sexta-feira, 21 de novembro de 2014

I Corrida e Caminhada Salve o Rio Cachoeira: Prazo de inscrição foi prorrogado até sábado às 15 horas

Impreterivelmente até às 15 horas de amanhã, sábado, 22/11, a empresa Sprinter Eventos, contratada pelo Sindicato estará recebendo as inscrições dos interessados em participar da I Corrida e Caminhada Salve o Rio Cachoeira. Após esse horário, inscrições ainda poderão ser realizadas presencialmente na sede do Sindicato, situado à Rua Duque de Caxias, 111 – Centro, até às 17 horas do mesmo dia.
Ainda dá tempo de você se inscrever. Reúna a família, chame colegas e amigos e participe desse projeto de responsabilidade ambiental e de promoção da saúde.

Entrega dos kits para os participantes
Os kits da corrida estarão disponíveis para retirada a partir das 11 horas de amanhã, sábado, 22/11 na sede do Sindicato.

Receba seu Kit Corrida e ajude ao próximo
A partir das dez horas do sábado, 22/11, diretores do Sindicato estarão na sede da entidade (Rua Duque de Caxias 111) para a entrega do Kit Corrida e as últimas informações sobre a I Corrida e Caminhada Salve o Rio Cachoeira.
Solicitamos aos participantes que se puder contribuam com 1 kg de alimento não perecível que será entregue ao abrigo São Francisco.

Não se esqueça: Largada será ás 8 horas em ponto
Os participantes devem chegar com antecedência, pois a largada será impreterivelmente às 8 horas da manhã do domingo, 23 de novembro, na Praça Rio Cachoeira.

Nosso objetivo
A 1ª Corrida e Caminhada “Salve o Rio Cachoeira”, promovida pelo Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região, tem como objetivo difundir na comunidade a prática da atividade física, favorecendo o intercâmbio cultural e esportivo, além de chamar a atenção da sociedade sobre a conscientização ambiental da Bacia do Rio Cachoeira.
A organização da corrida de rua e caminhada estará sob a responsabilidade da Sprint Eventos juntamente com a AIA (Associação Itabunense de Atletismo).

Nossos parceiros e patrocinadores
Para realizar a I Corrida e Caminhada Salve o Rio Cachoeira o Sindicato contou com a logística e a experiência da empresa Sprint Eventos e da Associação Itabunense de Atletismo (AIA). Além disso, contamos com empresas abaixo que ajudaram na viabilidade do  nosso projeto.

Receba seu Kit Corrida e ajude ao próximo
A partir das dez horas do sábado, 22/11, diretores do Sindicato estarão na sede da entidade (Rua Duque de Caxias 111) para a entrega do Kit Corrida e as últimas informações sobre a I Corrida e Caminhada Salve o Rio Cachoeira.
Solicitamos aos participantes que se puder contribuam com 1 kg de alimento não perecível que será entregue ao abrigo São Francisco.

Mais informações
O evento será realizado no próximo domingo (23) e terá como ponto de largada a Praça Rio Cachoeira, impreterivelmente às 8h da manhã. Serão 6,4km de percurso.
As inscrições serão feitas exclusivamente pela internet. O link já está disponível no site do sindicato (www.bancariositabuna.com).
Neste link você encontra os valores e a forma de pagamento para efetuar sua inscrição.
Qualquer dúvida você pode tirar através do email corrida@bancariositabuna.com

