sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Paquerar sem assédio no carnaval, campanha mostra as diferenças

Direto do Vermelho

Pra ajudar, a Revista AzMina lançou uma campanha explicando quando é paquera e quando é assédio. Confira!



Sob protestos, doze países assinam Tratado Transpacífico

Doze países assinaram nesta quinta (4) o acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, na sigla em inglês). O evento de assinatura da parceria foi realizado na Nova Zelândia, em meio a protestos contra o pacto de livre comércio promovido pelos Estados Unidos. Os signatários terão dois anos para que seus órgãos internos aprovem o documento e ele entre em vigor.


  
O TPP foi assinado pelos ministros e representantes de Estados Unidos, Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Peru, Malásia, México, Nova Zelândia, Cingapura e Vietnã e representa 40% do PIB mundial.

O primeiro-ministro anfitrião, John Key, e o representante comercial estadunidense, Mike Froman, presidiram a cerimônia no Centro de Convenção de Auckland, perto do qual se reuniram manifestantes contra o tratado por considerar que eliminará milhares de empregos e favorecerá as multinacionais em detrimento das empresas nacionais, entre outras consequências.

Uma das príncipais líderes do movimento contra o TPP na Nova Zelândia, a professora de Direito Jane Kelsey, escreveu no jornal local The New Zealand Herald, que o acordo garante aos outros países e corporações estrangeiras “o direito de impor decisões regulatórias”, algo que organizações locais não poderão mais fazer.

Os opositores do tratado criticam o sigilo que acompanhou o processo de negociações e advertem sobre seu impacto na soberania nacional e em relação aos direitos trabalhistas e à proteção do meio ambiente.

Além disso, consideram que a iniciativa favorece os Estados Unidos, o que se pode deduzir também a partir das declarações do presidente Barack Obama depois da assinatura formal. Ao saudar o acordo, ele afirmou que dará a seu país uma vantagem sobre outras economias importantes, principalmente a China.

"O TPP permite que a América — e não países como a China — escreva as regras para a estrada do século 21, o que é especialmente importante para uma região tão dinâmica quanto a da Ásia-Pacífico”, disse ele em comunicado."
 

 Do Portal Vermelho, com Prensa Latina e Opera Mundi

A China e as estratégias geopolíticas de enfrentamento da crise

Nesta semana as bolsas chinesas tiveram nova queda expressiva e o banco central chinês fez nova intervenção de liquidez. O banco central renovou por mais 7 dias a operação da semana anterior, mantendo no mercado US$ 12,2 bilhões, e emprestando por 28 dias mais 39,7 bilhões de dólares.

Por Lécio Morais


  
Estes episódios na bolsa, bem como as intervenções do banco central chinês, alimentam previsões de novo aguçamento da crise iniciada em 2008. Dentre essas previsões, destacou-se o relatório alarmante de crash iminente do banco britânico RBS. [1]

Não é minha pretensão realizar exercícios de previsão. O que quero expor é uma hipótese de como as diversas estratégias geopolíticas dos principais estados do mundo vêm se confrontando e determinando o desenrolar da crise, desde 2008.

Minha hipótese é que, a partir de 2008, incorporou-se aos objetivos geopolíticos dos principais estados do mundo a necessidade de preservação de seus capitais da destruição que a crise capitalista sempre desencadeia (por desvalorização ou insolvência). Na concepção marxista, a destruição de capitais é característica da crise e condição necessária a uma nova expansão. Além de uma afirmação teórica, a ocorrência de destruição de capitais durante uma crise, em especial numa grande crise, é um dado histórico bem estabelecido.

A estratégia e os instrumentos utilizados pelos estados para preservar seus capitais se dá de forma diferenciada, de acordo com sua força e posição, bem como com o estágio de sua economia, em especial a importância que nela ocupa o capital financeiro e produtivo.

Minha análise tratará da estratégia geopolíticas dos quatro principais estados do mundo, aqueles que possuem bancos centrais mais relevantes. Os do centro hegemônico, liderados pelos EUA, e integrado também pelo Japão e o quase-estado da União Europeia (EU). E em outro polo, o estado chinês.

Vou examinar o objetivo principal que parecem ter as diferentes estratégias e onde elas se confrontam de modo a tornar ineficazes, ou mesmo inúteis, as medidas de ultrapassar a crise por meio de políticas monetárias e comerciais, estendendo sua duração.

A estratégia americana e do centro capitalista hegemônico à crise

Sempre considerei a saída da crise promovida pela superliquidez do FED contraproducente com a dinâmica do capitalismo. Embora tenha permitido que parte de seu capital produtivo tivesse reduzido seu valor ou mesmo falido, o FED empenhou-se de forma inédita em priorizar o salvamento do valor da enorme massa de seu capital financeiro, bem como daqueles de origem externa que lá se domiciliam, passando a pagar tributos ao estado americano.

O FED emitiu uma montanha de dólares para garantir a compra de papéis financeiros que passaram a valer muito pouco ou mesmo nada, o que garantiu o funcionamento do mercado. Também reduziu suas taxas de juros a quase zero, mantendo elevado o valor desses capitais. Com o sistema financeiro de novo funcionando após o 15 de setembro de 2008, Wall Street permaneceu ditando a principal taxa de juro no mundo e alimentando o valor desses capitais. Por essa razão, a gigantesca massa de capital financeiro dentro dos EUA[2] está maior do que era em 2008, apesar do longo período da crise e da tendência mundial à estagnação.

O FED abusou e abusa de sua posição de emissor da moeda internacional, uma moeda sem nenhuma limitação seja de lastro ou qualquer outra, já que é o mercado doméstico americano que determina seu valor frente às demais moedas conversíveis. A promoção de desvalorizações cíclicas do dólar prejudica as exportações de outros países, o que tem como consequência a desvalorização de seus capitais.

Esta é uma das formas dos EUA transferirem para o resto do mundo sua (enorme) cota de destruição de capitais, mesmo às custas de um enorme custo fiscal, em especial, pelo valor inédito da dívida federal e pela insolvência de estados como a Califórnia e de muitas cidades grandes ou pequenas.

Seguindo os EUA: União Europeia e Japão

A Eurolândia (a Alemanha e o resto) e o Japão foram obrigados a seguir também a estratégia americana, compraram os títulos financeiros desvalorizados e baixaram também suas taxas de juros. O Japão que já vinha desde 1990 com taxas muito baixas, tornou-as negativas.

Sendo detentores em seu território de grande volume de capital financeiro, a política do FED obrigou-os a priorizar também o salvamento de seus capitais financeiros. Mas houve um motivo defensivo para seguir o FED. Caso não protegessem sua riqueza financeira, a UE e o Japão poderiam vê-la migrar para as praças dos EUA e para a proteção do FED, o que os sujeitava ao risco de permanecer no condomínio do poder hegemônico americano. Em consequência, passaram também a empurrar para longe deles a destruição de capitais.

Com isso, mais e mais capitais sob a forma financeira ficaram abrigados no centro hegemônico, protegidos em seu valor pelos respectivos bancos centrais. O resultado deste “seguro” contra a destruição destes capitais foi empurrar a crise para diante. E pressionar para que destruição necessária de capital seja transferida para o resto do mundo.

Mas tanto o Japão como a União Europeia (EU) não puderam aplicar a estratégia do FED em toda sua extensão.

Para os EUA, por incrível, os reflexos internos da crise foram relativamente mais benignos do que vem acontecendo, em especial, na Europa. Eles puderam manter ainda boa parte de sua demanda interna sem maiores problemas, pois podem continuar elevando seu déficit externo de pagamentos. Também para seguir rolando seu déficit externo, basta emitir dólar, como, aliás, vêm fazendo desde a década de 1970.

