejam destinados 10% do PIB para a saúde”.

Oposição cínica e sem alternativa

Ao refletir sobre o escândalo do Metrô de São Paulo que envolve um esquema de milhões em desvio de recursos públicos, Renato Rabelo diz que “justo aqueles que sempre foram os defensores da moralidade e da ética na política, foram pegos agora 'com a mão na botija'. Além disso, a mídia, nesse caso, só comprova o que temos dito: ela é um partido de oposição e tem feito uma cobertura maneirada desse grande escândalo”, disparou Renato.

“Honestidade para quem cara-pálida?”, questionou o dirigente comunista ao dizer que esse sim é o maior escândalo de corrupção já visto no Brasil. “Agora fica fácil entender o porquê do metrô de São Paulo se encontra em um estágio tão atrasado. São 20 anos de conluio, três governos do PSDB de desvios, que só beneficiaram os interesses dos tucanos. Com certeza eles não ouviram a voz do povo”, ponderou Renato.

O presidente do PCdoB também criticou a blindagem dos tucanos pela Assembleia Legislativa de São Paulo e pela mídia e destacou que "somente no estado de São Paulo, os tucanos impediram a institucionalização de cerca de 70 CPIs. Ou seja, estamos diante de uma oposição cínica e sem alternativa".

“A situação atual do Brasil mostra que, diferentemente da postura das últimas gestões dos governos tucanos, a presidenta Dilma sim ouviu a voz das ruas e está atendendo ao chamado do povo. Começamos com a proposta da reforma política, chegamos a educação e a saúde e com certeza alcançaremos ainda mais conquistas”, finalizou.

Ouça a íntegra na Rádio Vermelho: 


Programa Palavra do Presidente

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Bancos têm que contratar para acabar com a sobrecarga de trabalho

Bancos privados extinguiram mais de 10 mil postos de trabalho no último ano. Quem ficou, está no limite. Emprego é tema da rodada de negociação de hoje e amanhã, dias 15 e 16

São Paulo - Os bancários estão no limite. O ritmo estressante de trabalho está na rotina da categoria que, além de enfrentar a convivência com a pressão por metas que adoece, tem de lidar com a sobrecarga decorrente do número insuficiente de profissionais nas agências, postos de atendimento e centros administrativos dos bancos no Brasil.

Se em 1990 havia mais de 730 mil bancários no país, em 2001, eram menos de 390 mil. A retomada do crescimento econômico e a expansão das operações de crédito levaram a categoria ao patamar atual de cerca de 500 mil trabalhadores.

Essa pequena recuperação, no entanto, não faz frente à demanda gerada pela inclusão bancária de milhares de cidadãos, e os bancários sofrem com a sobrecarga de trabalho. Em 1996, cada um era responsável por cuidar, em média, de 83 contas correntes. No ano passado, eram pelo menos 326 contas  cada que, nesse período, passaram de 40 milhões para 162,9 milhões. Diante da alta de 307%, o número de bancários subiu parcos 3,5%.

“E isso levando em conta a Caixa Federal, que ainda contrata. Porque se forem contabilizados somente o Banco do Brasil e os privados, o déficit de bancários é enorme”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

O tema emprego está na pauta da segunda rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2013. A reunião entre o Comando dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban), nesta quinta e sexta-feira, dias 15 e 16, vai tratar também de igualdade de oportunidades.

Cinco anos a espera de uma chance

Demissões – Desde o ano passado, os bancos se encontram num novo cenário. Os públicos, notadamente a Caixa, expandiram suas operações de crédito com a redução dos juros e passaram a ganhar em escala, com recordes de lucro. Os privados, também continuam batendo marcas, mas o caminho escolhido para ganhar mais foi o das demissões e terceirizações.

Entre os meses de junho de 2012 e de 2013, o Itaú eliminou 4.458 vagas. No mesmo período, o Santander cortou 3.216 postos; o Bradesco, 2.580. O BB reduziu 276 empregos e a Caixa contratou 7.423 (março de 2012/2013).