Fonte: Seeb-Itabuna - Língua de Fogo

Cotado para Fazenda, presidente do Bradesco se reúne com Dilma

O presidente do Bradesco, Luiz Trabuco (foto), se reuniu dia 189/11 com a presidente Dilma Rousseff em Brasília, informa Sonia Racy. Ele teria sido convidado a assumir o Ministério da Fazenda. A escolha de um nome para a Fazenda, para tentar acalmar o mercado, e os desdobramentos e reflexos políticos para o governo em decorrência da Operação Lava Jato foram os dois temas dominantes da reunião de Dilma com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim da tarde de terça-feira, em Brasília.
Boatos de que poderia haver um anúncio oficial ontem sobre a equipe econômica mexeram com o mercado financeiro. Para Lula, a melhor indicação seria a de Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central em seu governo. Mas a presidente continua resistindo. Em sua lista de opções, além de Trabuco, há o nome do presidente Banco Central, Alexandre Tombini, com quem a presidente também teve a oportunidade de conversar, e muito, nos últimos dias.
Tombini não só esteve com Dilma na reunião do G-20, na Austrália, como foi convidado por ela a voltar no avião presidencial para Brasília, mais precisamente na cabine presidencial, durante o voo de volta para o Brasil.
O atual titular da Fazenda, Guido Mantega, permaneceu em Brisbane, na Austrália. Enquanto isso, Dilma e Tombini voavam, pararam em Osaka, no Japão, depois jantaram em Seattle, nos Estados Unidos, durante o tempo de reabastecimento do avião e por fim, fizeram uma parada na Cidade do Panamá.
Há ainda especulações em torno do nome do ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, que não restabeleceu todas as pontes com Dilma, mas tem discutido e participado de reuniões com projetos para o futuro com integrantes do governo. Barbosa é professor da Fundação Getúlio Vargas.
Por partes
A presidente tem seu timing próprio e, em entrevista antes de viajar para a Austrália, avisou que, ao retornar da reunião do G-20, iria começar a tratar das mudanças ministeriais “por partes”. Mas as novas denúncias e prisões ligadas ao caso de corrupção na Petrobrás fazem com que o governo tente apressar a formação do novo ministério para reverter a onda negativa que domina a agenda nacional.
Depois desta e outras reuniões da presidente com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, e com o governador da Bahia, Jacques Wagner, especula-se que Dilma possa anunciar a primeira etapa da reforma ministerial até amanhã. Mas não há nada definido. Ontem, Dilma voltou a se reunir no fim da manhã com Wagner, que em seguida embarcou para Salvador. O governador é um dos principais interlocutores da presidente neste momento e é cotado para pastas como Indústria e Comércio - que seria de sua preferência -, mas até a da Justiça teria entrado como alternativa.
Wagner avisou que não gostaria de ser deslocado para a presidência da Petrobrás, no lugar de Graça Foster, nem quer ir para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), cargo que já ocupou e atualmente tem à frente o também petista Ricardo Berzoini.
Fonte: Estadão via Vermelho

Após pressão social, Itamaraty nega entrada de Julien Blanc no Brasil

O instrutor que ensina a "pegar mulheres" à força e com violência, Julien Blanc, foi proibido de entrar no Brasil
Reprodução
O instrutor que ensina a "pegar mulheres" à força e com violência, Julien Blanc,
foi proibido de entrar no Brasil

Julian Blanc é um “palestrante” que ensina como “pegar mulheres” à força e com uso de violência. Após a confirmação de duas “palestras” dele no Brasil – uma no Rio de Janeiro, outra em Florianópolis – movimentos sociais fizeram uma grande movimentação na internet para o Itamaraty negar a entrada dele no país. Surtiu efeito, Julian Blanc foi proibido de pisar em solo brasileiro. 


Em nota, o Itamaraty confirmou já ter elementos suficientes para negar o visto do suíço Julian Blanc. “Caso uma solicitação de visto seja recebida por qualquer Embaixada ou Consulado no exterior, já existem elementos suficientes que recomendam a denegação”, diz um trecho do comunicado.

Porém, a mobilização para negar a entrada de Blanc foi grande, um abaixo-assinado online reuniu mais de 260 mil assinaturas. A petição denuncia os métodos divulgados pelo próprio instrutor para conquistar mulheres por meio da violência e intimidação.

Em entrevista para a Revista Fórum, um diplomata que preferiu não se identificar disse que o Brasil está atento ao assunto. “[O Itamaraty] É uma instituição sensível a questões de gênero, sim. Não é perfeita, nenhum lugar é perfeito, mas esforços pesados pela defesa da igualdade de gênero, combate à homofobia e ao racismo têm sido feitos”, garantiu.

Julian Blanc ensina, entre outras atrocidades, técnicas que incluem beijar mulheres à força e ignorar quando dizem não às investidas sexuais. O instrutor afirma que ao usar a força é possível “ativar a prostituta que existe dentro das mulheres”, e reconhece a agressividade, mas diz que o importante é atingir o objetivo: “É ofensivo, inapropriado, emocionalmente assustador, mas efetivo”.

