sábado, 24 de novembro de 2012

Estudo prova ameaça a mamíferos da Mata Atlântica nordestina

Sul da Bahia: em 1945 a região era quase toda coberta por Mata Atlântica. Em 1999, só restavam fragmentos de floresta.
Manaus, AM --
  Isolados pela perda e fragmentação do habitat, agravados pela caça, grandes e médios mamíferos estão desaparecendo dos remanescentes de Mata Atlântica no Nordeste Brasileiro. Para chegar a esta conclusão, a equipe liderada pelos biólogos Carlos Augusto Peres, da Universidade de East Anglia (UEA), Inglaterra, e  Gustavo Canale, da Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat), viajou durante dois anos, por 210 mil quilômetros de estradas.

Eles avaliaram os os efeitos dos impactos provocados pelo homem na sobrevivência de grandes vertebrados. O resultado do estudo -- o primeiro a documentar a perda de 5 grandes mamíferos de um dos hotspots tropicais mais ameaçados do planeta -- foi publicado nesta terça-feira (14 de agosto), no jornal PLOS One. Eles verificaram que queixadas, uma espécie de porco-do-mato, já foram aniquiladas. Onças-pintadas, antas, tamanduás-bandeira e muriquis estão praticamente extintos na região.

Foram vários pneus furados e dois carros 4X4 quebrados, mas ao fim da aventura, eles amealharam informações detalhadas sobre 196 fragmentos de floresta, que abrangem 256.670 quilômetros quadrados. A região estudada abrange cerca de 25% da Mata Atlântica do Nordeste Brasileiro.

Em média, cada mancha florestal remanescente abrigava apenas 4 das 18 espécies pesquisadas. Algumas não eram maiores do que um campo de futebol.

“O nosso trabalho mostra que, do ponto de vista de conservação de fauna, não basta garantir somente a retencao de remanescentes florestais”, afirma Carlos Peres. "Não há substituto para a proteção integral de fragmentos florestais remanescentes nos hotspots de biodiversidade como a Mata Atlântica brasileira."

A combinação dos efeitos da caça e da fragmentação do habitat resultam em altas taxas de extinção local. Como estes fragmentos não guardam conexão com outras áreas de floresta, não existe a substituição das populações dizimadas pela caça. O efeito é mais grave do que aquele que pode ocorrer em grandes áreas de floresta contínua, como a Amazônia. Lá, a caça pode ter menos impacto, pois populações vizinhas da mesma espécie tem chance de recolonizar o local.

“Recomendamos a implementação de novas áreas de proteção integral, como Parques Nacionais e Reservas Biológicas, que incluam fragmentos florestais com populações de espécies ameaçadas, raras e endêmicas, particularmente as que estão em face de extinção iminente”, destaca Gustavo Canale.

Fonte: http://www.oeco.com.br/

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Servidores avaliam movimento grevista vitorioso


Com uma caminhada realizada pelo centro da cidade hoje pela manhã, os servidores municipais encerraram a greve deflagrada na terça-feira, 20/11, em Itabuna. A administração municipal iniciou a regularização dos pagamentos dos salários atrasados e dos benefícios da categoria.

“Após nossa caminhada realizamos uma assembleia no auditório do Sindicato dos Bancários e avaliamos como um avanço a nossa greve que teve grande participação dos servidores. Além disso, todos foram unânimes na assembleia em creditar a nossa vitória à força do Sindserv que conseguiu mobilizar o maior número de trabalhadores nas manifestações diárias na sede da Prefeitura desde a semana passada. Isto garantiu que a administração municipal recuasse e iniciasse a regularização das pendências com o servidor” afirma Wilmaci Oliveira, diretora do Sindicato.


O Sindserv continuará mobilizando os trabalhadores e cobrando do executivo municipal respeito e compromisso com a categoria.

Vane divulga os nomes dos Secretários


O prefeito eleito de Itabuna, Claudevane Leite (Vane do Renascer -PRB), anunciou nesta manhã de quinta-feira (22), durante encontro no Hotel Tarik, os nomes dos Secretários que assumirão o comando das pastas a partir de janeiro de 2013.
Entre os nomes anunciados, muitos já haviam sido ventilados na mídia durante  a semana. A Secretaria de Saúde, por exemplo, será comandada pelo médico sanitarista Ubiratan Pedrosa, como já divulgado anteriormente aqui no Portal Sul da Bahia. Ele já foi secretário de Saúde de Itabuna e atualmente ocupa a mesma função na cidade de Juazeiro.
A Secretaria de Administração será comandada por Mariana Alcântara, presidente do PPS em Itabuna, e a Pasta de Planejamento e Tecnologia ficará sob a responsabiliade do vice-prefeito, o advogado Wenceslau Júnior.
A Controladoria ficará sob a responsabilidade de Oton Souza de Matos, e a Procuradoria do Município, comandada por Herisson Ferreira Leite.
A Secretaria de Ações Governamentais e Comunicação Social será de responsabilidade da advogada Cleide Souza de Oliveira, e a de Educaçao, será comandada pela professora Dinalva Melo Nascimento, que é mestre em Educação e Professora Aposentada da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).
A Secretaria de Transporte e Trânsito ficará sob a responsabilidade do delegado de Polícia Clodovil Soares, e  a de Esportes e Recreação, por  Evans Maxwell.
A Assistência Social será do advogado José Carlos Trindade, e a pasta da Agricultura e Meio Ambiente, do engenheiro agrônomo Lanns Alves de Almeida Filho.
A Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, será comandada pelo advogado José Humberto Martins. Já Fundação Marimbeta, terá como presidente o economista José da Silva Júnior.
A Emasa terá como presidente Ricardo Campos, e a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (Ficc), o policial civil Roberto da Silva.
Fonte:http://www.portalsuldabahia.com.br

Barulho excessivo pode provocar perda parcial ou total da audição


Uma série de barulho a que estamos sujeitos no dia a dia podem trazer ameaças para a audição. Para o otorrinolaringologista da Unifesp Luciano Neves, a exposição excessiva ao barulho pode causar lesões graves e deve ser evitada sempre que possível.

"O cérebro se adapta ao barulho e você passa a não perceber que o volume está cada vez mais alto. O problema é que o ouvido, que serve apenas como um canal transmissor, não tem a mesma facilidade de se adaptar como o cérebro e sofre com o impacto, daí o perigo de uma lesão mais grave", explica Luciano.  
Barulho

O mecanismo de transmissão da mensagem através do ouvido ao cérebro se compara ao ato de jogar uma pedra no meio do lago. O lago é o ouvido, e a pedra o barulho.

Quando jogamos uma pedrinha em suas águas, a amplificação do som até a borda do lago é mais lenta e tranquila, formando pequenas ondinhas.

Se a pedra for grande, este processo se torna brusco e há prejuízos próximo a borda do lago, ou seja, as ondas são mais intensas levando a água para a superfície. 

