sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Quem são os brasileiros com contas secretas no HSBC?

 Investigações apontam 8,6 mil nomes do país que cometeram crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, movimentando R$ 20 bilhões na agência do banco na Suíça.


Por Adriana Delorenzo, Portal Forum


Apelidado por internautas brasileiros de “Suiçalão”, o escândalo envolvendo o HSBC trouxe à tona práticas do mundo financeiro para que clientes possam ficar livres de impostos e lavar dinheiro. O “SwissLeaks” mostrou que 100 mil contas bancárias ilegais movimentaram mais de US$ 100 bilhões entre 1998 e 2007 no HSBC da Suíça. Dessas, 8.667 seriam de brasileiros. Mas quem são eles?

O primeiro nome pode ser de Robson Tuma, segundo o jornalista Luis Nassif. Isso porque na lista do HSBC “aparece o endereço Avenida Cauaxi 189, ap 203, Alphaville, Barueri”. O local consta na declaração de bens pública do ex-deputado federal.

Edmond Safra, do Banco Safra, e a família Steinbruch, dono da Vicunha e da CSN, são outros nomes. Segundo Miguel do Rosário, “Steinbruch foi o principal comprador da Vale, privatizada no governo FHC”. O banco Safra “foi o banco usado pela Globo para comprar os dólares que enviaria às Ilhas Virgens Britânicas, quando se envolveu naquela ‘engenhosa operação’ para adquirir os direitos de transmissão da Copa de 2002 sem pagar os devidos impostos”.

Fernando Rodrigues, do UOL, aponta que “11 pessoas ligadas ou citadas de alguma forma no escândalo da Operação Lava Jato mantiveram contas na filial suíça do banco britânico HSBC”. Entre os nomes divulgados por Rodrigues estão o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator na Operação Lava Jato e que já havia revelado ter mantido valores no HSBC, oito integrantes da família Queiroz Galvão, o empresário Júlio Faerman (ex-representante da holandesa SBM) e o doleiro Henrique Raul Srour.

UOL teve acesso aos nomes brasileiros, porém só divulgou os envolvidos na Operação Lava Jato. O site diz que vai noticiar aqueles “que tiverem interesse público, e, portanto, jornalístico” ou os que se possam provar “que existe uma infração relacionada ao dinheiro depositado no HSBC na Suíça”. A justificativa para a escolha tem sido criticada nas redes sociais.

Para o cientista político Antonio Lassance, o caso do HSBC “tem merecido apenas notas de rodapé do cartel de mídia aqui presente”. “Como na época da ditadura militar, sabemos detalhes do escândalo mais pela mídia internacional do que pelo cartel midiático que nos habita. A mídia que achincalha a Petrobras protege indecorosamente o HSBC e os barões ladrões por trás desse grande escândalo financeiro”, argumenta.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) protocolou solicitação de esclarecimentos e providências no Ministério da Justiça (MJ), pedindo a investigação de todos os brasileiros envolvidos com contas secretas do HSBC. Para ele, a mídia não tem interesse no SwissLeaks.

Vale lembrar que a lista de clientes internacionais traz o grupo de mídia Clarín, da Argentina, além de nomes vinculados a governos autoritários e tráfico de armas. A investigação foi revelada pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) baseada no vazamento de 60 mil arquivos. Foi o ex-funcionário do HSBC Herve Falciani quem forneceu o material a autoridades francesas, até que o jornal Le Monde o compartilhou com o ICIJ que reúne 140 jornalistas de 45 países.

Para Carlos Cordeiro, presidente da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), “não é a primeira vez que o HSBC está envolvido nesse tipo de operação, já esteve envolvido nos Estados Unidos, no México. Isso só traz à tona o submundo do sistema financeiro, onde várias empresas e pessoas se escondem. Seria muito importante para toda a sociedade que houvesse um esclarecimento dessa situação, e que aqueles que pousam de éticos, de justos, pudessem sair debaixo dessa podridão que são esses porões do sistema financeiro e, de fato, mostrar a sua face. É por isso que a gente, inclusive, necessita de uma regulamentação do sistema financeiro, não só no Brasil, mas no mundo, para que, de fato, ele possa ser transparente e estar a serviço da sociedade, e não dos grandes empresários e dos grandes rentistas”.

Miguel do Rosário aponta um escândalo revelado também pelo ICIJ, anterior ao vazamento do HSBC, que mostrou a existência de milhares de contas secretas em paraísos fiscais das Ilhas Virgens Britânicas, Cingapura e Ilhas Cook. Entre elas, estão 50 nomes de brasileiros. “Não se trata especificamente do caso HSBC, mas é sonegação do mesmo jeito. Na verdade, é um caso ainda pior”, afirma.

Saul Sabbá aparece entre os brasileiros, com conta secreta ligada à offshore Maximizer International Bank S.A. Sabbá é dono do banco Máxima, que deu consultoria a FHC na privatização da Vale e da CSN.

Outro nome é Chaim Zalcberg, que já foi preso pela Polícia Federal, em 2012, na Operação Babilônia, suspeito de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, e esteve envolvido no caso do Banestado.

Veja o mapa da lavagem de dinheiro feito por Martin Grandjean.

(Colaborou: Anna Beatriz Anjos)


Fonte: Vermelho

Jorge Hereda defende Caixa pública

A luta contra a abertura de capital da Caixa ganhou um importante aliado. Prestes a deixar a presidência do banco, Jorge Hereda, afirmou ser contrário à proposta levantada pelo governo federal no fim do ano passado.
 
A declaração ocorreu no mesmo dia em que a Caixa divulgou lucro líquido em 2014 de R$ 7,1 bilhões, aumento de 5,5% quando comparado com 2013. O acréscimo nos ganhos mostra que é possível manter a instituição 100% pública.
 