Outra vantagem dos EUA é que o corte necessário de gastos governamentais vem sendo bem menor do que o exigido da maioria dos países membros da EU para alcançar o equilíbrio fiscal. Ainda mais porque a situação fiscal é condição de existência do euro. Problema que obviamente os EUA não têm. Isso vem fazendo com que para os outros países do centro hegemônico, em especial para a União Europeia, a estratégia venha saindo econômica e politicamente mais cara.

Da mesma forma, o Japão teve de manter sua estagnação, que já se estende desde a bolha imobiliária de 1990, e a UE impor sua tristemente famosa política de “austeridade”. Em troca mantêm sua massa de capital financeiro relativamente intocável e a EU não perde sua moeda regional, uma perda a que a própria união regional não sobreviverá.

Em seu conjunto, a estratégia do “centro hegemônico” tem feito crescer, e não diminuir, a superacumulação de capitais sob a forma financeira.

Qual a estratégia da China?


Diferente dos países do centro, o poder que a economia traz à China está na sua incomparável produtividade que a vem transformando em “fábrica do mundo”. Um diferencial que decorre das características de sua força de trabalho, do seu planejamento estatal e da sua trajetória histórica muito específica. O poder geopolítico dado por sua economia está assentado principalmente em seu capital produtivo, não no financeiro. [3] E sua força depende de manter sua expansão, mesmo que a taxas de crescimento menores.

Crescer e expandir é sua estratégia diante da crise. A diferença é que cresceu seu interesse por expandir o mercado interno para fortalecer sua demanda como forma de prevenir-se da queda da atividade nos mercados externos.

Na crise, os mercados externos passaram a trazer desafios concorrenciais tremendos. Mas trazem também boas oportunidades de aquisição de capitais em desvalorização.

O mercado interno é uma forma mais segura de realizar acumulação, já que seu acesso e regulação dependem do próprio estado nacional. Mas, a expansão pode ser mais lenta. Um dos problemas é ter o estado de prover todas as condições ao mercado de uma forma também acelerada, especialmente crédito. Em especial porque o consumo interno é relativamente muito pequeno.

A compensação a perdas no mercado externo é um forte desafio. O problema não é faltar consumo, o nível de pobreza na China ainda é alto e sua população mais longe dos centros dinâmicos internos é imensa. O problema é existir renda disponível de modo a sustentar uma demanda solvente, capaz de comprar. Não é possível elevar rendas de salários, por exemplo, em poucos anos. Seria insuficiente.

A solução é a expansão do crédito que significa antecipar para o presente o crescimento mais lento da renda futura, que, no final, pagará os créditos do passado e se recomeça um novo ciclo de crédito. O problema é que quanto maior for o volume de crédito, maior é o risco da receita futura não se cumprir, criando inadimplência e interrompendo o crescimento.

O entrechoque das estratégias

Para o centro hegemônico, a estratégia chinesa de proteger capitais produtivos significa, de fato ou potencialmente, elevar a superacumulação mundial relativa que desencadeia a crise. Pode acontecer também que o esforço de expansão chinesa de manter seus mercados externos traga consigo uma queda ininterrupta de preços, deflagrando um processo de deflação que vem a ser o terror dos capitalistas.

A queda dos preços destrói o lucro e o capital sai de circulação, refugiando-se no entesouramento. É uma fase catastrófica da crise capitalista, mas a última vez que isso ocorreu foi na crise da década de 1930.

Para a China, como para a maior parte do mundo, é a preservação e o crescimento da massa de capital financeiro no centro capitalista a fonte da estagnação e da instabilidade financeira que se vive.

Este, a meu ver, é o impasse que prolonga a crise e que pode trazer uma tensão cada vez mais forte entre o centro capitalista e a China e, atrás deles, o resto do mundo.

Em um primeiro momento, até 2010, a expansão da China manteve a demanda global de bens primários e intermediários, impedindo a “necessária” redução de capitais tanto na China como na periferia do sistema capitalista. Isto que permitiu à China fortalecer sua posição geopolítica e facilitando sua liderança na periferia.

Por essa razão, nota-se, desde 2013, as reclamações cada vez mais insistentes de que os chineses estão a promover uma deflação no mundo.[4]

Porém, o comércio externo da China sofreu um forte freio em 2011, e passou a desacelerar. A força do centro hegemônico como consumidor e como controlador das principais rotas e preços do comércio de commodities se afirmou. O alto crescimento chinês perdeu fôlego, como a estratégia chinesa já devia prever, embora talvez não tão rápido, e a economia da periferia passou à estagnação ou à depressão.

Desde então, a estratégia chinesa foi flexionada, aparentemente acelerando o crescimento para dentro, visto que a perspectiva externa se arruinou rápido enquanto a produção dos investimentos do passado chegava ao mercado. Embora sem abandonar a pressão sobre os mercados externos (não há espaço para este luxo).

A China em uma posição mais fraca?


A meu ver, a aceleração da “interiorização” da expansão aconteceu com a China em uma posição mais fraca do que aquela do imediato pós-2008. Não só a interiorização tem que substituir mais rapidamente a deficiência da exportação como a própria economia chinesa passou também a enfrentar uma aparente superacumulação (o “excesso de capacidade”). Um caso mais evidente na sua indústria pesada, como a siderúrgica e no setor imobiliário.

A aparente superacumulação relativa na indústria imobiliária é particularmente preocupante por ela está ligada à expansão do mercado interno. É também o setor que vem assumindo a ponta desta expansão. Em 2014, por exemplo, o setor imobiliário foi o que maior contribuição deu ao crescimento do PIB. E é ele que aparece, desde 2015, como o foco da crise do mercado acionário chinês.

Os problemas do setor imobiliário devem estar ligados a emissão maciça de crédito e um aumento da inadimplência. Dificuldades que vêm se somar a conhecida presença de shadow banking na economia chinesa já a mais tempo.

Neste momento, a estratégia chinesa teve seu risco aumentado. Ainda mais porque a continuidade da queda de preços de exportação deve estar a pressionar para baixo a expectativa das taxas de lucro.

Por outro lado, para fortalecer sua posição financeira no mercado monetário internacional, a China tem desenvolvido um esforço premente para internacionalizar o yuan. O primeiro passo à integração do yuan na cesta de moeda do DES, a unidade de referência monetária do FMI.

A problema é que este primeiro passo teve um preço. Foi necessário a China concordar em abrir, mesmo parcial e limitadamente, canais para uma maior liberdade de movimento para capitais, bem como afrouxar a regulação para a entrada de capitais em seu mercado bursátil e financeiro. O que se constitui, certamente, uma maior exposição à transmissão da política monetária americana para a economia chinesa.

Se ocorrer novo crash de liquidez nos mercados financeiros, a crise pode, de novo, se aguçar. Até agora, os dois países que melhor vêm se saindo na crise são os EUA e a China. Porém o balanço de forças continua muito instável e a crise não dá mostra de caminhar para uma solução. E a disputa estratégica sobre quem sairá perdendo ao seu final está, ao que parece, longe de acabar.

* Lecio Morais é economista e mestre em Ciência Política. Atua como assessor técnico na Câmara dos Deputados.

[1] Ver: Sell everything ahead of stock market crash, say RBS economists

[2] Os mercados de Wall Street negociam mais de 50% da riqueza financeira do mundo. O volume operado na City londrina, a segunda maior do mundo, é apenas um terço da de New York.

[3] O volume do capital financeiro chinês é relativamente pequeno, especialmente quanto ao capital de grande liquidez – sob a forma de títulos e securities. Embora possuísse, em 2010, um capital financeiro superior a 270% de seu PIB, quase metade dele é de empréstimo bancário, sob a forma de contratos não negociáveis, o que reduz fortemente o volume de capital líquido circulante.