Danos causados pelo excesso
A exposição frequente a altos volumes pode trazer problemas graves para a audição. Abaixo, Luciano Neves lista os prejuízos:

-Perda total da audição

-Perda parcial

-Zumbido freqüente

-Tontura: "quando o som aumenta de volume, o labirinto faz um esforço para se adaptar e por isso sentimos tontura e mal estar. É preciso cuidado, pois, pouca gente sabe, mas ouvido e labirinto estão juntos no processo de captação de som para o cérebro", explica. 
Tabela de intensidade sonora
próximo ao silêncio total0 dB
um sussurro15 dB
conversa normal60 dB
voz humana (alta)75 dB
uma máquina de cortar grama90 dB
ruído do metrô90 dB
uma buzina de automóvel110 dB
trovão forte120 dB
um show de rock120 dB
um tiro ou um rojão140 dB
avião a jato na pista140 dB
Ônibus75 dB
Trens78 dB
Túneis da cidade79dB
  • Dificuldade de percepção na hora de identificar um som
  • irritabilidade: A alegação dos jogadores para pedir a suspensão do uso da vuvuzela é a irritabilidade. Segundo eles, o barulho das cornetas tira a concentração e causam irritação durante a partida, prejudicando seu desempenho.
  • E eles têm razão. "Sabe quando você passa horas no trânsito ouvindo aquele barulho infernal e chega em casa completamente irritado? É consequência do barulho excessivo que altera nosso humor e provoca ater mal estar", explica o otorrinolaringologista da Unifesp.
  •  Como se prevenir
  • O médico explica que a única maneira eficiente de prevenir os danos para a audição é evitar a exposição ao barulho. Segundo ele, ruídos intensos, como o das vuvuzelas, podem causar danos irreversíveis após 10 minutos de exposição e apenas o uso de protetores de ouvido em locais movimentados como estádios ou até na rua, quando se sabe que ficará exposto por um longo período ao ruído de máquinas, por exemplo, é capaz de amenizar o trauma.
  • "Não tem jeito. Só dá para prevenir os problemas de audição evitando a exposição excessiva a intensos ruídos, por isso, o ideal é usar protetor auditivo individual sempre que necessário e procurar locais mais calmos e silenciosos para trabalhar, morar e estudar", afirma.
Limites de tolerância para                                    Máxima exposição diária permitida 
ruído contínuo em decibéis          85                                                                                               8 horas
          86                                                                                               7 horas
          87                                                                                               6 horas
          88                                                                                               8 horas
          89                                                                                               7 horas
          90                                                                                               6 horas
          91                                                                                               5 horas
          92                                                                                  4 h e 30 minuto
          93                                                                                               4 horas
          94                                                                                  3 horas e 30 mi
          95                                                                                               3 horas
          96                                                                                  2 horas e 40 mi
          98                                                                                  2 horas e 15 mi
        100                                                                                               2 horas
        102                                                                                  1 hora e 45 min

        104                                                                                  1 hora e 15 min
        105                                                                                  1 hora e 45 min
        106                                                                                           35 minuto
        108                                                                                           30 minuto
        110                                                                                           25 minuto
        112                                                                                           20 minuto
        114                                                                                           15 minuto
        115                                                                                            07 minuto
Fonte: http://www.minhavida.com.br

Começa a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher


A campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres já está ganhando as ruas do país. O tema deste ano é Compromisso e atitude: a lei é mais forte. O objetivo é conscientizar e mobilizar a sociedade contra a violência. Mais de 100 paises participam do movimento.
A campanha começa em todo o mundo em 25 de novembro e termina 10 de dezembro, por incluir quatro datas importantes: Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres (25 de novembro), Dia Mundial de Combate à Aids (1º de dezembro), Massacre de Mulheres de Montreal (6 de dezembro) e Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro). Mas, no Brasil, tem início em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
Na Bahia, até 10 de dezembro, serão realizadas diversas atividades, como vigílias, seminários, oficinas, caminhadas e rodas de conversas. Questões importantes, a exemplo da desigualdade de gênero e da violência física e psíquica, serão discutidas durante a campanha. Vale a pena participar.
Fonte: O Bancário

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Mata Atlântica é um dos Biomas mais ricos em biodiversidade do mundo.



Mata Atlântica, um Bioma exuberante 
Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil, em 1500, a Mata Atlântica cobria 15% do território brasileiro, área equivalente a 1.306.421 Km2. Distribuída ao longo da costa atlântica a Mata Atlântica é composta por um conjunto de ecossistemas, que incluem as faixas litorâneas do Atlântico, com seus manguezais e restingas, florestas de baixada e de encosta da Serra do Mar, florestas interioranas, as matas de araucárias e os campos de altitude. Nas regiões Sudeste e Sul chega a atingir a Argentina e o Paraguai.
Sua região de ocorrência original abrangia integralmente ou parcialmente mais de 3.000 municípios em atuais 17 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.
Atualmente, a Mata Atlântica está reduzida a 7,84% de sua área, com cerca de 102.000 Km2. É o segundo ecossistema mais ameaçado de extinção do mundo, perdendo apenas para as quase extintas florestas da ilha de Madagascar na costa da África.

Mesmo reduzida e muito fragmentada, a Mata Atlântica ainda abriga mais de 20 mil espécies de plantas, das quais 8 mil são endêmicas, ou seja, espécies que não existem em nenhum outro lugar do Planeta. É a floresta mais rica do mundo em diversidade de árvores. No sul da Bahia, foram identificadas 454 espécies distintas em um só hectare.

Comparada com a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica apresenta, proporcionalmente, maior diversidade biológica. Estima-se que no Bioma existam 1,6 milhão de espécies de animais, incluindo os insetos. No caso dos mamíferos, por exemplo, estão catalogadas 261 espécies, das quais 73 são endêmicas, contra 353 espécies catalogadas na Amazônia, apesar desta ser quatro vezes maior do que a área original da Mata Atlântica. Existem 620 espécies de aves, das quais 181 são endêmicas, os anfíbios somam 280 espécies, sendo 253 endêmicas, enquanto os répteis somam 200 espécies, das quais 60 são endêmicas.

Aproximadamente 120 milhões de pessoas vivem na área de domínio da Mata Atlântica. A qualidade de vida destes quase 70% da população brasileira depende da preservação dos remanescentes, os quais mantêm nascentes e fontes, regulando o fluxo dos mananciais d´água que abastecem as cidades e comunidades do interior, ajudam a regular o clima, a temperatura, a umidade, as chuvas, asseguram a fertilidade do solo e protegem escarpas e encostas de morros. 

Hotspot de biodiversidade


Interior da Floresta Ombrófila Densa - Corupá - SC
Foto: Miriam Prochnow

A situação crítica da Mata Atlântica fez com que a organização não-governamental Conservação Internacional (CI) incluísse o bioma entre os cinco primeiros colocados na lista de Hotspots, que identifica 25 biorregiões selecionadas em todo o mundo, consideradas as mais ricas em biodiversidade e, ao mesmo tempo, as mais ameaçadas. Na escolha de um Hotspot, considera-se que a biodiversidade não está uniformemente distribuída ao redor do planeta, ou seja, 60% das plantas e animais estão concentrados em apenas 1,4% da superfície terrestre. No Brasil, além da Mata Atlântica, também o Cerrado foi incluído na relação da CI.

A existência de espécies endêmicas, aquelas que são restritas a um ecossistema específico e, por conseqüência, mais vulneráveis à extinção, é o principal critério utilizado para escolher um Hotspot. Além disso, consideram-se os biomas onde mais de 75% da vegetação original já tenha sido destruída. Alguns desses biomas possuem menos de 8% de remanescentes em relação à sua área original, como é o caso da Mata Atlântica. Mesmo assim, o bioma contribui muito para que o Brasil seja o campeão em megadiversidade do mundo, ou seja, com maior quantidade de espécies de plantas e animais em relação a qualquer outro país.