As demissões têm ainda outro caráter: muitas vezes salários mais altos são substituídos por remunerações mais baixas, e trabalhadores são mantidos em desvio de função, numa lógica perversa de economizar à custa dos empregos.

Somente nos seis primeiros meses deste ano foram extintas quase 5 mil vagas nos bancos (fora a Caixa), enquanto os quatro maiores (BB, Itaú, Bradesco e Santander) tiveram lucro somado de R$ 26 bi.

“Essa é mais uma forma de os bancos acabarem com a saúde dos bancários. Além disso, devolvem à sociedade da qual tanto lucro tiram, serviços piores, filas, atendimento precário”, critica Juvandia. “Vamos cobrar na mesa que os bancos alterem essa lógica. Chega de demissões! O Brasil e os brasileiros precisam de mais postos de trabalho e o setor financeiro deve isso à sociedade.”

Fonte: Seeb/SP

Emoção marca sessão que devolveu mandatos de deputados cassados

“Voltamos todos”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), em seu discurso na sessão solene que a Câmara dos Deputados realizou, na terça-feira (13), para devolver simbolicamente os mandatos dos deputados comunistas cassados em 1948.
Agência Câmara
Emoção marca sessão que devolveu mandatos de deputados cassados  

A sessão contou também com a fala oficial do presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), que pediu desculpas aos parlamentares, familiares e ao povo brasileiro “pelo grave equívoco, injustiça e violência cometida contra os comunistas em 1948”.

Para o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, “a reparação que ora se faz com a devolução simbólica dos mandatos traz à luz dos nossos dias a memória dessa importante época e revigora a democracia”. 

Renato, a exemplo dos demais oradores, lembrou as propostas e causas defendidas pela bancada comunista de 1946, destacando “a atuação marcante e influente na defesa coerente da democracia, direitos políticos, soberania nacional e reforma agrária”.

Entre os discursos de abertura e as falas de encerramento, houve o momento solene de entrega dos diplomas e dos ‘bottons’ com a chamada do nome de cada um dos 14 parlamentares. Estando hoje todos já falecidos, a entrega foi feita aos familiares de sete deles.

Para aqueles que não foram localizados os familiares, foram entregues a representantes escolhidos entre personalidades e parlamentares. Os diplomas e bottons ficarão na Câmara até que os familiares sejam localizados e possam resgatá-los.

Entrega de ‘bottons’ e diplomas

Maria Marighella (foto), neta de Carlos Marighella recebeu o ‘botton’ do ex-líder da bancada do PCdoB na Câmara, Haroldo Lima, baiano como o homenageado; Olga Crispim, mulher de José Maria Crispim recebeu do deputado Chico Lopes (PCdoB-CE); Paloma Jorge Amado e João Jorge Amado receberam, em nome do pai Jorge Amado, do deputado Nilmário Miranda (PT-MG); Luiz Eduardo Oest recebeu em nome do avô, Henrique Cordeiro Oest; e João Carlos Amazonas, filho de João Amazonas, recebeu o botton de Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB.

Para a entrega dos ‘bottons’ aos parlamentares que não tiveram familiares localizados foram escolhidos personalidades para representa-los. No caso de Maurício Grabois, os familiares não chegaram a tempo para a solenidade, e ele foi representado por Haroldo Lima, que recebeu o ‘botton’ da líder do PCdoB na Câmara, deputada Manuela D´Ávila (RS).

Por Abílio Fernandes recebeu o deputado Glauber Braga (PSB-RJ); Agostinho Oliveira foi representando pela deputada Jô Moraes (PCdoB-MG); Francisco Gomes pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ); Claudino Silva, o único negro constituinte de 1946, pelo ex-presidente da Seppir e deputado Edson Santos (PT-RJ); Gervásio de Azevedo foi representado pela deputada Luciana Santos (PCdoB-PE); e Alcêdo Coutinho pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP). E para receber por Oswaldo Pacheco foi chamado o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP).

