sábado, 9 de março de 2013

É hoje! Mendigos de Gravata na avenida


Dez mulheres agredidas por hora em 2012


Central de Atendimento à Mulher contabilizou 88.685 relatos de violência e maus tratos no Brasil
Brasília – De janeiro a dezembro de 2012, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) contabilizou 732.468 registros, sendo 88.685 relatos de violência. Isso significa que, a cada hora, dez mulheres foram vítimas de maus tratos ao longo do ano passado.
Entre os tipos de violência relatados, a física permanece a mais frequente, totalizando 50.236 registros (56%), seguida pela psicológica, com 24.477 (28%); moral, com 10.372 (12%); sexual, com 1.686 (2%); e patrimonial, com 1.426 (2%). Dados indicam ainda que foram computados 430 casos de cárcere privado – mais de um por dia.

Em 70% dos registros, o agressor é o companheiro ou o cônjuge da vítima. Acrescentando os demais vínculos afetivos, como ex-marido, namorado e ex-namorado, o número sobe para 89%. Cerca de 10% das denúncias mostram agressões cometidas por parentes, vizinhos, amigos e desconhecidos.

O Distrito Federal lidera o ranking anual do Ligue 180, com uma taxa de 1.473 registros para cada 100 mil mulheres. Em seguida, aparecem Pará e Bahia, com taxas de 1.032 e 931, respectivamente.

Municípios com média de 5 mil habitantes, como Santa Rosa da Serra (MG), Borá (SP), Sagrada Família (RS), Salvador das Missões (RS) e Amapá (AP), encabeçam o ranking das 50 cidades que registraram o maior número de ligações (proporcionalmente à população).

Para a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, os números demonstram que, nessas localidades, os serviços da pasta dificilmente chegam. “Isso mostra a necessidade de interiorização dos serviços especializados de atendimento a mulheres.”

“É importante perceber, entretanto, que as mulheres estão confiantes. E, ao confiar, estão perdendo o medo. Elas permanecem com a vergonha de terem sido humilhadas, maltratadas e violentadas, mas acreditam”, destacou.



Paula Laboissière, da Agência Brasil - Seeb/SP

Alice Portugal fala sobre luta para aprovar projetos para mulher


Brasileira, mãe, profissional e líder política. A farmacêutica e deputada federal, Alice Portugal (PCdoB-BA), sabe das dificuldades da mulher brasileira ao assumir tantos papéis em uma sociedade construída, durante séculos, pelo viés machista. “A mulher trabalha, no seu ofício, seja braçal ou intelectual, e ao voltar para casa ainda enfrenta a divisão sexual do trabalho”, disse a deputada.


Na entrevista concedida ao Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge-BA), por ocasião do Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, ela destaca que a data será mais um dia de luta para vencer as resistências de aprovação do Projeto de Lei cria mecanismos para garantir a igualdade entre mulheres e homens, para coibir práticas discriminatórias nas relações de trabalho urbano e rural, no âmbito público (em todas as esferas) e no privado.

Segundo Alice, o projeto foi assinado por ela, mas a autoria da elaboração contou com a participação coletiva de centrais sindicais, da bancada feminina e do governo federal. 

Ela explica que os mecanismos de fiscalização propostos pelo projeto geram entraves. “As empresas que têm representantes no Congresso Nacional põem o pé e o projeto não anda. Por isso, ele está desde 2009 para ser votado. Essa luta acontece agora, no mês de março, no plenário do Congresso Nacional”, anunciou a deputada.

Durante a entrevista, a deputada também falou sobre a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, em profissões antes tidas como “masculinas”, a exemplo da Engenharia, e de como essa realidade impulsiona as empresas, instituições públicas e entidades profissionais a adotarem um novo posicionamento.

Confira a entrevista na íntegra:

Senge-BA: Como surgiu a proposta do Projeto de Lei (PL) 6.653/2009?
Alice Portugal: O projeto foi feito por muitas mãos. Assinei o projeto, mas tem a participação das cinco centrais sindicais, da bancada feminina e da Secretaria Nacional de Políticas Públicas para Mulheres. A ideia é construir mecanismos que facilitem a empresa a promover o trabalho das mulheres, como premiações e certificações de ação social.

Senge-BA: O mercado de trabalho brasileiro para mulher do século 21 é promissor?
AP: No Brasil, o século 20 foi da mulher. De fato, tivemos uma grande introdução das mulheres no mercado de trabalho. As mulheres romperam o circuito das quatro paredes do lar. Mas, ainda continuamos com graves problemas. Um deles é a violência. O outro é a diferença salarial. Atualmente, as mulheres são 52% da população mundial e já correspondem a maioria dos professores universitários e aprovados em concurso público. A população com maior escolaridade é de mulheres. Apesar disso, quanto à configuração média de salário, ainda está em torno de 32% a diferença entre o salário de homens e mulheres. O caso mais drástico é o caso das cortadoras de cana. Pesquisas realizadas por universidades paulistas dão conta que a diária de uma cortadora de cana é a metade da diária de um cortador. O fardo não é tão diferente assim. Essa luta pela equidade de salário diz respeito a uma isonomia de lei no mundo do trabalho.

Senge-BA: O projeto traz um capítulo dedicado ao “equilíbrio entre as responsabilidades familiares e profissionais”. É uma referência direta a “dupla jornada” de trabalho sofrida pelas mulheres?
AP: A dupla jornada é uma exploração silenciosa. A mulher trabalha no seu ofício, seja braçal ou intelectual, e ao voltar para casa enfrenta a divisão sexual do trabalho. Ela tem que dar conta das tarefas domésticas, deixar tudo “prontinho” e, quando é escolarizada, tem que fazer as tarefas da escola com os filhos. É uma luta para ir a uma associação, sindicato, universidade, igreja. É uma batalha muito grande para ela conseguir obter uma formação.

Senge-BA: A falta de colaboração do homem nas tarefas domésticas perpassa por séculos de um cultura machista, como é possível transformar essa realidade?
AP: A exploração da mulher , que muita gente ainda acha que não existe, é a forma de preconceito mais antiga que a humanidade tem notícia. Desde o momento que, na comuna primitiva, o homem caçador passava a acumular. Esse caçador dominante resolveu coletar apenas para os seus consanguíneos e aprisionou a mulher na cerca, constituindo assim a propriedade privada. O conceito da propriedade privada é irmão gêmeo da opressão da mulher e da dupla jornada. A mulher foi transformada socialmente, não biologicamente, na geradora dos herdeiros consanguíneos do coletor caçador. Então, a solução da dupla jornada é cultural. A escola e família precisam ensinar que menino também tem que lavar prato e arrumar casa e começar a transformar essa cultura. Na escola, é preciso praticar uma educação não diferenciada para meninos e meninas. Também tenho um projeto nesse sentido de formar o educador para ensinar que também existe engenheira e pilota de avião.

