Por Jorge Barbosa*
Antes
de tudo, nossas devidas desculpas aos críticos de música popular brasileira do
carnaval. Contudo, como baiano, folião desde criança e entusiasta do carnaval e
demais festas populares, sinto-me obrigado a bradar um desabafo.
Nosso
carnaval se desenvolveu a partir de Salvador com diversas vertentes, dentre
elas o afoxé, samba de roda, a marcha e o frevo eletrizado que marcou o
nascimento do trio elétrico. Num tempo onde também havia os bailes
carnavalescos, a característica de festa de rua já era marcante.
Nos
anos 80 a partir de uma intensa mistura de ritmos caribenhos, nasce samba
reggae e a famosa axé music, definindo uma nova identidade ao carnaval da Bahia.
Hoje
vivemos uma fase de uma intensa elitização do nosso carnaval onde para
efetivamente participar da festa com o mínimo de conforto e segurança, o folião
é obrigado a adquirir os caros abadas dos blocos ou assistir o desfile dos
camarotes.
Outra
situação que merece destaque é que a pretexto do ecletismo do carnaval de Salvador,
hoje infelizmente o carnaval da Bahia praticamente resume-se à folia na
capital, houve notadamente nos últimos anos uma perda da identidade da festa
com o louvor a ritmos que nada tem a ver com o carnaval, como o sertanejo, o
funk, o arrocha, a swingueira... sem falar que músicas “de conteúdo
extremamente pobre e até vulgar”, vêem sendo celebradas como campeãs do
carnaval. Resultado é um rei momo que não se vê no espelho.
Nem
tudo está perdido, tendo em vista que o samba vem reagindo e o exemplo das
manifestações espontâneas, tanto de caráter cultural como o de Pernambuco,
quanto pop como o do Rio de Janeiro, se caracteriza com o povo na rua com
animação, empolgação, segurança e sem cordas. Todos em busca da alegria de
brincar o carnaval.
Vamos
elevar o espírito do carnaval com canções que cantem o amor, a paz, a beleza de
viver, as cores do nosso povo, a natureza e, acima de tudo, a alegria.
*Jorge
Barbosa de Jesus é presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna, bacharel em Direito e funcionário da Caixa Economica.
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