quinta-feira, 24 de março de 2016

Haroldo Lima: Sopram ventos de virada, não vai ter golpe

Grave é a situação nacional. Depois de arregimentar forças no Judiciário, no Ministério Público e na Polícia Federal; depois de por a seu serviço a grande mídia brasileira, especializada em massificar falsidades; depois de mostrar na Câmara dos Deputados a trupe reacionária que lhe representa, comandada por um Deputado que é réu em processo de corrupção no Supremo Tribunal Federal; depois de enganar setores do centro e independentes com a campanha apresentada hipocritamente como de combate à corrupção; e, finalmente, depois de mobilizar multidões com vastos recursos de origem suspeita, a direita brasileira, a extrema-direita e grupos fascistas, juntos, passaram à ofensiva e preparam um golpe.
O objetivo geral é claro: acabar com esse ciclo iniciado com os governos Lula e que busca um tipo de desenvolvimento no qual o povo sobe na escala social. Elites retrógradas, que sempre saquearam os cofres públicos, que nunca foram investigadas e nunca foram para a cadeia, querem voltar a governar, sem passar por eleição. Se conseguem, criariam uma situação de força na qual dificilmente governos democráticos e populares poderiam sobreviver na América do Sul.
Montaram um plano sinistro que está em curso. Uma maioria eventual, no Parlamento e no Judiciário; com a participação de setores do Executivo que formaram uma espécie de Governo paralelo, autônomo e independente; uma grande mídia que se transformou em partido político especializado em desconstruir lideranças, partidos rivais e valores éticos; tudo isso imporia um falso impeachment, no qual a presidenta seria afastada sem ter cometido crime de responsabilidade, portanto à margem da lei, através de um golpe. Na presidência da República seriam aboletados Temer ou Cunha, cuja relação de compadrio foi assim definida por Ciro Gomes: “Temer é o homem do Cunha, e não o inverso”, e Cunha é o homem que pode ser preso a qualquer instante, por corrupção.
A política no Brasil chegou a esse paradoxo: pessoas envolvidas em graves suspeitas de malversação de dinheiro público encabeçam um golpe para tirar do Governo uma pessoa contra a qual, depois de inúmeras investigações, não paira nenhuma suspeita.
Mas não é fácil derrotar uma causa justa. E a resistência cresce, se alimenta de vontade, não de mentiras, os falsários são desmascarados, as mistificações desvendadas, as máscaras arrebatadas.
No atual momento da luta, o golpe se realimenta, mas o que crescem são os sinais da resistência. Num rápido passar de olhos podemos ver:
1) As manifestações contra o golpe de sexta-feira, 18 de março.
Poucos imaginavam que depois de tanto massacre midiático e judicial contra Lula, Dilma e as forças progressistas, ainda fosse possível mobilizar tanta gente contra o golpe,  em todos os estados do País e no Distrito Federal. Se as forças golpistas fizeram algumas mobilizações maiores, no domingo, dia 13, isto resulta da contra-propaganda avassaladora que há tempo a grande mídia faz irresponsavelmente contra o Governo e seus apoiadores.
2)Uma diferença essencial entre as duas mobilizações: a pró-impeachment, do dia 13, e a contrária a ele, do dia 18.
Nenhuma entidade nacional representativa de trabalhadores, ou de estudantes ou de intelectuais fez-se presente nas passeatas do dia 13, da turma pró-impeachment. Em contraposição, as mais prestigiadas e tradicionais entidades nacionais, mormente as de trabalhadores, conhecidas pelas batalhas democráticas que já travaram no passado, estiveram na linha de frente das jornadas contra o golpe, de sexta-feira, 18 de março, a exemplo das CUT, CTB, CONTAG, UNE, UBES, CONAM, etc.
3)A rebelião de advogados e juristas contrária à posição da OAB.
Depois das duas manifestações referidas, a Ordem dos Advogados do Brasil, entidade de prestígio nacional pelas lutas democráticas que apoiou no passado, se pronunciou a favor do impeachment-golpe. Mas, incontinenti, advogados em todas as partes do Brasil começaram a se rebelar contra essa insólita posição da Ordem, vindo a público declarar que não a acatam. Assembléias tem ocorrido em diversos locais.
4)A decidida posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
A CNBB, desde o período da ditadura militar, nunca faltou ao povo na defesa de seus direitos. Divulgou nota posicionando-se contra o impeachment-golpe. Um seu porta-voz, o bispo de Crateus, Dom Ailton Menegussi, disse à Nação:
“nenhum bispo do Brasil concorda com a corrupção”; “as investigações devem ser feitas, as denúncias apuradas, e os culpados punidos”; “mas, não sejamos bobos: tem corrupto em tudo quanto é partido”; “a corrupção não foi inventada de 15 anos para cá”; “agora é que está se permitindo que as coisas apareçam”; “tem muita gente aí, pousando de santinho, mas que nunca pensou em pobre”.
E enfático:
“a CNBB não aceita que partido politico nenhum se aproveite desta crise para dar golpe no país”.
É a Igreja do Brasil nos tempos de Francisco.
5) A Nação começa a descobrir quem é o juiz Sérgio Moro.
O juiz Sérgio Moro  passava a imagem de um magistrado independente, que se colocara à frente de um cruzada contra a corrupção. Grangeou apoio ao ajudar a desvendar desmedido esquema corrupto que atuava dentro e fora da Petrobras e ao recuperar dinheiro desviado.
Lamentavelmente, entretanto, coisas estranhas foram aparecendo no comportamento do juiz. Prendia muito, mas só prendia gente do lado do Governo. Informações sigilosas “vazavam” a toda hora, mas só vazavam de um lado.  Usava métodos que se assemelhavam às torturas da época da ditadura, deixando prisioneiros mofando na cadeia, às vezes com noticias sobre a hipótese de familiares serem presos,  a não ser que houvesse delação. Isto, apesar da lei estabelecer que esse tipo de “coperação” deve ser “voluntária”.
Foi-se percebendo que o juiz Sérgio Moro tinha um objetivo político, o de desestabilizar o governo constitucional da Dilma e prender o Lula. E o juiz, encantado com os elogios que a Globo lhe fazia, foi metendo os pés pelas mãos. Aceitou receber prêmio da Rede Globo, pousou para foto ao lado da turma dos Marinho, da Globo, e tocou a fazer palestras em ambiente de oposição política, como a Lide Paraná, coordenada pelo pré-candidato do PSDB à prefeitura paulistana, João Dória.
O político francês do século XIX, Guizot, já dissera: “Quando a política penetra no recinto dos tribunais a Justiça se retira pela porta dos fundos.” E o nosso brasileiro Rui Barbosa sentenciava: “O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde.”
7)  A exacerbação do Juiz generaliza os protestos.
E de repente Moro, que ia debutando na política dessa forma desengonçada, “pisou feio na bola”. Praticou gesto abertamente ilegal: quebrou o sigilo de escutas telefônicas que mandara fazer do ex-presidente Lula, quando este conversou com a presidenta da República, que tem foro privilegiado. A sua atitude foi reprovada formalmente pelo Ministro Teori Zavascki, numa verdadeira reprimenda jurídica.
Enquanto a lei manda que “a gravação que não interessar à prova será inutilizada”, Moro, colocando-se acima da lei, mandou divulgar conversas pessoais entre Lula e Dilma, que não esclareciam nada do que se estava investigando, com o único objetivo de insuflar a população.
A Folha de São Paulo publicou bom editorial (surpreendentemente) onde assevera: “Moro despiu-se da Toga”. E outro artigo onde diz temer que “o Sr. Moro tenha deixado sua função de juiz…   para se tornar um mero incitador da derrubada de  um governo.” E completa: “Passam-se os dias e fica cada dia mais claro que a comoção criada pela Lava Jato tem como alvo único o governo federal.”   (Vladimir Safatle, FSP 18/03/16).
8) Não é de hoje que o juiz Sérgio Moro é criticado pelo STF.
Mas se o juiz Sérgio Moro está sendo desmascarado mais recentemente como juiz-político, suas tropelias já vem sendo admoestadas há mais tempo pelo STF. Críticas fortes ele recebeu durante o julgamento do Habeas Corpus 95518 PR, em 28/05/2013.
Na época, o ministro Celso de Mello disse que
“a conduta do juiz federal ( Sérgio Moro) ao longo do procedimento penal violou o direito fundamental, de todo cidadão, de ser julgado com imparcialidade”;
E o ministro Gilmar Mendes, foi quem lhe fez algumas das mais duras críticas:
não me parece razoável admitir que, em causas que versem sobre crimes não violentos, por mais graves e repugnantes que sejam, se justifiquem repetidos decretos de prisão, salvo, evidentemente, circunstâncias extraordinárias, pois reiteradamente esta Corte tem assentado o caráter excepcional da prisão antecipada”;
“Contra ‘bandidos’ o Estado e seus agentes atuam como se bandidos fossem, à margem da lei, fazendo mossa da Constituição. E tudo com a participação do juiz, (Sérgio Moro ) ante a crença generalizada de que qualquer violência é legítima se praticada em decorrência de uma ordem judicial. Juízes que se pretendem versados na teoria e na prática do combate ao crime, juízes que arrogam a si a responsabilidade por operações policiais transformam a Constituição em um punhado de palavras bonitas rabiscadas em um pedaço de papel sem utilidade prática, como diz Ferrajoli”;
E de forma contundente:
Já tive a oportunidade de me manifestar acerca de situações em que se vislumbra resistência ou inconformismo do magistrado, ( Sérgio Moro) quando contrariado por uma decisão de instância superior. Em atuação de inequívoco desserviço e desrespeito ao sistema jurisdicional e ao Estado de Direito, o juiz ( Sérgio Moro) arroga-se de autoridade ímpar, absolutista, acima da própria Justiça, conduzindo o processo ao seu livre arbítrio, bradando sua independência funcional”. (grifos meus)
Quem estava, sinceramente, batendo palmas para o juiz Sérgio Moro, vai ficar com as mãos no ar.
8) Episódios valorosos que iluminam o caminho.
Aconteceu em Belo Horizonte, no sábado, 19 de março, um dia depois das grandes manifestações anti-golpistas havidas em todo o país. O teatro Sesc Palladium apresentava um musical em torno das composições do Chico Buarque. No intervalo, o diretor Cláudio Botelho deitou falação, insultando Lula e Dilma. Não teve outra. A platéia prorrompeu em gritos de “não vai ter golpe” e o espetáculo foi interrompido.
Em seguida, aconteceu o gesto irretocável: Chico Buarque proibiu o uso de suas composições naquela peça.
Dois exemplos a serem seguidos: o da platéia que foi assistir a um musical e não a uma pregação golpista e se rebelou na hora; e o do Chico Buarque que não titubeou em retirar o prestígio de suas músicas das mãos de um diretor golpista.
9)Uma frente política ampla vai tomando corpo no país.
Em uma batalha do tipo que travam as forças democráticas hoje no Brasil, é imprescindível a criação de uma frente política ampla, que aglutine setores de diversas tendências, unidos na defesa da legalidade constitucional. Neste sentido, há que se saudar a criação da Frente Brasil Popular, prestigiar sua força unificadora dos diferentes movimentos e cuidar de sua ampliação.
Essa frente foi vitoriosa na preparação das jornadas de 18 de março, mas deve intensificar suas ações pondo em tensão todas as forças que lutam contra a ruptura constitucional do país, passo fundamental para a retomada do desenvolvimento de nosso país.
Haroldo Lima – engenheiro, foi deputado federal e é membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.
Fonte: Blog do Renato

