sexta-feira, 20 de março de 2015

"A batalha está nas mídias sociais", diz Ramonet

 

O renomado jornalista e cientista político franco-espanhol, Ignacio Ramonet, conclamou os governos progressistas a usarem as redes sociais para enfrentar as campanhas midiáticas da oposição. “Hoje a batalha está nas mídias social”, disse.



Depois de esclarecer que é perfeitamente legítimo que a oposição use as novas tecnologias, como WhatsApp, Twitter ou Facebook, para espalhar a sua mensagem e mobilizar seus seguidores, Ramonet considerou que governos progressistas também devem refletir sobre como eles podem usar essas ferramentas.

“Há 15 anos, a batalha foi desenvolver meios de comunicação públicos ao lado da mídia privada”, recordou o comunicador, que disse que a maioria dos líderes de esquerda que chegaram ao poder entre 1999 e 2005 na América Latina foram muito ingênuos com a imprensa.

Segundo Ramonet, nenhum desses líderes tinham uma teoria política de como lidar com os meios de comunicação, nem imaginavam que viriam a se tornar a principal oposição, se envolvendo em golpes de Estado, como foi o caso na Venezuela de 2002.

“A população, como seres humanos dotados de inteligência e livres, saberá resistir manipulação da mídia”, disse ele.

Ele constatou que a reflexão sobre a batalha da mídia tem que ser permanente. Ramonet fará uma palestra, nesta sexta-feira (20), na sede do Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina, no Equador, sobre a "Democracia e os meios de comunicação".

Fonte: Prensa Latina via Vermelho

Se o “Faz a Diferença” tivesse 50 anos quem a Globo teria homenageado?

  

O prêmio “Faz a Diferença”, do jornal O Globo, está em sua 12ª edição e nesta quarta-feira (18) homenageou como “personalidade do ano” o ínclito juiz Sérgio Moro. Mas imaginemos que o prêmio, ao invés de estar na 12ª edição, estivesse na 50ª edição. Quem teria sido homenageado pelo jornal em 1965?


Levando-se em conta que O Globo foi um entusiástico apoiador da ditadura militar instalada em nosso país e que, como pagamento, recebeu dos generais diversos favores que possibilitaram a construção do atual poder do Grupo Globo, fizemos um pequeno exercício de imaginação para supor quem seriam os primeiros homenageados pela Globo caso o prêmio tivesse sua edição número um em 1965. Queremos que a Globo encare esta iniciativa como uma primeira e singela homenagem do Notas Vermelhas pelos 50 anos da TV Globo, fundada em 26 de abril de 1965. Outras homenagens virão. Nossas e do movimento social que já está preparando diversas ações para não deixar passar em branco esta data funesta para a democracia, para os trabalhadores e para a cultura nacional. ONotas Vermelhas está aberto às sugestões dos internautas para os homenageados dos anos posteriores.

1º PRÊMIO FAZ A DIFERENÇA 1965 

Personalidade do ano: General Castelo Branco, primeiro ditador a ostentar o título de presidente depois do Golpe Militar de 1964.

Categoria Brasil: Maria Paula Caetano da Silva, fundadora da União Cívica Feminina, promotora da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que onze dias antes do Golpe, pediu a deposição de João Goulart por conta da ameaça comunista e da corrupção.

O jornal O Globo faria uma matéria sobre a entrega do prêmio, mais ou menos assim:

O tom dos discursos foi de agradecimento ao principal homenageado, presidente Castelo Branco, e à senhora Maria Paula por terem ajudado, com a marcha e a revolução de 1964, a salvar a democracia. Várias personalidades fizeram uso da palavra denunciando o estado de coisas antes da revolução, para a qual a marcha com Deus pela Família foi tão importante, por mostrar que era o povo que exigia a intervenção dos militares para derrotar os comunistas.

RC fala sobre qual era a situação antes da revolução: “uma máfia tomou de assalto o Estado e transformou a coisa pública em ‘cosa nostra’. Fingir que a solução para o problema é ‘mais democracia’, ou ‘mais participação popular’ (...) é um atentado à inteligência dos brasileiros” (1).

Na mesma linha AJ acusava o deposto governo Jango de estar tomado de comunistas, pois havia “demonstrações de bolchevismo arcaico nos arredores do governo” (2).

RR defendeu o fechamento dos partidos: “O partido de militantes é um partido de corrosão de caráter. Você não tem mais, por exemplo, juiz ou jornalista; tem um militante que responde ao seu dirigente partidário (...)” (3).

Já ZV repudiou a “ridícula hipótese da ação da CIA” em apoio à revolução e exaltou a Marcha Pela Família, que respaldou o movimento militar, ressaltando que “mais importante do que a quantidade, (o melhor) foi o bom comportamento da maioria dos participantes” (4).

RD também prestou sua reverência à marcha, dizendo que a manifestação da União Cívica Feminina e de outras organizações, não foi “encarnada pelo falso vermelho, e (sim) marcada pelo verde-amarelo. O verde-esperança e o ouro sem mácula que pintam o coração de milhares de brasileiros” (5).

Para RA, agora que a Revolução militar triunfou está na hora de a “imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não se vai dar trela para quem quer a solapar” (6).

Em seu discurso, o homenageado, o grande estadista presidente Castelo Branco, justificou todas as esperanças depositadas no movimento por ele liderado. Relembrou o presidente, sob constantes aplausos da seleta plateia de empresários, jornalistas e convidados, que em seu primeiro ano mandou 400 pms invadirem a Universidade de Brasília (reduto de comunistas), cassou os direitos políticos do ex-presidente Juscelino Kubitschek, criou o SNI, implantou a lei de greve que na prática impede as greves, prorrogou o próprio mandato, e o que ele pessoalmente considera o mais relevante, extinguiu o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), as Ligas Camponesas, a UNE e a UBEs. Neste instante, a plateia presente ao 1º Prêmio Faz a Diferença levantou-se para aplaudir de pé o general. Notava-se que os olhos de RC, AJ, ZV, RD e RA estavam marejados d’água, pela contagiante emoção do momento. O único incidente constrangedor aconteceu quando um jornalista que, depois verificou-se, conseguiu entrar sem ser convidado, abordou o general com uma absurda pergunta sobre rumores de que o regime estava torturando e matando opositores. O general respondeu que isso “era uma calúnia”. O Globo se desculpa com o presidente e denuncia que o jornalista trabalha em um “jornal sujo”, súcia de militantes comunistas. Castelo Branco respondeu que em breve tal jornal será fechado. A nação respira aliviada. 

Os textos dos fictícios depoimentos foram trechos verdadeiros extraídos de artigos dos seguintes articulistas: 

  1. Rodrigo Constantino (24/2/2015).
  2. Arnaldo Jabor (19/4/2011). 
  3. Roberto Romano (2/3/2010). 
  4. Zuenir Ventura (18/3/2015). 
  5. Roberto Damatta (18/3/2015). 
  6. Reinaldo Azevedo (2/3/2010).
Aliás...

Os trechos em que Zuenir Ventura e Roberto Damatta elogiam a marcha neofascista do último dia 15 de março foram utilizados (assim como os outros trechos selecionados) para mostrar como a mídia hegemônica e seus articulistas a soldo não mudaram o discurso, pois em 1964 a marcha com Deus pela família também usava o pretexto da luta contra a corrupção e em defesa da constituição mas pregava, na prática, o golpe e a quebra da ordem institucional, em favor dos ricos. Também na época, articulistas convenientemente “ingênuos”, acreditavam nas bandeiras “oficiais” da manifestação enquanto as oficiosas é que davam o tom. Vejam este outro trecho do artigo de Roberto Damatta, onde ele se refere assim aos participantes da marcha do dia 15 (a do dia 13 era composta por pessoas que não deveriam existir e por isso o antropólogo não perde tempo com elas): “Esses cidadãos comuns. Essa gente miúda. Esse povinho sem ideologia ou utopia, mas com a moralidade, apesar de tudo, intacta!” Leram direitinho? Agora reparem na foto ao lado. O cidadão que estava na rua contra a corrupção, segurando o cartaz “Fora Dilma”, é o lobista Luiz Abi, primo do tucano Beto Richa, governador do Paraná. Menos de 24 horas depois de participar do protesto, Luiz Abi foi preso por corrupção pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Poderiamos ter posto também a foto de uma herdeira do Itaú participando dos protestos, pois ela é legítima representante do que o Damatta chama de “essa gente miúda” que protestou no dia 15. Só não colocamos (apesar de a foto estar circulando por toda a internet) já que ela não cometeu qualquer crime além daquele de que fala Bertold Brecht: “O que é roubar um banco comparado a fundar um?”.