Hereda acredita que “cabe” no Brasil um banco totalmente público, principalmente no momento de crise econômica. O presidente lembrou que a Caixa é responsável pela elaboração e execução de políticas anticíclicas, em contraponto aos bancos privados. 
 
No dia 27, os sindicatos de bancários de todo o país realizam manifestações e paralisações em defesa da Caixa. O movimento sindical tem chamado a atenção para os prejuízos que a medida pode trazer para empregados da empresa e também a população, sobretudo os mais pobres.
 
A modificação na presidência da Caixa está prevista para acontecer na segunda-feira (23/02). Quem assume a vaga de Jorge Hereda é a ex-ministra do Planejamento, Miriam Belchior. 

Fonte: O Bancário

Justiça da Suíça ordena buscas no HSBC

Enquanto no Brasil, parlamentares e imprensa fazem silêncio sobre o escândalo do HSBC, que tem nomes de 8.667 brasileiros milionários, com depósitos sem origem comprovada, a Procuradoria da Suíça toma atitude e acaba de ordenar buscas no banco inglês.  
 
A organização financeira foi denunciada por facilitar a sonegação de impostos de cerca de 100 mil clientes. A ação fraudulenta teria causado um rombo de R$ 300 bilhões com evasão de divisas em diversos países.
 
O Brasil tem a quarta maior carta de clientes envolvidos no escândalo de sonegação. O rombo estimado aos cofres públicos do país é de R$ 20 bilhões. A Receita Federal informou que teve acesso à parte da lista dos titulares de contas e pretende apurar as operações ocorridas entre 2006 e 2007.
 
A estratégia do HSBC ajudou sonegadores e até criminosos condenados por escândalos financeiros e tráfico de drogas omitirem milhões de dólares em investimentos por meio de distribuição de produtos bancários não identificados.
 
As denúncias mostram que o banco permitia que os clientes retirassem maços de dinheiro em moedas estrangeiras e não em Marco Suíço, o que caracteriza o crime de sonegação de imposto. 

Fonte: O Bancário

O Globo mente em manchete para sacralizar Moro

  

A manchete da página três de O Globo desta quinta-feira (19), "Moro denuncia ‘interferência’ ", é mentirosa. Para desmascará-la não é preciso muito esforço: basta ler a própria matéria. Os demais jornalões e veículos da mídia hegemônica, com poucas nuances, repetem a mesma mentira. 


A manchete de O Globo diz que Moro “denuncia interferência”. A interferência em questão seria a reunião de advogados de presos na operação Lava a Jato com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso. Mas a própria matéria informa que o juiz Moro declarou que a reunião foi, em sua opinião, “uma indevida, embora malsucedida, tentativa dos acusados e das empreiteiras de obter uma interferência política em seu favor”. Ou seja, o que Moro denunciou foi o que ele considera “uma tentativa de interferência”, que ele mesmo confessa ter sido malsucedida. Aí cabem duas indagações. O que leva um juiz a se queixar publicamente de uma interferência que não existiu, usando para isso um despacho que, em tese, só deveria tratar de assuntos ligados diretamente ao processo? A segunda indagação é: qual o objetivo de O Globo e da mídia hegemônica ao repercutir uma notícia tão destituída de conteúdo?

Ação combinada

Fica clara a existência de uma ação combinada. Talvez não explicitamente, mas tacitamente. O juiz divulga um documento onde aborda, no despacho de um processo (!), temas da conjuntura política, citando inclusive as declarações do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa contra o Ministro Cardoso. A mídia hegemônica repercute dando a falsa impressão ao público de que o juiz Sérgio Moro é um paladino da justiça, que resiste às pressões do “poder”. Está construída uma armadura emocional em torno do juiz, indubitavelmente no papel de um super-herói, e super-heróis não erram. A ação combinada para a construção do mito é um (mau) sinal de que os rumos da Operação Lava a Jato parecem estar traçados a priori, independente de detalhescomo a verdade e a justiça. Detalhes que podem ser ignorados por quem tem superpoderes. Defender a democracia é fundamental neste momento, pois golpe não se faz apenas com tanques. Membros do poder público, representando interesses reacionários em postos chaves do estado, em determinados momentos históricos, são instrumentos mais eficazes. E ficam extremamente envaidecidos por fotos coloridas em páginas nobres de jornais convenientes.

Mídia hegemônica quer a volta da ALCA

Como a nossa mídia hegemônica é monolítica, não é coincidência o fogo cerrado que tem sido feito tentando pressionar o governo Dilma a renunciar a uma política externa soberana. Para os capachos de sempre é fundamental, por exemplo, ressuscitar a ALCA, o que já é proposto abertamente. Em editorial desta quarta-feira (18) o jornal O Estado de S. Paulo é explícito. Para o veículo, é preciso negar o “terceiro-mundismo instalado no governo em 2003, início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. O Estadão usa, principalmente, argumentos no campo econômico para justificar sua posição: “Chile, Colômbia e México, assim como o Canadá, têm acordos de livre-comércio com os Estados Unidos, a maior economia do mundo”. Segue o mantra: “O Brasil continua fora desse clube. A decisão foi tomada pelo presidente Lula, quando resolveu, com o colega Néstor Kirchner, impedir a formação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca)”. O jornal gasta longas 125 linhas para defender o “abandono do legado diplomático” do presidente Lula. O professor Marcelo Pereira Fernandes, doutor em economia pela UFF e professor da UFRRJ, precisou de apenas vinte para humilhar oEstadão, em contribuição exclusiva ao Notas Vermelhas.