Americano vê risco de golpe para colocar PMDB e PSDB no poder

Ao derrubar o presidente João Goulart e assumir o poder em 1964, os militares alegavam agir "para livrar" o Brasil do comunismo e da corrupção. Para o americano James N. Green, que pesquisa a história brasileira há mais de 30 anos, os mesmos argumentos têm sido evocados por muitos dos que agora defendem o impeachment de Dilma Rousseff.


Michel Temer conversa com a presidenta DilmaMichel Temer conversa com a presidenta Dilma
Professor de história moderna da América Latina e Diretor da Iniciativa Brasil da Brown University, em Rhode Island (EUA), Green afirma que desta vez o movimento não busca levar os militares ao poder, mas entregá-lo ao PMDB e PSDB.

"Para mim é um atentado contra a democracia e os princípios democráticos", afirma.

Em uma entrevista para a BBC, a empresa britânica pública de comunicações, Green diz que a linguagem que a oposição usa hoje é a mesma que usou em 1964: a da corrupção.

Leia a seguir alguns trechos da entrevista

BBC Brasil: A crise atual é comparável a algum outro momento que o Brasil já viveu?

James N. Green: Evidentemente a de 1964. Não que os militares estejam à beira de tomar o poder neste momento, mas a linguagem da oposição ao governo Dilma é uma linguagem sobre corrupção que foi usada justamente em 1964 contra o governo do João Goulart e uma das várias justificativas para o golpe.

Depois, houve várias CPIs e nada foi descoberto de corrupção no governo João Goulart. Ou seja, era uma oposição contra as medidas políticas do João Goulart, as reformas de base, às quais setores dos militares e políticos eram contra.