Para representar Gregório Bezerra, Jandira disse que “nós fizemos questão de chamar uma pessoa que fez história e sofreu demais na luta e na batalha contra a ditadura militar, o ex-deputado Antônio Modesto da Silveira”.

“Voltamos todos”

Na abertura, Henrique Alves antecipou que aquela seria a sessão mais bonita da história recente do Parlamento. Em belos discursos, com fortes emoções, apresentação de poesia e música, a sessão reuniu parlamentares, familiares, artistas e convidados, enchendo o Plenário da Câmara.

A deputada Jandira Feghali, autora do requerimento da sessão solene - elogiada “pela iniciativa reparadora da história desse país” -, nas palavras do Presidente da Câmara, presidiu a sessão.

Ela citou o líder comunista, Maurício Grabois, que, em seu discurso final na Câmara dos Deputados, disse “Quando ressurgir a verdadeira democracia, a democracia do povo, quando for respeitada sua vontade, podem estar certos, senhores representantes, que neste instante cassam nossos mandatos, que voltaremos.”

E citando outro comunista, lembrou que Haroldo Lima, ao assumir a liderança da bancada do PCdoB em agosto de 1985 reproduziu essa passagem do discurso de Grabois e proclamou: “E assim, senhor presidente, senhores deputados, povo brasileiro, voltamos”.

“Hoje, após 28 anos de proferido o discurso do Deputado Haroldo Lima, realizamos esta sessão solene, que recupera a biografia e os direitos dos 14 deputados comunistas. E agora podemos dizer: voltamos todos!”, afirmou Jandira Feghali.

Seguir lutando

A líder do PCdoB na Câmara também discursou, quando fez um breve retrospecto da história política de cada um dos 14 parlamentares, destacando que “grande parte das bandeiras desses deputados permanecem atuais, ou porque já foram conquistadas como a garantia da liberdade religiosa, a livre organização sindical e direitos trabalhistas, ou porque é nosso dever seguir lutando não apenas pela memórias desses bravos lutadores, mas pela justeza de suas causas”.

Ela disse ainda que “a devolução desses mandatos não é apenas uma reparação aos comunistas, mas sobretudo ao povo do nosso país. Esses mandatos foram conquistados de forma legítima, 600 mil votos foram confiados a esses 14 representantes do Partido Comunista do Brasil, devolve-los é reconhecer o papel de cada um na história democrática brasileira”.

Em março passado, a Câmara anulou o ato que cassou os mandatos dos 14 parlamentares comunistas, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra, por iniciativa da deputada Jandira Feghali. A extinção dos cargos parlamentares ocorreu, em maio de 1947, depois de o Superior Tribunal Eleitoral ter cancelado o registro do Partido Comunista do Brasil. Os 14 comunistas cassados haviam sido eleitos, em 1945, entre os 328 constituintes, para integrar a Assembleia Constituinte de 1946.

Música e poesia

Em nome dos familiares, falou Paloma Jorge Amado, filha de Jorge Amado. Ela destacou que esses 14 deputados foram cassados unicamente pelo que pensavam. “Agora que voltaram a ser deputados, devem servir de exemplo a todos. E pediu licença para cantar “em homenagem aos 14 e a todos nós”. E cantou a Internacional Comunista: “De pé, ó vitimas da fome / De pé, famélicos da terra / Da ideia a chama já consome / A crosta bruta que a soterra”.

Também discursou o poeta e músico (José Carlos) Capinam, que veio da Bahia para a solenidade e, chorando, destacou a importância dos partidos comunistas - onde aprendeu a ser republicano e democrático - e tem compromisso com a história desse país.

No início da sessão solene foi exibido um vídeo institucional, mostrando a história do fim da ditadura Vargas e da eleição para assembleia constituinte de 1946, como os comunistas surpreenderam e conquistaram 10% dos votos e conquistaram 14 cadeiras na Câmara e ajudaram a escrever a Constituição de 1946.