Marcelo reduz a pó argumentos do Estadão

Com a palavra o professor Marcelo Fernandes: “em 1994, quando a ALCA foi anunciada, a hegemonia dos Estados Unidos era avassaladora. A abertura comercial e financeira dos países entrava no rol das políticas neoliberais que estavam sendo executadas com afinco na América Latina. Em 2005, quando a ALCA foi enterrada, a conjuntura política e econômica era outra. Os Estados Unidos já não desfrutavam de tamanha hegemonia, o neoliberalismo fracassara como modelo de desenvolvimento e as duas principais economias latino-americanas, Brasil e Argentina, já não eram governadas por autoridades subservientes como nos anos 1990. Vale lembrar que no governo Fernando Henrique foi registrada uma das maiores humilhações da diplomacia brasileira quando em 2002 o ministro das relações exteriores, Celso Lafer, foi obrigado a tirar os sapatos em aeroportos norte-americanos em três ocasiões, em uma delas justamente quando buscava resolver um conflito comercial sobre exportações siderúrgicas. Evidentemente, a não concretização da ALCA não teve qualquer efeito negativo sobre o Brasil que tanto a mídia alardeava. Por outro lado, durante o governo Lula o Brasil buscou diversificar seu comércio externo melhorando suas relações na África e Ásia e fortalecendo seus laços na América Latina. Esta política foi importante para mitigar os efeitos da crise financeira de 2008. De fato, o Brasil saiu-se razoavelmente bem da crise. O México, incrivelmente citado como exemplo pelo Estadão, no auge da crise em 2009 viu seu PIB retrair 4,7%. No Brasil o recuo foi de 0,3%. Em 2012 o Investimento Externo Direto no Brasil foi de US$ 76 bi. E no México??? US$ 15,5 bi! O México vive uma crise estrutural, econômica e social sem paralelo com o Brasil. Quando o Estadão usa o México como exemplo, só nos dá uma amostra do que tem em mente como projeto de nação”.

Colabore com o Notas Vermelhas: envie sua sugestão de nota ou tema para o email wevergton@vermelho.org.br 

Reforma política e a consciência das massas

Um consenso entre aqueles que preocupam-se, sinceramente e não só em palavras, com o aprofundamento da democracia e da justiça social no Brasil, é a necessidade de elevar o nível de consciência política das massas. Para favorecer este objetivo é fundamental uma reforma política de sentido progressista.

Alguns pontos nodais devem ser defendidos, a começar pelo financiamento público das campanhas. Ao argumento de que o “povo pagará está conta” responde-se com o óbvio: o povo já paga uma conta, e alta, por ter parlamentares que devem satisfação não aos seus eleitores, mas aos financiadores de suas campanhas. Aliás, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) já considerou que o financiamento das campanhas por empresas é inconstitucional. Infelizmente, antes de a votação ser concluída, já com a maioria dos ministros tendo votado pela inconstitucionalidade, o ministro Gilmar Mendes pediu vistas ao processo e o engaveta há mais de dez meses. Tal atitude fere as mais comezinhas práticas republicanas. Um ministro, por discordar ideologicamente de uma decisão do colegiado, simplesmente impede que a votação seja concluída. O que seria motivo de escândalo – uma chicana feita na maior corte da nação – passa quase incólume pela blindagem da mídia empresarial. No entanto, o financiamento público das campanhas continua na pauta e é defendida por entidades como a OAB, CNBB, entre dezenas de outras reunidas na Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas.

Outro ponto que consideramos nodal é o voto em lista pré-ordenada. Tal medida seria um importante passo para buscar vencer o personalismo que marca atualmente a batalha eleitoral. O eleitor não é motivado pelo programa ou pela ideologia do candidato, itens que na maioria dos casos sequer são considerados no momento em que vai se decidir o voto, o que faz prevalecer, muitas vezes, o sufrágio em troca de favores meramente corporativos, pessoais ou até mesmo mercantis. Ao fazer campanha para uma lista pré-ordenada, por um lado os partidos terão que deixar mais claras suas opções programáticas e ideológicas e por outro lado o eleitor necessariamente terá que ter em conta estas opções para definir sua adesão.

Uma reforma política de sentido progressista não pode proibir o direito à coligação. Tal proibição seria afrontar abertamente a diretriz primária de se respeitar a liberdade de organização partidária. Ora, desde o advento dos modernos partidos políticos é inegável o direito de concertar coligações, eleitorais ou não, tendo em vista objetivos comuns. Tal proibição, proposta em nome da “moralização da política” mal esconde seu objetivo de manietar a democracia, reduzindo a representação parlamentar a três ou quatro grandes partidos, o que também é o objetivo perseguido ao se propor cláusula de barreira e voto distrital. As forças do campo democrático que porventura defendam estes pontos caem em nítida contradição: não é possível aprofundar a democracia, limitando-a.

Portanto, financiamento público, voto em lista pré-ordenada, preservação da liberdade de organização partidária, com direito à coligação, sem cláusula de barreira e com voto proporcional são os pontos centrais de uma reforma que efetivamente contribua para o avanço da consciência política das massas.


Fonte: Vermelho

"Antes direito universal, saúde é transformada em produto", diz Frei Betto

A mercantilização de todas as dimensões da natureza e da vida, inclusive da saúde, que de direito universal e dever do estado está sendo alçada à condição de produto - como um carro, que compra quem pode - e o papel a que se presta a Ciência cada vez mais afinada com o lucro estiveram no centro da palestra O profissional humanitário.

Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, foi protagonista de uma concorrida palestra, parte do simpósio Programa Mais Médicos, Perspectivas e Opiniões, que a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), realizou na semana passada para debater avanços e desafios do programa federal

Durante cerca de meia hora, no final da manhã da última quarta-feira (11), o teólogo, escritor e comentarista da Rádio Brasil Atual falou para professores, gestores, estudantes, agentes de saúde, usuários do SUS, médicos cubanos e de outras nacionalidades.

