quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

65 ANOS DO TRIO ELÉTRICO - 30 ANOS DO AXÉ A decadência do carnaval da Bahia

Por Jorge Barbosa*

Antes de tudo, nossas devidas desculpas aos críticos de música popular brasileira do carnaval. Contudo, como baiano, folião desde criança e entusiasta do carnaval e demais festas populares, sinto-me obrigado a bradar um desabafo.

Nosso carnaval se desenvolveu a partir de Salvador com diversas vertentes, dentre elas o afoxé, samba de roda, a marcha e o frevo eletrizado que marcou o nascimento do trio elétrico. Num tempo onde também havia os bailes carnavalescos, a característica de festa de rua já era marcante.

Nos anos 80 a partir de uma intensa mistura de ritmos caribenhos, nasce samba reggae e a famosa axé music, definindo uma nova identidade ao carnaval da Bahia.
Hoje vivemos uma fase de uma intensa elitização do nosso carnaval onde para efetivamente participar da festa com o mínimo de conforto e segurança, o folião é obrigado a adquirir os caros abadas dos blocos ou assistir o desfile dos camarotes.

Outra situação que merece destaque é que a pretexto do ecletismo do carnaval de Salvador, hoje infelizmente o carnaval da Bahia praticamente resume-se à folia na capital, houve notadamente nos últimos anos uma perda da identidade da festa com o louvor a ritmos que nada tem a ver com o carnaval, como o sertanejo, o funk, o arrocha, a swingueira... sem falar que músicas “de conteúdo extremamente pobre e até vulgar”, vêem sendo celebradas como campeãs do carnaval. Resultado é um rei momo que não se vê no espelho.

Nem tudo está perdido, tendo em vista que o samba vem reagindo e o exemplo das manifestações espontâneas, tanto de caráter cultural como o de Pernambuco, quanto pop como o do Rio de Janeiro, se caracteriza com o povo na rua com animação, empolgação, segurança e sem cordas. Todos em busca da alegria de brincar o carnaval.
Vamos elevar o espírito do carnaval com canções que cantem o amor, a paz, a beleza de viver, as cores do nosso povo, a natureza e, acima de tudo, a alegria.


*Jorge Barbosa de Jesus é presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna, bacharel em Direito e funcionário da Caixa Economica.


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