Aliás... (2)

Depois de tantas citações o Notas Vermelhas encerra com mais uma, só que desta vez extraído de um texto de Guilherme Boulos de julho de 2014: “Impressiona o baixo nível intelectual dos representantes da direita no debate público nacional. Não elaboram, não buscam teoria nem referências. Não fazem qualquer esforço para interpretar seriamente a realidade. Apenas atiram chavões, destilando preconceitos de senso comum e ódio de classe”.

Colabore com o Notas Vermelhas: envie sua sugestão de nota ou tema para o email wevergton@vermelho.org.br

Vitória da direita em Israel é tragédia para o povo palestino

A vitória do partido de extrema-direita Likud (“Consolidação”) nas eleições desta terça-feira (17) em Israel foi uma surpresa amarga para os que enxergavam uma chance de remover o racista primeiro-ministro Benjamin Netanyahu do trono. Ao perder posições na reta final para a União Sionista, coligação entre o HaAvoda (“Trabalhista”) e o Hatnuah (“Movimento”), Netanyahu declarou abertamente que não aceitará o estabelecimento do Estado da Palestina, alegando que a “entrega de territórios” (ou seja, a desocupação dos territórios palestinos) abriria as portas para “ataques de islamitas radicais contra Israel”. 

A vitória da direita israelense é mais uma tragédia para o já martirizado povo palestino.

A “segurança” fundamenta a retórica diante dos mais horrendos massacres do povo palestino em sua contínua história de genocídio, na colonização da Palestina pelos sionistas. Esta visão racista e opressora nascida na Europa, no impulso de dominação do Oriente Médio, investiu na religião para apresentar-se como profecia messiânica. Pior, Netanyahu angariou apoio para vencer as eleições na debandada da sociedade israelense, visivelmente intoxicada, para o extremismo, tornando fundamental o investimento na questão das colônias. O premiê teve recordes na construção de mais casas em verdadeiras cidades ilegais na Cisjordânia palestina, mesmo durante as fajutas negociações de paz, “mediadas” por seu maior aliado, patrocinador e cúmplice na matança dos palestinos, o imperialismo estadunidense. 

A enfermidade da sociedade israelense não é uma conclusão apenas do Portal Vermelho, resoluto em sua solidariedade à causa palestina pela liberdade e pela paz. Inúmeras vozes críticas em Israel, como a de Gideon Levy, colunista de um dos principais diários locais, concluíam após o resultado eleitoral que “Netanyahu merece o povo israelense, e eles merecem Netanyahu.” Em entrevista aoVermelho durante os 51 dias de bombardeios criminosos contra a Faixa de Gaza, em 2014, o colunista contou que tinha guarda-costas por receber ameaças de seus próprios leitores, ao criticar a chacina dos palestinos. “Algo está partido [em Israel], talvez sem chance de conserto,” escreveu, nesta quarta (18). Os ocupantes foram às urnas enquanto os ocupados esperavam por sua sentença – os quase cinco milhões de palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupadas não podem votar, obviamente. Esta encenação de democracia e liberdade em Israel, entretanto, assenta-se na opressão de um povo inteiro e, por isso mesmo, está fadada ao precipício. 

Não nos enganemos: a vitória da União Sionista não seria a luz no fim do túnel. Além do nome, de fidelidade à colonização, o Partido Trabalhista e Tzipi Livni, à frente do novo Hatnuah, têm seus históricos no massacre contínuo dos palestinos. Livni foi chanceler durante a “operação Chumbo Fundido” (2008-2009), que matou 1.400 palestinos em 22 dias, e ministra da Justiça na “Margem Protetora” (julho e agosto de 2014), que matou 2.200 pessoas, na Faixa de Gaza. Em ambas, a porcentagem de civis assassinados era assombrosa, assim como a devastação do território sitiado há oito anos. Foram três grandes ofensivas em cinco anos, o que evidencia a sistematicidade das “operações militares” e do que a ONU condena como “punição coletiva” dos palestinos pelo regime sionista, que alega sua defesa contra a resistência armada. 

A composição da coalizão de governo é a próxima fase na turbulência israelense. Com o Likud e a União Sionista em primeiro e segundo lugares, ambos enfrentarão o desafio e as negociatas para determinar a configuração do novo Parlamento. Em terceiro, uma alvissareira novidade, está a Lista Conjunta, composta por partidos árabes e o árabe-judeu Hadash (acrônimo de Frente Democrática pela Paz e a Igualdade). Mas em seguida vêm mais partidos de extrema-direita e ultraortodoxos que defenderão as colônias e a repressão dos palestinos a ferro e fogo. 
Aos palestinos resta contar com a crescente solidariedade internacional e com a possibilidade de extinguir, finalmente, a impunidade das lideranças sionistas. Acuado, o governo israelense reage agressivamente à condenação mundial, punindo os palestinos pela deterioração da sua imagem, embora ainda conte com a cumplicidade basilar do imperialismo dos EUA. 

Continua sendo um dever dos movimentos sociais solidários exigir o cumprimento de uma dívida histórica pela libertação do povo palestino e o estabelecimento do seu Estado independente e soberano, assim como a responsabilização por mais de um século de genocídio na Palestina.


Fonte: Vermelho

Nesta sexta, acontece tuitaço mundial em solidariedade à Venezuela

 Está convocado para esta sexta-feira (20) um tuitaço mundial em apoio à campanha “Obama derrube o decreto já!” para exigir a anulação de uma ordem executiva assinada pelo presidente Barack Obama contra a Venezuela.



Reprodução
A medida declara à nação sul-americana como uma ameaça "incomum e extraordinária" à segurança e política exterior dos Estados Unidos, e ordena estado de emergência nacional.

O tuitaço se realizará em dois blocos, o primeiro às 11:00 da manhã e o segundo às 18:00 horas com a hashtag #ObamaDerogaYa.

Milhares de usuários das redes sociais expressaram, na quinta-feira (19) sua solidariedade com a Venezuela, colocando as hashtags #ObamaDerogaElDecretoYa e #TuFirmaXLaPatria no Twitter e no Instagram como trending topics.

Tais iniciativas fazem parte da campanha que prevê a coleta de 10 milhões de assinaturas em apoio ao direito dos venezuelanos à autodeterminação e à paz.

Para o processo de coleta de assinaturas foram montados quase 14 mil pontos nas praças de toda a Venezuela e as pessoas também podem participar pela internet no site wwww.obamaderogaeldecretoya.org.ve.

A assinatura do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, está no topo do documento que pretendem entregar ao mandatário estadunidense durante a 8ª Cúpula das Américas, que se realizará no Panamá, nos dias 10 e 11 de abril.


Fonte: Prensa Latina via Vermelho

Maduro: A Revolução Bolivariana é a garantia de proteção da democracia

 
AVN

A revolução bolivariana, cujas bases estão fundadas nos princípios da solidariedade e da igualdade social, sem exceção, é a garantia da proteção da democracia e da paz, conforme a Constituição Bolivariana da Venezuela, declarou nesta quinta-feira (19), o presidente da República, Nicolás Maduro.

“A maior garantia de proteção para vocês mesmos (referindo-se à oposição), para a democracia, é que nós sigamos a marcha e o curso desta revolução”, que tem sido referendada pelo povo em 18 das 19 eleições realizadas nos últimos 15 anos.

Neste sentido, o chefe de estado pediu a todo o povo venezuelano que lute em defesa da paz, da soberania, independência e autodeterminação da pátria.