[4] Ver: “Excesso de capacidade da China amplia efeitos da deflação em todo o mundo”.
 


Fonte: Vermelho

Haiti: entre o diabo e os biscoitos de barro

O Haiti não é um país, é um pesadelo, é o caldeirão onde o diabo parece cozinhar todos os males da humanidade, como em quase todos os países do mundo, na primeira república negra o mal se alastrou de forma descontrolada.

Por Guadi Calvo*, especial para o Vermelho


Reprodução
47% dos haitianos sofrem de desnutrição crônica e HIV-aids47% dos haitianos sofrem de desnutrição crônica e HIV-aids
Desde sua geografia o Haiti parece destinado à tragédia na rota dos grandes furacões do trópico e está localizado sobre uma complexa trama de falhas geológicas, que determinam periódicos e demolidores terremotos. A devastação é uma possibilidade cotidiana, as inundações e as secas se revezam com perversa exatidão.

A pobreza do país, que compete com a dos últimos países africanos é a maior do nosso continente. Segundo o Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud), ocupa o posto de 108 no índice de desenvolvimento humano, 65% da população vive abaixo da linha da pobreza com menos de 2 dólares e a expectativa de vida é de apenas 50 anos.

Nas ruas de Porto Príncipe, em qualquer dos caminhos do país se reproduzem cenas tão angustiantes como as que se pode observar em Dharavi ou Mumbai (Índia), o bairro mais pobre do mundo.

A partir deste ponto, o resto dos males vem de bônus, a taxa de desocupação supera 80%, o aceso a serviços médicos está vedado para 90% dos poucos mais de 10 milhões de habitantes. E 47% dos haitianos sofrem de desnutrição crônica e HIV-aids, representa a taxa mais alta do Caribe segundo a OMS, com quase 7% da população infectada. Quando nos anos 80 se desconhecia muito sobre a então nova enfermidade, os médicos de Nova York começaram a chama-la se síndrome dos 4 Hs (homossexuais, hemofílicos, viciados em heroína e haitianos).

Na educação a situação não é melhor, 80% das crianças não estão na escola.

A partir do terremoto de 2010, que matou mais de 300 mil pessoas, e destruiu milhares de casas, todos os índices se agravaram muito mais e praticamente condenou a população a um destino catastrófico. Desde então mais de 3 milhões de haitianos constroem suas vidas nas ruas: perambulam sem rumo buscando o que comer, remexem no lixo para sobreviver até o próximo dia, que estarão tão desprotegidos quanto no anterior.

A mudança climática gerou praticamente um novo sistema de temporais que acabaram destruindo as poucas plantações que ainda existiam, a impossibilidade de ter acesso a abastecimento de recursos e o custo dos fertilizantes e transporte pioram o cenário que se produz cada vez menos. O que gerou um aumento no preço dos alimentos de quase 50%. Esta escassez de alimentos, uma experiência sem nenhuma novidade para a realidade haitiana, obrigou milhares de pessoas a se “alimentarem” de barro.

O barro de Hinche, uma localidade no centro do país que se tornou praticamente numa indústria. Alguns comerciantes levam a terra desde Hinche para processá-la misturando-a com água, sal e aceite e depois secá-la ao sol transformando-a em um “biscoito” de terra. Os “biscoitos”, depois de prontos, são vendidos nos mercados dos bairros mais pobres de Porto Príncipe, como Les Salines e Fort Dimanche, e pelas ruas da capital.


Os "biscoitos" de barro são feitos com a terra de Hinche
Como se tudo isso fosse pouco, desde 2013 a República Dominicana, com quem Haiti compartilha não só a Ilha La Española, mas também uma turbulenta relação histórica, colocou em marcha um programa chamado: “Plano Nacional de Regularização de Estrangeiros”. Um pomposo nome para acobertar a expulsão já não só dos milhões de haitianos que vivem em solo dominicano, mas também milhares de dominicanos de origem haitiana. Se estima que cerca de 500 mil haitianos vivem na República Dominicana, dos quais 200 mil já foram expulsos. Desde 1937 quando foram assassinados a machadadas por ordem do tirano dominicano Leónidas Trujillo, 15 mil haitianos na província de Dajablón, a relação entre ambas as nações não estava tão tensa.

Os políticos, outro mal natural 
O marasmo composto pela crise ambiental, econômica, de saúde, social e política se funde no pequeno país caribenho em um marasmo sem fim. Desde a queda da dinastia dos Duvalier, que governaram o país com mão de ferro e uns níveis de corrupção desenfreados durante três décadas o país não se recompôs. François Duvalier, “Papa Doc”, assumiu a presidência em 1957 e seguiu no posto até sua morte, em 1971, quando seu filho, Jean Claude, ou o Baby Doc, dá sequência no governo, com apenas 19 anos e com o cargo de “Presidente Vitalício”, mas foi derrubado em 19786. Já sem a trágica administração dos Duvalier, e passados 30 anos da queda desta maldita casta, o Haiti ainda não conseguiu se levantar e encaminhar uma ordem constitucional. As crises políticas, rebeliões, os golpes de Estado e a ingerência dos Estados Unidos impossibilitaram uma construção democrática. O país só não caiu em uma guerra civil porque ninguém está disposto a armar um bando que jamais poderá pagar a dívida.

Esta nova crise que levou o país a postergar as eleições presidenciais, cujo ganhador deveria assumir no próximo dia 7 de fevereiro, recebendo a faixa presidencial do atual presidente Michel Martelly.

A postergação responde às denúncias de irregularidades no primeiro turno eleitoral, realizado em 25 de outubro, que deixou em disputa o oficialista Jovenel Moise e o opositor Jude Celestin, que teriam que ter decidido o pleito eleitoral em 27 de dezembro.

A crise divide ainda mais profundamente o país e evidencia as estruturas de poder que nunca mudaram desde 1915 quando aconteceu a primeira invasão norte-americana e se estendeu até 1934, com outras em 1994, 2004 e 2010 (esta última, segundo a revista Time “invasão compassiva”). A partir do envio de tropas dos Estados Unidos para “atender” a população depois do terremoto.

As pressões e extorsões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), colaboraram, particularmente desde 1994, e impedem uma reorganização econômica no país, os planos econômicos destes organismos são as causas capitais do recrudescimento da pobreza.

As denúncias de irregularidades nas eleições parlamentares de agosto do ano passado e as presidenciais de outubro foram culminaram em um largo processo de desacretiar a política.

A oposição está tratando de se apropriar dos protestos de rua, tentando criar um governo de transição que deveria organizar novas eleições em três meses. Essa postura não conta com o apoio de Washington. O secretário de Estado John Kerry, em sua visita ao país em agosto passado, advertiu que não apoiaria um possível governo de transição.

Enquanto a situação marca uma nova data para as eleições, o Conselho Eleitoral Provisório não está em condições legais de firmar o resultado. Atualmente conta só com 3 dos 9 membros titulares, já que cinco foram demitidos e um foi suspenso acuado de corrupção.

O país está literalmente a bordo de um vazio constitucional e às grandes maiorias haitianas só lhes importa quanto de dinheiro necessitam para comprar um biscoito de barro. 


Guadi Calvo é escritor e jornalista argentino. Analista internacional especializado em África, Oriente Médio e Ásia. Mais em sua página no Facebook
Fonte: vermelho

Trabalhadores e empresários definem temas para encontro com Dilma

Reunião realizada ontem, quinta-feira (4) no Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), em São Paulo, reunindo centrais de trabalhadores e empresários, integrantes do movimento Compromisso pelo Desenvolvimento, definiu os principais temas que serão debatidos na reunião no dia 17 de fevereiro com a presidenta Dilma Roussef. O trâmite no Congresso Nacional da Medida Provisória dos acordos de leniência é uma das prioridades.