Senge-BA: Quanto às empresas, o PL cita medidas de incentivo para ações de igualdade de gênero no ambiente de trabalho. Entre elas, está o selo distintivo, como funcionaria?
AP: Você deve garantir um selo para as empresas que implementam ações nesse sentido. A empresa que tiver essa contrapartida social estará divulgando em sua propaganda pública que valoriza as mulheres, que tem uma alta porcentagem de mulheres executivas e que fortalece a equidade social. É um mecanismo simbólico que enraíza uma política de fortalecimento da trabalhadora.

Senge-BA: O projeto também propõe medidas fiscalizatórias, com a criação de conselhos dentro das empresas. Mas o PL ainda enfrenta resistências para sua aprovação…

AP: Os mecanismos de fiscalização geram entraves. O PL propõe uma correlação com o Ministério do Trabalho para que haja fiscalização relacionada com exploração e a diferença salarial para a mesma função. As empresas que têm representantes no Congresso Nacional põem o pé e o projeto não anda. Por isso, ele está desde 2009 para ser votado. Essa luta nós faremos agora no mês de março no plenário do Congresso Nacional. Já temos o compromisso, a palavra do presidente da Câmara. Com consenso ou não, o projeto irá para apreciação do plenário.

Senge-BA: Outra grave questão é o assédio moral e sexual, cuja maioria das vítimas são mulheres. Por que é tão difícil coibir essas práticas no ambiente de trabalho?
AP: O assédio sexual é crime, o assédio moral ainda não foi tipificado como crime. O projeto propõe mecanismos inibidores dessas práticas absurdas e que é muito mais comum do que a gente imagina. O assédio moral começa com a desqualificação do trabalho da mulher, desconstruir o seu perfil para que possam inclusive depreciar o valor do seu trabalho. É o velho ditado popular: “quem desdenha, quer comprar”. Então, desdenhar moralmente para pagar pouco e dizer que vale menos. Tem que haver regras iguais. Se o trabalho vale X, é X para homem e mulher. Quanto ao assédio sexual, temos muita dificuldade em achar testemunhas. A mulher é colocada sempre como uma provocadora. E no caso de violência e estupro há ainda quem cogite que foi o assédio de uma mulher que incitou alguém a tomá-la à força. Lamentavelmente ainda a busca de favores sexuais para a manutenção de cargos e de postos de emprego. Essa situação a literatura e o cinema têm abordado muito. Evidente, que um projeto que trata de equidade salarial não poderia deixar de tratar dessas anomalias.

Senge-BA: Há preocupação também com os acordos e negociações coletivas. As entidades sindicais têm se preparado para a garantia dos direitos das mulheres profissionais?
AP: Os sindicatos são uma fatia muito atuante no mercado brasileiro. As centrais sindicais participaram da elaboração do projeto de lei 6653/2009. Por que nas lojas de comércio de rua, são as mulheres que ficam na porta chamando os clientes? Em Nova Iorque, os comerciários estão sentados e quando o cliente chega, eles vêm lhe atender. No Brasil, a mulher trabalha em pé e nós sabemos a gravidade que isso exerce no seu sistema circulatório em função da característica hormonal feminina. O que é uma mulher em pé durante 25 a 30 anos de serviço? Isso, evidentemente, precisa ser tratado nas convenções coletivas. Na engenharia, por exemplo, com a crescente inserção feminina na profissão, como introduzir o tema da celeridade de envelhecimento da mulher no ambiente de trabalho? Tudo isso tem de ser discutido, são problemas novos, colocados para a apreciação dos sindicatos. As entidades sindicais têm um papel que extrapola o dissídio, a relação trabalhista. Precisa-se pensar também na sua arquitetura sindical, para atender às novas demandas que estão postas, não apenas no mundo do trabalho, como também em relação à vida das pessoas. As características da categoria, a sua formação. A classe operária mudou de cara. Ela é mais jovem, é mais preparada e é mais feminina.

Senge-BA: O projeto busca garantir a igualdade entre mulheres e homens nas relações de trabalho rural e urbano, tanto na esfera privada como pública. Onde a discriminação contra a mulher é mais difícil de ser combatida?
AP: O problema rural é o mais sério. Porque há uma desregulamentação muito grande, principalmente o trabalho da mulher. Há lugares nesse país que tem ainda o trabalho escravo. O Ministério do Trabalho busca com as centrais sindicais jogar duro em cima disso. Mas ainda há relações semi-feudais. Há o regime de “meia” ou de “terça”. O trabalhador produz e a metade ou um terço é do dono da terra. A mulher trabalha, mas a renda é do homem. Conseguimos derrubar alguns mitos na lei. No Código Civil, já não há a presença do chefe de família. Homem e mulher são chefes de família. Os programas da reforma agrária, o lote do terreno da reforma agrária é dado à mulher. Porque a mulher não vende a terra, por causa da prole. O homem vende a terra e isso é crime. No Programa Minha Casa Minha Vida, lutamos para que a chave seja da mulher. Há vários projetos na Câmara para que a construção no Minha Casa Minha Vida utilize 30% de mulheres como operárias.

Senge-BA: De acordo com a última pesquisa do DIEESE, as mulheres ainda são as mais vulneráveis à demissão. Há medidas governamentais para transformar esse dado?
AP: Nos Estados Unidos, a primeira medida de Obama foi regular a demissão de mulheres chefes de família. O Projeto de Lei (PL) 6.653/2009 induz a isso, mas ainda não é peremptório. Algumas pesquisas já revelaram que temos a maior média nacional de mulheres chefes de família. Segundo estatística do IBGE, nacionalmente, temos 42% e na Bahia é 51%. Se você demite primeiro a chefe de família, que não tem parceiro na manutenção de sua casa, como ela fica? É preciso criar nas empresas essa consciência social. A assistência social na empresa privada não pode ser apenas para demitir ou admitir, para fazer psicoteste ou exame admissional. Precisa também intervir para não colaborar com a pobreza, a miséria e a exclusão social. A CLT diz há décadas que empresas com mais de 200 empregados devem ter creche. E os sindicatos têm que ser duros com isso.

Senge-BA: Há um maior conhecimento dos direitos e garantias das mulheres profissionais?
AP: Com a democratização da mídia, em tese, e com a expansão do trabalho da mulher, esses direitos acabam sendo mais divulgados. Mas, é preciso lutar pela efetivação e cumprimento. Por exemplo, a Lei Maria da Penha, que muito me orgulho de ter ajudado a construir e a aprovar, foi uma lei que “pegou”. Ainda assim, mulheres morrem e são espancadas todo dia. Porque a execução de todo o cumprimento da lei de proteção ainda não foi construída. Em Salvador, só tem uma vara específica para violência contra mulher e são quase 3 milhões de habitantes. Ou seja, não dá conta. Em todo o interior são 11 varas, para uma Bahia do tamanho da França. A vítima denuncia à delegada que estabelece os ritos da lei e vai para a justiça. Infelizmente, muitas vezes, a mulher morre antes do resultado. Como o caso da cabeleireira mineira. Ela pediu apoio, estava com processo judicial em curso. Havia uma deliberação de que o marido não podia se aproximar “x” metros dela, mas ela morreu. Hoje, as mulheres têm conhecimento da lei, mas a sociedade civil organizada precisa reivindicar do Estado o seu cumprimento.