Pode explicar melhor?

Em vez de esperar por novas eleições em 2018, a oposição está fazendo justamente o que o Partido Republicano fez quando Barack Obama foi eleito. Eles (no EUA) tiveram uma reunião no dia da posse dele e combinaram que não iriam aprovar nada no governo, fazer de tudo para que governo não funcionasse e fosse derrubado.

Eles fizeram isso durante quatro anos, mas Obama conseguiu uma mobilização popular, foi reeleito e melhorou a economia. A mesma coisa estão fazendo os que eram contra a eleição de Dilma. Perderam por quatro pontos e estão furiosos com essa situação, então estão fazendo campanha constante contra o governo dela, dizendo que ela tem de ser derrubada. Isso é uma narrativa.

Na época de Goulart, também se dizia que o governo era comunista – tudo para justificar o golpe e envolver a Casa Branca, que, na época, estava obcecada pela questão comunista.

Mas desta vez as descobertas da Operação Lava Jato não são um elemento real por trás do discurso contra a corrupção?

Não estou negando que haja corrupção dentro e fora do governo atual. Isso não tem nenhuma dúvida. Só que a corrupção no Brasil não tem seis anos, tem 500 anos, desde a chegada dos portugueses. É uma corrupção de todos os partidos políticos.

Aliás, se a oposição ganha e derruba o governo, o PT e a esquerda que ficar na oposição vão fazer a mesma campanha contra os atuais políticos da oposição que, sabemos muito bem, estão envolvidos com corrupção também.

Acho muito bom que a corrupção esteja sendo investigada no Brasil. O que acho muito perigoso, uma grande ameaça à democracia no Brasil, são as medidas ilegais implementadas para fazer essas investigações. Isso é uma grande ameaça à democracia no Brasil.

O senhor se refere às ações do juiz Sérgio Moro?

Folha de S.Paulo comentou num editorial que ele se excedeu, foi além. Pelo que leio, há violações, arbitrariedades, pressões para que as pessoas revelem informações. Esses caras que estão sendo presos e nunca imaginavam que seriam presos estão assustadíssimos com a possibilidade de ficar anos na prisão e dizendo qualquer coisa. E as pessoas acusadas, me parece, não estão tendo acesso ao direito de defesa. Há uma arbitrariedade muito perigosa.

Muitas pessoas contrárias ao impeachment dizem que está se articulando um golpe no Brasil. A afirmação é exagerada?
Acho que há uma tentativa sim de derrubar um governo democraticamente eleito, mas não para pôr os militares no poder, e sim para pôr o PMDB e o PSDB. É uma maneira de derrubar o sistema eleitoral legítimo, as eleições legítimas, com uma medida que vai violar os princípios básicos da democracia. Você pode chamar de golpe, mas fica confuso porque não é um golpe militar. Para mim é um atentado contra a democracia e os princípios democráticos.

Como Eduardo Cunha, acusado de roubar milhões de dólares, pode estar dirigindo o processo do impeachment? É um absurdo. Teria que haver um movimento enorme contra Cunha, Maluf, pessoas que estão na comissão do impeachment e estão envolvidas nas acusações. Que moral elas têm?

A história brasileira é cheia de episódios violentos, como as revoltas do século 19, e ao mesmo tempo momentos de conciliação e acomodação de interesses, como na independência e no fim da ditadura. Qual característica vai predominar na crise atual?
A conciliação é entre as altas esferas da política e está ocorrendo agora entre PMDB e PSDB. Outra questão é a reação popular. Acho que no Brasil a grande mídia está provocando um sentimento agressivo contra qualquer pessoa que ande com o roupa vermelha ou defenda o governo. É unilateral.

Pode haver violência dos dois lados no futuro e pode ser muito sério e triste, mas neste momento sinto que essa agressão é contra as pessoas que estão defendendo o governo.


Do Portal Vermelho, com informações da BBC Brasil

Centrais se unem contra o golpe e Lula defende mudanças na economia

As seis principais centrais de trabalhadores do Brasil estavam representadas no ato, ocorrido na quarta-feira (23), em São Paulo, contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente e sinalizou aos trabalhadores para a necessidade de uma política econômica que gere empregos. Foi divulgado manifesto em apoio a Dilma e exigindo a efetivação imediata de Lula no ministério.

Por Railídia Carvalho


Portal Vermelho
  
Convidado dos sindicalistas, Lula foi o último a falar. Ouviu as ponderações de cada dirigente e, durante a sua intervenção, após revisar períodos de golpes na história do Brasil de Getúlio Vargas, passando por Juscelino Kubitschek e Joao Goulart, o ex-presidente afirmou: “Eu sou o resultado da consciência política dos homens e mulheres trabalhadores deste país”.

O ex-presidente disse ainda que os trabalhadores colaboraram muito para a mudança que o país tem vivido. “Colaboraram sem deixar de ser sindicalistas. Vai levar muito tempo para este país viver o momento que nós vivemos. Foram quase 12 anos em que quase todas as categorias puderam ter contínuo aumento real de salários”, relembrou.

Política econômica


Lula contou que era muito comum se ouvir dizer pelo empresariado que o custo Brasil estava muito caro. “Diziam que o trabalhador no Brasil estava mais caro que nos Estados Unidos, na Alemanha. Quem não ouvir falar em mesa de negociação que era preciso dar um jeito nisso? Agora está ficando barato outra vez porque quando começa a ter desemprego, a primeira coisa que eles fazem é reduzir o salário do povo trabalhador”, comparou Lula.

“É por isso que nós temos que ter a consciência e a presidenta Dilma tem consciência de que nós não podemos continuar com a política econômica que não permita gerar empregos”, enfatizou o ex-presidente. 

Ele questionou também a dificuldade que as elites tem em aceitar aqueles que não são iguais a eles. Lula lembrou que aqueles que querem dar o golpe precisam entender que na democracia uma hora se ganha e outra se perde. 

“Esperem 2018. Eu esperei desde 89. Esperem pacientemente, apresentem uma proposta para a sociedade e não tentem dar golpe na Dilma que não vamos deixar. E o respeito pelo povo? E pelo voto?”, questionou. Lula reafirmou que “não tem um fato que justifique o impeachment”.

Lideranças mobilizadas

Luiz Gonçalves, presidente da Nova Central do Estado de São Paulo, admitiu que não há unanimidade na entidade a que ele pertence em relação ao impeachment. “Mas não há tempo para ficar em cima do muro”, declarou dizendo que é preciso defender o governo da presidenta Dilma. Para ele, a prioridade no momento é “reaglutinar forças para governar de novo para o povo brasileiro e para os trabalhadores”.

O secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves Juruna, representou diversos sindicalistas desta central que se posicionam contra o golpe. “É o momento de garantir a democracia, garantir a constituição, é o momento de lula assumir a casa civil”, defendeu.

Para ele o ex-presidente é fundamental para defender as causas populares. “Entre elas o combate ao desemprego e a reforma da previdência e ainda colocar em pauta os pontos do movimento compromisso pelo desenvolvimento”, enumerou Juruna.
 
Em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores
Na opinião do secretário geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Lula é essa liderança que poderá unificar o país. “Foi o melhor governo para os trabalhadores e os desfavorecidos. É preciso que ele volte logo ao planalto para fazer a interlocução com o povo brasileiro”, defendeu o dirigente. 
Politização e Empoderamento

Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) lembrou que nos governos populares a classe trabalhadora se empoderou. “Esse período foi a virada que permitiu novo curso para o país”, afirmou. 

O cetebista citou as iniciativas dos Brics (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul) e a política de exploração do Pré-Sal como iniciativas do governo que reafirmam a soberania do país, colocada em risco pelo golpe em curso. “A mobilização dos trabalhadores é fundamental. Os sindicatos tem que se transformar em comitês em defesa da democracia”, convocou.

Para o presidente da CUT, Vágner Freitas, é preciso fazer a politização e abrir os olhos dos trabalhadores e dos sindicatos. “O golpe é contra os trabalhadores. Os mesmos que apoiam o impeachment são os mesmos que querem acabar com as férias, com o 13º, com a carteira assinada e com os direitos trabalhistas”, disse Vágner. 

Ele elogiou as iniciativas dos trabalhadores da Ford e Volkswagen que aprovaram em assembleias nesta semana repudir o golpe.

Estado policial e autoritarismo

Álvaro Egea, secretário geral da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) disse que a liberdade de organização sindical sofrerá um retrocesso em caso de golpe, que vai provocar a “destruição das conquistas democráticas”. 

“Não podemos aceitar o que estão fazendo, construindo um estado policial para impor um governo de direita, conservador e acabar com a liberdade de organização sindical”, denunciou Álvaro.

De acordo com o secretário geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio, o objetivo dos que querem impor o impeachment a Dilma é o retorno das políticas neoliberais. “Tirar Dilma e prender Lula é para colocar um governo autoritário. O momento é para unidade e mobilização”, defendeu. 

O sindicalista foi um dos mais enfáticos ao reivindicar mudanças na política econômica. “É preciso mudar a política econômica, dizer não ao ajuste fiscal e também, queremos dizer que não aceitamos a lei antiterror”, completou Índio.
 


Do Portal Vermelho

Flávio Dino – contra o golpe, em defesa da Constituição

O juiz ou procurador da República que quiser fazer passeata deve antes pedir demissão; a toga não pode ser usada para fazer política – palavras como estas foram ditas pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), durante o Encontro com Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia, que aconteceu nesta terça-feira (22) no Palácio do Planalto.
 
Apesar de relativamente jovem (ele completa 48 anos em abril), Flávio Dino acumulou experiência e autoridade para falar nesse tom. Tem um currículo respeitável. Foi juiz federal entre 1994 (aprovado, em primeiro lugar, no mesmo concurso em que Sérgio Moro concorreu) e 2006, quando se afastou para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, pelo PCdoB.
 
Como juiz, Flávio Dino ganhou respeito dos juristas por seu desempenho como presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), entre outras funções que exerceu na hierarquia judiciária.
 
A defesa que Flávio Dino faz da democracia é rigorosamente paralela à defesa da legalidade e da ordem constitucional.
 
Foi esse sentimento que o moveu no início de dezembro, quando a crise se aprofundou depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acatou o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Juntou-se prontamente ao ex-governador cearense Ciro Gomes e ao presidente do PDT, Carlos Lupi, e se puseram à frente da defesa da ordem constitucional e do respeito ao resultado da eleição de 2014, vencida por Dilma Rousseff e, desde então, contestada pela oposição golpista.
 
Foi lançada naquele momento uma ampla mobilização pela ordem constitucional e pela legalidade, logo batizada de “Golpe: Nunca Mais”.
 
Flávio Dino ombreou-se então com governadores legalistas como Leonel Brizola (Rio Grande do Sul) e Mauro Borges (Goiás) que, em 1961, se destacaram à frente da Rede da Legalidade contra o golpe militar. Era a resistência ante a tentativa dos ministros militares de impedir a posse de João Goulart na Presidência da República depois da renúncia de Jânio Quadros.
 
O governador maranhense convoca a formação de uma frente que reúna os democratas, patriotas e os brasileiros que querem um país mais justo e avançado. Defende uma grande articulação pelo Estado Democrático de Direito que possa barrar a crescente ameaça de golpe. Denuncia a radicalização fascista, rejeita abusos judiciais que afrontam a legalidade e a ordem constitucional, e não aceita o uso interesseiro, pela direita, de acusações de corrupção. Elas são um verdadeiro biombo para esconder e tentar legitimar o golpe contra a ordem legal. 
 
Assim, Flávio Dino recorda o nefasto histórico dessa bandeira esfarrapada, sempre agitada contra governos voltados para a mudança e o desenvolvimento nacional, como Getúlio Vargas (1954), Juscelino Kubitschek (1956/1961) e João Goulart (deposto pelos golpistas em 1964). Esta sempre foi, disse, uma estratégia para esconder interesses da classe dominante; a maior corrupção, disse, é a desigualdade social, e a maior injustiça é a injustiça social.
 
Hoje, os golpistas batem às portas dos tribunais da mesma maneira que, antes, buscavam apoio nos quartéis. Recorrem à toga com a mesma desfaçatez como, há meio século, recorriam aos quartéis e aos generais.
 
Contra a tentativa de golpe, nada defende mais o interesse público do que o respeito às leis e à Constituição. A defesa da legalidade feita pelo governador maranhense significa o respeito aos mandatos que emanaram das urnas em 2014, e que só as urnas, em 2018, poderão mudar.
 
Ao final de seu discurso ele lembrou os versos do Hino Nacional – se ergues da justiça a clava forte / verás que um filho teu não foge à luta. Versos acompanhados com a resposta que está nas ruas nestes dias de crise: não vai ter golpe!

Fonte: Vermelho

Diap: Impeachment abriria espaço para agenda contra trabalhador

A consolidação de um impeachment da presidenta Dilma Rousseff abriria caminho para a aprovação de uma série de projetos com impactos diretos sobre as condições de vida dos trabalhadores e aposentados. Esta é a avaliação do Departamento Intersindical e Assessoria Parlamentar (Diap).