Por Railídia Carvalho


Portal CTB
  
Os temas que serão debatidos com a presidenta fazem parte das sete diretrizes apontadas no documento divulgado em dezembro, que afirma a necessidade de promover mudanças no modelo de desenvolvimento do país para “priorizar o setor produtivo e não o capital especulativo”.
Os assuntos que o Compromisso vai priorizar são o financiamento de longo prazo para o setor de infraestrutura, o destravamento dos setores de petróleo e gás, atenção à agenda do sistema produtivo, tanto as de apoio à exportação quanto as medidas relacionadas às políticas setoriais, que possam incrementar a retomada da atividade produtiva do aço, setor automotivo, têxtil e agroindústria.
“O foco hoje se volta para a necessidade de medidas imediatas e respostas imediatas com foco para a valorização do trabalho que permita um estágio de geração de emprego e renda e dê condições para que a gente possa encontrar o caminho para a retomada do desenvolvimento. Esses são aspectos comuns que o governo deveria olhar com bons olhos”, disse Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Crescimento econômico
Se 2015 foi um ano de desemprego intenso no setor da indústria e construção civil e, no final do ano, também atingiu comércio e serviços, as perspectivas para o emprego em 2016 também não são as melhores.
“Enquanto a economia não sinalizar uma retomada da atividade a tendência do desemprego é continuar e ele só será revertido no momento em que a economia começar, efetivamente, a traduzir a sua expectativa em um cenário melhor em práticas com fim no crescimento econômico”, avaliou Clemente Ganz, diretor-técnico do Dieese e coordenador do Compromisso pelo Desenvolvimento.
“Se superarmos a situação econômica a gente consegue mudar o cenário político e esse cenário é um cenário que constrange e dificulta saídas econômicas mas a representatividade desse grupo pode ser capaz de criar brechas dentro do Congresso Nacional e no diálogo com o governo”, afirmou Caio Magri, do Instituto Ethos.
Na opinião dele, a atuação do Compromisso pelo Desenvolvimento junto ao Congresso Nacional é fundamental para acelerar legislativamente a regulamentação dos acordos de leniência. Nesta sexta-feira (5) se encerra o prazo para o texto da MP receber emendas. O instituto Ethos apresentou um conjunto de emendas.
“Estamos confiantes que os deputados farão propostas positivas e esse coletivo precisa atuar objetivamente dentro do Congresso para fazer que essa medida provisória seja aprovada com as mudanças necessárias”, argumentou Caio.

Propostas
Um dos encaminhamentos da reunião desta quinta-feira foi a criação de um grupo de trabalho que se reunirá no dia 15 de fevereiro para avaliar as emendas que foram propostas. O grupo também vai debater propostas para apresentar ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), ao setor de financiamento de longo prazo na indústria da construção civil medidas geradoras de oportunidade de emprego, que melhorem o ambiente econômico e permitam a realização dos pagamentos.

Participaram da reunião representantes das cinco centrais de trabalhadores, CUT, UGT, Força Sindical, CTB, NCST e entre os empregadores estiveram Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) e Associação Comercial, entre outras entidades. 


Do Portal Vermelho 

Goldman Sachs lança dúvidas sobre eficiência do capitalismo

Em meio a uma discussão sobre a sustentabilidade das margens de lucro das empresas, os analistas da gigante instituição financeira Goldman Sachs disseram a seus investidores, em uma nota, que podem ter que questionar a eficiência do próprio capitalismo. Que o sistema econômico hoje dominante no mundo é alvo de muitas críticas e dúvidas é um fato; que elas partam de um banco, isso é novidade.


  
O debate sobre se as margens de lucro das empresas podem se manter em um nível elevado ou se inevitavelmente regressarão à média é dos mais acalorados no mercado financeiro. Uma análise rápida sobre as margens do índice S&P500 nos últimos 25 anos, por exemplo, mostra que tais níveis seguem altos frente aos dados históricos, apesar da desaceleração que mostraram nos últimos trimestres.

Os analistas discutem se isso é sustentável considerando o aumento da competição e o crescimento econômico abaixo da tendência. De acordo com João Pedro Caleiro, da Revista Exame, os "bulls" (touros), termo do mercado financeiro para aqueles que apostam na alta, argumentam que as margens podem ser mantidas já que há espaço para as empresas cortarem custos e se aproveitarem de avanços tecnológicos.

Do outro lado, estão os "bears" (ursos), que acreditam em uma queda, apontando que o espaço para cortes nos custos das empresas vai ser reduzido, a competição deve ganhar ímpeto e pressões sociais e regulatórias devem afetar a relação preço/lucro.

Foi nesse contexto que analistas do Goldman Sachs, liderados por Sumana Manohar, emitiram uma nota, analisando os argumentos dos dois lados. O texto sustenta que as margens se expandiram graças a certas tendências-chave: altos preços das matérias-primas, empresas que fabricam produtos mais baratos em mercados emergentes, crescimento da demanda por parte desses países e uma maior eficiência das empresas graças ao uso de novas tecnologias.

A nota da Goldman Sachs também assinala que o mercado recompensou as companhias que levaram a cabo fusões e programas de recompra de ações impulsionando suas margens, em comparação às empresas que investiram internamente.

Da parte otimista, o banco diz que a contínua consolidação dos mercados, a deflação de custos e a poupança ajuda a respaldar as margens. Mas acredita, em última instância, que essas tendências, unidas à debilidade da demanda, e um excesso geral de capacidade industrial apontam para uma provável queda das margens de lucro.

O banco avalia então que, nos próximos dois a três anos, os ursos devem se provar corretos. Mas não ignora a resposta dos touros. É aí que a nota da instituição financeira fica inusitada:

"Se estivermos errados e as altas margens conseguirem se manter nos próximos anos (particularmente quando a demanda global está abaixo da média), há questões mais amplas a serem feitas sobre a eficácia do capitalismo", diz o texto.
 

Por Joana Rozowykwiat, do Portal Vermelho, com Exame e Bloomberg

Defesa de Lula: nada justifica envolver o ex-presidente na Zelotes

Em resposta à atitude do delegado federal Marlon Cajado de incluir o ex-presidente Lula nas investigações da Operação Zelotes, o advogado de defesa Cristiano Zanin Martins afirma que não há justificativa para Lula ser investigado. 


Lula é alvo de mais uma tentativa de incriminá-loLula é alvo de mais uma tentativa de incriminá-lo
Na mais recente tentativa de envolver o ex-presidente Lula em algum escândalo de corrupção, o delegado Marlon Cajado, da Polícia Federal, responsável pelas investigações da Operação Zelotes, informou que o ex-presidente e quatro ex-ministros de Estado estão sendo investigados em um segundo inquérito da operação policial que apura a suposta manipulação de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda, e a suposta compra de medidas provisórias a fim de favorecer grandes empresas.

No documento, enviado ao juiz da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal, Vallisney de Souza Oliveira, o delegado diz que Lula e os outros citados são investigados se houve suposta participação deles no esquema ou se integrantes da organização criminosa usaram o nome das autoridades indevidamente. “[O segundo inquérito] Tenta alcançar a verdade real sobre os fatos apurados, isto é, se outros servidores públicos foram de fato corrompidos e estariam associados a essa organização criminosa, ou se estariam ‘vendendo fumaça’ vitimando-os e praticando o tráfico de influência com relação aos mesmos [o ex-presidente e o ex-ministro]”, diz trecho do ofício entregue à Justiça, com data de 2 de fevereiro. A imprensa teve acesso ao ofício hoje (5).