“Chamo ao despertar da consciência a todos os que amam a paz e a pátria”, conclamou o presidente, reconhecendo a postura firme e patriota do deputado opositor Ricardo Sánchez, que assinou, no ponto de coleta da Praça Bolívar, em Caracas, o manifesto da campanha denominada “Venezuela não é uma ameaça, somos uma esperança”.

“É a hora do despertar da consciência nacional, da união nacional, de todos os que amamos a Venezuela”, realçou Maduro.

As assinaturas coletadas acompanharão o documento dirigido ao Governo dos Estados Unidos, em que se exige a revogação do decreto presidencial em que se qualifica a Venezuela como uma “ameaça inusual e extraordinária” à segurança nacional daquele país.

O processo de recolhimento das assinaturas se realizará até os primeiros dias de abril, tendo a meta de alcançar 10 milhões de apoios antes da VII Cúpula das Américas, prevista para os dias 10 e 11 de abril.

Através de um decreto, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, qualificou a Venezuela como uma “ameaça extraordinária e inusual”, com o objetivo de justificar sanções contra o povo venezuelano. Esta agressão se soma as ações com que Washington, há 15 anos, pretende quebrar a soberania e a autodeterminação da Venezuela.

Os pontos de recolhimento de assinaturas, atividade que também toma a forma de uma campanha mundial, denominada “Venezuela não é uma ameaça, somos uma esperança”, estarão localizados nas praças de cada um dos municípios do país e ativarão para isto uma rede de “esquinas quentes”, espaços de debate e reflexão. No caso da capital e do Estado de Vargas, haverá um ponto de recolhimento por bairro.

Participarão desta tarefa as Unidades de Batalha Bolívar-Chaves (Ubch), os Círculos de Luta Popular (CLP), e as demais organizações de base do grande polo patriótico, com o objetivo de que cada uma das organizações político-sociais recolha ao menos 700 assinaturas em respaldo à campanha para exigir a revogação do decreto do imperialismo estadunidense contra a Venezuela.

A campanha também se realizará em todas as áreas industriais do país.
Igualmente se criará um sistema de informação, através das redes sociais, para que o povo se expresse ante a nova agressão imperialista. A conta @Obamaderovya, Obama Revoque Já e #ObamaDerogaya, foram criadas e ativadas no Twitter, Facebook e Instagram, respectivamente.

Fonte: Agência Venezuelana de Notícias via Vermelho

quarta-feira, 18 de março de 2015

PCdoB defende taxação de grandes fortunas para ajuste fiscal

A proposta da líder do PCdoB na Câmara recebeu apoio do líder do governo, que defendeu a taxação de grandes fortunas em discurso no plenário. 
Lid. PCdoB na Câmara
A proposta da líder do PCdoB na Câmara recebeu apoio do líder do governo,
que defendeu a taxação de grandes fortunas em discurso no plenário. 

Nesta terça-feira (17), a bancada do PCdoB na Câmara publicou uma edição do seu informativo Tribuna Parlamentar para defender a taxação sobre grandes fortunas – o único dos sete tributos federais previstos na Constituição de 1988 que ainda aguarda regulamentação. No dia anterior – segunda-feira (16) , o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), defendeu a taxação das grandes fortunas como uma das medidas para garantir o ajuste fiscal proposto pelo Executivo.  


“Temos de avançar na taxação das grandes fortunas e grandes heranças e dos grandes rentistas no exterior. O que o governo tem de preservar é o setor produtivo”, afirmou, fazendo coro à proposta da líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), autora do Projeto de Lei Complementar (PLP) que prevê a Contribuição Social sobre Grandes Fortunas.
 


O tema volta à pauta no momento em que a Câmara instala as comissões especiais
que vão analisar as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, mudando as regras na concessão de benefícios previdenciários, como pensão por morte e seguro-desemprego.

Segundo a bancada do PCdoB, além das medidas atingindo os trabalhadores, é preciso também visar os mais ricos. Para os comunistas, o assunto está relacionado à possibilidade de gerar aproximadamente R$ 20 bilhões anuais para a saúde. Isso porque o projeto apresentado pela líder da legenda na Casa prevê a destinação integral daquilo que for arrecadado para o Fundo Nacional de Saúde, numa tentativa de combater o sub-financiamento do setor.

“Infelizmente, nosso sistema tributário ainda é bastante regressivo e, portanto, injusto para com os que vivem da renda do trabalho e benevolente para com os que sonegam e especulam. Desde a redemocratização, cobra-se mais de quem tem menos e nada cobra-se da minoria que muito tem”, explica a parlamentar.

Proposta antiga

Apesar de hoje ser vista como uma alternativa da esquerda, a primeira tentativa de regulamentação do tributo foi proposta em 1989. Vinte e seis anos depois, a mesma pauta foi apresentada no Congresso Nacional por pelo menos dez parlamentares, de diferentes partidos: PCdoB, PT, PSol, PV, PPS e até o PSDB. O imposto, no entanto, nunca chegou a ser votado.

Em entrevista à TV Afiada, Jandira Feghali anunciou que o governo estuda seriamente a medida – apesar de matérias da grande mídia veicularem o recuo do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre o assunto.

O líder do governo na Câmara confirma as palavras da líder comunista. Guimarães falou que não é possível dar perenidade e qualidade nas políticas públicas nas diversas áreas sem garantir o financiamento.

Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier, com agências 

José Carlos Ruy: Ouvir a voz das ruas

Ato na Avenida Paulista: urro animalescoO verme que está no ovo da serpente mexeu-se no último domingo (15). O fascismo larvar que existe na sociedade brasileira deu um forte sinal de vida. Mas nem todos os que foram às ruas no domingo são fascistas ou simpatizantes do fascismo, como mostra a pesquisa do Datafolha, divulgada nesta terça-feira (17).


Por José Carlos Ruy


Quem saiu às ruas no domingo, ou acompanhou a manifestação pela televisão (em São Paulo há notícias de que ela despertou mais interesse do que a Copa do Mundo) pode assistir cenas chocantes de falta de educação, grosseria e intolerância. Um canal de televisão exibiu, por bom espaço de tempo, um grupo de baderneiros do Rio de Janeiro berrando para as câmaras: “Dilma, vai tomar no...”. 

A expressão chula repetida em vários lugares (como na avenida Paulista, em São Paulo) e mesmo exibida despudoradamente em camisetas substituiu os black-blocs nesta manifestação. Foi expressão de despolitização e do ódio às mudanças democráticas que ocorrem no Brasil desde 2003 despertam na direita.

“Vai tomar no ...” não é bandeira política nem palavra de ordem. É o urro animalesco da direita que quer de volta o Brasil antigo de seus privilégios, como foi dito em faixas e cartazes, muitas vezes em inglês...

A midia hegemônica e conservadora fez de tudo para inflar o traço golpista da manifestação. Extasiou-se com o número lendário criado pela PM do governador tucano Geraldo Alckmin, mesmo depois de desmentido pelo próprio Datafolha (a PM falou em um milhão, o Datafolha em 210 mil pessoas).

Essa disputa de números não é o mais importante. O relevante é que eles registram a indignação de muitos brasileiros com as noticias de corrupção amplamente divulgadas por aquela mesma mídia conservadora.

A pesquisa do Datafolha ajuda a entender a disposição popular nesta conjuntura política contratória em que a luta de classes se aprofunda.

A direita levou às ruas, no domingo. boa parte de seus simpatizantes. Mas a pesquisa mostra que ela conseguiu mobilizar também setores da classe média que, incomodados com as denúncias da Operação Lava Jato, podem ser atraidos outra vez para o projeto de mudanças iniciado em 2003. São setores que querem mais, e mais profundas, mudanças. Setores que, nesse sentido, podem ir adiante do projeto direitista de retorno ao passado anterior a 2003.

Esse projeto que assanha – e é patrocinado – por empresas imperialistas, como sempre ocorreu no Brasil. Uma reportagem publicada na revista Fórum mostra que o Movimento Brasil Livre, um dos organizadores do protesto, é financiado pela família Koch, dona da segunda maior empresa privada dos EUA, com faturamento anual de US$ 115 bilhões. Entre seus inúmeros interesses está o petróleo e eles se envolveram em várias partes do mundo em escândalos ligados ao setor.