Senge-BA: Dilma Rousseff como presidente da república trouxe transformações do tratamento de lideranças femininas nas esferas de poder público?
AP: Um país como o Brasil, que teve a República proclamada em 1887, ter pela primeira vez uma mulher na presidência, isso é um advento. Foi realmente uma grande oportunidade e Dilma é uma mulher preparada e sabe o que diz. Mas apesar disso, a mulher ainda é sub-representada. Atualmente, temos na Câmara dos Deputados apenas 8% de mulheres. No Ranking mundial feito pela Interparlamentar da ONU, estamos em 181º lugar, atrás de países como a Namíbia, Moçambique, Paraguai, Argentina. É uma coisa impressionante. Somos 513 deputados e destes apenas 44 são mulheres. É muito pouco. Nas assembleias, quando se chegou ao maior número, agora na Bahia, temos 12 deputadas para 61 deputados. A sub-representação na política é a marca de que as mulheres não foram ainda alçadas ao núcleo do poder no nosso país, apesar da presidenta da República. E esse é um processo que tem relação cultural, mas tem relação também com alei. Porque nesses países em que houve um crescimento de representação feminina, houve uma política de cotas e sanções para os partidos que não cumprissem as cotas. Temos a política de cotas, mas o partido que não cumpre apenas manda uma justificativa.

Senge-BA: O PL trata também de política de cotas para mulheres em concursos públicos e nas vagas de emprego das empresas…
AP: Do ponto de vista político, essa distinção precisa ser feita. Inclusive dentro dos sindicatos, porque temos um débito social. As cotas nas universidades foram muito importantes. Mudou o sobrenome nas faculdades de medicina, mesclou a composição de classes nas faculdades de engenharia, deu chance a quem tem capacidade, até que a escola pública possa ser reconstruída depois de anos de desconstrução. São políticas afirmativas da maior importância. Para a mulher também é necessário. É necessário que os partidos também indiquem uma quantidade de mulheres para suas chapas. E os sindicatos tenham nas suas diretorias departamentos femininos para olhar com olho de gênero as incongruências do mercado de trabalho e nas suas diretorias para que as mulheres se preparem para o processo de defesa de direitos. É muito importante que essas políticas afirmativas sejam acolhidas como meio de evolução das relações sociais.


Fonte: Vermelho

sexta-feira, 8 de março de 2013


Veja fotos da manifestação em Itabuna do 08 de Março - Dia Internacional da Mulher








Lênin: A Contribuição da Mulher na Construção do Socialismo


Tomemos a situação da mulher. Nenhum partido democrático do mundo, em nenhuma das repúblicas burguesas mais progressistas, realizou a esse respeito em dezenas de anos nem mesmo a centésima parte daquilo que nós fizemos apenas no primeiro ano de nosso poder. 

Por Vladimir L. Lênin* 


Mulher - 8 de março 

Não deixamos literalmente pedra sobre pedra de todas as abjetas leis sobre as limitações dos direitos da mulher, sobre as restrições do divórcio, sobre as odiosas formalidades às quais estava vinculado, sobre a possibilidade de não reconhecer os filhes naturais, sobre investigação de paternidade etc., leis cujas sobrevivências, para vergonha da burguesia e do capitalismo, são muito numerosas em todas os países civilizados. Temes mil vezes o direito de estar orgulhosos daquilo que fizemos nesse terreno. Mas quanto mais limparmos o terreno do entulho das velhas leis e instituições burguesas, melhor vemos que com isso apenas limpamos o terreno para construir e não empreendemos ainda a própria construção.

A mulher, não obstante todas as leis libertadoras, continua uma escrava doméstica, porque é oprimida, sufocada, embrutecida, humilhada pela mesquinha economia doméstica, que a prende à cozinha, aos filhos e lhe consome as forças num trabalho bestialmente improdutivo, mesquinho, enervante, que embrutece e oprime. A verdadeira emancipação da mulher, o verdadeiro comunismo, só começará onde e quando comece a luta das massas (dirigida pelo proletariado, que detém o poder do Estado), contra a pequena economia doméstica ou melhor, onde comece a transformação em massa dessa economia na grande economia socialista.

Ocupamo-nos bastante, na prática, dessa questão que, teoricamente, é clara para todo comunista? Naturalmente, não. Temos suficiente cuidado com os germes do comunismo que já existem nesse terreno? Ainda uma vez não, e não! Os restaurantes populares, as creches e jardins de infância: eis os exemplos de tais germes, os meios simples, comuns, que nada têm de pomposo, de grandiloqüente, de solene, mas que são realmente capazes de emancipar a mulher, que são realmente capazes de diminuir e eliminar — dada a função que tem a mulher na produção e na vida social — a sua desigualdade em relação ao homem. Esses meios não são novos: foram criados (como em geral todas as premissas materiais do socialismo), pelo grande capitalismo; no capitalismo, porém, em primeiro lugar constituíam uma raridade e, em segundo lugar — e isso é particularmente importante — eram ou empresas comerciais, com todos os seus piores lados: especulações, corrida ao lucro, fraude, falsificações, ou «acrobacias da filantropia burguesa», que eram por justa razão odiadas e desprezadas pelos melhores operários.

Não há dúvida de que nós possuímos um número consideravelmente maior de tais instituições e que elas começam a mudar de caráter. Não há dúvida de que entre as operárias e as camponesas existem pessoas dotadas de capacidade organizadora em número muitas vezes maior do que supomos, pessoas que possuem a capacidade de organizar uma obra pratica, com a participação de grande número de trabalhadoras e de número ainda maior de consumidores e isso sem abundância de frases, sem barafunda, discussões, tagarelice sobre planos, sistemas etc., que são a eterna «doença» de um número infinito de «intelectuais», tão cheios de si e dos comunistas «recém-saídos da casca». Mas, infelizmente, não cuidamos, como seria preciso, desses germes da nova sociedade.

Observai a burguesia. Como sabe fazer magnificamente a publicidade daquilo que lhe é conveniente! Como as empresas, «exemplares» aos olhos dos capitalistas, são exaltadas em milhões de exemplares de seus jornais! Como se faz das instituições «modelo» um objeto de orgulho nacional! A nossa imprensa não se preocupa absolutamente, ou quase nada, em descrever os melhores restaurantes ou as melhores creches, para conseguir, mediante insistência diária, que algumas delas se tornem exemplares; de torná-las conhecidas; de descrever detalhadamente a economia de trabalho humano, a comodidade para os consumidores, a poupança de produtos, a libertação da mulher da escravidão doméstica, o melhoramento das condições sanitárias que se obtêm com um trabalho comunista exemplar, que se podem obter, que se podem estender a toda a sociedade, a todos os trabalhadores.