Em resposta à ação do policial federal, o Instituto Lula divulgou uma declaração do advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, informando que “nada justifica a conduta do delegado federal Marlon Cajado ao afirmar que o ex-presidente Lula seria investigado no inquérito 1621/2015. O ex-presidente foi ouvido no dia 6 de janeiro na condição de informante, sem a possibilidade de fazer uso das garantias constitucionais próprias dos investigados. Não há nenhum elemento que justifique a mudança do tratamento”.

Após prestar depoimento como testemunha no dia 25 de janeiro na Zelotes, o ex-ministro Gilberto Carvalho, também incluído na investigação, disse que a acusação de que houve compra e venda de medidas provisórias nos governos de Lula e da presidenta Dilma Rousseff é absurda. “O que ofende o bom senso é essa acusação de que o governo federal, o Executivo, vendeu, trocou MP [medida provisória] por benefício. Isso é um absurdo total”, disse o ex-ministro a jornalistas depois de prestar depoimento na audiência que ouviu testemunhas indicadas por réus de ação penal decorrente da operação.


Do Portal Vermelho, com informações da Agência Brasil

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Campanhas alertam para a prática do assédio durante o carnaval

O carnaval é um momento em que a objetificação do corpo feminino fica em maior evidência. Neste contexto, A jornalista brasiliense Nana Queiroz criou o Guia Prático e Didático da Diferença entre Paquera e Assédio. “Não é uma tristeza que, em pleno século 21, a gente ainda tenha que ensinar marmanjo como brinca de conquistar?”, questiona Nana.


  
A preocupação é válida. Em uma pesquisa realizada, cerca de 70% das mulheres disseram que já sofreram algum tipo de violência ao longo de sua vida

A secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, Ivânia Pereira, diz que todo mecanismo que leve “informação às mulheres e aos homens contra o assédio e todo tipo de violência é bem-vindo, porque a violência sexual deixa marcas profundas, muitas vezes irreparáveis nas vítimas”.

Por isso, “a CTB parabeniza essa iniciativa e se propõe a colaborar com ela, assim como toda e qualquer iniciativa que divulgue os direitos das mulheres de viverem sem medo”, acentua.

Com a campanha Carnaval Sem Assédio, o guia está publicado na revista digital Azmina (azmina.com.br). A revista surgiu em 2015 depois de Nana ter feito a campanha, que viralizou na internet Eu Não Mereço Ser Estuprada.

De acordo com o guia a conduta correta de um rapaz, ao se interessar por uma garota, é “chegar perto, puxar assunto ou tentar se incorporar na rodinha dela”. Agora chamar de “gostosa”, de “delícia” pode assustar e a conquista se torna impossível.

Para Ivânia, iniciativas como essa são importantes, mas os governantes precisam realizar ações cotidianas de combate à violência contra as mulheres. “É muito importante desenvolvermos trabalhos para mudarmos os conceitos e comportamentos dos homens que olham as mulheres como objetos”.

Ela ressalta a necessidade de ampla campanha dos municípios, estados e União que devolvam à mulher a sua cidadania. Porque “as mulheres começam a se sentir inibidas de sair na rua, de se vestir como desejam, assim deixam de ser livres”.

E “o direito de ir e vir é um direito humano inalienável”, afirma. Para combater tenazmente essa violência, diz Ivânia, “se torna necessário uma articulação com campanhas diárias nas escolas, nas comunidades, nos meios de comunicação, que combatam a cultura machista e patriarcal que não respeita a mulher como um ser de direitos”.

A sindicalista lembra que assédio sexual é considerado crime pelo Código Penal e que “o simples ato de tocar numa mulher sem o consentimento dela pode ser considerado assédio”. Por isso, “devemos brincar o carnaval com alegria e irreverência, mas com respeito à dignidade da pessoa humana”.

Na capital paulista, a prefeitura irá distribuir 50 mil leques orientando ás foliãs sobre o assédio durante o carnaval. O material será distribuido nos blocos da cidade. A campanha #FoliaSemMachismo disponibiliza o telefone do Centro de Referência da Mulher e norteia sobre situações de violência física ou sexual. 


Do Portal Vermelho com CTB

Maurício Pestana: Intolerância religiosa cresce no "pacífico" Brasil

Vivemos um dos momentos mais conturbados da história da humanidade. Um período parecido com o que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, em que nacionalismos e separatismos, bem como conflitos que opunham etnias e religiões, mascaravam as verdadeiras razões políticas e econômicas subjacentes àquela época -como a crise da Bolsa de Valores, de 1929, e a Grande Depressão. Cenários como esses propiciam e potencializam sentimentos de xenofobia, ódio, intolerância e racismo.

Por Maurício Pestana *


Janine Moraes/ MinC
  
No âmbito internacional, as diferenças religiosas têm exacerbado o preconceito em relação aos muçulmanos, induzindo-se a crer que todo o adepto da religião islâmica tem a responsabilidade por ataques terroristas causados por uma minoria radical sem nenhum princípio ético e humanitário, base fundamental de qualquer doutrina religiosa. Exemplo recente é a intensificação do conflito das duas potências petrolíferas no Oriente Médio -Irã e Arábia Saudita- tencionando ainda mais uma região marcada por confrontos de origem religiosa.

A intolerância religiosa e o racismo motivaram e foram pano de fundo para quase todos os conflitos armados que ocorreram no século 20. A morte de mais de seis milhões de judeus, no período sinistro e obscuro da ascensão do nazismo, que perdurou por mais de uma década na Alemanha, é um exemplo claro desse fenômeno.

Historicamente, o Brasil não ficou ao largo desse processo de radicalização e intolerância religiosa. No momento em que o fascismo aterrorizava a Europa, movimentos como o integralismo, que pregava o racismo, ganhava força entre nós. É só lembrar que o candomblé e até mesmo a capoeira, com seus batuques e cantigas, eram proibidos no Brasil até meados do século 20.

Nosso país é dos locais que apresentam a maior diversidade de credos do mundo. Abriga diferentes comunidades religiosas e culturais e é considerado a maior nação espírita e católica do planeta, com a presença de diversas instituições ecumênicas. Aparentemente "pacífico", o Brasil é constitucionalmente laico, sem religião oficial, o que garante a seus cidadãos a liberdade de crença e de expressão.

Ao mesmo tempo, é possível afirmar, contraditoriamente, que, com o aumento da diversidade religiosa, aqui verifica-se o agravamento da intolerância e do racismo. O problema se revela frequente, com relatos de destruição de imagens de orixás, símbolos do candomblé ou de imagens de santos católicos.

Trajar roupas brancas como nos rituais ancestrais às sextas-feiras, como símbolo de quem cultua religião de matriz africana, é visto hoje em certos ambientes em nosso território como uma ofensa. Alguns programas de televisão tratam abertamente as religiões de matriz africana como seitas satânicas do mal.

Também têm sido cada vez mais frequentes os casos de queima de terreiros de candomblé e os relatos de mães de santo que sofrem pequenos atentados a seus seguidores, como o esvaziamento dos pneus de carros estacionados nas proximidades de seus terreiros. É comum, igualmente, a depredação de capelas católicas, sobretudo as localizadas em áreas isoladas, à beira das estradas.

No entanto, há pouca reação contra esse tipo de atentado e discriminação.

Nos últimos meses, a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo (SMPIR) registrou aumento significativo do volume de denúncias de atos de intolerância contra crenças de matriz africana, sendo superado apenas pelos registros de práticas de discriminação em escolas. Pior ainda quando as duas coisas vêm juntas: crianças são discriminadas no ambiente escolar pelas suas vestimentas ou religiões (candomblé, islamismo ou judaísmo). Muitos casos nem sequer chegam ao conhecimento do poder público.

Visando coibir outras atitudes discriminatórias foi sancionada uma lei municipal na cidade de São Paulo, criando o Dia de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro. Por conta dessa data, foi lançado, com a presença do prefeito Fernando Haddad, o fórum inter-religioso, uma iniciativa da SMPIR, que conta com o apoio da secretaria de direitos humanos.