  
A investida inclui a flexibilização das leis trabalhistas, mas vai além. “Qual é a principal acusação que pesa sobre o governo hoje? A de ter sido um governo intervencionista, que afugentou os investimentos. Para resolver isso, eles querem mudar os marcos regulatórios, tanto na economia, quanto nas relações de trabalho, aprovando o corte de direitos”, explica Antônio Augusto Queiroz, o Toninho, assessor técnico e diretor e documentação do Diap.

O programa do PMDB, batizado de “Ponte para o Futuro”, inclui, por exemplo, uma reforma da previdência que aumenta a idade mínima da aposentadoria e elimina o salário mínimo como piso do benefício. Deve avançar também a desvinculação orçamentária obrigatória de recursos para a educação e saúde, afetando setores que já sofrem, historicamente, com falta de investimento.

“A prevalência das negociações entre patrões e empregados sobre a legislação trabalhista e a privatização selvagem, como forma de fazer caixa com a venda de ativos, também fazem parte desse programa”, alerta Toninho.

No encontro de juristas com a presidente Dilma Rousseff, essa semana, em Brasília, o subprocurador-geral da República, João Pedro de Sabóia de Mello Filho, ressaltou que não se trata de sair em defesa de um governo, mas de preservar o estado de direito e a democracia. Ele advertiu que o atual processo político e jurídico em curso para derrubar o governo esconde uma finalidade “claramente eleitoral”, que pode levar a um retrocesso nas conquistas dos mais pobres.

“Querem flexibilizar a legislação trabalhista, querem acabar ou pelo menos diminuir significativamente programas sociais, enfim, querem que o pobre fique eternamente passando fome. Ora, isto, nós que lutamos pelo direito como instrumento de justiça social, não vamos assistir de braços cruzados”.


 Do Portal Vermelho, com Brasil de Fato 

Luciana: Todas as doações recebidas pelo PCdoB foram legais

A deputada federal e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, emitiu nota, na quarta-feira (23), sobre a divulgação pela imprensa de documentos apreendidos pela 23ª fase da Operação Lava Jato. No texto, ela reitera que todas as doações recebidas pelo partido e suas lideranças, nas diversas campanhas eleitorais realizadas até agora, foram legais e estão devidamente registradas nas prestações de contas. 


  
Depois de destacar que os próprios investigadores não deixaram claro a que se referem as planilhas apreendidas nos escritórios da Odebrecht, Luciana diz esperar que “o Judiciário brasileiro tome iniciativas para desfazer o clima de suspeição generalizada que só serve para agravar ainda mais a campanha de criminalização da política em curso no país”.

Nesta quarta-feira, o jornalista do UOL, Fernando Rodrigues, publicou uma lista na qual estão relacionados os nomes de mais de 200 políticos. A planilha foi apreendida em buscas realizadas na Odebrecht durante a 23ª fase da Operação Lava Jato. 
Leia abaixo a íntegra:

Nota à imprensa

A imprensa divulgou nesta quarta-feira (23/3) um conjunto de documentos apreendidos nos escritórios da empresa Odebrecht durante a 23ª fase da Operação Lava Jato. Entre os documentos constam planilhas onde estão anotados os nomes de centenas de lideranças políticas de grande parte dos partidos em funcionamento no país. Os documentos, segundo os próprios investigadores, não deixam claro a que se referem os valores que acompanham cada nome. Existe a possibilidade de serem valores relativos a intenções de doação eleitoral, doações efetivamente realizadas e registradas nas campanhas e diversas outras hipóteses, inclusive de serem papeis forjados para agravar a crise política.

Diante das especulações e generalizações que estão sendo feitas pela imprensa a partir dos dados divulgados, o Partido Comunista do Brasil e suas lideranças vêm a público afirmar que todas as doações que recebeu nas diversas campanhas eleitorais realizadas até agora foram legais e estão devidamente registradas nas prestações de contas do Partido e de seus candidatos, nos termos da legislação vigente neste período.

Esperamos que o Judiciário brasileiro tome iniciativas para desfazer o clima de suspeição generalizada que só serve para agravar ainda mais a campanha de criminalização da política em curso no país.

Recife, 23 de março de 2016

Deputada federal Luciana Santos

Presidenta nacional do Partido Comunista do Brasil - PCdoB

Movimentos sociais e parlamentares se unem em defesa da democracia

Na manhã da quarta (23), uma reunião na Câmara dos Deputados marcou a criação do Comitê Pró-Democracia. Um grupo formado por representantes de movimentos sociais, partidos políticos, servidores públicos e entidades diversas que defendem o respeito à democracia e se posicionam contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff por entender que não há fundamento legal que o justifique.

Por Ana Cristina Santos*


  
Entre as entidades e coletivos que compõem o comitê estão a União Nacional dos Estudantes (UNE), Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Barão de Itararé (DF), Comissão de Justiça e Paz (DF), Intervozes e Mídia Ninja; além de representantes do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialismo e Liberdade (PSol).

Parlamentares também passaram na reunião para saudar o grupo, entre eles os deputados Chico Lopes (PCdoB-CE), Jô Moraes (PCdoB-MG) e Luciana Santos (PCdoB-PE). Muitos parlamentares enviaram representantes ao encontro, entre eles, Ivan Valente (PSol-SP), Chico Alencar (PSol-RJ), Orlando Silva (PCdoB-SP), Margarida Salomão (PT-MG), senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Para Luciana Santos, a construção do Comitê Pró-Democracia é uma iniciativa “louvável”. A parlamentar está em processo de mobilização para criação de uma Frente Parlamentar Mista em Defesa da Democracia e disse contar com a participação do comitê nos debates e ações do novo espaço. “Queremos caminhar junto com este comitê, porque as vozes reunidas aqui expressam o pensamento de grande parte da sociedade, que sabe que não existe fundamento jurídico para um impeachment da presidenta Dilma.”

O lançamento da Frente está previsto para o próximo dia 30 de março. Luciana propôs que o comitê se some à organização desta atividade. Além do ato, o comitê terá atividades próprias, a começar pelo seu próprio lançamento na próxima segunda-feira (28), às 16h, com uma grande mobilização no Congresso Nacional.

“É um comitê amplo, que está aberto a receber todas aquelas pessoas que acreditam na democracia como um bem inestimável do nosso povo, que merece ser cuidado e defendido. Vamos conversar com os deputados e argumentar que nosso país precisa de estabilidade política e respeito às instituições”, explicou Iago Montalvão, da diretoria da UNE.
 