“Um dos episódios mais escandalosos da história recente. O presidente Dutra queria agradar os Estados Unidos, que iniciava a Guerra Fria com a União Soviética, e mandou cassar os comunistas dizendo que eles não defendiam os interesses do Brasil”, relembra o vídeo, que mostra ainda o depoimento de João Amazonas contando a história da cassação e prisão dos comunistas e da deputada Jandira Feghali falando sobre o significado da devolução dos mandatos dos comunistas.

A sessão foi encerrada com a apresentação de número de músicas e outros diversos discursos enaltecendo a figura dos deputados cassados e a importância da devolução de seus mandatos.

De Brasília - Márcia Xavier - Vermelho

PCdoB, PSB, PDT e PT anunciam projeto de plebiscito para reforma política

O PCdoB, o PSB, o PDT e o PT a se aliarem no processo de coleta de assinaturas de deputados para apresentarem na Câmara projeto de decreto legislativo (PDC) convocando plebiscito sobre reforma política. Os quatro partidos estão coletando as 171 assinaturas de deputados necessárias para apresentar o projeto.


Em coletiva à imprensa, na tarde de ontem, quarta-feira (14), no Salão Verde da Câmara, os líderes das bancadas dos quatro partidos disseram que a Reforma Política há muito reclamada pela sociedade brasileira apresenta-se como uma necessidade inadiável na atual fase da democracia nacional.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Manuela D ´Ávila (RS) reafirmou o que diz a apresentação do projeto assinada pelos líderes dos quatro partidos. “Os vícios, deformidades e as próprias virtudes do modelo político eleitoral vigente precisam ser aperfeiçoados, tendo como norte o aperfeiçoamento da democracia nacional e a efetiva participação do cidadão na condução dos destinos da Nação. Nessa perspectiva, a consulta ao eleitorado nacional por intermédio do Plebiscito, para que o povo se manifeste diretamente sobre quais caminhos deseja ver trilhado pela nossa democracia é um dos instrumentos mais eficazes e legitimadores das mudanças reclamadas pela sociedade”. 

A proposta é questionar o eleitorado sobre três pontos: Financiamento das campanhas eleitorais, apresentação de proposta de emenda constitucional, projeto de lei complementar e projeto de lei ordinária por iniciativa popular e coincidência de datas nas eleições para Presidente, Governadores, Prefeitos, Deputados, Senadores e Vereadores.

Pela proposta, fica convocado plebiscito nacional, a ser realizado em data que será definida pelo Congresso Nacional e comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para consultar o eleitorado brasileiro acerca de temas relativos à Reforma Política.

O texto determina ainda que “a manifestação do eleitorado, em cada ponto consultado, após homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral, será encaminhada ao Congresso Nacional e terá efeito vinculante em relação aos itens decididos, sobre os quais deverão os Parlamentares proceder à votação das mudanças legislativas respectivas”. 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ficará responsável pela realização do plebiscito, deve expedir as normas regulamentadoras necessárias à realização do plesbicito, inclusive organizando campanhas de orientação do eleitorado nacional.

De Brasília - Márcia Xavier - Vermelho

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Protesto em São Paulo pede Fora Alckmin e CPI do Cartel Tucano


Concentração no Vale do Anhangabaú
 Fotos: Deborah Moreira

Pelo menos 3 mil pessoas participaram de um protesto convocado pelos metroviários e Movimento Passe Livre (MPL) nesta quarta-feira (14), em São Paulo (SP). Desta vez, a principal palavra de ordem foi “Fora Alckmin”. O governo tucano e as empresas que formaram um cartel foram os principais alvos dos manifestantes, que queimaram um boneco do governador Geraldo Alckmin (PSDB), exigindo a aprovação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para inivestigar o caso.