Segundo a Conservação Internacional, a Mata Atlântica tem também diversas “espécies bandeira”, que simbolizam a região e podem ser utilizadas em campanhas de conscientização da sociedade para a proteção e conservação do bioma. Dentre as espécies mais conhecidas estão o mico-leão-dourado, o mico-leão-da-cara-dourada, o mico-leão-preto e o mico-leão-da-cara-preta (gênero Leontopithecus) e duas espécies de muriquis (gênero Brachyteles), maior macaco das Américas e também o maior mamífero endêmico do Brasil. Essas espécies têm ajudado a população do Brasil e do mundo a valorizar e a proteger a floresta. Os muriquis sobrevivem hoje em alguns remanescentes de Mata Atlântica nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo e suas populações não passam de 2.000 animais.

É também da Mata Atlântica a árvore que deu origem ao nome do País, o pau-brasil (Caesalpinia echinata). Explorado ao extremo para uso como corante e construção de navios, o pau-brasil praticamente desapareceu das matas nativas. Estima-se que cerca de 70 milhões de exemplares tenham sido enviados para a Europa. A Mata Atlântica é ainda rica em muitas outras espécies de árvores nobres e de porte imponente e ímpar, como as canelas, o cedro, o jequitibá, a imbuia e o pinheiro brasileiro (araucária). 
Fonte: http://www.apremavi.org.br

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Altamiro Borges: Ali Kamel e o racismo no Brasil

Se dependesse de Ali Kamel, todo-poderoso capataz da TV Globo, não haveria feriado nem manifestações no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em 20 de novembro. No livro “Não somos racistas”, publicado em 2006 pela Nova Fronteira, ele garante que não há discriminação racial no Brasil e que todos vivem em harmonia. Por Altamiro Borges*


Obrado em plena batalha pela implantação das cotas nas universidades, o livro de 144 páginas serviu como instrumento da direita para combater as políticas afirmativas do governo Lula.

Para o jornalista metido a intelectual, o racismo não teria peso na cultura nacional e não contaria com o aval das instituições públicas e privadas. Nesse sentido, teorizava o autor, a implantação das cotas raciais teria um efeito inverso, negativo, estimulando o racismo. As teses do chefão da Rede Globo, porém, logo caíram no ridículo e o “sociólogo” global virou motivo de gozação. Nesta semana, o estudo “Vozes da Classe Média”, realizado pelo Instituto Data Popular, confirmou a visão elitista e racista de Ali Kamel.

Avanços das políticas sociais

Organizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o estudo revelou que as políticas sociais implantadas pelo governo Lula melhoraram a renda dos negros no país. Nos últimos dez anos, ela cresceu em um ritmo cinco vezes maior do que a da população não negra. A soma dos salários dos negros (incluindo pardos) passou de R$ 158,1 bilhões, em 2002, para R$ 352,9 bilhões em 2012 – incremento de 123,2%. Também houve aumento da renda dos não negros, mas num ritmo menor – 21,1%. Ela passou de R$ R$ 272,1 bilhões para R$ 329,5 bilhões.

“Com a maior participação no mercado formal de trabalho (carteira assinada e direitos trabalhistas), mais acesso à educação e mais facilidades em conseguir crédito para o consumo, essa população viu a sua renda melhorar em um ritmo mais intenso. Além desses fatores, políticas públicas adotadas pelo governo federal –como aumento real de salário mínimo e programas sociais de transferência de renda, caso do Bolsa Família – contribuíram para o incremento”, destaca o jornal Folha deste domingo (18).

Discriminação não foi superada

“A expansão da classe média foi resultado da entrada dos grupos sociais menos privilegiados, como o dos negros, e da redução das desigualdades. Oito em cada dez entrantes da classe média são negros”, afirma Renato Meirelles, diretor do instituto Data Popular. Dos 40 milhões de brasileiros que ingressaram na chamada nova classe média, 75% são negros. "A entrada maciça de negros na classe média fez com que a participação desse grupo na classe média brasileira subisse de 38% em 2002 para 52% em 2012”.

Estes avanços evidenciam as besteiras escritas por Ali Kamel, mas não significam que a discriminação racial foi superada no Brasil. Ao contrário do que afirma o chefão da TV Globo, somos um país racista e isto se reflete no mundo do trabalho, nas escolas, no cotidiano. O racismo está presente nas instituições públicas e privadas. Daí a importância do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. É preciso lutar ainda muito mais para avançarmos na superação dos preconceitos, da opressão e da exploração em nossa sociedade.

*Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé.

Fonte: Blog do Miro

Massacre em Gaza: Israel admite ataque a civis e crianças

A ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza completou seis dias nesta segunda-feira (19), com um elevado número de civis mortos no território palestino. As Forças Armadas de Israel admitiram que dos 95 palestinos mortos nos bombardeios até o momento, pelo menos um terço não tinha nenhum envolvimento com o conflito.
Palestinos carregam crianças mortas em um bombardeio israelense contra casa de uma família de civis palestinos na Faixa de Gaza. Foto: EFE

Os oficiais também reconheceram ter atingido por engano a casa de uma família palestina neste domingo (18) no ataque mais letal dos últimos dias.

Durante os ataques desta madrugada, pelo menos 15 pessoas foram mortas e mais de 70 ficaram feridas. Segundo fontes médicas citadas pelo jornal palestino Maan, as vítimas eram civis e incluem uma senhora de 60 anos, uma criança de 4 anos e um bebê de 18 meses. De acordo com fontes em Gaza, pelo menos 25 crianças morreram até o momento. Ontem o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lamentou a escalada da violência e pediu um cessar-fogo imediato.

Por outro lado, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, mais da metade das pessoas mortas na operação militar israelense era civil até este domingo. O porta-voz da organização disse que pelo menos 750 palestinos estão feridos e muitos enfrentam risco de morte nos hospitais superlotados.

Nesta segunda-feira (19), jatos israelenses bombardearam uma casa na cidade de Gaza e mataram 11 membros da família palestina Al Dullu. Cinco mulheres, incluindo uma idosa de 80 anos, e quatro crianças, estão entre as vítimas deste ataque, que foi considerado o mais letal da operação. Testemunhas disseram que sobraram apenas destroços da residência no bairro de Sheikh Radwan.

Oficiais israelenses admitiram que as tropas bombardearam o edifício “por engano” devido a um erro técnico ainda não esclarecido, indicou o jornal Haaretz. Segundo as fontes citadas, os militares tinham como objetivo atingir um líder do Hamas, mas acabaram matando “civis desarmados, incluindo crianças e bebês”.

Palestinos carregam crianças mortas em um bombardeio israelense contra casa de uma família de civis palestinos na Faixa de Gaza

Poucas horas antes, pelo menos três crianças, incluindo um recém-nascido, e duas mulheres, foram mortas em um bombardeio no campo de refugiados de Bureij, informou a rede Al Jazeera.

O número de civis palestinos mortos deve aumentar ainda mais nos próximos dias com a intensificação dos ataques israelenses e a falta de indícios de que o governo encerre a operação chamada de Pilar Defensivo. Pelo contrário, as autoridades do país apontaram que pretendem expandir a ofensiva militar e mais de 75 mil oficiais de reserva já foram convocados para uma possível invasão terrestre na Faixa de Gaza.