Fonte: Assessoria da deputada Luciana Santos via Vermelho

quarta-feira, 23 de março de 2016

PCdoB comemorará 94 anos com sessão solene na Bahia

Em alusão ao aniversário do PCdoB, a ser comemorado em 25 de março, a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) promove uma sessão especial em homenagem aos ‘94 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil”. O evento acontece no dia 04/04, a partir das 15h, no Plenário da Casa, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), Salvador.


  
Proposta pelos deputados comunistas Bobô, Fabrício Falcão e Zó, a sessão promoverá um ato político-cultural e contará com a presença da presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos; do ministro da Defesa, Aldo Rebelo; do governador do Maranhão, Flávio Dino; da senadora Vanessa Grazziotin; além de deputados federais, dirigentes estaduais e municipais, vereadores e toda a militância do partido, um dos mais aguerridos e comprometidos com a luta do povo no Brasil.

Além destes, foram convidados partidos e movimentos sociais que integram a Frente Brasil Popular. Na ocasião, o PCdoB reafirmará sua posição em defesa da democracia e do estado democrático de direito, contra o golpe e qualquer tentativa de retirada de direitos conquistados ao longo de mais de 30 anos pelo povo.

De acordo com Daniel Almeida, presidente do Comitê Estadual do PCdoB Bahia, a sessão especial serve para reafirmar o papel protagonista do partido na história do Brasil, sempre comprometido com ideais socialistas e progressistas.

“O PCdoB representa o povo brasileiro. Nossa história é marcada por embates populares, a defesa da democracia e dos direitos dos cidadãos. Em momentos turbulentos como este, é essencial reafirmarmos o compromisso do partido com a história do nosso país e contra qualquer tipo de golpe”, declara Daniel.
 

Fonte: Vermelho - De Salvador, Ana Emília Ribeiro

Vaticano reprova golpe: "Instituições precisam ser respeitadas"

O cardeal brasileiro João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, anunciou a tradicional mensagem de Páscoa através da Rádio Vaticano. O cardeal, um dos mais próximos do Papa Francisco, declarou que o Brasil precisa sair da corrupção, mas as instituições precisam ser respeitadas.


Cardeal João Braz é um dos próximos do Papa FranciscoCardeal João Braz é um dos próximos do Papa Francisco
“Eu tenho consciência, como brasileiro, de pertencer a uma nação muito grande. Claro, ela está inserida no contexto de todas as outras nações. Não somos maiores que os outros, mas somos uma grande nação, não só pelo território: é a questão do gênio brasileiro também, da formação do nosso povo que é tão rica de culturas, de história. E, também, de limites enormes que nós ainda estamos aprendendo a caminhar”, declarou Dom João Braz. Para ele o Brasil ainda precisa avançar na democracia: “nós já experimentamos um pouco, mas não foi ainda assim muito, então somo jovens na nossa democracia”.

O cardeal afirmou também que “diante dos fatos, da crise política e econômica, da crise institucional que nós estamos vivendo, eu acho que este momento de hoje no Brasil é um dos mais importantes que existe na nossa história”. Dom João se declarou “admirado pelo modo como nosso povo está reagindo nas ruas, que é extraordinário. Isto é, sair para a rua, manifestar a sua própria posição e respeitar a posição do outro também e, ao mesmo tempo, manifestar claramente o que a gente pensa nesta atitude da construção da história de um povo. Fico feliz de ver que, finalmente, parece que nós demos uma ‘via livre’, uma entrada mais forte à verdade, à autenticidade, e também nós queremos sair deste inferno verdadeiro que é a corrupção”.

O representante do Vaticano manifestou sua preocupação com a corrupção “que entrou como se fosse um destes animais fortes, que pegou tudo”. Segundo o dirigente católico, “a corrupção também está no pequeno, em nossos gestos de cada dia, mas uma corrupção deste tamanho que rompeu tudo, praticamente, e que pôs tudo a perder, isto realmente não serve para nós”.

O Cardeal Braz de Aviz afirmou também que “Messianismos não servem. ‘Eu sou o salvador’. Não, o povo é o salvador da sua pátria. A atitude de excluir pessoas, dizer: vocês fazem parte de uma outra mentalidade, também não serve. Temos que ir achando as razões que movem cada um nos pontos contrários para poder achar uma história comum. Esta história comum existe! ”. Ao final de sua mensagem o representante católico foi enfático: ”as instituições precisam ser respeitadas, mas nós precisamos também sair da corrupção. Quem sabe esta Semana Santa vai nos dar esta chance”. 


Do Portal Vermelho, com informações da Agência Oficial do Vaticano

Trabalhadores da Ford prometem resistir ao golpe

Trabalhadores e trabalhadoras da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, decidiram lutar contra o golpe e em defesa dos direitos trabalhistas. A decisão foi votada em assembleias realizadas na manhã de ontem, terça dia 22. A fábrica emprega 4 mil pessoas.


  
As assembleias aconteceram entre 9h e 11h. A primeira foi realizada na unidade de caminhões e estamparia. A segunda, na planta de montagem de carrocerias e pinturas.

Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC debateram com os trabalhadores e trabalhadoras os riscos de quebra da ordem institucional, caso Dilma perca seu mandato sem provas de ter cometido crime e Lula continue sendo perseguido pela Justiça – também sem provas.

“O golpe já está acontecendo”, afirmou o secretário-geral da CUT-SP, metalúrgico João Cayres. “Se ele se consumar, o passo seguinte será o ataque aos nossos direitos trabalhistas e individuais”, completou.

Cayres lembrou que já existem no Congresso Nacional projetos que pretendem generalizar a terceirização no mercado de trabalho, entre outros, e que representantes da oposição vêm sistematicamente defendendo a redução do salário mínimo e a flexibilização das leis trabalhistas. Com o golpe, o caminho para a concretização desses ataques estará livre, argumentou Cayres.

“Corremos o risco de ‘mexicanização’ de nossa produção”, alertou o dirigente, em referência a processo ocorrido no México, onde as multinacionais tornaram os operários meros apertadores de parafusos, tendo como consequência um rebaixamento brutal de salários em relação ao Brasil. Isso ocorreu em virtude de alinhamento acrítico do México à política externa dos Estados Unidos.

Lula ministro

O presidente do sindicato, Rafael Marques, discorreu também sobre a situação de Lula. “Ele não queria aceitar o convite para se tornar ministro, porque achava que ia parecer que estava com medo de alguma ação na Justiça. E disso ele não tem medo. Nós aqui do sindicato é que insistimos para ele se tornar ministro, pois nosso ex-presidente é muito respeitado em todos os setores da sociedade e pode contribuir muito na articulação política e fazer o governo retomar a iniciativa.”