Convidado pela organização para falar sobre como deveria ser, ao seu ver, o "profissional humanitário", ele não poupou nem a incompetência do governo federal em comunicar o que considera ser talvez a melhor e mais revolucionária de suas ações: justamente o programa Mais Médicos.

Sua crítica dura, porém com ternura, abordou os "descaminhos" da ciência moderna, seu principal produto, a medicina, e seus subprodutos - entre eles, os médicos.

Acompanhe, a seguir, a transcrição dos principais pontos de sua reflexão:

Profissional mercantilista

O profissional humano não se antagoniza com o desumano. Desumano é o doutor Leandro Boldrini, do Rio Grande do Sul. Esse é um médico desumano porque se casou com uma mulher rica, teve um filho, essa mulher faleceu, ele ficou viúvo, se casou novamente e decidiu assassinar o filho de 11 anos para ficar com a herança que esse menino receberia da mãe. Esse é um profissional desumano. Talvez dos mais exemplares de até onde a nossa mentalidade neoliberal leva profissionais com nível superior a agir em função de interesses monetários. Um pai assassina o único filho, com a conivência da madrasta. Há agora na Justiça a desconfiança de que ele teria assassinado a mulher, que é muito mais rica que ele.

O profissional humano - ou humanizado - tem como polo antagônico não este desumano Boldrini, mas o profissional mercantilista. Ou seja, se fizermos um balanço dos três grandes períodos da história do ocidente - medieval, moderno e pós-moderno - veremos que o que caracteriza cada período é o seu paradigma; tudo gira em torno do seu paradigma, mesmo que a gente não tenha ideia da sua existência. Na idade média, era a religião; tudo girava em torno da religião, inclusive o diagnóstico das doenças. É coisa do pecado, do demônio; precisa de muita água benta, muita "benzeção".

Veio a modernidade e o paradigma se deslocou da religião para a razão e suas filhas diletas: a ciência e a tecnologia. Somos a última geração moderna. A cultura, os valores, são em decorrência de estarmos vivendo algo que nossos avós não viveram. Eles viveram mudanças; nós, algo mais profundo. A última geração que viveu algo como nós estamos vivendo foi de Leonardo Da Vinci (1452-1519), René Descartes (1596-1650), Nicolau Copérnico (1453-1543), Galileu Galilei (1564-1642), viveram o que estamos vivendo hoje: uma mudança de época. Qual será o paradigma do pós-moderno?

Submissão ao mercado

Ainda é cedo para saber. Mas o receio é que não seja a razão, nem a religião, e sim o mercado. A radical mercantilização de todas as dimensões da natureza e da vida. E aí entra o exercício da medicina. No século 20, ao se submeter a fins lucrativos, políticos, militares e racistas, sobretudo nas duas grandes guerras, a ciência se sujeitou a interesses antiéticos e desumanos e se separou do humanismo.

Permitiu o crescimento dessa mentalidade neoliberal, que é filha do capitalismo, de que a natureza, as relações, tudo está em função da obtenção privada do lucro. A ciência passou a ter um valor em si e isso trouxe consequências terríveis, desde o uso da energia nuclear na destruição de Hiroshima e Nagasaki até os agrotóxicos, talvez a causa do crescimento espantoso do câncer em nosso país.

Talvez estejamos ingerindo um nível muito superior que o nosso organismo suporta. Os transgênicos, cuja pesquisa não esta concluída, e outras pesquisas separadas de qualquer princípio ético e independente da consideração com a vida humana, desde que isso traga lucro.

Hoje enfrentamos algo mais preocupante: a retirada da saúde como direito universal. Esse produto da ciência, para mercadoria, um produto igual a um carro. Quem não tem dinheiro para comprar um carro, anda de ônibus. O carro é um produto, não um direito universal. O estado não precisa se preocupar que todos tenham um automóvel, como que tenha saúde e educação.

Me lembro de Zé Alencar (José Alencar, vice-presidente de Lula) dizendo na TV que tinha entrado num pet scan (aparelho de diagnóstico por imagem de última geração) no Sírio-Libanês... Até pensei que era pet de cachorro. "Quem dera que todo brasileiro pudesse entrar num pet scan", disse ele. E eu fiquei pensando: que bom que todo brasileiro não precisasse de médico e hospital porque tem saneamento, educação.

O Padim Ciço (Padre Cícero Romão Batista) tem fama de santo porque ensinava a população a lavar a mão depois de defecar. E assim a mortalidade começou a ser drasticamente reduzida naquela região, por ensinar noções de higiene, e as crianças não morriam mais por bobagem.

Medicina que não trata

A medicina não trata as pessoas. O paciente diz ao médico: "Doutor, estou com 'uma puta' dor de barriga." O médico: "Vou te dar remédio para a dor de estômago, fantástico, mas tem como efeito colateral uma dorzinha de cabeça, mas vai curar a dor de barriga." No outro dia, o paciente vai a outro posto, reclama da dor de cabeça e recebe remédio que ataca o estômago... É como o dentista, que cuida de uma parte do dente. Antes, cuidava do lábio à garganta. Hoje, tem o da gengiva, o da coroa...

A gente não trata das pessoas. É preciso criar uma cultura profissional para que a pessoa seja tratada na sua totalidade. É a chamada bioética holística, que deve adequar a pessoa no seu contexto. Texto, contexto, pretexto valem também pra saúde, assim como para a literatura. Quando se conhece a pessoa, o ambiente e contexto em que ela vive e as razões de seus problemas, fica mais fácil tratar.

Ou seja, é essa beleza que vocês (do Ministério da Saúde e do MEC) apresentaram aqui e que o governo não sabe comunicar... Eu fiquei aqui pensando "como o governo é ruim de comunicação".