Palestinas choram durante enterros de civis na Cidade de Gaza. Pelo menos 25 crianças foram mortas em bombardeios israelenses. Foto: EFE

Massacre deliberado

Palestinos temem que a operação "Chumbo Fundido", que deixou mais milhares de mortos entre 2008 e 2009, se repita. Na ocasião, em apenas 22 dias de ataques israelenses, 1.434 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza. De acordo com dados do Centro Palestino de Direitos Humanos, apenas 235 dos mortos eram combatentes e a vasta maioria (1.259), civis.

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas acusou Israel de ter usado de “força desproporcional” naquele período. Segundo investigação de setembro de 2009, a operação “foi cuidadosamente planejada em todas as suas fases como um ataque deliberadamente desproporcional concebido para punir, humilhar e aterrorizar a população civil palestina”.

Em setembro deste ano, o órgão concluiu que apenas 25% dos edifícios danificados durante o massacre de 2009 foram reconstruídos.

Fonte: Ópera Mundi

Greve só termina quando Prefeitura pagar a todos os servidores

Respeitando o limite estabelecido pela legislação de 30% do efetivo da categoria na ativa,começou nesta terça-feira a greve dos servidores municipais de Itabuna. O movimento paredista exige da administração municipal o pagamento dos salários em atraso dos servidores, a regularização dos pagamentos já realizados mas que foram efeutados sem os créditos referentes a insalubridade, pontuação, entre outras verbas de natureza salarial, além da regularização do fornecimento dos vales transportes municipal e intermunicipal. "Estamos aqui paralisados em mais um dia de manifestação e só retornaremos ao trabalho quando a administração municipal regularizar essas pendências. O servidor municipal foi muito maltratado nesse desgoverno que está deixando a Prefeitura em estado lastimável", afirma Wilmaci Oliveira, diretora do Sindserv.
O Sindserv orienta os servidores a não cederem ao assédio moral patrocinado por prepostos do executivo municipal. É preciso avançar na greve e não recuar. Todos devem participar do grande protesto amanhâ, organizado pelo Sindserv, a partir das 8 horas, em frente à Prefeitura.

20 de Novembro - Dia da Consciência Negra: NOSSA HISTORIA:AS GUERREIRAS NEGRAS

Baseados em mitos e episódios históricos a saga das mulheres africanas e afro-descendentes que mantêm em comum o laço de soberania real e espiritual sobre seus povos - ao estabelecer um elo imaginário de ascendência e descendência com as guerreiras africanas.


história de rainhas africanas, guerreiras, sacerdotisaS e outras, onde cada uma em seu tempo comandaram impérios, irmandades, comunidades de terreiro mostrando ao mundo durante todo esses quase 10 mil anos de existência da humanidade a força, a garra e a beleza da Mulher Negra.

Do grande continente africano traz não só a origem, mas também toda uma crença ancestral que exalta a figura feminina como a grande provedora que principiou a vida do Homem. 
Um desses mitos conta que no início de tudo, ligadas às origens da Terra, havia as Mães Feiticeiras. Donas do destino da humanidade, elas eram o ventre do mundo. Conhecedoras dos segredos da vida tinham em si a capacidade de manipular os opostos e, assim, manter o equilíbrio do universo. Traziam consigo a força criadora e criativa do planeta. Raízes de um misticismo que abrigava em sua sabedoria a dualidade do cosmos eram donas do poder sobre a vida e a morte, o bem o mal, o amor e a cólera, o princípio e o fim. 

As primeiras rainhas


Do mito à história, através do exemplo de grandes rainhas da Antigüidade, exaltamos o comando de mulheres negras sobre seus povos. Assim, evocamos a primeira rainha:

HATSHEPSUT (1503 -1482 antes de Cristo)

A Rainha mais habilidosa de uma Antiguidade distante, Hatshepsut subiu ao poder depois que seu pai, Thutmose I, que estava com paralisia. Ele designou Hatshepsut como sua principal ajudante e herdeira para o trono. Enquanto vários rivais masculinos buscavam o poder, Hatshepsut resistiu aos desafios deles para permanecer líder daquela que era até então a principal nação do mundo. Para ajudar a aumentar sua popularidade com o povo do Egito, Hatshepsut teve vários templos espetaculares e pirâmides erguidas. Algumas das altíssimas estruturas ainda hoje permanecem como uma lembrança da primeira governante real de uma nação civilizada. Ela realmente foi "A Rainha mais Habilidosa de uma Antiguidade Distante" e permaneceu assim durante trinta e três anos.

TIYE - A Rainha Núbia do Egito (1415 - 1340 antes de Cristo) 

Uma mulher sábia e bonita de Núbia capturou o coração do faraó, e assim ela mudou o curso da história. Amenhotep III, jovem dirigente egípcio, foi tão levado pela beleza, intelecto e vontade de Tiye, que ele desafiou os sacerdotes e os costumes de sua nação, proclamando esta, cidadã de Núbia como sua cônjuge real. Ele expressou publicamente de várias maneiras seu amor por sua linda rainha negra, fazendo dela uma pessoa célebre e rica em seus próprios direitos. Ele tomava vários conselhos dela em assuntos políticos e militares e depois declarou que, como ele tinha a tratado em vida, assim ela deveria ser descrita na morte, a sua igualdade.

NEFERTARI- Rainha Núbia de Egito (1292 - 1225 antes de Cristo) 

Uma das muitas grandiosas rainhas da Núbia, Nefertari é anunciada como a rainha que se casou para a paz. O matrimônio dela com o Rei Ramesés II do Egito, um dos últimos grandes faraós egípcios, começou estritamente como um movimento político, com o poder sendo compartilhado entre dois líderes. Isso não só se transformou em um dos maiores casos de amor na realeza da história, mas colocou um fim na guerra dos 100 anos entre Núbia e Egito. Mesmo até hoje, um monumento permanece em honra da Rainha Nefertari. Na realidade, o templo que Ramesés construiu para ela em Abu Simbel, é uma das maiores e mais belas estruturas construídas para honrar uma esposa e celebrar paz.

A Rainha Amamishaketeu capitulo a parte:.


A rainha Amanirenas reinou na cidade Meroé e quando o imperador romano Augustus tentou impor um imposto aos cushitas, Amanirenas e seu filho Akinidad, realizaram um ataque violento a um forte romano na cidade Asuan. Augustus mandou as tropas romanas; comandadas pelo general Peroneus, retaliaram, mas, encontraram uma forte resistência de Amanirenas comandando as tropas que derrotou os romanos e os obrigaram a negociar a paz. Os cushitas detiveram o avanço dos romanos na África, e colocaram um busto de César Augustus enterrado debaixo de uma entrada em um templo. Nesta maneira, todos que entraram pisariam em sua cabeça.



A Rainha Amamishakete e seu companheiro.

A rainha Amanirenas era alta, muito forte e cega de um olho; venceu as tropas romanas no ano 23 a.C., obrigando Roma a trocar embaixadores e fecharam um acordo, onde Roma devolveu um território cushita, anteriormente pago em imposto. Outras rainhas também enfrentaram as tropas romanas.
O exército africano de Cush derrotou inimigos egípcios, gregos e romanos.
A civilização de Cush, com seu alfabeto, comércio e triunfos arquitetônicos é considerada por alguns estudiosos, como superior às civilizações mais desenvolvidas do mundo antigo.