Durante a assembleia, Cayres comentou a Lava Jato. “Esta é uma operação que foi perdendo o foco à medida que foi crescendo, tornou-se instrumento de perseguição a um único grupo político e agora inviabiliza o trabalho de um setor inteiro da economia, ao paralisar as empresas que atuam em petróleo e gás.”

Ao final da assembleia, foi colocada em voto a seguinte resolução: “Vocês querem lutar contra o golpe e em defesa dos direitos trabalhistas?”. A resposta veio na forma de milhares de mãos erguidas e vozes em uníssono.

A partir de hoje, haverá assembleias como esta em todas as fábricas da base do sindicato.
 

 Fonte: CUT via Vermelho

Teori determina que Moro envie investigação sobre Lula ao STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, determinou na noite de terça (22) que o juiz de Curitiba Sérgio Moro remeta ao STF as investigações da Operação Lava Jato que dizem respeito ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


  
Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo, atende, assim, ao pedido da Advocacia-Geral da União, que apontou que Moro cometeu irregularidades ao divulgar conversas telefônicas entre o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff.

Ainda segundo sua decisão, as interceptações telefônicas voltam a ter segredo de justiça. No prazo de 10 dias, Moro deverá prestar informações à Corte sobre a retirada do segredo de Justiça das investigações, por conta do envolvimento de autoridades com foro privilegiado, como ministros e parlamentares.

Em sua decisão, o ministro afirmou: “Não há como conceber, portanto, a divulgação pública das conversações do modo como se operou, especialmente daquelas que sequer têm relação com o objeto da investigação criminal. Contra essa ordenação expressa, que – repita-se, tem fundamento de validade constitucional – é descabida a invocação do interesse público da divulgação ou a condição de pessoas públicas dos interlocutores atingidos, como se essas autoridades, ou seus interlocutores, estivessem plenamente desprotegidas em sua intimidade e privacidade”.

A determinação de Zavascki não derruba decisão do ministro Gilmar Mendes, da última sexta (18), que suspendeu a nomeação de Lula ao cargo de ministro da Casa Civil. Mas invalida outra determinação de Mendes na qual ele estabelecia que as investigações sobre Lula ficariam com Moro.


Do Portal Vermelho, com G1 e UOL

terça-feira, 22 de março de 2016

“O QUE ESTÁ EM CURSO É UM GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA. JAMAIS RENUNCIAREI”



Em um duro discurso contra a ruptura da democracia, durante encontro que reuniu uma centenas de juristas pela legalidade democrática, a presidente Dilma Rousseff denunciou que impeachment sem crime é golpe; "Que fique claro. Me sobram energia, disposição e respeito à democracia para fazer o enfrentamento necessário à conjuração contra a estabilidade democrática"; ela sugeriu que façamos a defesa das instituições "das ameaças que estão sofrendo" e declarou: "tenho certeza, não vai ter golpe!"; Dilma voltou a criticar a gravação e a divulgação de conversas suas pelo juiz Sérgio Moro; "A Constituição é rasgada quando são gravadas e divulgadas conversas da presidente sem autorização do STF"
247 - A presidente Dilma Rousseff faz um discurso duro contra a ruptura democrática em curso no País. "Denuncio aqui a estratégia do quanto pior, melhor, que parte das oposições assumiu desde o início do meu segundo mandato. Essa estratégia vem sendo uma ação sistemática, anti-republicana e anti-democrática, que se manifesta em pautas-boma e na busca de argumentos falsos e inconsistentes para retirar o mandato outorgado a mim pelo povo brasileiro", afirmou.
Dilma citou Leonel Brizola e a campanha pela legalidade. "Jamais imaginei voltar ao momento em que se fizesse necessário mobilizar a sociedade em torno de uma nova campanha pela legalidade, como estamos fazendo hoje.
"Que fique claro. Me sobram energia, disposição e respeito à democracia para fazer o enfrentamento necessário à conjuração contra a estabilidade democrática", afirmou a presidente.
Dilma disse que "todos sabemos que nossa Constituição prevê o impaechment como instrumento para afastar o presidente. "Nós estamos num regime presidencialista. E um impeachment só pode se dar por um crime de responsabilidade claramente demonstrado, com provas inquestionáveis. Na falta dessas provas, o afastamento da presidente torna-se ele próprio u crime contra a democracia."
"Este ato demonstra o grande compromisso na defesa do estado democrático de direito, que está disseminado em todos os estados do País. Os cidadãos tem plena consciência dos riscos de ruptura democrática", afirmou Dilma. 
"Dirijo-me a vocês com a consciência tranquila de que não cometi qualquer ato de que possa caracterizar qualquer ato de responsabilidade. Dirijo-me com a certeza de ter buscado assegurar que a inclusão social conquistada nos últimos anos seja mantida, garantida e expandida", afirmou.
Mais informações na reportagem da Agência Brasil:
Dilma afirma que jamais renunciará e diz que impeachment é tentativa de golpe
Paulo Victor Chagas e Yara Aquino – A presidenta Dilma Rousseff fez hoje (22) um discurso incisivo contra o que chamou de golpe em curso no Brasil. Ela repetiu que não vai renunciar e afirmou que não cometeu nenhum crime previsto na Constituição e nas leis.
Ao citar o processo de impeachment em tramitação na Câmara dos Deputados, Dilma disse que não há "crime de responsabilidade" e que, na ausência de provas, o afastamento de um presidente da República se torna, "ele próprio, um crime contra a democracia".
Citando a ditadura militar como um processo do qual foi "vítima", a presidenta declarou que vai lutar "para, em plena democracia, não ser vítima de novo".
Democracia
"Não cabem meias palavras nesse caso. O que está em curso é um golpe contra democracia. Eu jamais renunciarei. Aqueles que pedem minha renúncia mostram fragilidade na sua convicção sobre o processo de impeachment, porque, sobretudo, tentam ocultar justamente esse golpe contra a democracia, e eu não compactuarei com isso. Por isso, não renuncio em hipótese alguma", afirmou.
Após ouvir manifestações de juristas contrários ao seu impeachment, a presidenta disse que jamais imaginaria voltar ao momento do passado em que Leonel Brizola liderou movimentos pela legalidade no país. Ela afirmou estar se dirigindo a eles com a "segurança de ter atuado desde o início" do seu mandato para combater de forma "enérgica e continuada a corrupção que sempre afligiu o Brasil".
Fonte: Brasil 247

PLATAFORMA DE ARMÍNIO PARA O PÓS-GOLPE ATENTA CONTRA TRABALHADORES

Fraga, que foi responsável pelo plano de governo da campanha presidencial do tucano Aécio Neves, insiste em fazer valer a sua plataforma, rejeitada nas eleições pela maioria da população. Aproveita a crise – política e econômica – para pregar o retrocesso.