É muito ruim. E ainda paga para a televisão divulgar propaganda do governo sendo que pela Constituição o sistema radiotelevisivo na Brasil é propriedade do governo federal. Pode se entender um negócio desses? É concessão pública. O governo paga para divulgar informação de utilidade pública...

Mas voltando, há os agentes comunitários de saúde... Se a dona Maria ficar doente e tiver pouco tempo para ser atendida num consultório, vai ficar pior ao perceber o médico está olhando para a porta, para o próximo atendimento, para o relógio, porque precisa sair para almoçar, pegar o filho na escola.. E a dona Maria não vai poder contar o que precisava contar, como poderia contar para um agente de saúde.

Os agentes vão dar uma retaguarda tal que, quando a dona Maria entrar, mesmo que a consulta seja rápida, ela sabe que foi bem acolhida, tratada, porque o médico já sabia, pelos agentes, qual é o seu problema. Isso é que é fundamental.

Morte

O homem tem defeito de fabricação e prazo de validade - menos o Sarney. O fato é que colocamos a morte como antagonista da vida. E estamos criando uma nova síndrome, que é a 'síndrome do pânico da velhice'. Quando falo no aeroporto que sou velho, as pessoas se assustam. Tenho de falar que sou seminovo, como o carro. Porque nós 'clandestinizamos' a morte. Antigamente tinha choro, vela, fita amarela, luto, missa de sétimo dia, rito de passagem. Hoje a criança não vai ao velório, cremação, enterro de um avô, de um ente querido. O adulto, para ela, foi abduzido, sequestrado por um disco voador.

Ao colocarmos a morte como antagônica à vida, estamos colocando medo da velhice. A morte virou vergonha social. Precisamos integrar a morte à vida, à questão do limite da vida. Isso é humanizar a vida e a prática médica. Teremos então melhor saúde e vida. E não essa coisa ridícula que é tanta 'gente de 100 anos' fazendo de conta que tem 20.


Fonte: Cida de Oliveira - Rede Brasil Atual via Contraf

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

65 ANOS DO TRIO ELÉTRICO - 30 ANOS DO AXÉ A decadência do carnaval da Bahia

Por Jorge Barbosa*

Antes de tudo, nossas devidas desculpas aos críticos de música popular brasileira do carnaval. Contudo, como baiano, folião desde criança e entusiasta do carnaval e demais festas populares, sinto-me obrigado a bradar um desabafo.

Nosso carnaval se desenvolveu a partir de Salvador com diversas vertentes, dentre elas o afoxé, samba de roda, a marcha e o frevo eletrizado que marcou o nascimento do trio elétrico. Num tempo onde também havia os bailes carnavalescos, a característica de festa de rua já era marcante.

Nos anos 80 a partir de uma intensa mistura de ritmos caribenhos, nasce samba reggae e a famosa axé music, definindo uma nova identidade ao carnaval da Bahia.
Hoje vivemos uma fase de uma intensa elitização do nosso carnaval onde para efetivamente participar da festa com o mínimo de conforto e segurança, o folião é obrigado a adquirir os caros abadas dos blocos ou assistir o desfile dos camarotes.

Outra situação que merece destaque é que a pretexto do ecletismo do carnaval de Salvador, hoje infelizmente o carnaval da Bahia praticamente resume-se à folia na capital, houve notadamente nos últimos anos uma perda da identidade da festa com o louvor a ritmos que nada tem a ver com o carnaval, como o sertanejo, o funk, o arrocha, a swingueira... sem falar que músicas “de conteúdo extremamente pobre e até vulgar”, vêem sendo celebradas como campeãs do carnaval. Resultado é um rei momo que não se vê no espelho.

Nem tudo está perdido, tendo em vista que o samba vem reagindo e o exemplo das manifestações espontâneas, tanto de caráter cultural como o de Pernambuco, quanto pop como o do Rio de Janeiro, se caracteriza com o povo na rua com animação, empolgação, segurança e sem cordas. Todos em busca da alegria de brincar o carnaval.
Vamos elevar o espírito do carnaval com canções que cantem o amor, a paz, a beleza de viver, as cores do nosso povo, a natureza e, acima de tudo, a alegria.


*Jorge Barbosa de Jesus é presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna, bacharel em Direito e funcionário da Caixa Economica.


Entrevista - Guilherme Boulos "O pacto em que todos ganham não é mais possível"

Líder do MTST diz que movimento defenderia
 Dilma de impeachment, desde que
 hajam reformas populares
Para o líder do MTST, Dilma erra ao tentar agradar a direita e o PT, cada vez mais, perde apoio popular e credibilidade