MAKEDA- Rainha de Sheba (ou Sabá) (960 A.C.) 

Ela deu para o rei 120 talentos de ouro, variados temperos e pedras preciosas; lá não chegou mais nenhuma abundância de temperos como estes que a Rainha de Sheba deu ao Rei Salomão ". (Reis, 10:10) A passagem Bíblica recorre aos presentes que Makeda apresentou ao Rei Salomão de Israel em sua famosa viagem para visitar o monarca de Judá. Mas o presente de Makeda para Solomon se estendeu além de objetos materiais; ela também lhe deu um filho, Menelik I. A notável semelhança do menino com o avô (o grande Rei Davi) incitou Salomão a re-batizar Menelik. Salomão mais tarde re-nomeou seu filho como seu próprio pai, o Rei Davi.

NEFERTITI

No século 14 antes de Cristo, Nefertiti reinou no Egito por mais de uma década durante o apogeu de uma civilização que influenciou toda a humanidade. Reverenciada por sua beleza, governou ao lado de Amenófis IV (Akhenaton) com status equivalente ao dele. Juntos, implementaram reformas culturais e religiosas, dentre elas o culto ao Deus Sol Aton. Foi imortalizada em templos mais do que qualquer outra rainha egípcia. 

CLEÓPATRA VI I- Rainha do Egito (69 - 30 antes de Cristo) 

A mais famosa das sete matriarcas com este nome, Cleópatra subiu ao trono aos dezessete anos. A jovem rainha é freqüentemente retratada de forma errada como uma caucasiana (raça branca), porém ela tinha descendência grega e africana. Dominando vários idiomas diferentes e vários dialetos africanos, ela foi um importante instrumento além das fronteiras do Egito. Esforçou-se para dar ao Egito a supremacia mundial, Cleópatra recrutou os serviços militares de dois grandes líderes romanos. Ela persuadiu Júlio César e, depois, Marco Antônio para renunciar as submissões romanas deles para lutar em nome do Egito. Porém, cada um conheceu a morte assim que os sonhos de conquistas de Cleópatra se realizaram. Desanimada, Cleópatra se matou, colocando um fim na vida da rainha africana.

NZINGA - Rainha Amazona de Matamba, África Ocidental (1582 - 1663) 

Muitas mulheres estiveram entre as grandes dirigentes da África, inclusive esta rainha angolana que era uma astuta diplomata e se sobressaiu bem como líder militar. Quando os escravizadores portugueses atacaram o exército do reino de seu irmão, Nzinga foi enviada para negociar a paz. Com habilidade surpreendente e tato político ela se impôs, apesar do fato de seu irmão ter matado uma criança dela. Mais tarde ela formou seu próprio exército contra os portugueses, e empreendeu uma guerra durante quase trinta anos. Estas batalhas viram um momento sem igual na história colonial quando Nzinga aliou sua nação aos os holandeses, fazendo assim a primeira aliança européia africana contra um opressor europeu. Nzinga continuou com sua considerável influência entre seus assuntos, apesar de estar em exílio forçado. Por causa de seu apelo pela liberdade e seu direcionamento para trazer a paz ao seu povo, Nzinga permanece como um forte símbolo de inspiração, além de ter sido uma mulher a frente do seu tempo pois havia sido educada por padres e com isso sabia ler e escrever, fato raro na época.

NANDI- Rainha da Terra Zulu (1778 - 1826) 

O ano era 1786. O rei da terra Zulu era jubiloso. Sua esposa, Nandi, tinha dado luz a seu primeiro filho, que eles chamaram Shaka. Mas as outras esposas do Rei, que era ciumento e frio, o pressionaram a banir Nandi e o jovem menino em exílio. Firme e orgulhosa, ela criou seu filho com o tipo de treinamento e orientação que um herdeiro real deveria ter. Depois ela e seu filho foram finalmente recompensados e mais tarde Shaka retornou para se tornar o maior de todos os Reis Zulus. Até hoje o povo Zulu usa seu nome, "Nandi”, para se referir a uma mulher de alta estima.

NEHANDA - Guerreira do Zimbábue 

Nascida em uma família religiosa, Nehanda exibiu liderança notável e habilidades organizacionais, e jovem se tornou uma das líderes religiosas mais influentes do Zimbábue. Quando os colonos ingleses invadiram o Zimbábue em 1896 e começaram a confiscar a terra e o gado, Nehanda e outros líderes declararam guerra. A princípio eles alcançaram grande sucesso, mas como os materiais se esgotaram, foram vencidos no campo de batalha. Nehanda foi capturada, culpada e executada por ordenar a matança de um notável e cruel chefe nativo. Apesar de estar morta por quase cem anos, Nehanda permanece o que ela era quando viva - a única pessoa mais importante na história moderna do Zimbábue, e ainda é chamada de Mbuya (avó) Nehanda por patriotas do Zimbábue.
Negras Guerreiras: Constância de Angola, Zacimba Gaba, Mariana Criola, Felipa Maria, Teresa Rainha, Sabrina da Cruz, Teresa de Quatiretê, Luiza Mahin, são alguns outros exemplos de comando e resistência que continuaram a florescer por outras eras e civilizações. Várias luas se ergueram e se puseram no céu do continente negro. Um dia, rainhas e princesas de tribos e reinos se viram obrigadas ao trabalho forçado no novo mundo. Mas foi ali que fizeram multiplicar o sangue de muitas guerreiras, tornando–se quilombolas. Em terras tão distantes, ligadas ao passado, mulheres negras geraram o valor da bravura herdada de suas ancestrais. 

A palavra liberdade ganhou um significado mítico no Brasil, dando um novo sentido à vida levada entre a clausura e o trabalho forçado. Para elas, ser livre era também reverenciar seus costumes, reviver o passado soberano, encenar a memória dos seus antepassados. Em folguedos, foram eternizadas na glória real da corte negra. No novo continente, há o despertar para o misticismo trazido do outro lado do Atlântico. A construção da identidade africana no Brasil encontra nas celebrações e ritos toda uma reverência à mulher como mediadora entre os deuses e a humanidade. 

Assim, tornaram-se as grandes mães negras como Mãe Menininha do Gantois(gantuá)e muitas outras sacerdotisas que exerceram o poder espiritual trazido de África por suas ancestrais no novo mundo. 

Majestade, soberana, guardiã da sagrada chama da vida. Derrama teu talento ao interpretar a história da raça; enfeitiça os sentidos com tua beleza negra, libertando corpo e alma. Eleva-te ao panteon das matriarcas ancestrais da África e invoca a rainha dentro de ti. Resgata a força feminina das guerreiras imortais, Rainhas Mães de todos os tempos, para abençoar e iluminar teus filhos, emanando o Axé, força que permite a realização da vida: que assegura a existência dinâmica; que possibilita os acontecimentos e as trasformações.

FONTES:Guetto/www.starnews2001.com.br/www.afroasia.ufba.br/www.dogon.lobi.ch/www.casadasafricas.org.br/www.firmaproducoes.com/LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, São Paulo: Selo Negro, 2004/civilizacoesafricanas.blogspot.com.