Produção modelo, sábados comunistas modelo(1*), cuidado e consciência exemplares na colheita e na distribuição de cada pud(2*) de trigo, restaurantes modelo, limpeza exemplar nesta ou naquela casa operária, nisto ou naquilo isoladamente, tudo isso deve ser objeto de atenção e de cuidado dez vezes maiores, tanto por parte de nossa imprensa como de toda organização operária e camponesa. Todas essas coisas são germes do comunismo e o cuidado com tais germes é um dever comum a todos nós; e o dever mais importante.

Notas de rodapé:

(1*) Forma de emulação socialista praticada na Rússia soviética durante os anos da guerra civil. Consistia na prestação gratuita de trabalho, por parte de grandes massas de operários, os quais, em beneficio da coletividade, renunciavam voluntariamente ao repouso a que tinham direito na tarde de sábado. (retornar ao texto)
(2*) Antiga unidade de medida russa, equivalente a cerca de 16 kg. (retornar ao texto)

*Vladimir Ilyitch Uliánov foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética.

Fonte: Biblioteca Marxists.org 


Fonte: Vermelho

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Mulheres do Araguaia: Traços comuns entre as comunistas


A Comissão da Verdade “Rubens Paiva” da Assembleia Legislativa de São Paulo realizou hoje (07) uma audiência pública para coletar informações sobre as mulheres paulistas que participaram da Guerrilha do Araguaia.


ALESP
Mulheres do Araguia
Mulheres do Araguaia: herança que permeia nossa história
Entre todos os depoimentos foi possível pincelar alguns traços da personalidade das guerrilheiras, traços que também estão presentes nas mulheres militantes do PCdoB na atualidade. 
A herança é valorosa, afinal, não é qualquer partido político que tem em sua história a marca de protagonismo, entusiasmo, convicção, dedicação, serenidade, solidariedade, abnegação e consciência do papel que pode jogar para a construção de uma sociedade mais justa.

Maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha, que também foi presa pelas forças represssoras, abriu a audiência para relatar a dor que muitas mulheres passaram no período da ditadura militar. 

Segundo Maria Amélia, as militantes apoiaram todos os tipos de protestos e manifestações, sendo eles armados ou não.

“Essas mulheres tiveram suas crianças na clandestinidade, nas prisões. Viram suas crianças expostas às sessões de tortura, ameaçadas ou mesmo torturadas. Elas sofreram abortos dolorosos”, ressentiu Amelinha.

Helenira Resende de Souza Nazareth

Pela tática arquitetada pelos dirigentes, havia mais de uma frente e, segundo a Criméia Alice Schmidt de Almeida, também atuante nas terras de Xambioá, Helenira ficou muito conhecida porque pertencia ao destacamento C, que foi o primeiro a ser atacado.

Helenira, que foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, atuava no movimento estudantil da Universidade de São Paulo e auxiliou a formação do Centro Acadêmico de Letras (CAEL). Foi lá que conheceu a então estudante Cláudia de Arruda Campos.

“A primeira impressão que tive da Helenira foi: meu Deus, que mulher mais bonita. E a segunda foi a seguinte: que mulher inteligente”. As duas organizavam as lutas do Centro Acadêmico, “mas era Helenira que era a nossa figura pública”.

Protagonista e firme, Helenira formou gerações na universidade estadual. Antes de partir para o Araguaia, encontrou a irmã Helenalda Resende no dia do seu casamento.

“Ela estava escondida perto da porta e foi lá me ver, me deu um abraço e foi embora”, recordou-se Helenalda, que até hoje luta para que os documentos que retratam a morte da irmã tornem-se públicos, assim como onde está a sua ossada.

Crimeia lembrou dos traços da personalidade da combatente. “Ela era muito decidida, brincalhona, bonita e exigente. Ela tinha muita consciência da discriminação que sofria por ser mulher e negra. Ela tinha muito orgulho disso”, relembrou.

Helenira que chegou a usar o codinome Fátima, era conhecida na universidade como “Preta”.

Everaldo Gonçalvez, outro colega de universidade ressaltou as qualidades da guerrilheira como “uma pessoa muito vibrante e de decisão quando falava. Ela era sempre vibrante”.

Maria Lúcia Petit da Silva

Maria, como era chamada na ação de combate à repressão, era ainda uma menina quando ingressou na militância política. A sua porta de entrada foi o movimento secundarista paulista que conheceu quando estudava Instituto de Educação Fernão Dias, que fica bairro de Pinheiros. Depois de ser formar, cursou magistério e passou a dar aulas para crianças em uma escola da zona norte da capital. Paciente e serena, ela se “entusiasmava com a sua experiência com as crianças”.

Um traço marcante dos comunistas, principalmente dos jovens é a fé no ser humano. Talvez, seja por isso que Maria não desconfiou de João Coioió, camponês infiltrado que armou a emboscada para a sua morte.

A matriarca da família Petit teve mais dois filhos mortos pela ditadura, Jaime e Lúcio Petit. “Ela morreu sem saber o paradeiro da filha e chegou presumir que os filhos estavam exilados e justamente por isso, não podiam entrar em contato com os parentes”, informou Laura Petit, irmã de Maria Lúcia.

Luiza Augusta Garlippe

Luiza veio do interior do estado de São Paulo para estudar enfermagem na Universidade de São Paulo. Chegou a ser enfermeira-chefe e ajudou a construir a Associação dos Funcionários do Hospital das Clínicas (HC).

Seu irmão Saulo Garlippe, que também era do PCdoB naquela época, a viu pela última vez em um encontro marcado, em frente ao Cine Jóia, no centro da cidade. A maior preocupação de Luiza antes de ir para a guerrilha era com a sua família.

“Ela me falou que estava indo fazer um trabalho militante no Araguaia, mas me pediu para eu cuidar da nossa família”. A militante pediu para o irmão inventar uma mentira sobre a sua ausência para não preocupar e expor a sua família.

Suely Yumiko Kanayama

A estudiosa e descendente de japonês Suely Yumiko Kanayama passou com louvor entre os vinte primeiros colocados no vestibular da USP para cursar língua portuguesa e germânica.

A Pequenina Suely foi a última a chegar na região do Araguaia. A sua estatura e físico chegou a preocupar os militantes que já estavam lá. “Ela era mesmo muito pequenininha, era a tradicional figura de uma nissei”, disse Cláudia Arruda que foi a “recrutadora” da estudante de letras.