Trata-se do reconhecimento, pelo próprio Estado, da existência do problema. A intolerância religiosa é um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana. E o país, que abriga uma das maiores diversidades religiosa do mundo, tem a obrigação de ser verdadeiramente um exemplo de paz nessa questão.

*Maurício Pestana é Jornalista, escritor e cartunista Atualmente ocupa o cargo de secretario de promoção da igualdade Racial da cidade de São Paulo.

** Título original: Intolerância religiosa e racismo crescem no "pacífico" Brasil


Fonte: Vermelho

Bernie Sanders defende uma economia para os trabalhadores

Direto do Vermelho


Não nos subestime! Discurso do senador Bernie Sanders em Iowa, com cenário de ter metade dos delegados do estado com ele. Sanders fala o quanto a campanha cresceu, saindo do nada em 2015, enfrentando a maior máquina eleitoral mais poderosa dos EUA sem deixar de defender posições avançadas.


Dilma no Congresso: o segundo mandato começa pra valer!

A ida da presidenta Dilma Rousseff ao Congresso Nacional, ontem (2), na abertura dos trabalhos legislativos, foi uma forte indicação de que ela não abre mão das responsabilidades de seu cargo. Foi um gesto de chefe de Estado.
 
Lá estavam, além dela, os presidentes da Câmara dos Deputados, o inefável Eduardo Cunha, do Senado, Renan Calheiros, e do STF, o ministro Ricardo Lewandowski. Isto é, todo o comando institucional do Estado brasileiro. 
 
Ir ao Congresso e lá pronunciar um discurso com um certo balanço da situação atual do governo e do país, indicar maneiras para enfrentar a crise e propor medidas que cabem à Presidência da República e ao Congresso Nacional – esta foi uma atitude de estadista. 
 
A presidenta exerceu ali a liderança que o país espera dela. A atitude humilde de quem propõe o diálogo e manifesta a disposição de ouvir propostas indica a convicção de que a saída que o país busca aponta para a frente, e não para trás, pelo retrovisor, como querem parlamentares da oposição de direita e alardeia a mídia golpista.
 
Reconstruir o rumo do crescimento econômico não será tarefa fácil. Esta dificuldade está clara desde a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ocorrida no dia 28, revelando questões controversas que provocarão acalorados debates até que se chegue a um consenso. 
 
Mas não há recuo possível – para o Brasil avançar será preciso aprofundar o rumo das mudanças e encontrar um novo modelo de desenvolvimento, com geração de emprego e valorização do trabalho. 
 
E rejeitar a paralisia que tradicionalmente os neoliberais e a oposição de direita preconizam. 
 
Não há, nem haverá, volta atrás. Dilma indicou o rumo que ela considera capaz de engendrar as mudanças necessárias. Entre elas a controversa reforma da previdência, que já enfrenta forte resistência de diversos setores, em especial dos trabalhadores. Mas também a aprovação da CPMF, enfatizando seu caráter temporário. 
 
Adiantou ainda mudanças tributárias fundamentais para reforçar as contas do governo. Propôs medidas para modernizar e agilizar o aparelho de Estado. Elas correspondem a um verdadeiro programa de governo e que, para se tornarem realidade, vão enfrentar os interesses da elite conservadora que quer apenas a garantia de pagamento de juros para alimentar a ganância rentista e especulativa. 
 
A presidenta não recuou ante temas espinhosos, como aliás nunca o fez. Falou na luta contra a corrupção e defendeu a realização de acordos de leniência com empresas cujos proprietários e dirigentes são acusados e investigados, para que elas continuem funcionando e mantendo os empregos de seus trabalhadores.
 
Não recuou ao tratar do injusto sistema tributário brasileiro, e referiu-se à necessidade de um novo sistema que seja progressivo, e inclua a necessária tributação dos ganhos de capital e do patrimônio. Isto é, os ricos precisam começar a pagar impostos no Brasil, e esta é uma medida de justiça fiscal que a presidenta vê como muito importante.
 
Dilma indicou a clara disposição para o diálogo, e esta poderá ser a marca de sua passagem pela Presidência da República. Diálogo pelo país, cujos interlocutores sejam as forças vivas da nação, e que aponte para a frente, para o conjunto de mudanças que tiveram início em 2003 e seu governo se propõe a fazer avançar. 
 
E que terá o apoio fundamental das ruas – do povo e dos trabalhadores, que têm marcada uma manifestação em São Paulo, no próximo dia 17, em solidariedade ao ex-presidente Lula e em defesa da legalidade institucional.
 
Uma jornalista descreveu a chegada de Dilma Rousseff ao plenário do Congresso Nacional e relatou a dificuldade que encontrou para se deslocar até a mesa da presidência, tantos eram os deputados e senadores que queriam falar com ela, cumprimentá-la, tirar foto com a presidenta... “Uma cena impensável há apenas 50 dias”, assegurou Cristina Lemos em seu blog no R7. É um sinal importante da conjuntura. 
 
Agora, tudo indica, Dilma poderá ter sossego para dar início, de vez, ao segundo mandato.

Fonte: Vermelho

O clamor da radicalidade: emancipacionismo! Que feminismo é esse?

Atualmente com a grande popularização do feminismo pela mídia, é tempo de refletir sobre nossas bases teóricas, afinal, não existe prática revolucionária sem teoria revolucionária. É tempo de relembrar os ensinamentos deixados por Loreta Valadares (1943–2004), que esteve a frente dos movimentos feministas, através da UBM. A fim de otimizar nossos debates, proponho uma pequena enciclopédia, através de uma breve exposição dos princípios básicos do feminismo emancipacionista.

Por Rosita Schaefer*


Divulgação
Cartaz que integrou série de publicidade soviética pelo empoderamento das mulheres. A frase diz: "O fascismo é o pior inimigo das mulheres"Cartaz que integrou série de publicidade soviética pelo empoderamento das mulheres. A frase diz: "O fascismo é o pior inimigo das mulheres"
"Em verdade, haverá mulher?",

Perguntava-se Simone de Beavouir em 1949. (perceba como faz tempo!). Quando ela escreveu O Segundo Sexo não existia o conceito de "gênero", justamente porque não existiam teorias feministas empenhadas em analisar as origens e os métodos da opressão machista. Isso foi feito só depois, é justamente por isso que seus livros foram um marco para os estudos feministas (e continuam sendo).

Mas afinal de contas, o que é gênero?

Gênero é uma hierarquia entre os sexos. Ele se apoia nas diferenças biológicas entre machos e fêmeas para construir e naturalizar a elaboração social de determinados comportamentos, que levam a um sistema de castas sexuais, no qual existe um grupo explorado (mulheres) e um grupo explorador (homens). Ou seja, ele é uma forma de controlar socialmente os sexos, mais especificadamente, o sexo feminino. Sendo assim, concordamos com Loreta quando ela diz que:

"O gênero passa a ser construído alocando atributos culturais às distinções de sexo, estabelecendo um sistema de valores e práticas que vão criar uma distinção do feminino para o masculino."
 
Podemos então voltar para a pergunta de Beavouir, e trazer completa uma de suas citações mais importantes:
 
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino”
 
Então, precisamos nos emancipar do gênero?

Exato! Isso significa que nossa prática precisa ter como objetivo final a abolição do gênero, ou seja, só acreditamos que uma sociedade será plenamente livre de machismo quando nela também não existirem mais classes que nos dividam. Quando as diferenças raciais também não nos separem. Quando as condições que criaram o gênero não existam mais.
 