por Renan Truffi - em Carta Capital

Grupo que vem ganhando relevância nacional, desde 2013, por conta das manifestações em favor de moradia popular, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ajudou a consolidar Guilherme Boulos como um dos principais nomes da esquerda brasileira. Como parte da matéria de capa da edição de CartaCapital desta semana, a reportagem entrevistou o líder sem teto para uma análise sobre o atual momento da política brasileira, em meio a rumores de impeachment contra o governo Dilma Rousseff.
Para Guilherme Boulos, a presidenta fez o mesmo caminho do ex-presidente Getúlio Vargas no início da década de 1950, ao tentar conquistar a direita depois de uma campanha eleitoral mobilizada pelos movimentos populares. Mas, ao contrário do que aconteceu durante boa parte da gestão Lula, não há mais condições econômicas para agradar tanto conservadores como progressistas. “A política do pacto de que todos ganham não era mais possível. E a escolha foi, lamentavelmente, cortar do lado dos trabalhadores”.
Leia a entrevista abaixo:
CartaCapital: Como o senhor avalia o início de governo Dilma?Guilherme Boulos: No segundo turno houve um discurso forte da presidenta mais à esquerda. Esse discurso, diante do medo de um possível retrocesso com Aécio Neves, conseguiu mobilizar setores populares importantes. Quem foi para as ruas no segundo turno não foram militantes pagos, mas os movimentos sociais. Poucas horas após o resultado, é impressionante, os gestos da presidenta foram no sentido contrário. Tivemos aumento de juros e declarações desastrosas, como a da abertura de capital da Caixa Econômica Federal. A opção feita pela presidenta e pelo PT foi de responder à crise pela direita. Esse é o grande problema. Quando o crescimento econômico degringolou por conta da crise dos últimos quatro anos, o governo tinha de fazer opções. O orçamento diminuiu, de algum lado tinha de cortar. A política do pacto de que todos ganham não era mais possível. E a escolha foi, lamentavelmente, cortar do lado dos trabalhadores, em vez de fazer uma política de reformas populares, mais à esquerda.
CC: Há clima para um impeachment?GB: A Dilma Roussef incorreu em um erro parecido com aquele de Getúlio Vargas em 1951. Vargas foi eleito em uma das campanhas de maior mobilização do País. Milhares de brasileiros foram às ruas em 1950. Mal assumiu e, como tinha o Congresso contrário e a UDN dominando a mídia, fez as concessões. Montou um ministério conservador e ficou refém desses setores. Acreditar que essas sinalizações à elite e à direita eram suficientes para domá-las foi o equívoco do Vargas. E quando tentou dar uma guinada mais à esquerda, já era tarde. A base popular que o elegeu não confiava mais nele. O caminho de contrariar, de frustrar as expectativas da base popular que a elegeu é o caminho da ruína. Evidentemente, o impeachment a essa altura, principalmente de onde parte a ideia, é golpismo. É inaceitável. Agora a presidenta tem de entender que o governo dela precisa ser mais defensável. Hoje é difícil sair na rua para defender a sua administração. Evidentemente, da nossa parte, vai haver um rechaço direto a qualquer alternativa golpista da direita e da elite, pois sabemos até onde isso vai. Na política não tem essa de “pior que está, não fica”. Fica. Sempre pode ficar pior e temos de analisar essas situações e impedir que a direita ganhe ainda mais com esse processo. Mas isso não significa da nossa parte defender o governo Dilma. Primeiro, o governo tem de se fazer defensável, depois pode pedir para ser defendido.
CC: Diante de uma ameaça concreta de impeachment, o MTST entra para defender o governo Dilma nas ruas?GB: Entra, mas entra de uma forma muito categórica. Não entra dando cheque em branco para a Dilma, não. Entra criticando e exigindo, inclusive, que esse governo revogue as MPs, que esse governo garanta investimento sociais e que esse governo faça as reformas estruturais e necessárias para uma saída popular para a crise no País. E não a saída da direita. O MTST não tem disposição de ir às ruas e defender o governo Dilma com essa política. O MTST tem disposição de ir às ruas contra o impeachmente contra o golpismo mas, ao mesmo tempo, contra uma política de ajuste antipopular.
CC: Qual seria a saída popular?GB: Uma saída popular é defender a Constituição. Ser de esquerda no Brasil, é meio lamentável dizer isso, implica em defender pontos da Constituição, que prevê a auditoria da dívida pública, a taxação de grandes fortunas, a função social da propriedade, a democracia nas comunicações. A Constituição não prevê financiamento empresarial de campanha. Esses temas que, lamentavelmente, são tabus e precisam ser enfrentados. O ajuste a ser feito é para o outro lado. Não é cortar pensão, dificultar o seguro-desemprego. Isso é uma vergonha. Taxação de grandes fortunas se faz com correlação de forças, não se faz apenas com vontade política. Agora correlação de forças se constrói e se cria fortalecendo os movimentos sociais. A saída popular para a crise é fazer os ricos pagarem pela crise.
CC: Há condições para o governo Dilma fazer um caminho de volta?GB: Olha, o tempo está se esgotando. A história foi bastante generosa com o Partido dos Trabalhadores. A história deu oportunidades para o PT, e deu credibilidade popular mais de uma vez para ele optar por um caminho de reformas populares, de combate aos privilégios da elite. Deu essa oportunidade em 2003 e em 2006 depois de uma eleição extremamente polarizada. Em 2010 não houve tanta polarização, mas aconteceu agora novamente em 2014. E essas oportunidades foram sistematicamente dispensadas. Uma hora a história se cansa também e caímos no mesmo dilema de Vargas. O PT cada vez mais perde apoio popular, credibilidade e a sua condição política para atuar em qualquer processo de mudança política no País.
CC: Qual sua análise da esquerda brasileira nesse momento? Quais alternativas a esquerda tem?GB: Nós acreditamos que o principal caminho que a esquerda precisa seguir é acumular força social. Nós precisamos retomar trabalho de base, nós precisamos ter capacidade de mobilização, nós precisamos reconstruir capacidade de diálogo com a classe trabalhadora, com os mais pobres. Esse é o caminho. Se fala muito no Podemos [partido de esquerda que vem ganhando força na Espanha]. Um Podemos, assim como um Syriza [partido de esquerda que venceu as eleições na Grécia], não é para quem quer. É para quem pode. Você precisa ter milhares, centenas de milhares de pessoas nas ruas para construir um instrumento político que capilarize com força sentimentos e projetos de mudança. Isso não se faz de um dia para o outro. Esse é hoje um dos principais problemas da esquerda brasileira. Nós temos pouca capacidade de diálogo e de mobilização das classes populares. Isso para nós é o grande desafio. É o que movimentos como o MTST procuram fazer com a sua atuação.
CC: O senhor enxerga algum tipo de movimento parecido com o Podemos, da Espanha, ou o Syriza, da Grécia, acontecendo no Brasil nos próximos anos?
GB:
 No atual sistema político brasileiro, a esquerda será sempre minoritária. Para se criar condições de uma alternativa de esquerda, com possibilidades reais de ganho, é preciso mudar esse sistema político. Não só o tema do financiamento de campanha, mas fundamentalmente garantir mais ferramentas de participação popular. É preciso combater de baixo para cima essa estrutura patrimonialista, privatista e anti-popular do Estado brasileiro. Sem isso, muito improvavelmente nós vamos ter uma alternativa de esquerda com chance de vitória. O PT, longe de ser um contraponto disso, é uma expressão disso. Para ganhar nesse sistema político teve que fazer um tal grau de concessão de projeto de plataforma que o descaracterizou como governo de esquerda. Nos últimos 12 anos no Brasil, nós não tivemos um governo de esquerda. Nós tivemos um governo que produziu alguns avanços sociais sem nenhum mexer em nenhum privilégio [da elite]. Ao contrário, produziu recordes para a elite financeira e industrial do País, sem tocar em nenhuma das reformas estruturais necessárias para uma mudança verdadeira no Brasil.
CC: O senhor é um dos líderes da esquerda que emergiu há pouco tempo no Brasil. O senhor se enxerga entrando em algum momento na política brasileira para representar essa esquerda, ou para liderar uma mudança no sistema político?GB: Veja, um dos pontos de uma reforma política, de uma mudança política radical, é partir de uma lógica personalista, do atual sistema, para uma lógica de projeto político. Acho que a disputa tem que ser feita nesse momento para uma mudança radical do sistema político, entre outras mudanças que nós temos que fazer junto a isso. E é preciso viabilizar projetos políticos para que se faça esse enfrentamento porque uma reforma política não resolve tudo. Reforma política não é coringa. Um sistema político mais popular nos dá condições para disputar melhor um projeto de reformas populares para o País.
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Receita está de olho em correntistas brasileiros do HSBC na Suíça