Duas catracas cenográficas também foram queimadas. Uma na rua Líbero Badaró e outra ao final do ato, por volta das 18h30, em frente à Catedral da Sé, na praça da Sé, quando todos se reuniram e promoveram um jogral para transmitir o objetivo do ato:

“Pessoal, estamos neste ano para dar um aviso para o poder público: que somos usuários, que somos trabalhadores, do transporte coletivo, não vamos aceitar que o dinheiro que devia ser usado no nosso transporte vá para o bolso dos empresários e patrões. Para eles o que importa é lucrar com nosso sufoco. Por isso, enquanto o transporte for controlado por políticos e empresários, ele será um transporte privado. Só que usa o transporte, só quem trabalha no transporte, todo dia, é que conhece seus problemas. E é na luta que vamos conquistar um outro transporte. Seguiremos nos organizando nos nossos bairros e comunidades, porque agora, porque agora quem manda é nós”, disseram os presentes que não se intimidaram com o frio e a garôa fina que caiu durante toda a marcha.

A concentração do ato começou por volta das 15 horas no Vale do Anhangabaú, na região central, depois, por volta das 16h30, seguiu pelas ruas do centro, passando pelo Largo São Francisco, Brigadeiro Luís Antonio, circulou a praça da Sé até o Pateo do Collégio, onde entrou na Rua Líbero Badaró e seguiu rumo à Praça da Sé.

Durante todo o trajeto os diversos grupos presentes com instrumentos musicais animaram a marcha entoando palavras de ordem como “Estatizar o busão”, “Três, três, três reais não dá. Eu quero passe livre, passe livre já” e “Trabalho, estudo, dou duro o dia inteiro. Geraldo anda de carro e ainda rouba o meu dinheiro”. 

Ao longo do trajeto, uma comissão foi formada por representantes de organizações, que foram até a Secretaria Estadual de Transporte para exigir apuração das denúncias, que foram publicadas de forma clara pela revista Isto É.

Para Onofre Gonçalves, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil de São Paulo (CTB-SP), que participou do ato, trata-se de uma mobilização fundamental.

“Estamos aqui porque nós acreditamos que o governo Alckmin é o responsável pelo que está ocorrendo, pela formação de cartel e pela precarização do metrô e do trem, que sofrem panes constantemente. E, agora, veio à tona a partir de denuncia de uma empresa que muito dinheiro já foi desviado. Não podemos permitir”, declarou Onofre Gonçalves ao Vermelho. Para ele, o movimento sindical deve entrar de cabeça nesta luta. “Eu acho que o movimento sindical deve ter outro olhar para essa pauta. Não estávamos debatendo e focando as ações nessa questão. Mas já fazemos uma avaliação de que é uma reivindicação justa e essencial para a população e precisamos entrar nessa briga”, completou Onofre.

Para Carlos Siqueira, o Carlão, presidente da União da Juventude Socialista de São Paulo (UJS-SP), o ato é uma continuação do que começou em junho e, com o escândalo do cartel tucano, a juventude voltou às ruas.

“Temos ai uma sequencia das manifestações de junho e, logo em seguida, o governo de São Paulo é pego com as calças nas mãos por estarem desviando dinheiro e de uma área tão essencial para a cidade”, relacionou Carlão, que acredita que um Fora Alckmin deva ser construído aos poucos, de forma consciente: “Precisamos construir a consciência da população do estado sobre o que o governo tucano vem fazendo nesses 20 anos. Não é só o problema do transporte, também educação, a segurança pública, há um genocídio da juventude negra, também as questões ambientais. Nós queremos que se investigue, que sejam apurem as denúncias, e acreditamos que o ‘Fora Alckmin’ deva acontecer de forma consciente por toda a população”.


Carlos Siqueira, da UJS, durante o protesto chamado pelas redes sociais e por panfletagem

Carlão lamentou que até agora somente a oposição assinaram o pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Vamos fazer blitz, mandar email, acompanhar a agenda do governador para cercá-lo e exigir a apuração”, completou Carlão, lembrando que a UJS ‘tem tradição forte na campanha pelo passe livre’. “Quando me filiei à entidade entrei por conta da luta pelo passe livre na minha cidade, Suzano, em 2005, onde conquistamos o passe livre para os estudantes mas a justiça acabou derrubando”, lembrou.