"De modo que, assim como para assegurar a eliminação das classes econômicas, é preciso a revolta da classe baixa (o proletariado) e, numa ditadura temporária, a tomada dos meios de produção, assim é preciso a revolta da classe baixa (mulheres) e a tomada do controle da reprodução: a restituição às mulheres da propriedade dos seus corpos, bem como do controle feminino da fertilidade humana (…) Assim como o objetivo final da revolução socialista seria não somente a eliminação do privilégio de classe econômica mas a distinção da classe em si mesma, assim também o objetivo final da revolução feminista deve ser não somente a eliminação do privilégio masculino mas a distinção do sexo em si mesma:diferenças genitais entre seres humanos não mais importariam culturalmente."(FIRESTONE)

 
Nesse mesmo sentido argumenta Loreta:

"Do ponto de vista marxista sobre a questão do gênero, surge o feminismo emancipacionista, que visa a tão somente puxar o fio da radicalidade até o patamar da transformação da sociedade e continuar puxando até o processo de construção de uma nova, em todas as suas etapas, enquanto persistir a força estrutural/cultural[ou dominação-exploração]da opressão de gênero."

 
Como o feminismo emancipacionista analisa a sexualidade?
 
Nesse ponto, creio que a autora Catherine McKinnon conseguiu sintetizar com grande qualidade:

 
“A teoria feminista do poder é a de que a sexualidade é “generizada” e o gênero é sexualizado. Em outras palavras, o feminismo é uma teoria de como a erotização da dominação e submissão cria o gênero, cria mulheres e homens na forma social na qual nós os conhecemos. Portanto, a diferença de sexo e a dinâmica dominação-submissão definem uma à outra. O erótico é o que define o sexo como desigualdade e, por isso, como uma diferença significativa. Isso é, na minha visão, o significado social da sexualidade, e a consideração distintamente feminista da desigualdade de gênero.
(…)
A sexualidade é para o feminismo o que o trabalho é para o marxismo: aquilo que mais nos pertence, e o que mais nos é tomado. Assim como a expropriação organizada do trabalho de alguns para o benefício de outros define classe e trabalhadores, a expropriação organizada da sexualidade de algumas mulheres para o uso de outros define sexo e mulheres.”

 
Como o feminismo emancipacionista encara as diversas relações entre as opressão, concebendo suas contradições? (racismo-patriarcado-capitalismo, etc)

"um imperativo materialista: essas relações — gênero, “raça”, classe — são relações de produção. Nelas, entrecruzam-se exploração, dominação e opressão." (KERGOAT)

 
As relações sociais são consubstanciais.O que isso quer dizer? Pode ser entendido como: unidade de substância. Ou seja, o termo expressa o que todas essas relações tem comum: a sua própria essência. Dizendo assim, reconhecemos que nossa luta é pela abolição da propriedade privada. É nesse sentido que afirma Engels, em seu livro A origem da família, da propriedade privada e do Estado:

“ O primeiro antagonismo de classe que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia e a primeira opressão de classe coincide com a opressão do sexo feminino pelo sexo masculino.”
 
A importância em se perceber a heterogeneidade da classe não está no reconhecimento das especificidades que nela existem, como geralmente as pessoas pensam. Trata-se de analisar, por exemplo, que as discriminações do sexo no trabalho não são uma especificidade das mulheres mas ‘elementos fundamentais que estão na base da dominação da classe operária’ (Souza-Lobos). Muitas vezes falamos de "classe" como conceito abstrato, e nos esquecemos: quem são as pessoas que compõe a classe trabalhadora? Segundo relatórios mais recentes da ONU, 70% das pessoas mais pobres do mundo são mulheres. A classe trabalhadora tem corpo, ela é real, ela tem raça também. Até porque “a força de trabalho que se vende é indissociável do corpo que a porta, e as suas formas de apropriação e exploração estão definidas não só pelas relações de classe como também de “raça” e de gênero (ÁVILA)"

"Mas o fato de as relações sociais formarem um sistema não exclui a existência de contradições entre elas: não há uma relação circular; a metáfora da espiral serve para dar conta do fato de que a realidade não se fecha em si mesma." (KERGOAT)
 
Muitas vezes, as pessoas tendem a ver as relações como superpostas (ou seja, se acumulando umas em cima das outras, de maneira quantitativa), na esperança de não perder nenhuma forma de opressão. Porém, nessa busca, quase sempre caem no erro de não conceber a dinâmica das relações sociais (ou seja, a dialética), transformando as opressões em eixos estáticos e estruturas desconectadas. Para não cair nesse erro, nós usamos a metáfora do nó:
 
“O nó, formado por estas três contradições, apresenta uma qualidade distinta das determinações que o integram. Não se trata de somar racismo + gênero + classe social, mas de perceber a realidade composta e nova que resulta desta fusão. (…) Não se trata de variáveis quantitativas, mensuráveis, mas sim de determinações, de qualidades, que tornam a situação destas mulheres muito mais complexa.” (SAFFIOTI, 2004).
 
Habitualmente, a questão do feminismo é encarada como um “problema das mulheres”, assim como o racismo um “problema dos negros”, o que acaba impedindo o avanço da consciência de classe, que precisa ser uma consciência feminista e antiracista. “Essa perspectiva permite, ainda, que as discriminações não sejam mais atribuídas aos sujeitos específicos [mulheres, negro(as),], mas, sejam consideradas problemas de toda a classe.” (CISNE)
 
O que é o trabalho reprodutivo?

Engels foi o primeiro a afirmar categoricamente que a primeira divisão social do trabalho é a que se fez entre o homem e a mulher para a procriação dos filhos. A propriedade privada surge nesse contexto.


"(…) portanto, está dada a propriedade, que já tem seu embrião, sua primeira forma, na família, onde a mulher e os filhos são escravos do homem. A escravidão na família, ainda latente e rústica, é a primeira propriedade, que aqui, diga-se de passagem, corresponde já à definição dos economistas modernos, segundo a qual a propriedade é o poder de dispor da força de trabalho alheia. Além do mais, divisão do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas — numa é dito com relação à própria atividade aquilo que, noutra, é dito com relação ao produto da atividade" (ENGELS, A origem da família, da propriedade privada e do Estado)

 
Porém, engana-se quem pensa que o "trabalho reprodutivo" se limita ao ato de parir crianças. Podemos entender o trabalho reprodutivo como sendo o trabalho dispendido para recompor uma força de trabalho. Por exemplo, o pai de família (patriarca) precisa ter suas roupas limpas, jantar na mesa, casa arrumada, enfim, todas as necessidades básicas para estar na manhã seguinte em seu escritório, cumprindo sua extensa jornada de trabalho. Ele também não tem tempo para levar seus filhos para a escola, ou para cuidar dos idosos da família. Tudo isso é sempre trabalho de sua esposa.
Pôster soviético idealizado por Alexander Rodchenko e Lilia Brik (que aparece na foto) para incentivar a leitura
E observem que interessante: quando a sociedade começou a se organizar em torno do salário, da maneira como conhecemos hoje no sistema capitalista, o trabalho executado pelas mulheres em casa não foi levado em consideração. Ou seja, com o advento da inclusão das mulheres no mercado de trabalho, agora estamos submetidas a fazer dupla jornada de trabalho (e muitas vezes tripla), isso sem receber salário pelo trabalho doméstico. Tudo isso constitui o trabalho reprodutivo. É importante notar também que, ao percebermos como as mulheres são sugadas para manter o sistema capitalista funcionando, também estamos combatendo a visão economicista sobre a questão da mulher, que erroneamente é atribuído a Marx e Engels:
 
"(…) segundo a concepção materialista da história, o fator que, em última instância, determina a história é a produção e a reprodução da vida real. Nem Marx nem eu afirmamos, uma vez se quer, algo mais do que isso. Se alguém o modifica, afirmando que o fator econômico é o único fato determinante, converte aquela tese numa frase vazia, abstrata e absurda."
 