À Folha, ele defende abertamente uma “troca de governo (...), enquanto se aguardam eleições e uma liderança com mandato para ir mais fundo nas mudanças”. Ignora que o Brasil passou por um processo eleitoral há pouco mais de um ano, do qual a presidenta Dilma Rousseff sagou-se vencedora.

Para o economista e professor da UFRJ João Sicsú, o que está em jogo, no país, não é o combate à corrupção ou mesmo a tentativa de impedimento da presidenta por crime de responsabilidade e, sim, a disputa de dois projetos para as próximas décadas.

“Há, de um lado, o projeto de concentração de renda e riqueza [defendido por Fraga], e, do outro, um projeto de geração de empregos, inclusão social e distribuição de renda, que fica mais claro com a chegada – ou a tentativa de chegar – do ex-presidente Lula ao governo”, apontou.

De acordo com o professor, é para levar adiante este projeto impopular, que beneficia a minoria da população, que Armínio Fraga defende medidas como “um orçamento base zero, desvinculado e desindexado (...), além de reformas tributária, trabalhista e previdenciária”.

Tomar o governo para controlar o orçamento

“Para haver esse projeto, é preciso que o orçamento federal fique a serviço dele. Ou seja, é preciso recursos para desonerar empresários, pagar mais juros àqueles que têm títulos da dívida pública e dar incentivos de toda maneira ao andar de cima. Isso inclui reduzir ou eliminar programas sociais, rebaixar salário, retirar direitos trabalhistas e previdenciários”, criticou.

Sicsú completou, afirmando que a tentativa de derrubar Dilma ocorre não pelas razões alegadas, mas para viabilizar o retorno a esse projeto. “Para implementar isso, é preciso estar no governo. Por isso, estão ao lado de Aécio Neves, Eduardo Cunha e tantos outros que são denunciados por corrupção, mas que querem derrubar o governo Dilma. (...) A tomada do governo é para controlar o orçamento e colocá-lo a serviço do projeto de concentração de renda e riqueza”.

Mais que o desrespeito à vontade popular e à democracia, Armínio Fraga – como porta voz da oposição – defende uma volta ao passado. As medidas que sugere para o país enfrentar a crise estão alinhadas com o documento apresentado pelo PMDB no ano passado e que, ironicamente, se chama Ponte para o Futuro.

De acordo com Sicsú, a proposta de orçamento base zero de Fraga significa cortar gastos em áreas sensíveis. “A ideia é só avançar nas despesas quando se tem receitas. Mas como as receitas estão deprimidas pela recessão, o primeiro passo será cortar gastos públicos. E, quem está nesse projeto [da oposição], pensa logo em cortar gastos de custeio, que são os salários de funcionários públicos, a compra de medicamentos, os programas sociais”, descreveu.

A Constituição de 1988 estabelece determinados compromissos em relação ao gasto público, percentuais mínimos a serem investidos em áreas estratégicas, como saúde e educação. Fraga, contudo, defende que todas essas vinculações constitucionais devem acabar. Para Sicsú, estas são regras que dão rigidez ao orçamento justamente para proteger a sociedade.

“A ideia deles é acabar com essas barreiras para poder o orçamento federal ficar mais flexível para que possam pagar mais juros, fazer mais desonerações, dar mais incentivos para o andar de cima”, condenou o professor.

Reformar para manter concentração

Sicsú alertou ainda para o tipo de reformas que Fraga e seus aliados defendem. Em relação à Reforma Tributária, o objetivo, avaliou, está longe de ser a justiça fiscal. “O andar de cima paga muito pouco imposto no Brasil, mas tem que fazer muita ginástica tributária, contratar verdadeiros departamentos de planejamento. E isso implica custo. O que querem agora é simplificar a forma de pagar o pouco imposto que lhes cabe. Não querem atacar a regressividade do sistema ou combater a injustiça fiscal que existe no país”, afirmou.

Em relação às reformas tributária e previdenciária, o economista sinaliza que a ideia do projeto defendido pelos tucanos é reduzir direitos, como forma de aumentar ainda mais a renda e a riqueza da parcela mais rica da sociedade.

“Trabalhadores no Brasil têm menos direitos que os europeus, mas mais direitos que muitos da América Latina. O que se deseja é flexibilizar todas as regras para diminuir o custo para os empresários. Querem que possam ser feitos acordo dentro de cada categoria, que valeriam por cima do que determina hoje a legislação”, disse, referindo-se à proposta de acordo coletivo especial, na qual o "negociado prevalece sobre o legislado".

Sicsú chama a atenção para o risco da proposta. “Basta o empresário dizer na fábrica que vai demitir 40% dos trabalhadores, a não ser que aceitem um acordo para não ter 13º salário, por exemplo. Os trabalhadores, temerosos, aceitariam o acordo, para manter seus empregos. Então a ideia é flexibilizar geral. A legislação não valeria mais nada”, lamentou.

Na entrevista à Folha, apesar de defender medidas tão impopulares, Armínio Fraga afirma que a maior vítima do atual governo tem sido o povo. “Na verdade, quem está nesse projeto [defendido pela oposição] entende muito pouco de povo”, disparou Sicsú.


 Por Joana Rozowykwiat, do Portal Vermelho

JURISTAS EM DEFESA DA DEMOCRACIA

O mundo jurídico está indignado com os abusos e ilegalidades cometidos pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, e ainda a tentativa de golpe em curso no país, por meio do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na Câmara Federal. Para ampliar a corrente em respeito à democracia e à Constituição Federal, juristas, advogados, promotores e defensores públicos têm encontro marcado com a presidenta da República, nesta terça-feira (22/03), em Brasília.
 
No encontro, chamado "Em defesa da legalidade e da democracia", o grupo aponta as inconsistências de Sérgio Moro, que tem passado de todos os limites, sendo condenado em não só no Brasil, as ações no STF (Supremo Tribunal Federal) e o andamento do impeachment, também motivo de indignação internacional.
 
Vale destacar que a lista de juristas que apoiam as ações ilegais de Moro tem reduzido a cada dia. Na última sexta-feira (18/03), foi apresentado um manifesto com 500 nomes. Mentira. Boa parte dos magistrados se repete e há saltos nos números. Apenas 114 são verdadeiros.      
 
Pelo mundo, não cansam de chegar críticas à tentativa de golpe orquestrada pela extrema direita, com apoio irrestrito da grande mídia, sobretudo a Globo. Nomes como o do papa Francisco, do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, do cientista, Miguel Nicolelis, do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, além de diversos meios de comunicação, como o espanhol El País e o francês Le Monde. Sem falar na OEA (Organização dos Estados Americanos). (O Bancário)