Nesta semana, a UJS, juntamente com outras entidades do movimento estudantil, atuam na Jornada de Lutas. Na terça-feira (13), os estudantes secundaristas chegaram a mobilizar 54 escolas em todo o estado, que paralisaram suas atividades para reivindicar os royalties do pré-sal para a Educação.

Antonio Pedro de Sousa, o Tonhão, do Movimento em Defesa da Moradia (MDM), fez questão reforçar que a luta pela mobilidade nas grandes cidades é um dos pontos principais da reforma urbana tão reivindicada pelos movimentos de moradia.


Trabalhadores que acompanharam o protesto de seus escritórios aderiram com cartazes e chuva de papel picado

“A pauta de hoje se inclui na reforma urbana. Temos cidades onde as populações têm grandes dificuldades de se dirigir ao trabalho, a escola, aos espaços de lazer, onde a moradia fica inacessível e longe dos locais onde estão os empregos. Além disso, não é possível permitir desvio de verba que seria destinada à melhoria do transporte”, exclamou.

Monique Felix, integrante do MPL explicou ao Vermelho quais os motivos que os moveram nesta quarta: “O que a gente julga importante pontuar neste ano é que esse caso específico de corrupção evidencia uma lógica maior de transporte privatizado, visando o lucro e não as pessoas. Acho importante os trabalhadores e usuários do sistema estarem unidos para mudar a realidade do transporte. Por que esse caso de corrupção é só mais um caso dentro da lógica privatista do transporte”. Perguntada se haverá novos atos sequencias, como ocorreu em na Jornada de Junho, ela diz que tudo dependerá da conjuntura, como foi naquele mês. “A gente não planejou com antecedência, foi tudo acontecendo conforme o desenrolar dos fatos”, concluiu. 

Repressão


Depois do ato ter sido encerrado, um grupo de manifestantes se dirigiram para a Câmara Municipal para tentar ocupá-la. Policiais militares dispararam tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para tentar dispensar.

Pouco antes do confronto, um grupo de 16 manifestantes entraram na Câmara para conversar com o vereador e presidente da Casa José Américo (PT).

A tropa de choque também foi acionada na Assembleia Legislativa, região do Ibirapuera, onde outro grupo de manifestantes também se concentrava. Há informações de que pelo menos três pessoas ficaram feridas e foram atendidas no centro médico da Assembleia.

Até o fechamento da matéria, manifestantes se concentravam nas proximidades das casas legislativas.

Deborah Moreira - Da redação do Vermelho

Trabalhadores terceirizados da Uesc de braços cruzados

Só na Uesc trabalham cerca de 150 funcionários terceirizados
Atraso nos salários de julho motivou uma paralisação de 200 trabalhadores ligados à LC Empreendimentos e Serviços, na manhã desta quarta-feira (14). A empresa terceirizada é responsável pelas áreas de serviços gerais e manutenção da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Lá, existem 150 funcionários em prestação de serviços. 
Segundo José Carlos, presidente do Sindilimp (Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza da Bahia), em Itabuna, os proventos teriam que ser pagos até o último dia 7. "Hoje são 14 e nada. Vamos esperar para ver se eles pagam até o final do dia. Caso contrário, faremos uma nova assembleia", informou o sindicalista, por telefone, ao Diário Bahia.
Fonte: Diário Bahia

PL 4.330 é um ataque aos direitos dos trabalhadores, afirma CTB

Após intenso debate no Congresso Nacional e diversos atos do movimento sindical contra a votação do PL 4.330, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados adiou a votação da proposta, que amplia a terceirização da mão de obra para todas as atividades e abre espaço para precarização do trabalho, para o dia 3 de setembro. 