Sendo assim, aqui temos explícito outra base na qual o feminismo emancipacionista se situa: a divisão sexual do trabalho. Precisamente como formulou Loreta:
 
Na compreensão de que à divisão sexual do trabalho entrelaça-se a divisão social do trabalho e que mulheres e homens irão participar de modo desigual da produção e da reprodução (VALADARES)

 
Desta forma, sustentamos que a tese do feminismo emancipacionista fala por si mesma: emancipar as mulheres para emancipar a sociedade, e emancipar a sociedade para emancipar as mulheres. Os ensinamentos de Loreta Valadares ainda são muito atuais, e são base fundamental para que nós, feministas que estamos encarando novas questões de nossa geração, saibamos elaborar uma resposta que vá na raiz do problema: ou seja, a propriedade privada, em todas as suas formas. Afinal de contas, assim como Loreta, concordamos que “(…) mesmo tendo sido derrotado em sua primeira experiência histórica, o socialismo é, ainda o único projeto capaz de abrir passagem ao processo que vise fim das discriminações de gênero, de raça e de classe".
 
Referências Bibliográficas:

BEAVOUIR, Simone. O Segundo Sexo, Nova Fronteira, Fio, 1980.
VALADARES, Loreta. “A visibilidade do invisível” in: Presença da Mulher, Anita Garibaldi, SP, 1998.
ENGELS, F. “A origem da família, da propriedade privada e o estado” , Expressão popular, 2010, tradutor: Leandro Konder
FIRESTONE, Shulamith. A dialética do sexo: Um Estudo da Revolução Feminista (1976), EDITORA LABOR DO BRASIL.
MACKINNON, Catherine. Feminism Unmodified: Discourses on Life and Law. Harvard University Press, 1987.
CISNE, Mirla. Feminismo, Luta de Classes e Consciência Militante Feminista no Brasil. Tese de doutorado em Serviço Social defendida na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro: UERJ, 2013. 409 f.
 

*Rosita Schaefer é militante da UBM e da UJS

"Crise se supera com união", afirma Dilma em Uberlândia

A presidenta Dilma Rousseff participou nesta quinta-feira (4) da inauguração de uma fábrica de cervejas da Ambev, em Uberlândia (Minas Gerais). Durante o discurso, a presidenta destacou que o momento é de união e voltou a falar da importância do combate ao mosquito Aedes aegypti. A nova fábrica de bebidas recebeu R$ 770 milhões de investimentos e está empregando diretamente 480 trabalhadores.


Agência Brasil
População foi saudar a presidenta Dilma na sua chegada a UberlândiaPopulação foi saudar a presidenta Dilma na sua chegada a Uberlândia
"Nós sabemos que enfrentamos dificuldades. Nós tivemos um ano de 2015 bastante desafiador e nós, agora, estamos buscando transformar o ano de 2016 no ano da retomada do crescimento. Nós temos toda uma estratégia para este momento", afirmou Dilma.

E completou: “Numa crise você pode usar de todos os seus esforços para superar desafios, encontrar novos caminhos e enfrentar de novas formas os problemas. E é nesse aspecto que ela [a crise] não pode ser desperdiçada. Por isso, temos uma série de propostas no campo tributário, de regulação e, principalmente, da Previdência e do ambiente de negócios para o Brasil”.

De acordo com a presidente, "uma crise é algo muito doloroso para ser desperdiçado. Ela também afirmou que as dificuldades que o Brasil enfrenta são "momentâneas" e, ao investir, a Ambev mostra saber disso.

Combate ao mosquito

Reforçando o discurso feito em pronunciamento em rede nacional nesta quarta (3), Dilma voltou a pedir o esforço da população no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. Ela saudou a iniciativa da Ambev que criou uma campanha que será feita junto a sua "imensa estrutura, de bares e restaurantes", para se dedicar ao tema.

A presidenta salientou que o governo está atuando para garantir a produção de uma vacina, que ainda não existe. "Por isso, nós temos de tomar medidas para detectar onde tem água parada", enfatizou ela, reafirmando que o combate ao mosquito é complexo e exige o engajamento de toda a população.

Carnaval

Dilma também aproveitou para desejar um bom carnaval a todos os brasileiros. Para ela, a festa popular marca um período de "imensa celebração" e "alegria" para o país, mas pediu o consumo consciente de bebidas alcoólicas e cuidado nas estradas.

"Seja na sua casa, em viagem, na praia, nas ruas ou nas festas, espero que todos possamos assistir a esta verdadeira celebração da vida representando a segurança nas estradas. Quando dirigir, não beba. Use táxi ou outra forma, como bicicleta ou caminhe. Acho que temos de defender o consumo consciente e extremamente responsável de bebidas", declarou.
 

Do Portal Vermelho, com informações da NBR

VOTAÇÃO DO PLS 555 ADIADA PARA 15 DE FEVEREIRO

VOTAÇÃO DO PLS 555 ADIADA PARA 15 DE FEVEREIRO
Sindicato dos bancários de Itabuna relaizou manifestação ontem (03/2) contra o PLS 555
Mais uma prova da importância da mobilização contra os avanços da direita. O Dia Nacional de Luta em Defesa das Empresas Públicas, ontem (3), somado às diversas ações realizadas desde o início da semana, resultou em novo adiamento da votação do PLS 555, o Estatuto das Estatais, que coloca em risco as empresas públicas brasileiras. A pressão sobre os parlamentares surtiu efeito, mas a ameaça continua, já que o projeto volta para pauta no próximo dia 15.  Em Itabuna, a manifestação se concentrou em frente à Caixa Grapiúna, na Avenida Cinquentenário.

  O PLS 555 era o primeiro ponto da pauta de votação do Senado nesta quarta, mas foi retirado com previsão de voltar ao debate no dia 15 de fevereiro. Até lá, um grupo de técnicos do Senado e lideranças de partidos deverão apresentar substitutivo ao projeto.

  A coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa, Maria Rita Serrano, revela que a elaboração de um substitutivo foi assegurada após reuniões com a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e com Roberto Requião (PMDB), na terça 2, em Brasília. “Entregamos aos técnicos do Senado todas as questões que consideramos prejudiciais às estatais e aos trabalhadores. Mas não dá para assegurar que esses pontos serão atendidos e, mesmo que tudo seja acatado e aprovado, haverá uma nova votação na Câmara. Então temos de manter a mobilização.”

  O movimento sindical defende que seja retirada a obrigatoriedade de estatais, como Caixa e BNDES, tornarem-se sociedades anônimas. Os trabalhadores também querem que caia o veto à participação de pessoas ligadas a sindicatos (inclusive sindicalizados) nos conselhos de administração e nas diretorias das estatais, além do fim da imposição de mudanças na composição acionária das empresas.

  Para o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza, foi uma vitória importante, "mas conseguimos apenas adiar a votação. Temos que intensificar a mobilização mesmo durante o carnaval para forçar o arquivamento do PLS 555”, afirmou.
Envie mensagens –  A orientação do movimento Sindical é que seja enviada mensagem a todos os senadores pedindo que vote contra o projeto. No assunto escreva #NãoAoPLS555.

Entenda o debate – Foi a segunda vez que a pressão dos trabalhadores evitou a votação do PLS 555. A primeira foi no final de 2015, no último dia de sessão no Senado.
O PLS 555 é junção dos PLSs 167 e 343 – cujos autores são, respectivamente, os senadores tucanos Tasso Jereissati e Aécio Neves – e do anteprojeto apresentado pelos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB.

Site – Mais informações sobre a luta contra o PLS 555 estão no www.diganaoaopls555.com.br.    

Fonte: SP Bancários e Feeb Ba/Se