A pesquisa divulgada nesta terça-feira (17) pelo Datafolha foi feita em São Paulo durante as manifestações nos dias 13 e 15 de março.

Na sexta-feira (13) – por coindência a data em que, há 51 anos, houve no Rio de Janeiro o famoso Comício da Central do Brasil pelas reformas de base – ocorreu em São Paulo a manifestação convocada por centrais sindicais e movimentos populares contra o impeachment, o golpismo e em defesa do governo, da Petrobras e da reforma política.

No centro financeiro de São Paulo, e sede do capitalismo brasileiro, 71% das pessoas que lá estavam votaram em Dilma Rousseff no segundo turno da eleição no ano passado, e 39% preferem o PT como partido político; 18% defendem a Petrobras, 20% querem a reforma política e 25% não aceitam a redução dos direitos dos trabalhadores.

A presença do proletariado foi forte; entre eles, o maior número (38%), ganha até três salários mínimos, enquanto 24% ganham até cinco mínimos; na outra ponta, 2% tem renda igual ou superior a 20 mínimos.

Isto é, entre eles predominam as pessoas com renda mais baixa – 62% ganham até cinco mínimos mensais.

No domingo, dia 15, quem protestou na Avenida Paulista tinha perfil diferente. Predominaram os eleitores do tucano Aécio Neves no segundo turno da eleição: 82% dos manifestantes. Mas menos da metade (37%) indicou preferência pelo PSDB. O principal contingente, quase metade do total (47%), foi às ruas contra a corrupção; pouco mais de um quarto (27%) quer o impeachment da presidenta, um quinto (20%) declaram-se contra o PT e menos ainda (14%) são contra os políticos.

O dado interessante é o predomínio, na manifestação de domingo, de pessoas com renda mais alta, indicando a provável presença da classe média. A minoria tem renda inferior a três salários mínimos (14%); a maior parte (27%) está entre cinco a dez mínimos, seguidos por quem ganha entre 10 a 20 mínimos (22%) ou mais de 20 mínimos (19%). Isto é, 68% tem renda superior a cinco salários mínimos mensais.

Se estes dados mostram forte diferença entre os dois grupos de manifestantes, há entre eles semelhanças que não podem ser desconsideradas. A primeira delas é a alta escolaridade: os manifestantes com curso superior eram 68% no dia 13, a favor do governo, e 76% no dia 15, contra a corrupção. Outra identidade entre eles é muito significativa. São amplamente favoráveis á democracia: 86% na sexta-feira e 85% no domingo.

Os dados do Datafolha sobre a manifestação do dia 15 indicam que um enorme contingente de pessoas de classe média revela forte descontentamento mas eles podem ser reconquistados para o projeto de mudanças em curso no Brasil.

O ódio fascista contra o povo e as mudanças democráticas contamina uma minoria que, embora expressiva, talvez chegue a um terço dos manifestantes. A grande, imensa, maioria, é formada pelos que defendem a democracia. É uma parte muito grande da população, que esteve nas duas manifestações.

Os números do Datafolha indicam a urgência em se aprofundar, no país, a aliança de todos os setores populares, progressistas e democrático da sociedade brasileira. Aliança para criar a base social sólida que permita a realização das mudanças que o país exige para consolidar e aprofundar a democracia. É preciso ouvir atentamente a voz das ruas.

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo chamou a atenção para isso ao pregar a formação de uma “frente ampla, agora e já”, como “tarefa das lideranças do conjunto dos partidos da base aliada, e mesmo de personalidades da sociedade civil que apoiem ou não o governo, mas que tenham afinidade com as bandeiras acima assinaladas, dentre outras. A esquerda, sem abdicar de sua pauta, deve se empenhar ao máximo por esse empreendimento mais candente.”

A luta de classes ocupa os cenários, mas ela não opõe brasileiros contra brasileiros: ela opõe brasileiros do setor produtivo, do emprego e do trabalho, contra a extrema minoria dos que tem ganhos parasitários na especulação financeira e são aliados do imperialismo. Aliança que, até recentemente, infelicitou o país e os brasileiros.

*É jornalista e historiador. Membro do Comitê Central do PCdoB.

Fonte: Vermelho

Proposta de reforma política do PMDB não atende anseio da população

"A reforma política tem que estar sintonizada com os sentimentos das ruas”, avalia Daniel Almeida. O PMDB apresentou nesta terça-feira (17) um conjunto de propostas do partido para a reforma política, entre elas, o fim da reeleição e a manutenção do financiamento privado de campanhas, desde que limitado a um candidato por cargo. Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), membro da comissão especial da reforma política, as medidas são restritivas do aprofundamento democrático e não atendem os anseios da população. 


"A reforma política tem que estar sintonizada com os sentimentos das ruas”, avalia Daniel Almeida. 
No documento de oito páginas, também estão propostas de adoção do voto distrital puro, o chamado distritão, com a eleição dos candidatos com mais votos; o fim das coligações nas eleições proporcionais; mandatos de cinco anos para deputados, vereadores e chefes do Executivo (federal, estadual e municipal) e de dez anos para senadores.

Daniel Almeida respeita o direito do partido de se unificar em torno das proposições, mas afirma que “do ponto de vista do mérito, nós temos uma posição diametralmente oposta a boa parte do que eles propõem”, afirma.

E enumera cada uma das propostas e seus malefícios: “Com relação ao distritão somos contrários porque fragiliza os partidos. Nesse modelo o papel dos partidos deixa de existir”, diz.

“Quanto ao financiamento privado de campanha não cabe tergiversação. Qualquer modalidade de constitucionalizar o financiamento não dialoga com o sentimento das urnas”, afirma.

Sobre cláusula de barreira e fim das coligações nas eleições proporcionais, o deputado diz que as propostas não são novidades, já que os peemedebistas tem defendido as propostas ao longo das discussões sobre reforma política. Mas Daniel Almeida acredita que também é conhecida “a resistência política do nosso e de outros partidos” às propostas.

E adianta que as medidas podem ter repercussão legal. “Se não tivermos um entendimento político aqui vai resultar em recursos judiciais porque já há posicionamento a esse respeito no STF (Supremo Tribunal Federal)”, diz o deputado em referência ao julgamento que tornou inconstitucional a cláusula de barreira, aprovada em 1995, por ser considerada prejudicial aos pequenos partidos.

Sem sintonia com as ruas

O parlamentar do PCdoB também avalia a repercussão da matéria nas duas casas – Câmara e Senado -, ambas presididas pelo PMDB. “O fato de (o PMDB) estar nas duas casas dá essa possibilidade (de ajudar na tramitação da proposta), mas eles terão que entender que nenhuma proposição prosperará sem uma aliança mais ampla; e a reforma política não pode ser esforço de consenso no parlamento, mas tem que estar sintonizada com os sentimentos das ruas”, avalia Daniel Almeida.

Para ele, a proposta peemedebista – com cerceamento de liberdade de organização partidária e financiamento privado de campanha, que são medidas restritivas do aprofundamento democrático – vai na contramão do que anseia a população brasileira.

As propostas do PMDB foram elaboradas pela Fundação Ulysses Guimarães – instituição de pesquisas e estudos do partido – e entregue pelo presidente da entidade, Moreira Franco, ao presidente nacional do partido e vice-presidente da República, Michel Temer.

Ao receber o documento, Temer disse que o Congresso Nacional é o “senhor absoluto” da reforma política, ao mesmo tempo em que manifestou desejo de que a reforma política seja aprovada ainda este ano.

O próximo passo, segundo Franco, será o começo da negociação com outros partidos no Congresso para levar as propostas adiante. “(A reforma política) passa a ser um fato a partir das articulações que o presidente do PMDB, Michel Temer, fará para, junto das lideranças da Câmara e do Senado, encaminhar as propostas que estamos fazendo”, disse.

Segundo Franco, a manutenção do financiamento privado de campanha com limitação para que cada empresa opte por apenas um candidato por cargo vai dar transparência à doação. “A contribuição terá que ser feita ao partido para este candidato e será fixado um teto para a contribuição tanto para empresa, quanto para o cidadão, para que o sistema tenha transparência absoluta”, defendeu.