Segundo Cláudia, Suely era muito carinhosa e amiga. “Eu ficava brincando de pegar o pézinho dela e a gente ria dessa brincadeira”.

Conhecida como “Chica”, a militante do destacamento B da Guerrilha é lembrada como uma mulher decidida. Cláudia citou uma frase que ouviu a respeito de Suely: “Ela era como um samurai, que nos orgulhou com a sua firmeza e ultrapassou todos os seus limites para defender aquilo que ela acreditava”, rememorou a colega.

De São Paulo - Ana Flávia Marx - Vermelho

É amanhã a festa do Mendigos de Gravata!


Revolução bolivariana é irreversível, diz Maringoni


Com a morte de Hugo Chávez, nesta terça-feira (5), seu vice, Nicolás Maduro, assumiu interinamente a presidência. Sua primeira missão como mandatário do país foi assinar um decreto, publicado na Gazeta Oficial nesta quinta-feira (7), decretando luto oficial por sete dias. Na opinião do jornalista Gilberto Maringoni, o processo no país é irreversível e o povo deverá eleger Maduro nas próximas eleições.


Efe
Mesmo durante a madrugada, chegavam ônibus de todo o país com simpatizantes de Chávez

"Estão declarados sete dias de luto nacional, entre os dias 5 e 11 de março de 2013, pelo lamentável e penoso falecimento e irreparável perda do herói da pátria Hugo Rafael Chávez Frias", diz o decreto publicado na Gazeta Oficial. A medida ordena que "a bandeira nacional permaneça içada a meio mastro em todos os edifícios públicos e privados, tanto civis como militares".

O decreto também proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em todo o território nacional de 6 a 12 de março de 2013. Também está proibido o porte de armas de fogo pelo mesmo período.

Maduro tem a função de conduzir o país para realizar, dentro do prazo de 30 dias, novas eleições. Indicado por Chávez em dezembro de 2012 — quando o mandatário anunciou sua ida a Cuba para tratar da recidiva de um câncer — como seu sucessor, Maduro é o favorito no pleito. Embora ainda não tenham sido realizadas as plenárias da Mesa Unida Democrática (MUD), tudo indica que seu concorrente será Henrique Capriles, que perdeu para Chávez por 11 pontos de diferença.

Em entrevista ao Portal Vermelho, o jornalista e autor do livro “A Venezuela que se inventa: poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez”, Gilberto Maringoni, avalia que “Maduro vence as eleições. Ele chegará muito legitimado. Maduro não é o Chávez, mas não haverá mudança na conduta do governo. O governo continua. O que acontece na Venezuela é quase um caminho sem volta”.

Apesar de a imprensa brasileira estar construindo a ideia de que na Venezuela há o temor de uma instabilidade, a expectativa é de que o país — habituado a eleições e referendos — realize um pleito limpo, seguro e transparente. Esta é a expectativa do jornalista: “não há por que duvidar. Olhando para as últimas eleições, ninguém contesta a lisura destes processos. Até mesmo [o ex-presidente dos Estados Unidos] Jimmy Carter, que esteve várias vezes na Venezuela, constatou a lisura dos processos eleitorais. Não haverá problema no rito democrático”. 

Maringoni descarta a possibilidade de que o processo revolucionário sucumba sem a presença do líder. “O ideal bolivariano é muito concreto para o povo. Quer dizer que acabou a fome, o desemprego baixou muito, o analfabetismo caiu, a assistência médica, pelo menos os primeiros socorros, passou a existir, assim como um programa sério de habitação. Então há um sistema de bem-estar social em curso e ele é muito concreto para a população. E isso continua”. 

A grande mudança nestes anos em que Chávez esteve no poder é o fato de que a questão social passou a ser prioridade no país. E estes “avanços são irreversíveis”. Outro ponto de destaque é a defesa da soberania nacional. “As duas juntas conformam o processo de transformação social. E isso vai continuar. Uma ruptura faria com que a população sentisse isso como perda de direito e então existiria uma situação imponderável. Mas isso não está em pauta. O que está em pauta é a continuidade do processo”, declarou.

O especialista conclui: “Chávez mudou a autoestima do país. No que depender do impulso popular de Nicolás Maduro, da possibilidade dele ganhar as eleições, o processo continua mesmo coma a ausência do Chávez”.

Da Redação do Vermelho,- Vanessa Silva

Mulheres fazem atos por mais poder político e contra a violência


Mais poder político para as mulheres! Essa será uma das bandeiras de luta levadas aos atos públicos que ocorrem em todo país nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher. E também será a tônica da União Brasileira de Mulheres (UBM). Entre as diversas organizações, a principal reivindicação será o fim da violência doméstica. Mas, para a UBM sem uma maior representatividade nos espaços políticos nada será conquistado. 




“O principal problema que aflige as mulheres é a violência. É inadmissível que 40% das mulheres em algum momento da vida já tenham sofrido ou estejam sofrendo violência de alguma natureza. Temos a lei Maria da penha, que foi uma conquista dos movimentos, agora precisa sair do papel e para isso precisa de mais mobilização social, mais pressão do movimento feminista. E aí entra a questão do poder político para poder implementar a lei Maria da penha e para isso precisa ter mais mulher nos espaços de poder”, explica Mariana Venturini, da executiva estadual da UBM-SP e responsável pela articulação da entidade no ato unificado em São Paulo (leia abaixo).


Um projeto de lei recém apresentado pela bancada feminina do PCdoB na Câmara Federal exemplifica a importância da atuação das mulheres no espaço político.

Atualmente, o Partido é o que, proporcionalmente, tem mais mulheres na bancada feminina e vem liderando a mesma nos últimos dois anos. A deputada Luciana Santos (PE) foi eleita líder em 2012 e, neste ano, a deputada Manuela d´Ávila (RS).

De acordo com a deputada Jô Moraes (MG), o PL propõe um aperfeiçoamento da lei Maria da Penha com objetivo de punição efetiva dos crimes de violência contra a mulher. Presidenta da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o assunto, Jô Moraes aponta dificuldade na padronização do registro dos casos, daí a falta de conhecimento real da quantidade de casos; deficiências no atendimento da rede de atendimento que deveria acolher a vítima, como delegacias especializadas, varas especializadas, defensoria, casas abrigo e centros de referência e é preciso uma articulação maior desses órgãos. 

“Nesse sentido, a apresentação desse projeto que busca aperfeiçoar a legislação integrada dentro da lei Maria da penha é parte da luta da bancada feminina do PCdoB faz para levar a paz aos lares brasileiros. Esse é o grande desafio: dar agilidade ao atendimento”, explicou a deputada.