Texto  extraído do site da UNegro Rio de Janeiro - http://unegroriodejaneiro.blogspot.com.br

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Samora Machel



Samora Moisés Machel GColIH (Madragoa, Gaza, 29 de Setembro de 1933 — Montes Libombos, 19 de Outubro de 1986) foi um militar moçambicano, líder revolucionário de inspiração socialista, que liderou a Guerra da Independência de Moçambique e se tornou o seu primeiro presidente após a sua independência, de 1975 a 1986.
Carinhosamente conhecido como "Pai da Nação", morreu quando o avião em que regressava ao Maputo se despenhou em território sul-africano.Em 1975-1976 foi-lhe atribuído o Prémio Lénine da Paz.
Juventude
Samora Moisés Machel nasceu em 29 de setembro de 1933 em Madragoa, na Gaza. Filho de um agricultor relativamente abastado, Mandande Moisés Machel, da aldeia de Madragoa (actualmente Chilembene), Samora entrou na escola primária com nove anos, quando o governo colonial português entregou a "educação indígena" à Igreja Católica. Quando terminou a escola primária, o jovem de cerca de 18 anos quis continuar a estudar, mas os padres só lhe permitiam estudar teologia e Samora decidiu ir tentar a vida em Lourenço Marques, actual Maputo. Teve a sorte de encontrar trabalho no Hospital Miguel Bombarda (o principal hospital da cidade) e, em 1952, começou o curso de enfermagem. Em 1956, foi colocado como enfermeiro na ilha da Inhaca, em frente da cidade de Maputo, onde casou com Sorita Tchaicomo, de quem teve quatro filhos: Joscelina, Edelson, Olívia e Ntewane.
Neto de um guerreiro de Gungunhana, Samora Machel foi educado como nacionalista e, como estudante, foi sempre um «rebelde» e tomou conhecimento dos importantes acontecimentos que se davam no mundo: a formação da República Popular da China com Mao Tse-Tung, em 1949, a independência do Gana com Kwame Nkrumah, em 1957, seguida da independência de vários outros países africanos. Mas foi o seu encontro com Eduardo Mondlane, de visita a Moçambique em 1961 e que nessa altura trabalhava no Departamento de Curadoria da ONU como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos, que, juntamente com a perseguição política de que estava a ser alvo, levou à decisão de Samora de abandonar o país em 1963 e juntar-se à FRELIMO na Tanzânia. Para lá chegar, teve a sorte de, no Botswana, encontrar Joe Slovo (que, mais tarde, foi presidente do Partido Comunista Sul-Africano) com um grupo de membros do ANC sul-africano, os quais lhe ofereceram transporte num avião que tinham fretado.
Na FRELIMO
Dado que, nessa altura, já a FRELIMO tinha chegado à conclusão de que não seria possível conseguir a independência de Moçambique sem uma guerra de libertação, o jovem enfermeiro Samora Machel foi integrado num grupo de recrutas para receber treino militar na Argélia. No seu regresso à Tanzânia, ascendeu imediatamente ao posto de comandante Em Novembro de 1966, na sequência do assassinato de Filipe Samuel Magaia, então Chefe do Departamento de Defesa e Segurança da Frelimo (o órgão que comandava a luta armada), Samora foi nomeado chefe do novo Departamento de Defesa, com as mesmas funções do anterior, enquanto Joaquim Chissano era nomeado chefe do Departamento de Segurança, tratando dos problemas de espionagem que minavam o movimento.
Em 1967, Samora Machel criou o Destacamento Feminino (DF) para envolver as mulheres moçambicanas na luta de libertação e, em 1969, casou-se oficialmente com Josina Muthemba, uma guerrilheira (com ensino secundário) do DF, de quem teve um filho, Samora Machel Jr.
Josina morreu de leucemia, a 7 de Abril de 1973. Em sua homenagem, depois da independência de Moçambique, o antigo Liceu Salazar, na capital, passou a chamar-se «Escola Secundária Josina Machel» e o 7 de Abril tornou-se feriado nacional (Dia da Mulher Moçambicana).
Em 1968, foi reaberta a «Frente de Tete», a forma como Samora respondeu a dissidências dentro do movimento, reforçando a moral dos guerrilheiros.
Em 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Mondlane, então presidente da FRELIMO, foi assassinado com uma encomenda-bomba. O vice-presidente, Uria Simango, assumiu a presidência, mas o Comité Central, reunido em Abril, decidiu rodeá-lo de duas figuras – Machel e Marcelino dos Santos –, formando um triunvirato. Em Novembro desse ano, Simango publicou um documento dando apoio aos antigos dissidentes (que não tinham sido ainda afastados do movimento) e acusando Samora e vários outros dirigentes de conspirarem para o matar. Em Maio de 1970, noutra sessão do Comité Central, Simango foi expulso da FRELIMO e Samora Machel foi eleito Presidente, com Marcelino como Vice-Presidente. Segundo certos investigadores da actualidade, Samora Machel não foi eleito após a morte de Mondlane, mas ascendeu ao poder por circunstâncias associadas à situação que a FRELIMO então atravessava. Como corolário, a violação dos estatutos do movimento, ao não aceitar que Uria Simango fosse presidente da Frelimo após a morte de Eduardo Mondlane em 1969.
Preparativos para a Independência
Nos anos seguintes, até 1974, Samora conseguiu organizar a guerrilha, de forma a neutralizar a ofensiva militar portuguesa – comandada pelo General Kaúlza de Arriaga, um homem de grande visão militar, a quem foi dado um enorme exército de 70 000 homens e mais de 15 000 toneladas de bombas –, e a organizar aquelas a que a FRELIMO chamava «zonas libertadas». Na verdade, a FRELIMO chamava «libertadas» a quaisquer zonas de algum modo afetadas por ações bélicas e que abrangiam cerca de 30% do território. Como as ações bélicas eram essencialmente potenciais ou muito ligeiras na maioria dos casos, estando o verdadeiro foco da guerra confinado a bolsas bem restritas das províncias (então «distritos») de Cabo Delgado, Niassa e Tete, as «zonas libertadas» – ou melhor, as zonas sob o efetivo controlo da FRELIMO – não tinham a dimensão que esta reivindicava.
Samora dirigiu também uma ofensiva diplomática em que granjeou apoios, não só dos aliados socialistas, mas inclusive do Vaticano, um aliado tradicional de Portugal (o Papa era então Paulo VI).
A seguir ao golpe-de-estado militar de 25 de Abril de 1974 («Revolução dos Cravos»), em Portugal, que tivera como causa imediata a incapacidade de resolver a questão colonial pelas armas, o Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Mário Soares, encabeçou uma delegação a Lusaca, em que propôs à FRELIMO o cessar-fogo e um referendo para decidir se os moçambicanos (certamente incluindo os habitantes de origem portuguesa) queriam a independência, conforme pretendia o General António de Spínola, primeiro Presidente da República Portuguesa depois do 25 de Abril. Samora recusou, afirmando que «a paz é inseparável da independência», e expandiu as operações militares, contando com a desmotivação dos militares portugueses, aos quais o 25 de Abril prometera o fim da guerra. Em Julho, aproveitando a inação em que as forças armadas portuguesas tinham caído, cercou um destacamento, que se rendeu, no posto de Omar, junto à fronteira da Tanzânia. Entretanto, a ala mais radical do Movimento das Forças Armadas (MFA), que fizera o golpe de 25 de Abril de 1974 em Portugal, chamou a si as negociações com os movimentos autonomistas das colónias. Com a mudança de atitude de Lisboa, acabou por ser assinado, em 7 de Setembro de 1974, o Acordo de Lusaca, entre o governo provisório português (cuja delegação era então dirigida por Melo Antunes, Ministro sem Pasta) e a FRELIMO. Nos termos deste acordo, formar-se-ia no mesmo mês um governo de transição, com elementos nomeados por Portugal e pela FRELIMO, e a independência teria lugar a 25 de Junho de 1975.