A proposta peemedebista de reforma política prevê ainda o fim da reeleição, com extensão dos mandatos de quatro para cinco anos. O período de transição já começaria nas eleições municipais de 2016, “para que em 2022 tenhamos todos os cargos sendo disputados ao mesmo tempo”, segundo Franco.

O partido também defende a chamada cláusula de desempenho, que impede o funcionamento parlamentar de partido que não alcançar 5% dos votos em pelo menos um terço dos estados.

Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier, com agências
 

Comitê em Defesa da Caixa 100% Pública cobra audiência com governo

O Comitê Nacional em Defesa da Caixa 100% Pública, integrado por Contraf, Fenae, CUT, CTB, Intersindical e CSP-Conlutas, protocolou nesta segunda-feira (16) novos ofícios nos quais reforça o pedido de audiência com a presidenta Dilma Rousseff e com o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República. O objetivo das reuniões é cobrar uma posição oficial do governo federal sobre a proposta de abertura de capital do banco.

Nos documentos, as seis entidades lembram que a primeira solicitação foi feita em 23 de dezembro de 2014, logo que foram veiculadas notícias de que o governo estaria estudando a abertura de capital da Caixa. Ofícios reiterando o pedido foram enviados em 9 de fevereiro. Já no último dia 6, o Comitê Nacional, após reunião realizada em Brasília, solicitou audiência com a nova presidente do banco, Miriam Belchior. Nenhuma resposta foi dada até o momento.

Tuitaço - Na quarta-feira da próxima semana, 25 de abril, a partir das 20h, será realizado um "tuitaço" contra a proposta de abertura de capital do banco. Empregados da instituição, dirigentes de entidades do movimento sindical e associativo e todos os brasileiros que apoiam a causa devem postar, no Twitter, mensagens com a hashtag #DilmanãovendaaCaixa.

Para ampliar a mobilização, a hashtag pode ser usada em outras redes sociais, como Facebook e Instagram.

Comitês estaduais - Seguindo a orientação do Comitê Nacional em Defesa da Caixa 100% Pública, entidades estão criando fóruns estaduais para debater o tema e promover mobilizações regionais.

No Espírito Santo e no Paraná, os comitês já foram instalados. Em São Paulo, haverá reunião nesta quarta-feira (18).

A data-limite para a implantação é 20 de março. A composição deve respeitar a do comitê nacional, agregando Apcefs, Fenacef, Fenag, Agecef, Advocef e Aneac, entre outras.
Fonte: Fenae

Mais agressivo, Likud vence eleições em Israel

Ao lacrar as urnas, às 22h00 da terça-feira (17), Israel tinha empate entre o partido Likud (“Consolidação”) e a coligação União Sionista. Já nesta quarta (18), a vitória do Likud é só a primeira fase da composição do novo governo. Na reta final, o discurso inflamado do primeiro-ministro candidato à reeleição, Benjamin Netanyahu, respondia à perda de apoio, devolvendo ao debate as colônias e a ocupação dos territórios e das vidas dos palestinos.

Por Moara Crivelente*, para o Vermelho 


Olivier Fitoussi / Haaretz
Reagindo à perda de apoio, o premiê e candidato à reeleição Benjamin Netanyahu discursa diante de construções na colônia Har Homa, em Jerusalém Oriental, na véspera da eleição, segunda-feira (16).Reagindo à perda de apoio, o premiê e candidato à reeleição Benjamin Netanyahu discursa diante de construções na colônia Har Homa, em Jerusalém Oriental, na véspera da eleição, segunda-feira (16).
As análises das eleições em Israel suscitam uma miríade de conclusões, mas antes, até de espectativasivas. Consolidou-se uma Lista Conjunta que aglomerou partidos árabes e o árabe-judeu Hadash (acrônimo de Frente Democrática pela Paz e a Igualdade) para incentivar os palestinos de cidadania israelense a votar e para superar o novo mínimo de 3,5% dos votos para integrar o Parlamento (aumento promovido pelo partido de extrema-direita do chanceler Avigdor Lieberman, Yisrael Beitenu, ou “Israel é Nosso Lar”, que quase se enforcou na própria corda). Cresceu uma chamada “esquerda sionista” (faltaram aspas), que retoricamente defende as negociações com os palestinos, mas que tem todo o ceticismo sobre o seu papel justificado. Além das devidas ponderações sobre o histórico dos partidos que representam esta linha, falta ainda longo caminho a percorrer na formação da coalizão de governo.

Leia também:Em Israel, a mídia tenta desvincular as eleições da ocupação
Palestina ocupada: O desafio à justiça e os mediadores fajutos
Israel: Mais colônias e a matança deliberada dos palestinos
Na simbiótica aliança EUA-Israel, a guerra é cultivada

Até o dia das eleições, as pesquisas eleitorais do jornal israelense Haaretzindicavam que a União Sionista – composta pelo partido HaAvoda (“Trabalhista”), de Isaac Herzog, e pelo Hatnuah (“O Movimento”), de Tzipi Livni – conquistara a liderança à frente do Likud de Netanyahu.

Porém, na conclusão da contagem de votos, o Likud conseguiu 30 assentos no Parlamento (Knesset) e a União Sionista, 24. Uma vantagem relativamente apertada, mas amarga. Os avanços da extrema-direita entre o eleitorado israelense acabaram por compensar no final, quando Netanyahu resolveu pesar ainda mais no discurso. Na segunda-feira (16), por exemplo, disse que não pretende permitir o estabelecimento do Estado da Palestina e que busca um “governo forte” para garantir a “segurança” de Israel – termo geralmente empregado para justificar as grandes ofensivas militares e a repressão aos palestinos.

Em terceiro lugar para integrar o Knesset ficou a Lista Conjunta; em quarto, o Yesh Atid (“Há um Futuro”); em quinto o Kulanu (“Todos Nós”), que poderá assumir as Finanças; em sexto, HaBayit HaYehudi (“Lar Judeu”), porta-voz dos colonos de extrema-direita; os ortodoxos e ultraortodoxos Judaísmo Unificado da Torá e Federação Sefardita dos Guardiães da Torá (Shas), em sétimo; Yisrael Beitenu, oitavo; e Meretz, autoproclamado o único partido da “esquerda sionista”, em último, entrando para o Knesset no limite, junto com o novo Yahad (“Juntos”), de extrema-direita, saído do Shas.

Os líderes da coligação União Sionista, Isaac Herzog (Partido Trabalhista) e Tzipi Livni (Hatnuah, "O Movimento")

O desafio da coalizão 

O presidente Reuven Rivlin mostrava-se preocupado com os resultados enquanto as urnas eram lacradas. Pretendia pedir a formação de um governo “de unidade nacional”, em que o Likud e o HaAvoda se revezariam no cargo de primeiro-ministro. Em Israel, os eleitores votam em partidos ou listas, que indicam ao presidente os nomes para o cargo de premiê. Mas os partidos precisam formar coalizões, já que o mínimo para a composição de um gabinete de governo é de 61 dos 120 parlamentares. O indicado pelo partido que conquistar mais apoio entre os parlamentares eleitos terá no total 28+14 dias (com a extensão do prazo a critério do presidente) para formar a coalizão. Quem ficou em segundo lugar terá apenas 28. Formada a coalizão, o Parlamento deve aprová-la. Se, no fim, uma coalizão não puder ser formada, novas eleições devem ocorrer em até 90 dias.

Em 2013, quando Netanyahu enfrentou o desafio, conseguiu com sufoco a adesão de Tzipi Livni, no cargo de ministra da Justiça (que exigiu a chefia dasnegociações com os palestinos), e de Yair Lapid, do Yesh Atid, para as Finanças, entre outros expoentes. Suas retiradas, no fim de 2014, agravaram a crise política (que já teve outros episódios) da qual Netanyahu achou que sairia fortalecido se convocasse eleições antecipadas, o que para muitos analistas nacionais foi um tiro no pé. Teve de se contorcer para ultrapassar novamente o Trabalhista nas pesquisas e, 10 dias antes das eleições, foi o alvo de um protesto de 35 a 50 mil pessoas (entre uma população total de pouco mais de oito milhões) em Tel Aviv, pedindo sua retirada. Além de enfrentar duras críticas pela posição desafiadora contra o governo do maior aliado de Israel, os EUA, muitos eleitores tiveram dificuldades em enxergar benefícios no terceiro mandato do premiê que, mesmo vencendo, saiu enfraquecido. Por isso, o desafio da coalizão ainda é determinante.