Um dos exemplos citados pela parlamentar é o julgamento do ex-goleiro, que acontece em Contagem, Minas Gerais. “O julgamento do ex-goleiro bruno é um julgamento simbólico. Em primeiro lugar pela crueldade com que foi arquitetado o assassinato da Eliza Samudio, envolvendo riscos ao filho deles. Além disso, houve uma premeditação, uma situação que levanta hipóteses macabras, que partes de seu corpo teriam sido jogadas aos cães. Por essa conformação, consideramos que a condenação dos responsáveis pela situação deve ser exemplar para a sociedade compreender e para o poder judiciário mostrar que não compensa matar mulheres”, declarou Jô Moraes, em entrevista à Rádio Vermelho.

A coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Elza Campos, lembrou que o fortalecimento da representatividade das mulheres no poder político está relacionado ao empoderamento individual da mulher.

“Consideramos que essa participação política tambem está vinculada ao empoderamento individual das mulheres. Considerando a necessidade de romper mais ainda com a subrepresentação feminina que ainda vivemos no Brasil do século 21 apesar de termos uma presidenta”, disse Elza Campos, que tem como base de atuação principal o estado do Paraná.

A coordenadora nacional da UBM também lembrou da luta das mulheres ao longa da história que precisaram abrir mão de sonhos, de conquistas pessoais para se dedicarem à luta pela igualdade de gênero.

Um exemplo de luta e superação é a deputada Jô Moraes, que relembrou um pouco de sua trajetória: “Enquanto jovem estudante de uma terra nordestina, porque nasci na Paraíba, enfrentei a luta por melhores condições de educação, como até hoje faço, e terminei como condenada na ditadura militar. Vivi por 10 anos com outro nome para poder escapar e consegui. Escapei da cadeia, apesar de ter estado lá. Então, fiz parte de uma geração de mulheres que deram o melhor das suas vidas, da sua juventude, dedicadas a construção da liberdade”.

A integrante da bancada feminina da Câmara buscou na memória o tempo em que precisou abrir mão da sua história e até de sua família. 

“Cada situação tem sua complexidade. Eu, por exemplo, separei da minha mãe quando ela mais precisou de mim, mas não poderia voltar para não ser presa. Eu tive meus filhos depois de 30 anos, porque nas circunstâncias da clandestinidade não era seguro tê-los. Eu tive que enfrentar e me integrar ao movimento da anistia como parte da minha própria anistia”, disse.

Ela observou que neste Oito de Março a mulher sai às ruas em uma situação "absolutamente contraditória". São 200 milhões de habitantes, com uma presidenta mulher e um ministério que tem em sua composição de 26% ocupados por mulheres. "Mas chegamos ao final das eleições de 2012 com um crescimento das candidaturas de 78% mas com um crescimento de eleitas menor que 20%. Nesse ritmo, levaremos 148 anos para alcançarmos a equidade", lamentou. 

A deputada mineira, no entanto, reforçou a importância da luta como instrumento de transformação da mulher e de contribuição na luta socialista: “Tudo isso me ensinou que apesar de as mulheres enfrentarem o machismo em toda sua trajetória, da luta revolucionaria, pelo socialismo, ao mesmo tempo a mulher se realiza em contribuir para que a sociedade, que é o futuro de seus filhos, possa ser bem melhor. E a energia transformadora das mulheres é um dos processos mais ricos da sociedade brasileira e de um projeto socialista. Por isso que hoje convivemos com a história de uma geração que valeu a pena lutar porque o tempo urge se transformar”.

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, reforçou a igualdade entre homens e mulheres como condição fundamental para a implementação de um novo projeto nacional de desenvolvimento do Brasil.

"O Partido Comunista do Brasil, tendo em vista ainda as grandes disparidades entre a situação das mulheres em relação à dos homens na sociedade brasileira, envidará esforços no sentido de avançar na igualdade de direito de gênero em nosso país, um dos fatores importantes na construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil", declarou Renato Rabelo em artigo sobre o assunto em seu blog.

"Estamos vivendo um momento importante, de efevercência, com muitos atos de rua, de ampliação dos direitos das mulheres", comentou Elza Campos, que ressaltou que durante os atos o presidente venezuelano Hugo Chávez será homenageado. "A UBM como tem esse caráter internacional renderemos homenagens ao Chávez. Fiquei extremamente comovida como todos e todas que esperam por uma sociedade diferente que a gente vive. Vamos mostrar o luto, mas também que a luta continua", completou Elza.   

Mulheres e homens mobilizados
A secretária nacional da Mulher do PCdoB, Liege Rocha, que participará nesta data de uma solenidade da Secretaria de Políica para Mulheres do Rio de Janeiro, onde serão apresentadas as diretrizes do órgão, acrescentou que muitos homens estão integrando à luta da igualdade de gênero e saindo às ruas para defender as bandeiras do movimento de mulheres.

"É um dia que as mulheres vão às ruas e hoje temos vistos que homens também e que sempre é motivo de mobilização. Neste ano estamos defendendo  que é importante haver mais política, mais poder para elas", defendeu Liege.

A também integrante da executiva nacional da UBM citou ainda outras reivindicações do movimento. "Devemos lembrar da luta pela valorização do trabalho, por creches, a implementação da lei maria da penha, em defesa do SUS[Sistema Único de Saúde] , um reconhecimento do aborto como uma questão de saúde pública e sua legalização e, neste momento, é fundamental a democratização da mídia e uma reforma política que possibilite uma maior participação das mulheres". 

 Ato unificado em São Paulo

O ato em São Paulo começá por volta das 13h desta sexta-feira (8) e será unificado. Organizações de diversos setores, coletivos de arte e cultura, partidos políticos, além das entidades mais tradicionais do movimento de mulheres estão reunidas para chamar a atenção sobre a desigualdade de gênero e, principalmente, a violência contra a mulher. Além da UBM estarão presentes UNE, Ubes, UJS, MST, Conam, CTB, CUT,  Marcha Mundial de Mulheres, DCE da USP, Sempre Viva Organização Feminina, Conlutas, entre outras. 

"Tem uma caracteristaica de um ato feminista, socialista, mas com uma preocupação em dialogar com as mulheres do povo, reunindo movimentos, partidos políticos, sindicatos, coletivos feministas específicos, mulheres do campo, do MST, além da juventude em peso, representada pela UNE, Ubes e UJS. Isso é muito bom. Construímos uma pluralidade interessante que deverá resultar em um ato grandioso", exaltou Mariana Venturini.


Deborah Moreira - Da redação do Vermelho

quinta-feira, 7 de março de 2013

Chávez será embalsamado e seu corpo ficará no Museu da Revolução


Em um comunicado feito na tarde desta quinta-feira (7), o presidente encarregado da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que o velório de Hugo Chávez se estenderá por mais sete dias, pelo menos, para que todo o povo possa dar seu último adeus ao mandatário. Seu corpo será embalsamado e levado para o Museu da Revolução.