A FRELIMO decidiu que o primeiro-ministro do governo de transição não devia ser Samora, mas Chissano, ainda chefe do Departamento de Segurança. Entretanto, Samora fez várias viagens aos países socialistas e a países vizinhos de Moçambique, para agradecer o seu apoio durante a luta armada e solicitar apoio para a construção do Moçambique independente. Durante uma sessão do Comité Central, realizada na praia do Tofo (Inhambane) e dirigida por Samora, foi aprovada a Constituição da República Popular de Moçambique e decidido que Samora Machel seria o Presidente da República.
Consolidação do poder
Ainda antes da independência, sob a vigência do governo de transição partilhado com Portugal, a FRELIMO cilindrou toda a oposição. Os antigos militantes Lázaro Nkavandame, Uria Simango, Paulo Unhai, Kambeu e Padre Mateus Gwengere foram detidos, a pretexto de se terem aliado a elementos da comunidade branca no levantamento de 7 de Setembro de 1974 contra a entrega do poder à FRELIMO (Mateus Gwengere foi raptado no Quénia, onde se encontrava exilado, e trazido secretamente para Moçambique).[1] A mesma onda apanhou Joana Simeão que, apesar de nunca ter pertencido à FRELIMO, criara um partido (GUMO – Grupo Unido de Moçambique) alegadamente de tendências pró-ocidentais, propondo um modelo baseado no pluralismo e no mercado livre (ironicamente, a FRELIMO viria a adotar esse modelo anos mais tarde, quando acabou por renunciar ao marxismo). Classificados como «traidores» e «inimigos», foram sujeitos a um julgamento sumário presidido pelo próprio Machel nos moldes ditos «revolucionários» e «populares».
Segundo revelam os jornalistas José Pinto de Sá e Nélson Saúte no diário português «Público», Joana Simeão, o reverendo Uria Simango, Lázaro Nkavandame, Raul Casal Ribeiro, Arcanjo Kambeu, Júlio Nihia, Paulo Gumane e o padre Mateus Gwengere encontravam-se internados no «campo de reeducação» de M’telela, no Niassa (noroeste de Moçambique), quando, a 25 de junho de 1977 (segundo aniversário da independência de Moçambique), lhes foi comunicado que iriam ser transportados para a capital, Maputo, onde o presidente Samora Machel discutiria a sua libertação. Seguiam numa coluna de jipes que, a dada altura, parou. À beira da picada, os soldados tinham aberto com uma escavadora mecânica uma grande vala e tinham-na enchido parcialmente de lenha. Amarraram os prisioneiros, atiraram-nos para dentro da vala e regaram-nos com gasolina, ateando-lhes fogo. Os prisioneiros políticos da Frelimo foram queimados vivos, enquanto os soldados entoavam hinos revolucionários em redor da vala. Só dezoito anos mais tarde, em 1995, vieram a lume os macabros pormenores do massacre, perante o silêncio da Frelimo, cujos sucessivos governos se tinham até então sistematicamente negado a fornecer informações sobre o paradeiro daqueles elementos do chamado «grupo dos reacionários».
Um outro dissidente da FRELIMO, Miguel Murupa, conseguiu refugiar-se em Portugal, tal como Máximo Dias (n.º 2 do GUMO) e dois antigos contestatários do regime colonial, Domingos Arouca e Pereira Leite. O advogado Willem Gerard Pott, com atividade considerada progressista durante a época colonial, caiu em desgraça por não demonstrar fidelidade incondicional à FRELIMO, acabando por morrer na prisão em consequência de tratamentos aviltantes (como, por exemplo, ser obrigado a correr semi-nu na via pública).
A mudança de política de Machel em relação aos Portugueses
É quase consensualmente admitido que uma das principais razões do colapso da economia moçambicana após a independência foi a partida precipitada da maioria dos cerca de 200 000 Portugueses residentes no país nas vésperas do 25 de Abril de 1974, e que esse êxodo terá sido provocado por uma mudança brusca de atitude por parte de Samora Machel.
Com efeito, o governo de transição que iria dirigir o país entre o acordo de cessar-fogo (assinado a 7 de Setembro de 1974 em Lusaca) e a independência (prevista para 25 de Junho do ano seguinte) tinha-se mostrado bastante conciliador. O primeiro-ministro, Joaquim Chissano (que se tornaria presidente da República depois da morte de Machel, doze anos mais tarde), conseguiu convencer a maior parte dos brancos de que somente os que tivessem graves responsabilidades nas páginas mais sombrias da época colonial poderiam recear o governo da Frelimo.
Um mês antes da independência, ou seja, em meados de Maio de 1975, Samora Machel entrou em Moçambique pela fronteira norte, vindo da Tanzânia, e encetou um périplo com destino à capital, situada no extremo sul, aonde deveria chegar na véspera da independência. Ao longo dessa viagem, inflamava literalmente as massas com os seus discursos, nos quais não cessava de repisar os aspectos mais odiosos e humilhantes do colonialismo na perspectiva dos colonizados. O mal-estar instalou-se progressivamente entre a comunidade portuguesa, numerosos membros da qual decidiram ir refazer a vida noutras paragens.
Têm sido propostas diversas explicações para esta mudança de atitude. No seu livro Quase Memórias, o Dr. António de Almeida Santos, célebre advogado de Lourenço Marques que, após a queda do regime de Marcello Caetano, foi Ministro da Coordenação Interterritorial e que conheceu Machel de perto, sustenta que o presidente da Frelimo teria sido muito afectado por dois episódios de violência, o primeiro dos quais causado por um levantamento na capital, com tomada das instalações do Rádio Clube de Moçambique, na sequência da assinatura do Acordo de Lusaca de 7 de Setembro de 1974 entre o governo provisório português e a FRELIMO, prevendo a concessão do poder, sem partilha, ao movimento nacionalista: este levantamento foi dirigido pela FICO (Frente Integracionista de Continuidade Ocidental), um movimento maioritariamente branco ao qual se tinham aliado dissidentes da FRELIMO e outros membros da comunidade negra que não viam com bons olhos a instauração de um regime de partido único em nome da FRELIMO. Como represália, eclodiram então motins sangrentos nos bairros negros da cidade e, durante vários dias, milhares de habitantes, sobretudo portugueses, foram barbaramente massacrados por apoiantes da FRELIMO. O segundo episódio de violência ocorreu poucas semanas mais tarde, a 21 de Outubro de 1974, na sequência de uma querela entre comandos portugueses e guerrilheiros da FRELIMO, provocando também motins sangrentos nos bairros de maioria negra, com o assassinato de dezenas de brancos e negros. Segundo Almeida Santos, Machel ter-se-ia possivelmente convencido de que a presença de uma numerosa comunidade portuguesa em Moçambique constituiria sempre uma fonte de instabilidade e uma ameaça potencial contra o poder da FRELIMO. A isso ter-se-iam juntado as pressões da União Soviética, para com quem a FRELIMO tinha contraído uma pesada dívida, sobretudo política, e que teria interesse em se desembaraçar dos Portugueses a fim de melhor exercer a sua influência a todos os níveis.