Em 2009, logo após a “operação Chumbo Fundido” contra a Faixa de Gaza, na tradição israelense de preparar eleições em meio à guerra (ou ao massacre dos palestinos, como também foi o caso entre julho e agosto de 2014, na "operação Margem Protetora, que matou 2.200 pessoas em Gaza), Livni, então no partido Kadima (“Avante”, do qual o Hatnuah é uma cisão posterior), não conseguiu formar a coalizão necessária para substituir o premiê do mesmo partido, Ehud Olmert, que se afastou por escândalos de corrupção. Foi assim que Netanyahu chegou ao poder pela segunda vez. Seu primeiro mandato foi de 1996 a 1999, com históricos como a busca por recordes na construção de colônias (conseguidos no segundo e terceiro mandatos) e, antes, a incitação raivosa contra o premiê Yitzak Rabin (Trabalhista), assassinado em 1994 por um extremista judeu crítico aos Acordos de Oslo assinados com os palestinos, mas logo soterrados.

Já Isaac Herzog, filho do ex-presidente Chaim Herzog (1983-1993), apesar de em grande medida considerado a única opção palpável “centro-esquerdista” (esta definição merece matizes no cenário israelense), não representa, para os críticos da ocupação, qualquer luz no fim do túnel. Para o colunista Gideon Levy, doHaaretz, com o até então líder da oposição não haveria grandes mudanças no rumo. Como já argumentado antes, os palestinos estão em melhor caminho pressionando por maior apoio internacional à justiça da sua causa,especialmente no âmbito do direito internacional, do que por negociações sempre infrutíferas (ou produtivas no sentido da colonização), embora o canal diplomático seja também fundamental. Entretanto, Levy escreveu, na véspera das eleições, que “os ocupantes vão às urnas” enquanto os ocupados esperam por sua decisão. “E Israel ainda se denomina uma democracia?”, questiona o colunista que, em tempos, precisa de guarda-costas.

Colônias e “segurança”

Entre as principais pautas colocadas pela população e pela mídia estavam questões sociais, como a habitação e o emprego, enquanto o assunto ocupação da Palestina ficou por muito tempo à margem. As colônias voltaram à pauta nos últimos dias quando Netanyahu declarou oposição ao estabelecimento do Estado da Palestina (e ao que chamou de “entrega de territórios”) e explicou que a construção de mais milhares de casas entre Belém (na Cisjordânia palestina) e Jerusalém Oriental (palestina, mas ilegalmente “anexada” por Israel) foi estratégica para impedir a ligação entre as duas importantes cidades.

Em fevereiro, a mais jovem parlamentar e candidata do Trabalhista, Stav Shaffir afirmou em entrevista ao Haaretztrabalhar por transparência na política. Eleita parlamentar em 2013, aos 27 anos, após liderar protestos massivos, desenterrou uma linha ilegal (até mesmo pelas regulações israelenses) de fundos para as colônias em território palestino. No Comitê parlamentar de Finanças, Shaffir descobriu que “há dois orçamentos em Israel: um aprovado pelo Parlamento e outro secreto – sem a supervisão dos membros do Knesset – que chegou a 64 bilhões de shekels [R$ 52 bilhões] em 2014, quase 15% do orçamento nacional,” enquanto “israelenses nas periferias [de Israel] podem apenas sonhar com essa quantia.” Entretanto, questionada se acredita que esse dinheiro deveria deixar de ir para as colônias para ser transferido aos habitantes de Israel, responde genericamente, mas nem tanto: “Só estou dizendo que o dinheiro deveria ser distribuído igualmente entre todos os cidadãos de Israel”.

Em um discurso inflamado no Knesset – em que defende o sionismo, ideal colonizador e racista, como uma corrente de “fraternidade” e “solidariedade” – a parlamentar questionou, por exemplo, a transferência secreta de 36 milhões de shekels (R$ 29 milhões) articulada pelo porta-voz dos colonos no governo Netanyahu, o ministro da Economia Naftali Bennett (foto), do Partido HaBayit HaYehudi (“Lar Judeu”), para o conselho de colônias Yesha. De acordo com o conselho, que defende a “moralidade” dos “bairros” (negando o termo “colônias”), 7.500 israelenses mudaram-se para a Cisjordânia ou Jerusalém Oriental (territórios palestinos ocupados) de março a fevereiro de 2014. Apenas em Jerusalém Oriental já são mais de 200 mil colonos, enquanto a maior parte dos palestinos vive em guetos ou bairros com serviços precários, ao lado de excelentes moradias e infraestrutura feitas para os israelenses.

Se as colônias já estiveram entre os maiores orgulhos de Netanyahu, agora que seu impulso para vencer parece ter vindo da extrema-direita, a situação poderá se agravar. Para ele, “ceder territórios” aos palestinos, ou seja, “desocupá-los”, seria como “dar terreno aos ataques de islamitas radicais contra Israel.” A retórica é sempre a da segurança e a própria sobrevivência da “nação” para justificar a opressão dos palestinos e a ocupação da sua pátria. Os eleitores e Netanyahu sabem, entretanto, que o mundo volta-se para a questão palestina, principalmente devido à pressão dos movimentos sociais internacionais solidários. Além disso, as chances aumentam de líderes israelenses irem parar no banco dos réus pelos amplos crimes de guerra denunciados, tanto na prática da ocupação quanto nas ofensivas militares cada vez mais fatais. As condições são outras e o novo governo terá de lidar com elas.

*Moara Crivelente é cientista política e jornalista, membro do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), assessorando a presidência do Conselho Mundial da Paz.

terça-feira, 17 de março de 2015

Lei do feminicídio: entenda o que é e o que muda para a mulher

Sancionada no dia 9 de março pela Presidenta Dilma Rousseff, a lei do feminicídio é uma vitória para igualdade entre os sexos. Mas quais são as mudanças que ela propõe? Descubra a seguir.

Feminicídio: o que é? 


A violência doméstica configura feminicídio.
O feminicídio é caracterizado quando a mulher é assassinada justamente pelo fato de ser mulher. A juíza Adriana Mello explica que algumas características classificam o crime desta maneira. “Podem ser os crimes cometidos com requintes de crueldade como mutilação dos seios ou outras partes do corpo que tenham intima relação com o gênero feminino, assassinatos cometidos pelos parceiros, dentro de casa ou aqueles com razão discriminatória", cita. Este último ocorre, por exemplo, quando um homem comete o assassinato de uma mulher por acreditar que ela esteja ocupando um lugar exclusivo ao sexo masculino, como faculdades ou determinados cargos profissionais.

O que diz a lei do feminicídio?

A lei de número 13.104 altera o código penal para prever o feminicídio como um tipo de homicídio qualificado e inclui-lo no rol dos crimes hediondos. Na prática, isso quer dizer que casos de violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação contra a condição de mulher passam a ser vistos como qualificadores do crime. Os homicídios qualificados têm pena que vai de 12 a 30 anos, enquanto os homicídios simples preveem reclusão de 6 a 12 anos.

A pena para crime de feminicídio passa a ser maior com a sanção da lei.
Os crimes hediondos, por sua vez, são aqueles considerados de extrema gravidade e que, por isso, recebem um tratamento mais severo por parte da justiça. Eles são inafiançáveis e não podem ter a pena reduzida, por exemplo.  
Agravantes
A lei pontua também alguns agravantes, que podem aumentar o tempo da pena em 1/3, são eles:
– Feminicídio ocorrido durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto;
– Feminicídio contra menor de 14 anos, maior de 60 anos ou pessoa com deficiência;
- Feminicídio na presença de descendente ou ascendente da vítima.
De acordo com a juíza Adriana Mello, criadora do Projeto Violeta e vencedora do prêmio Innovare, sabe-se que existem grupos de mulheres que são ainda mais vulneráveis à violência e por isso eles merecem essa proteção diferenciada.