A Receita Federal já investiga brasileiros com indícios de movimentação financeira no Banco HSBC na Suíça. A lista foi divulgada pelo International Consortium of Investigative Journalism (Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo) e pode indicar fraude fiscal.

"São 6,6 mil contas bancárias abertas no banco no período de 1988 a 2006, supostamente relacionadas a 4,8 mil cidadãos de nacionalidade brasileira, que totalizariam saldo, em 2006 e 2007, no valor de US$ 7 bilhões", destaca a Receita.

O Fisco informou ainda que, por meio de sua unidade de inteligência, teve acesso a parte da lista contendo o nome de pessoas que teriam relacionamento financeiro com a instituição. "As análises preliminares de alguns contribuintes já revelam hipóteses de omissão ou incompatibilidade de informações prestadas ao Fisco brasileiro, entre outros casos", acrescenta.

A Receita Federal diz também que está aprofundando as pesquisas sobre o tema para obter mais informações, inclusive mediante a cooperação internacional, para a correta identificação do maior número possível de contribuintes relacionados e o levantamento de possíveis valores não declarados. Caso tenha ocorrido, os investidores são passíveis de autuação e de representação fiscal para fins penais em razão da ocorrência de crime contra a ordem tributária.

"É relevante notar que alguns desses contribuintes já haviam sido investigados anteriormente pela Receita Federal, a partir de outros elementos constantes em suas bases de dados", diz o órgão.

A Receita articula com outras Instituições estratégias conjuntas para a identificação e responsabilização desses contribuintes por eventuais crimes contra o sistema financeiro, além da lavagem de dinheiro.


Fonte: Agência Brasil

Abertura de capital só satisfaz interesses privados

Representantes dos trabalhadores da Caixa apontam que permanecer 100% pública é o caminho para evitar as mesmas especulações que mantêm setor financeiro em crise desde 2008

São Paulo – Para os empregados da Caixa Federal, o balanço da empresa em 2014, divulgado na quinta-feira 12, é mais um claro indicativo a contrariar a tese de abertura de capital da instituição, como vem sendo ventilado pela mídia tradicional desde o fim do ano passado. Entre as informações destacadas do balanço anual, o saldo das operações de crédito atingiram R$ 605 bilhões, sendo quase R$ 340 bilhões na área habitacional. O lucro líquido foi de R$ 7,1 bilhões.

> Caixa atinge R$ 7,1 bilhões de lucro em 2014
> Vídeo: veja porque banco público é importante para o país

“Números como estes mostram que o banco continua ganhando espaço no mercado”, conclui o presidente da Federação Nacional dos Empregados da Caixa (Fenae), Jair Pedro Ferreira.

No ano passado, o banco ampliou sua carteira em cerca de 6 milhões de novos clientes, o que fez o número de correntistas e poupadores chegar a 78,3 milhões. A Caixa é a responsável ainda por administrar atualmente mais de 132 milhões de contas ativas do FGTS.

Para a Fenae, os dados deixam claro a quem interessa que a empresa deixe de ser integralmente pública. “Enquanto o mercado financeiro acumula perdas desde a crise de 2008, a Caixa tem ‘atropelado’ o setor privado, incomodando e despertando a cobiça. De janeiro a dezembro, o banco injetou quase R$ 700 bilhões na economia do país, o que corresponde a aproximadamente 13,4% do PIB. Tudo isso significa que a Caixa 100% pública é o melhor modelo para os brasileiros”, argumenta Ferreira.

Social – O Dieese destaca que no ano passado a Caixa alcançou saldo de R$ 1,1 trilhão em ativos próprios. As contratações em operações de saneamento e infraestrutura somaram R$ 33,3 bilhões.