A presidência
No plano interno, Samora sempre assumiu uma política autocrática e populista, tentando utilizar nos meios urbanos os métodos usados na guerrilha e promover o desenvolvimento do país em bases socialistas, com repressão de qualquer dissidência interna. Menos de um mês depois da independência, Samora anunciou a nacionalização da saúde, da educação e da justiça; passado um ano, a nacionalização das casas de rendimento, criando a APIE (Administração do Parque Imobiliário do Estado),[1] que alugava as casas com rendas de acordo com o rendimento do agregado familiar. Lançou grandes programas de socialização do campo, com o apoio dos países socialistas, envolvendo-se pessoalmente numa campanha de colheita do arroz. Conseguiu ainda o apoio popular, principalmente dos jovens, para operações de grande vulto, tais como o recenseamento da população, em 1980, e a troca da moeda colonial pela nova moeda, o metical, no mesmo ano. Outras políticas populares foram as «ofensivas» a favor do aumento da produtividade e contra a corrupção, geralmente anunciadas em grandes comícios, para os quais a população era maciçamente convocada.
No entanto, poucas destas campanhas tiveram êxito e, em parte, levaram à partida de grande número de residentes de origem estrangeira, portugueses na sua maioria, o que provocou a paralisação temporária de muitas empresas e, mais tarde, por falta de capacidade de gestão, o colapso de muitos setores, como as indústrias têxtil, metalúrgica e química. Outras medidas impopulares foram o encarceramento nos chamados «campos de reeducação» das Testemunhas de Jeová, dos «improdutivos» e das prostitutas e a colocação em locais remotos de jovens com cursos superiores, medidas com o alegado objectivo de desenvolver regiões onde havia pouca população. A instalação do aparelho policial e repressivo gerou também desencanto entre a população, sobretudo urbana, em expansão rápida nos anos 70 e 80, e as próprias bases do partido Frelimo.
Sob a iniciativa do SNASP (Serviço Nacional de Segurança Popular) e da PIC (Polícia de Investigação Criminal), proliferaram as detenções, quer em penitenciárias tradicionais, como a da Machava, quer em «campos de reeducação» perdidos no mato do Norte e do Centro do país. A própria primeira mulher de Machel, que ele abandonara quando partira para a Tanzânia em 1963, foi detida, mau grado a sua ausência total de atividade política. A vida quotidiana dos cidadãos passou a ser vigiada pelos «grupos dinamizadores», células de controlo criadas a nível dos bairros e locais de trabalho.
Foi imposta uma reforma agrária, que visava agrupar os camponeses em «aldeias comunais» segundo o modelo dos kolkhozes e sovkhozes. Para o efeito, o novo regime moçambicano não hesitou em utilizar os antigos «aldeamentos», pequenos aglomerados nos quais o exército português tentara confinar a população rural, tradicionalmente dispersa em unidades unifamiliares no campo, a fim de a subtrair à influência da FRELIMO nas zonas do Norte afectadas pela guerra (paradoxalmente, a própria FRELIMO classificava então esses «aldeamentos» como «campos de concentração»). A reforma agrária baseada no conceito das «aldeias comunais» redundou num fiasco colossal.
Na frente externa, Samora sempre seguiu uma política de angariar amizades e apoio para Moçambique, não só entre os «amigos» tradicionais, os países do «bloco soviético» e os países vizinhos unidos numa frente de integração regional, a SADCC, mas até entre os seus «inimigos», sendo inclusivamente recebido (embora com frieza) por Ronald Reagan e tendo assinado um acordo de boa-vizinhança com Pieter Botha, presidente da África do Sul nos últimos anos do apartheid (o Acordo de Nkomati). Apesar disso, Samora não conseguiu suster a guerra que, iniciada logo a seguir à independência pelos vizinhos regimes racistas (a África do Sul e a Rodésia de Ian Smith), se tornou uma verdadeira guerra civil dirigida por um movimento de resistência armada (a RENAMO). A guerra civil durou 16 anos, provocou cerca de um milhão de mortos e cinco milhões de deslocados e destruiu grande parte das infraestruturas do país.
A partida da comunidade portuguesa, o insucesso da política de socialização e a guerra levaram a um colapso económico, e Samora, nos últimos anos, teve de abrandar a política de orientação comunista, permitindo aos «quadros» acesso a bens que estavam vedados ao comum dos cidadãos, encetando conversações com a RENAMO e, finalmente, organizando acordos com o Banco Mundial e o FMI, no sentido de estancar a guerra e relançar a economia.
A 30 de Agosto de 1982 recebeu o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.[4]
Morte
Samora Machel não conseguiu, no entanto, ver realizados os seus propósitos, uma vez que, em 19 de Outubro de 1986, quando se encontrava de regresso de uma reunião internacional em Lusaka, o Tupolev 134 cedido pela União Soviética em que seguia, junto com muitos dos seus colaboradores, se despenhou em Mbuzini, nos montes Libombos (território sul-africano, perto da fronteira com Moçambique). O acidente foi atribuído a erros do piloto russo, mas ficou provado que este tinha seguido um rádio-farol, cuja origem não foi determinada. Este facto levou a especulações sobre uma possível cumplicidade do governo sul-africano, que nunca se conseguiu provar.
Em 2010, o jornalista português José Milhazes, que vive em Moscovo desde 1977 e trabalha atualmente para o diário português Público e como correspondente da cadeia portuguesa de televisão SIC, publicou o livro «Samora Machel: Atentado ou Acidente?»[5], no qual sustenta que a queda do avião nada teve a ver com um atentado ou uma falha mecânica, mas sim com diversos erros da tripulação russa: em lugar de executar corretamente as operações de voo, os membros da tripulação, incluindo o piloto, estavam entretidos com futilidades, como a partilha de bebidas alcoólicas e outras, que não era possível obter em Moçambique e que eles traziam da Zâmbia. Segundo Milhazes, tanto os soviéticos como os moçambicanos teriam interesse em divulgar a tese de um atentado perpetrado pelo governo racista da África do Sul: a URSS quereria salvaguardar a sua reputação (qualidade mecânica do aparelho e profissionalismo da tripulação), ao passo que o governo de Moçambique quereria criar um herói.
No entanto, em 2007, Jacinto Veloso, um dos mais fieis aliados de Machel no seio da Frelimo, tinha já publicado as suas Memórias em Voo Rasante [6], nas quais sustenta que a morte do presidente de Moçambique se deveu a uma conspiração entre os serviços secretos sul-africanos e os soviéticos, que, uns e outros, teriam razões para o eliminar.
Segundo Veloso, o embaixador soviético pediu certa vez uma audiência ao Presidente para lhe comunicar a apreensão da URSS face ao aparente «deslizamento» de Moçambique para o Ocidente, ao que Machel teria respondido «Vai à merda!», ordenando em seguida ao intérprete que traduzisse e abandonando a sala. Convencidos de que Machel se afastara irrevogavelmente da sua órbita, os soviéticos não teriam hesitado em sacrificar o piloto e toda a equipagem do seu próprio avião.
A viúva de Samora, Graça Machel (Simbine de seu nome de solteira), com quem ele se casara em 1977 sendo ela Ministra da Educação, casou-se em 1998 com Nelson Mandela.