Joanne Mota da Rádio Vermelho em São Paulo




Em entrevista ao Vermelho, Adilson Araújo (foto acima), presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Bahia (CTB/BA) e indicado para a sucessão da presidência nacional da CTB, reafirmou que a central é contra o projeto porque abre espaço para a “terceirização escancarada” e acaba com o que eles denominam responsabilidade solidária. O que, reafirmou o dirigente, é o principal interesse dos empresários. Segundo ele, “os trabalhadores estão abertos ao diálogo, mas que fique claro que há um limite”.


O dirigente ainda apontou que “se o texto do substitutivo em questão tivesse tivesse sido aprovado, abriria espaço para a prática da quarteirização, deixando o caminho livre para a pejotização, que nada mais é do que a terceirização indiscriminada que as empresas realizam quando contratam profissionais estabelecendo contrato de natureza jurídica”.

Em reflexão na Rádio Brasil Atual sobre esta pauta, Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, destaca que “a regulamentação da terceirização deve garantir segurança jurídica e que o trabalhador tenha seus direitos preservados e mantidos, principalmente por meio da ação dos sindicatos, que passarão a ter um grande peso na negociação e regulação das condições de trabalho”, afirmou o economista.

Segundo ele, o projeto de lei em debate deve ter como premissa  oficialização da contratação, por parte das empresas, de prestação de serviços. Além disso, deve “gerar garantia para as empresas ao fazerem esse tipo de contrato dentro da legalidade e, ao mesmo tempo, oferecer garantia sociais e trabalhistas de que não haverá precarização das condições de trabalho e nem redução dos salários”.

PCdoB é contra a terceirização

O deputado Assis Melo (PCdoB-RS) destaca que a terceirização existe há muito tempo, mas sua utilização maciça pelas empresas brasileiras e seus efeitos danosos às relações de trabalho no país fizeram-se sentir, principalmente, a partir da década de 1990 com a onda neoliberal.

"Desde então, temos visto que, em muitos casos, as empresas recorrem à terceirização não apenas em busca do aumento da produtividade. Lamentavelmente, essa forma de administração é utilizada frequentemente como uma poderosa ferramenta de redução de custos e de acumulação indiscriminada de lucros", externou o parlamentar comunista.

Ouça debate sobre o assunto na Rádio Vermelho:


Programa Ideias e Debates

Banco obrigado a detalhar empréstimos

Os bancos agora são obrigados a informar detalhes de um empréstimo ao cliente que quiser recorrer à modalidade. A medida do Banco Central é para que o consumidor tenha mais acesso aos custos embutidos nas parcelas e quanto de juros deve pagar até que toda a dívida seja quitada.
 
A nova regra pode ajudar, e muito, os mais desprevenidos e ajudar a não cair nas armadilhas das organizações financeiras. Ao fazer um empréstimo, a empresa deve fornecer dados importantes, como os juros a serem pagos e se há outros custos embutidos no valor final, com tarifas, seguros e impostos.
 
Por exemplo, ao pegar R$ 5 mil emprestados em um banco, com pagamento em 12 vezes e taxa de 6,99% ao mês, o consumidor deveria pagar uma parcela de R$ 629,17. Mas, a organização financeira cobra R$ 698,19, porque inclui o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e um seguro. 
 
Desta forma, era muito fácil enganar o cliente.  Mas, agora, os bancos que descumprirem a determinação podem pagar multa e a pessoa que se sentir lesada deve, imediatamente, entrar em contato com os órgãos de defesa do consumidor. 