O que muda com a lei 

De acordo com a juíza Adriana, a lei do feminicídio traz a perspectiva de duas importantes mudanças. A primeira delas é responder à necessidade de que sejam tomadas providências mais rigorosas em resposta aos altíssimos índices de violência contra as mulheres no Brasil.
Em segundo lugar, a lei do feminicídio tem o importante papel de evidenciar a existência de homicídios de mulheres por questões de gênero. “Sabe-se que as mulheres são assassinadas em circunstâncias em que os homens não costumam ser e que é necessário expor tais circunstâncias, a fim de que o público as conheça e se sensibilize com a situação dessas mulheres”, explica. “Espera-se que com essa caracterização os dados possam ser compilados de uma forma mais adequada e apareçam mais claramente, tornando mais visível este grave fenômeno e possibilitando a criação de políticas publicas de prevenção e combate à violência contra a mulher”.
Fonte:http://www.bolsademulher.com/

Mulheres já são 1/3 no comando de pequenas e microempresas

As mulheres comandam um terço das pequenas e microempresas brasileiras. Elas são 60% dos clientes de operadoras de microcrédito. E os negócios vão muito bem!



Fonte: Vermelho

Davidson Magalhães repercute preocupação dos trabalhadores

O deputado defende “um ajuste mais suave, a custa dos ricos e não da classe trabalhadora.”  O deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA) manifestou apoio às bandeiras de luta definidas pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil na Bahia – CTB Bahia, que registra preocupações com projeto em tramitação na Câmara que ameaça direitos e conquistas dos trabalhadores. 


O deputado defende “um ajuste mais suave, a custa dos ricos e não da classe trabalhadora.”  
O parlamentar enumerou as sugestões da entidade para ampliar o superávit na economia com quatro medidas, sendo elas a instituição de impostos sobre grandes fortunas; taxação das remessas de lucros e dividendos ao exterior; revisão da desoneração e redução de juros.

“Desta forma, um ajuste mais suave, a custa dos ricos e não da classe trabalhadora”, destacou o deputado, manifestando solidariedade as questões dos trabalhadores defendidas pela CTB. Segundo ele, “o caminho do desenvolvimento do Brasil tem que estar calçado na melhoria de vida dos trabalhadores, que representam a verdadeira força produtiva.”

A CTB Bahia, segundo o parlamentar, critica o Projeto de Lei 4330, que amplia a terceirização, e as Medidas provisórias 664 e 665, do Governo Federal, que reduzem direitos referentes ao seguro-desemprego, abono salarial (PIS-Pasep), seguro-defeso, auxílio-reclusão, pensões, auxílio-doença e, estabelece a terceirização da perícia médica para o âmbito das empresas privadas.

O conteúdo das MPs prejudicam os trabalhadores ao dificultar o acesso ao seguro-desemprego com exigência de 18 meses de trabalho nos 24 meses anteriores à dispensa, o que não condiz com a realidade de um país com uma massa de trabalhadores extremamente jovem e com a alta rotatividade de ocupação dos postos de trabalho, avalia o parlamentar.

Segundo ele ainda, as novas exigências para pensão por morte penalizam os trabalhadores, restringindo o valor do beneficio em 50% para famílias de baixa renda.

Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier 

Classe trabalhadora segue mobilizada em março, veja o calendário

Adilson Araújo, presidente nacional da CTB
Mariana Serafini
Adilson Araújo, presidente nacional da CTB

A CTB e as demais centrais sindicais convocam trabalhadores e trabalhadoras a enfrentar a onda golpista, ocupar as ruas, praças e avenidas de todo o país em defesa da nação, da soberania, da Petrobras e do emprego. E também se posicionar veementemente contra as medidas 664 e 665 que colocam em risco conquistas trabalhistas históricas.


O mês de março marcará um momento político de forte pressão popular contra mudanças nas garantias trabalhistas e também como expressão de ampla defesa das instituições democráticas e contra o golpismo insinuado por setores da direita.


Confira e acompanhe as atividades que acontecerão nos próximos dias:

  • Dias 16 a 19 - Semana de mobilizações no Congresso Nacional, no Distrito Federal
  • Dia 18 - Inauguração do Passi (Posto Avançado de Ação Sindical, Social e Institucional) da CTB em Brasília
  • Dia 18 - Dia de Luta no Congresso Nacional
  • Dias 20 a 29 - Semana de Mobilizações e Coleta de Assinaturas pela Reforma Política
  • Dias 8 e 9 de abril - Seminário Nacional da CTB - Desafios e Dilemas da Classe Trabalhadora - SP
Fonte: CTB via Vermelho

Lucas Galindo: O terceiro turno que ofusca debate político

Os trabalhadores devem ir às ruas defender seus direitos e rechaçar o movimento golpista
Mariana Serafini
Os trabalhadores devem ir às ruas defender seus direitos
e rechaçar o movimento golpista

A movimentação que objetiva reverter no tapetão o resultado da eleição presidencial de 2014 se expressa através de um ódio refratário ao debate de ideias. O que prepondera são xingamentos machistas à presidenta Dilma, enquanto os verdadeiros temas de interesse nacional não são levados em conta.


Por Lucas Galindo*, especial para o Portal Vermelho


Vamos a eles:
 


1) Corrupção - sobre este assunto temos muito o que comemorar - isso mesmo! - afinal, devido ao fortalecimento contínuo das instituições democráticas, aqueles que se beneficiam de antigos esquemas não só vem sendo exemplarmente punidos, como os recursos desviados estão sendo devolvidos em quantias jamais verificadas.

Tal qual um câncer, esse problema não será resolvido num passe de mágica. Ele é sistêmico, está entranhado na maior parte das organizações das esferas pública e privada.

Compreender sua complexidade não é obstáculo à sua superação, pois se parece impossível fechar todas as torneiras de uma vez, o certo é desligar o registro. Neste caso, combater o mal pela raiz significar implantar uma reforma política que acabe definitivamente com o financiamento de campanhas por empresas, origem de toda a corrupção.

Alerta: Enquanto propaga uma improvável deposição da presidenta reeleita (não há qualquer fundamento jurídico que sustente tal tese), a mídia mercenária "esquece" de informar a população de que o projeto de reforma política que circula no Congresso Nacional não prevê o fim do patrocínio empresarial a candidatos, tampouco assegura a paridade entre homens e mulheres na ocupação dos cargos eletivos;

2) Crise conjuntural - o capitalismo vive de crises, e essa que se arrasta desde 2008 e é a mais grave desde 1929, após ser minimizada pela acertada política econômica anticíclica, agora atinge o Brasil mais profundamente, impondo dificuldades concretas.

É importante reconhecer o cenário adverso, mas ao mesmo tempo discordar do governo quanto à maneira de superá-lo. Se concordarmos com a necessidade de ajustes fiscais, nós trabalhadores não aceitaremos pagar a conta sozinhos. É mais justo tributar as grandes fortunas, heranças e remessas de lucros ao exterior, que seguem livres de qualquer contribuição significativa. Ou ainda, fazer com que o IPVA incida sobre jatinhos, helicópteros e lanchas, atualmente com alíquota 0%.

Com essas medidas poderia se obter um incremento de mais R$100 bilhões no orçamento, enquanto as indigestas Medidas Provisórias 664 e 665, que diminuem direitos trabalhistas e previdenciários, representariam não mais que R$18 bilhões de acréscimo. Em suma, o momento é delicado e refuta conclusões precipitadas.

É fundamental aos trabalhadores valorizar os direitos conquistados, seguir lutando por ainda mais melhorias nas condições de vida, conscientes de que o projeto político que orquestra a tomada da presidência de assalto representa retrocesso às vitórias obtidas. "Pior do que tá não fica" foi o lema que elegeu Tiririca, e na situação atual soluções mirabolantes não favorecem.
Impeachment pode ser um alívio emocional para alguns, mas não tem nenhuma conexão com a recuperação do desenvolvimento do país, menos ainda com o combate à corrupção - pelo contrário, é desvio de foco!