Efe
Multidão aguarda até 9 horas na fila para se despedir de Hugo Chávez

De acordo com Maduro, a equipe de governo avaliou a situação do país já que milhares de pessoas estão na fila para dar o último adeus ao líder bolivariano e a decisão de estender o funeral foi tomada para garantir que todos, inclusive estrangeiros, possam ver Chávez.

Nesta sexta-feira (8), às 11h locais (12h30 de Brasília), será realizado o funeral de Estado com a presença de presidentes e chefes de Estado de pelo menos 30 países e delegações de outros 55. “Virão de todos os pontos cardeais para se solidarizar com a dor dos venezuelanos”.

Ainda com relação à garantia de que todos possam ver o corpo de Chávez, Maduro afirmou que Chávez queria ser levado para o Quartel onde teve início a Revolução Bolivariana. O local, que está sendo construído, será chamado Museu da Revolução. 

Por fim, o presidente interino informou que o corpo de Chávez será embalsamado e colocado em uma urna de cristal para que seja eterno, assim como "Lênin e Mao Tsetung", e para que "o povo possa sempre vê-lo. Ele estará sempre com o povo, porque Chávez é seu comandante, pertence a vocês”.

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva

*Texto alterado às 18h58 para acréscimo de informações

Chefes de Estado vão a Caracas para despedir-se de Chávez


Comovidos pela morte de Hugo Chávez, os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Uruguai, José Pepe Mujica, e da Bolívia, Evo Morales, viajaram nesta quarta-feira (6) a Caracas, para participar das cerimônias de homenagem ao líder bolivariano. Durante o cortejo fúnebre que percorreu a capital do país, o presidente Evo, visivelmente emocionado e vestindo uma jaqueta com o rosto de Che Guevara, esteve ao lado do presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro.


AFP

Presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, Uruguai, José Mujica, e Bolívia, Evo Morales, comparecem ao velório de Hugo Chávez na Academia Militar de Caracas.

No total, 22 presidentes e 54 delegações especiais de diversos países do mundo estarão em Caracas para acompanhar o povo venezuelano durante os atos de despedida programados para Chávez.

A presidenta Dilma Rousseff viaja nesta quinta-feira (7) para o país caribenho, acompanhada do chanceler Antonio Patriota e de altos servidores públicos do governo. O ex-ministro José Dirceu pedirá permissão ao Supremo Tribunal Federal para viajar ao país e prestar suas últimas homenagens ao líder latino-americano.
AFP

Presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, ao lado do corpo de Hugo Chávez durante velório na Academia Militar de Caracas.

"Hugo Chávez contribuiu ao fortalecimento de nosso continente, sendo responsável pela constituição da Unasul (União de Nações Sul-americanas) e da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos)", duas importantes entidades integracionistas, afirmou.

Leia também:

Amorim: 'Fui testemunha do esforço de Chávez para diversificar economia'
Lula: A América do Sul após Hugo Chávez

Também são esperados os presidentes do Equador, Rafael Correa; do Chile, Sebastián Piñera; do Peru, Ollanta Humala; do Panamá, Ricardo Martinelli; de Honduras, Porfirio Lobo; da Colômbia, Juan Manuel Santos; de El Salvador, Mauricio Funes; do Haiti, Michel J. Martelly; da República Dominicana, Danilo Medina; do México, Enrique Peña Nieto.

No total, 15 países decretaram luto em memória do presidente Chávez. Entre eles, Cuba, Uruguai, Argentina, Equador, Bolívia, Brasil, Chile, Nicarágua, Bielorrússia e Irã.

China e Oriente Médio

"Hugo Chávez é um nome conhecido por todas as nações. Seu nome é um lembrete de bondade, coragem, dedicação e incansáveis esforços para servir ao povo, especialmente aos pobres e àqueles excluídos pelo colonialismo e pelo imperialismo", declarou o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. "Ofereço minhas condolências a todas as nações, à grande nação da Venezuela e a sua respeitosa família por esse acontecimento trágico."

Na Síria, a mídia estatal lembrou que o líder bolivariano tomou uma posição honrosa contra uma conspiração contra o presidente sírio Bashar Assad. Ano passado, Chávez enviou combustível para ajudar Damasco a superar a escassez causada pelas sanções internacionais. Ele descrevia a revolta contra Assad como um "complô internacional apoiado por potências ocidentais".

"O desaparecimento deste líder único é uma grande perda para mim, pessoalmente, e para o povo sírio, da mesma forma que é uma perda para o povo da Venezuela", afirmou Assad. "O povo sírio e eu estamos orgulhosos dos progressos qualitativos alcançados nas relações entre os nossos dois países. Chávez era um amigo fiel que se opôs à guerra contra a Síria."

Na Rússia, o presidente Vladimir Putin chamou Chávez de um "homem extraordinário e forte que olhava para o futuro e sempre pensava grande". O embaixador russo na ONU, Vitali Churkin, disse que a morte de Chávez é uma "tragédia". "Ele foi um grande político", afirmou Churkin.

Em Pequim, o presidente chinês, Hu Jintao, que deixa o poder este mês, e seu sucessor, Xi Jinping, também enviaram condolências a Nicolás Maduro, presidente interino da Venezuela até as eleições. O porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, caracterizou o líder venezuelano como um "bom amigo do povo chinês".

A China construiu uma amizade forte com Chávez em razão do petróleo. Bilhões de dólares em empréstimos chineses, quitados com exportações do produto, ajudaram a financiar programas sociais que revolucionaram a Venezuela.

Manifestações populares

Desde o anúncio da morte de Chávez no dia 5 de março, os venezuelanos estão nas ruas manifestando sua dor e admiração pelo líder. A fila para ver, pela última vez, o mandatário chega a um quilômetro de extensão.
O caixão não pode ser filmado ou fotografado, mas relatos de pessoas que passaram pelo local dão conta de que, através da tampa de vidro do caixão, pode-se ver o mandatário vestido com uniforme militar e sua boina vermelha.



Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva com agências internacionais

*Texto alterado às 15h11 para acréscimo de informações

Unicef: 700 crianças palestinas são presas por forças israelenses


Crianças palestinas detidas por militares israelenses estão sujeitas a maus-tratos que “parecem ser generalizados, sistemáticos e institucionalizados”, de acordo com o relatório Crianças em detenção militar israelense: observações e recomendações, divulgado na quarta-feira (6) pelo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).


 

De acordo com o documento, cerca de 700 crianças palestinas com idades entre 12 e 17 anos são presas, interrogadas e detidas a cada ano por forças israelenses de segurança em circunstâncias contrárias às leis internacionais e aos direitos da criança.

Nos últimos dez anos, foram cerca de 7 mil crianças detidas – a maioria meninos -, uma média de duas por dia.

Baseado em entrevistas com algumas dessas crianças e advogados israelenses e palestinos, assim como em revisões de casos, o Unicef concluiu que parece haver um padrão de maus-tratos durante a detenção, transferência e interrogatórios de crianças detidas.