Um total de R$ 5 bilhões foi destinado ao crédito rural. A quantidade de contas de poupança chegou a 58,3 milhões, com saldo de R$ 236,8 bilhões, o que mantém o banco na liderança do mercado com 35,7% de participação. Mais uma prova da confiança que a população tem na Caixa.

Ainda de acordo com números do balanço analisados pelo Dieese, em 2014 os programas de transferência de renda – igualmente a cargo da Caixa – distribuíram R$ 28 bilhões por meio de 176 milhões de benefícios. Desses, cerca de 161,7 milhões se referem ao Bolsa Família, totalizando R$ 26 bilhões.

Em relação aos programas voltados ao trabalhador, como seguro-desemprego, abono salarial e PIS, a instituição foi responsável pelo pagamento de 173,5 milhões de benefícios. No período também foram pagas 66,3 milhões de pensões e aposentadorias do INSS, que somaram R$ 67,4 bilhões.

“A Caixa sempre teve um forte papel social, o que foi intensificado na última década. Ela é protagonista nas melhorias pelas quais o Brasil tem passado. O banco deve continuar 100% público. Aliás, continuamos no aguardo do posicionamento do governo quanto às notícias veiculadas pela imprensa de que se pretende abrir o capital da empresa. A Fenae, as outras entidades do movimento sindical e associativo e os empregados estão mobilizados”, diz o vice-presidente da Federação, Clotário Cardoso.

Durante entrevista coletiva para divulgação do balanço, o presidente da Caixa, Jorge Hereda se manifestou contrário à abertura de capital e garantiu que a presidenta Dilma Rousseff tem plena noção do papel social do banco e da importância da instituição como instrumento estratégico para o país. Hereda se despede do cargo e será substituído pela ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior.

Hereda é contra a abertura de capital da Caixa

Especializados – Além de a independência em relação ao mercado – o que a desobriga de buscar lucros crescentes a qualquer custo e praticar juros competitivos em suas operações de crédito, entre outras diferenciações –, os empregados destacam a dedicação diária de mais de 100 mil trabalhadores como um dos principais pilares dos resultados da Caixa. Um ativo que a categoria luta para ser mais valorizado.

“Somos nós, bancários e bancárias, que construímos isso no dia a dia. A categoria precisa ser mais valorizada e contar com condições dignas de trabalho. Só para citar um exemplo: existem atualmente 4,2 mil agências e postos de atendimento espalhados pelo Brasil, mas o quadro de pessoal é insuficiente frente a essa capilaridade”, afirma a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), Fabiana Matheus.

Calendário de lutas – Os trabalhadores se mantém mobilizados na defesa da Caixa 100% pública. Em 27 de fevereiro, promovem o Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa 100% Pública.  O objetivo é mobilizar os mais de 100 mil empregados, as entidades representativas da categoria e toda a sociedade. Dez mil cartazes com a frase Eu Defendo a Caixa 100% Pública já estão sendo enviados para as mais de quatro mil unidades do banco. A ideia é utilizar o material em uma grande ação nas agências e em fotos a serem postadas nas redes sociais com a hashtag #acaixaédopovo.

Antes, uma audiência pública, convocada pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF), vai debater a defesa da Caixa Econômica Federal 100% Pública: no dia 25 de fevereiro, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados.


Fonte: Rede Brasil Atual via Seeb-SP

LINDBERG DENUNCIA CLIMA GOLPISTA NA ARGENTINA

‘A marcha do silêncio convocada por promotores argentinos e apoiada pelo grupo Clarin é o mesmo clima que querem criar em toda América Latina. Querem varrer os governos populares. Com certeza, essa marcha vai animar o discurso golpista já encampado pelo PSDB, que teima em não reconhecer a derrota nas urnas’, postou o senador Lindberg Farias (PT-RJ), no Facebook, de Buenos Aires 


247 – Em viagem por Buenos Aires, o senador petista Lindberg Farias testemunha o que chama de “clima golpista” vivido na Argentina. Em mensagem postada no Facebook, ele disse que a ‘marcha do silêncio vai animar o discurso golpista já encampado pelo PSDB, que teima em não reconhecer a derrota nas urnas’ para a presidente Dilma Rousseff. Leia:
Passei o Carnaval com minha esposa e nossas duas pequeninas em Buenos Aires. Acabei acompanhando mais de perto a cena política. Aqui, o clima é de profunda radicalização política. A morte do promotor Nisman incendiou o país. Os conservadores e a direita argentina estão se aproveitando da crise e lançaram uma grande ofensiva para desestabilizar o governo. Quis ver de perto. Estou agora na Plaza De Mayo debaixo de muita chuva. Não tem menos de cem mil pessoas. É a marcha do silêncio convocada por promotores argentinos e apoiada pelo grupo Clarin e por todas as agremiações conservadoras e de direita do país. É o mesmo clima que querem criar em toda América Latina. Movimentos golpistas, de desestabilização democrática. Querem varrer os governos populares na América Latina. Com certeza, essa marcha vai animar o discurso golpista já encampado pelo PSDB, que teima em não reconhecer a derrota nas urnas. Temos que organizar as forças populares no Brasil para resistir a essa ofensiva. Precisamos de unidade nos movimentos sociais. Para isso, é fundamental corrigirmos rumos do nosso governo. Temos que fazer com que os mais ricos paguem a conta pelo reequilíbrio fiscal, porque é o justo a se fazer. Isso nos coloca um discurso de ofensiva e de demarcação de campo. Nós surgimos para defender o povo mais pobre, os trabalhadores do Brasil. E isso fizemos nesses 12 anos. Amanhã, escreverei com mais detalhes sobre a situação argentina. A marcha está no fim e quero ver o discurso de encerramento.
Abraços
Fonte: Brasil 247