Fonte: O Bancário

Duas médicas explicam porque aceitaram o Mais Médicos

Kátia vê no programa federal a oportunidade
de tratar os mais carentes (Foto: Marcello Palhais/Diário SP)

Duas médicas do grupo de 45 profissionais que passará a atuar em São Paulo revelam porque encararam desafio do programa Mais Médicos

Beatriz da Costa Thome tem 35 anos, estudou em uma universidade pública da capital, já trabalhou em Moçambique, Quênia, Congo, Ruanda e Costa do Marfim, na África, e em Seattle e Nova York, nos Estados Unidos. Agora ela vai atuar em São Paulo. Kátia Regina Marquinis tem 39 anos, estudou em uma faculdade pública do interior, trabalhou quase toda carreira na capital e, em breve, estará em São Bernardo do Campo, na região do ABC.
Ambas fazem parte do grupo de 45 médicos que passará a atender em setembro na capital e demais regiões do estado de São Paulo pelo programa Mais Médicos do governo federal.
A primeira é pediatra especializada em saúde pública e, a segunda, é oftalmologista com especialização em uveítes (inflamações em diversas estruturas do olho, associadas a outras doenças).
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Apesar das diferenças, ambas têm algo em comum: a vontade de retribuir a oportunidade de ter cursado medicina em uma instituição pública prestando atendimento às camadas mais pobres e vulneráveis da sociedade.

SONHO

Após se formar e fazer residência na Escola Paulista de Medicina, Beatriz se inscreveu em um programa da Universidade de Columbia, dos EUA, para tratar de crianças em Moçambique, onde 16% da população têm Aids. “Além de problemas de saúde corriqueiros, me especializei em HIV.”
Foram quatro anos e, em seguida, a pediatra foi fazer um mestrado nas duas cidades norte-americanas. Há seis meses ela retornou ao Brasil, mas retornava à África em viagens esporádicas. Quando soube do Mais Médicos, não teve dúvida em inscrever-se.
“O SUS é um modelo visto como exemplo no exterior, mas aqui é pouco valorizado. Como trabalhei muito tempo fora, sempre quis ver o sistema de saúde fortalecido no Brasil, que é a nossa solução. É um desafio, mas a saúde precisa chegar a quem vive em locais mais distantes”, diz. Ela escolheu São Paulo pela família, mas a segunda opção era o Distrito Sanitário Especial Indígena do Xingu.

‘Como cidadã brasileira decidi fazer minha parte’

Kátia Regina Marquinis fez medicina na Faculdade de Medicina de Jundiaí, mas, assim que se formou, veio para São Paulo para cursar o período de residência no Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual). Lá, começou a se especializar em cardiologia, mas resolveu mudar de área e optou, depois, por oftalmologia.
médica sp mais médicos
Pediatra Beatriz Thome é mestre em saúde pública e já trabalhou em vários países (Foto: Alexandre Moreira/ Diário SP)
Dentro dessa especialidade, Kátia se aprofundou em uveítes porque normalmente há outras doenças associadas à inflamação nos olhos e, por esse motivo, ela também precisava ter um denso conhecimento de clínica geral, com a qual tinha afinidade. “Gostei muito da área pois precisava tratar quase todo tipo de doenças mais comuns, como tuberculose e hipertensão”, explica.
A oftalmologista também sempre teve gosto por ensinar e aprender e, por isso, tornou-se preceptora (professora médica que ensina os residentes) voluntária do Iamspe. Depois desse período, Kátia foi trabalhar em um hospital privado com um setor filantrópico (que atende pelo SUS), onde ela também foi preceptora. “Ali eu percebi a demanda por médicos, as filas enormes na espera por atendimento”, conta. “Mas era algo que já vinha me incomodando, sempre tive isso dentro de mim e vi no Mais Médicos a oportunidade de atender a população mais carente do entorno da Grande São Paulo. Como cidadã brasileira decidi fazer minha parte oferecendo meu trabalho a áreas onde há maior vulnerabilidade social.”

Maior parte das vagas não foi preenchida

Lançado em 8 de julho, o Mais Médicos quer melhorar o atendimento no SUS, acelerar os investimentos em infraestrutura nas unidades de saúde e ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país. A bolsa federal é de R$ 10 mil. Mas, até agora, só 938 das 15.460 vagas que os municípios informaram precisar foram preenchidas.