Travestidos de ofensas covardes à figura de Dilma, os ataques que temos visto são na verdade direcionados à solidez da democracia brasileira, que após 30 anos sem sofrer interrupções, possibilitou um vasto conjunto de avanços aos trabalhadores. Estes, além de ter clareza dos interesses em disputa, precisam se posicionar em consonância com os seus próprios. Abaixo o golpismo, viva a democracia!

Lucas Galindo - militante da União da Juventude Socialista e diretor de juventude da Federação dos Bancários Bahia e Sergipe]


Fonte: Vermelho

O surto midiático de domingo 15, idos de março

  

Um surto midiático (esforço concentrado de grandes TVs, rádios, jornais, institutos de pesquisa e internet, em torno de um objetivo) costuma produzir grande impacto, num primeiro momento, mas, na maioria das vezes, tende a esvanecer com o passar do tempo. Quando, porém, coincide com um clima de exaltação, pode tanto propiciar uma manifestação-monstro, como uma eleição ou deposição de um presidente ou mesmo uma guerra civil.

Por FC Leite Filho, Blog Café na Política
 


O surto deste domingo, 15 de março, o aziago idos de março, como retratado na célebre peça Júlio César, de Shakespeare, pode ter levado a convicção aos mais incautos de que o governo Dilma, contra o qual assestou suas baterias, foi golpeado de morte.

Esta foi também a impressão à primeira vista da arremetida midiática conduzida pelo jornal Clarín (O Globo e a Globo de lá) contra a presidenta Cristina Kirchner, com a “marcha do silêncio” de 18 de fevereiro: uma multidão de um milhão pessoas inundou as ruas de Buenos Aires, Mar del Plata, Rosário e foi acompanhada de alguns adeptos que se reuniram em Nova York, Paris, Londres e até na Austrália. Alguma semelhança com o “Fora Dilma” de ontem?

A Casa Branca, dizia O Globo brasileiro, “monitorava a marcha” e manifestava preocupação com o destino das instituições platinas. Dez dias depois, em primeiro de março, 400 mil pessoas foram ouvir a mensagem anual da presidenta ao Congresso. Cristina tinha acabado de ser inocentada pela Justiça da acusação irresponsável de um procurador vinculado ao Clarín e à embaixada americana, Alberto Nisman. Nisman, encontrado morto em circunstâncias misteriosas, em 18 de janeiro, era o homenageado da manifestação anti-Cristina. Os inspiradores da marcha, promotores e procuradores, colegas de Nisman, foram depois desmascarados como envolvidos em processos de obstrução da justiça e acobertamento de crimes, inclusive do atentado à AMIA, instituição hebraica,no qual morreram 85 pessoas, no distante ano de 1994. Quanto à Cristina, retomou seu prestígio e poderá fazer sucessor na eleição de 20 de outubro.

Mas antes que examinemos outros quadros trágicos causados por essas ofensivas midiáticas, não esqueçamos de outro surto que fez retumbar a candidatura de Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, no bojo da comoção causada pela morte do outro candidato, Eduardo Campos, do PSB, em agosto de 2014. Os mesmos crédulos das mistificações da mídia acreditavam na “vitória inescapável” de Marina sobre Dilma, do PT, a presidenta que se candidatava à reeleição.

Menos de um mês depois, o vertiginoso prestígio de Marina, não resistiu às denúncias de irregularidades em suas contas bancárias e vinculação com o capital estrangeiro, marteladas sobretudo nas redes sociais (Era a primeira vez que a internet conseguia fazer face a um massacre da mídia), a candidata com jeito de santa, como dizia a Veja, entrava em parafuso. Chegada a eleição de primeiro turno, Marina foi fragorosamente derrotada, alcançando o terceiro lugar. Como o segundo lugar ficou com Aécio Neves, do PSDB, outro candidato afável aos barões da imprensa, a mídia comandou um outro arranco para fazer do ex-governador mineiro, como o candidato que arrasaria com Dilma e o PT. Dilma ganhou e o surto midiático dissolveu-se como gelo.

Agora, a grande imprensa, acolitada pelo capital estrangeiro, o mesmo que acicata Cristina, Maduro e Rafael Correa, lança-se a uma nova ofensiva para, sem rebuços, derrocar o governo brasileiro legitimamente eleito e apenas com dois meses de um mandato de quatro anos, através de uma série de manifestações, inicialmente pacíficas, mas que podem degenerar em violência ou mesmo em golpe de Estado, congressual, judicial ou militar. Eles já viram que não podem com Cristina nem com Maduro, mas encontram um flanco aberto em Dilma, que até aqui não se preocupou em construir uma militância orgânica e uma mídia própria.

O blogueiro Plínio Zúnica, do blog Descolonizadores, a meu ver o observador mais arguto da manifestação do domingo, advertiu: “É um erro grande da Esquerda achar que esse é um movimento feito só por grupos de elite. A ideologia é da elite, os interesses são da elite, o dinheiro é da elite, os porta-vozes são da pior das elites, mas essa ideologia é ardilosa o suficiente pra infectar as mentes de todas as camadas sociais”.

Zúnica ainda assinala :”É uma ideologia baseada em medo, ódio e ignorância, e infelizmente esses elementos têm uma força de mobilização muito poderosa, mais do que a razão e a solidariedade. Não fosse assim, teria sido o movimento hippie a dominar o mundo, e não ideologias fascistas, imperialistas, colonialistas, eugenistas e elitistas. Não subestimem o poder do ódio, do medo e da ignorância. Não faltam exemplos do estrago que eles são capazes de fazer nas pessoas mais bem intencionadas”.

A conclusão do blogueiro, de quem emprestamos a foto que ilustra esta análise, é muito ilustrativa: “Eu tive dezenas de conversas com gente de todo o tipo nos últimos meses, e o ponto em comum é que a maioria das pessoas não faz ideia do que reclamar. Falam de uma corrupção que não sabem o que é, não sabem diferenciar o que é uma presidenta da Republica do que é uma rainha absolutista, não fazem ideia do que são as atribuições de cada esfera do governo. Gente que não conhece história, que não sabe o que foi o Collor,que não sabe o que foi a ditadura, que não sabe o que foi a era FHC, que não entende os programas mais simples e básicos do governo do PT. Gente botando a culpa até dos serviços de telefone nas costas da Dilma”, diz ele.

Sem dúvida, Zúnica se referia às tragédias produzidas, inclusive devido à desinformação, pelos surtos midiáticos do passado, como a deposição dos presidentes constitucionais do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, a partir de 1964, seguida da instauração de 20 anos de ditaduras responsáveis por milhares de mortes e o desmantelo do parque industrial e tecnológico da maioria dos países latino-americanos.

É verdade que, nessa época, nosso país e nossos vizinhos estavam desarticulados. Viviam de costas uns para os outros, enquanto os Estados Unidos os encabrestavam na imponente sede da OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington, e ordenavam seguir as receitas recessivas do FMI, expulsar Cuba do organismo, instalar ditaduras, e perseguir a dissidência, através de seus centros de tortura e laboratórios ideológicos.

Hoje, temos a Unasul (União das Nações Sul Americanas), com sede em Quito, no Equador, e livre da participação dos Estados Unidos (e do Canadá). Ela já impediu pelo menos dois golpes de Estado, suave ou brutal, na Bolívia (2009) e no Equador (2010). Agora, no último sábado, por exemplo, a instituição, idealizada por Hugo Chávez, os Kirchner e Lula, acaba de declarar solidariedade ao presidente Nicolás Maduro, cujo país, a Venezuela, está ameaçado de invasão militar pelos Estados Unidos.

Mas nem a Unasul será capaz de livrar Dilma de um golpe, se o governo e seu partido, o PT, não providenciarem urgentemente uma articulação comunicacional para defender-se. Daqui para a frente, os surtos midiáticos, fiel a seu histórico, tendem a endurecer e a fazer não mais manifestações pacíficas, mas sangrentas, com seus atiradores de elite apontando para a multidão e culpando o governo pelos crimes, como aconteceu no Chile de Allende, em 1973, na Venezuela de Chávez, em 2014, e na Venezuela de Maduro, agora mesmo em 2014.


Fonte: Vermelho