Há relatos de prisões sendo feitas entre meia-noite e 5 horas por soldados fortemente armados. Abuso verbal e físico, ameaças, uso de vendas, encarceramento solitário, isolamento da família também estão entre as denúncias.

No relatório, o Unicef recomenda mudanças nas políticas para evitar violações das leis internacionais e salvaguardar as autoridades de falsas acusações de transgressão.

O Fundo esclarece que “a prisão, detenção ou encarceramento de uma criança deve ser usado apenas como último recurso e pelo menor período adequado de tempo”.

O documento também apontou algumas melhorias já feitas, como o aumento da idade adulta de 16 a 18 para as crianças palestinas.

Para ler o relatório, clique aqui.

Fonte: Agência ONU BR via Vermelho

PROTESTO ADIA ELEIÇÃO DE PASTOR PARA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS


Mulheres aumentam participação no mercado de trabalho, aponta Seade

A proporção de mulheres no mercado de trabalho, na situação de ocupadas ou desempregadas, aumentou entre 2011 e 2012 na região metropolitana de São Paulo, passando de 55,4% para 56,1%. Ainda assim, elas representavam, no ano passado, a maior parcela de desempregados (53,7%) e seu salário equivalia a 77% do dos homens, por hora.

É o que aponta o boletim Mulher e Trabalho, divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). De acordo com os dados, a taxa de desemprego apenas entre as mulheres permaneceu estável entre 2011 e 2012, calculada em 12,5%. Já entre os homens houve um aumento de 8,6% para 9,4% no mesmo período.

"O declínio da taxa de desemprego feminina, na última década, foi resultado do crescimento econômico e do aumento do nível de ocupação, além de refletir as transformações nas relações familiares, em que o modelo de família baseado no chefe masculino provedor vem se alterando e criando novas dinâmicas nas relações dos membros da família com o mercado de trabalho", aponta o estudo.

O rendimento médio das mulheres na região metropolitana de São Paulo foi em 2012 de R$ 1.363. O dos homens foi de R$ 1.990. Como a jornada média deles é de 43 horas semanais e delas de 39 horas, a pesquisa tomou por base a remuneração por hora, resultando em R$ 8,24 por hora para as mulheres e R$ 10,70 para os homens. Assim, o rendimento das mulheres equivalia, em 2012, a 77% do dos homens. 

A menor diferença de rendimento resta no comércio, principalmente na reparação de veículos automotores e motocicletas. Em seguida vem os serviços e por último a indústria. 

Nos serviços, a diferença de salários aumenta justamente nas ocupações que exigem ensino superior, em especial na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais.

Fonte: Sarah Fernandes - Rede Brasil Atual via Contraf

quarta-feira, 6 de março de 2013

Centrais sindicais entregam pauta a Dilma e ao STF

7ª Marcha das Centrais reuniu mais de 50 mil trabalhadores em Brasília hoje

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, recebeu na tarde desta terça-feira (6) representantes de entidades sindicais em audiência para apresentação de pautas de interesse dos trabalhadores. No início da noite, os representantes sindicais foram recebidos pela presidenta Dilma Rousseff.


O encontro faz parte da agenda de autoridades dos Três Poderes após a 7ª Marcha das Centrais Sindicais e dos Movimentos Sociais, ocorrida na manhã desta quarta-feira (06), na capital federal.

Segundo os sindicalistas, não houve abordagem de assunto específico, mas apenas a entrega de pautas de interesse dos trabalhadores, como redução da jornada de trabalho e fim do fator previdenciário.

Eles garantiram que não trataram da medida provisória dos portos, que irá regulamentar o setor, embora acreditem que o assunto deve parar no Supremo, caso o Executivo insista na pauta. 

Audiência com a presidenta


Conforme divulgado, a presidenta Dilma Rousseff recebeu, em audiência, os representantes de entidades sindicais no início da noite desta quarta-feira (06).

Até o fechamento desta edição não havia sido divulgado o resultado da reunião.

Fonte: Agência Brasil via Vermelho

CTB: "Chávez recolocou na ordem do dia a luta pelo socialismo"


Para a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Hugo Chávez foi fundamental para o fortalecimento da luta anti-imperialista e de combate ao capitalismo na América Latina. Chávez "recolocou com força na ordem do dia da Nossa América a luta pelo socialismo, ideal maior da classe trabalhadora", declara Wagner Gomes, presidente da entidade, que divulgou nota de pesar.


Abaixo, a íntegra do documento:

A América Latina está de luto

Uma triste notícia deixou a CTB, o movimento sindical e as forças progressistas da América Latina de luto: a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nesta terça-feira (5), depois de uma dura luta contra o câncer. 

Chávez foi um revolucionário, que enfrentou com rara coragem e clareza o sistema imperialista hegemonizado pelos EUA, combateu o capitalismo e recolocou com força na ordem do dia da Nossa América a luta pelo socialismo, ideal maior da classe trabalhadora. 

Sua eleição, em 1998, foi um marco histórico no processo da luta nacional, democrática e popular que resultou na criação de um novo cenário político nas Américas do Sul e Latina, na derrota da Alca, na criação da Alba, Unasul e Celac, no fortalecimento do Mercosul e avanço das iniciativas de integração soberana e solidária do subcontinente.

Os EUA, macomunados com a burguesia neoliberal da Venezuela, tentaram e continuarão tentando deter a marcha da revolução bolivariana liderada por Hugo Chávez. Foi com este propósito que promoveram o golpe militar de abril de 2002, usando o cínico pretexto de defender a democracia liberal. Mas o tiro saiu pela culatra. 

A empreitada reacionária não durou mais do que 24 horas e o líder revolucionário voltou à Presidência da República Bolivariana pelas mãos do povo e setores patrióticos das Forças Armadas. A revolução renasceu com muito mais força e determinação.

A direita e o imperialismo odeiam Chávez, mas o povo o ama. Seu exemplo de determinação e coragem na luta pela libertação nacional e pela unidade latino-americano é um legado precioso que não será olvidado pela classe trabalhadora e seus representantes, seguirá inspirando e orientando o processo de integração e luta dos nossos povos pela soberania, pela democracia e pelo socialismo.

O nome de Hugo Chávez já figura como na galeria dos grandes heróis e revolucionários latino-americanos, ao lado de Simon Bolivar, José Marti, Emiliano Zapata, Pancho Villa, Augusto Cézar Sandino, Luiz Carlos Prestes, Che Guevara e Fidel Castro. Ao mesmo tempo em que manifesta suas condolências ao povo venezuelano e aos familiares de Hugo Chávez, a CTB reitera sua total e ativa solidariedade à revolução bolivariana, que terá continuidade, impulsionada pela força do povo unido, agora sob o comando de Nicolás Maduro.

Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
 

Fonte: CTB