A Secretaria de Políticas para Mulheres também divulgou uma nota em repúdio à realização das palestras de Julien Blanc no Brasil. Disse defender a liberdade de expressão, mas diante dos perigos que o suíço representa “junta-se às mulheres e diz claramente: é radicalmente contra qualquer tipo de violência contra as mulheres e pela defesa dos direitos delas”.


Do Portal Vermelho,
Mariana Serafini,
com informações da revista Fórum

Uma em cada três mulheres é vítima de violência no mundo, indica OMS

Uma em cada três mulheres no mundo é víima de abusos físicosUma em cada três mulheres é vítima de abusos físicos em todo o mundo, indica uma série de estudos divulgados nesta sexta-feira (21) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


Agência Brasil
Uma em cada três mulheres no mundo é víima de abusos físicos
Entre 100 milhões e 140 milhões de mulheres são vítimas de mutilação genital e cerca de 70 milhões se casam antes dos 18 anos, frequentemente contra a sua vontade.

Os dados indicam que 7% das mulheres correm o risco de sofrer violência em algum momento das suas vidas.

A violência, exacerbada durante conflitos e crises humanitárias, tem consequências dramáticas para a saúde física e mental das vítimas.

“Nenhuma varinha de condão vai eliminar a violência contras as mulheres. Mas a prática revela que é possível realizar mudanças nas atitudes e nos comportamentos, que podem ser conseguidos em menos de uma geração”, afirmou Charlotte Watts, professora na Escola de Higiene e Medicina Tropical em Londres e coautora dos documentos.

Os investigadores apuraram que mesmo nos casos em que existe legislação forte e avançada de defesa das mulheres, muitas continuam a ser vítimas de discriminação, violência e falta de acesso adequado a serviços jurídicos e de saúde.

Os autores sustentaram que a violência contra as mulheres só vai retroceder se os governos colocarem mais recursos na luta e reconhecerem que ela prejudica o crescimento econômico.

O documento também sustenta que os líderes mundiais deverem mudar legislações e instituições discriminatórias que encorajam a desigualdade e preparam o terreno para mais violência.


Fonte: Agência Brasil via Vermelho

Capoeira será reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade

A capoeira de roda será reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)Dança, luta e símbolo de resistência, a capoeira de roda será reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 


Marcello Casal Jr | Agência Brasil
A capoeira de roda será reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
Na próxima semana, em Paris, o Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural e Imaterial da Unesco anuncia sua decisão. Foram feitos 46 pedidos de registro pelos Estados-Membros, sendo que 32 foram recomendados pelo órgão técnico do comitê, entre os quais está o da capoeira – o único apresentado pelo Brasil e um dos três bens da América Latina na lista.

No dossiê de candidatura, de 25 páginas, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) enumera uma série de ações para difundir a modalidade e propõe medidas de salvaguarda orçadas em mais de R$ 2 milhões, como a produção de catálogos e encontros. O documento destaca que o registro vai favorecer a consciência sobre o legado da cultura africana no Brasil e o papel da capoeira no combate ao racismo e à discriminação. O dossiê lembra que a prática chegou a ser considerada crime e foi proibida durante um período da história. Hoje, a capoeira é praticada até fora do país.

“A capoeira é uma manifestação cultural de muitas dimensões. É ao mesmo tempo luta, dança e jongo, tão ligada à nossa história, à nossa sociedade, que é um pouco do que é o povo brasileiro”, explicou a diretora do Departamento do Patrimônio Imaterial do órgão, Célia Corsino.

Já reconhecida como patrimônio cultural pelo Iphan desde 2008, a capoeira envolve os praticantes por meio do canto, dos instrumentos típicos como o berimbau e o atabaque, em uma roda, onde os golpes se confundem com a dança. Uma prática que é, ao mesmo tempo, jogo e brincadeira.

“A capoeira não é só um jogo, a capoeira é muito mais do que isso, a história da capoeira se confunde com a própria história do país, já foi utilizada até em guerra, como a do Paraguai”, diz mestre Paulinho Salmon, capoeirista e professor por mais de 50 anos. Ele faz parte de um comitê de mestres de capoeira no Rio que discute medidas de salvaguarda com o Iphan.

Os pedidos dos mestres para proteger a capoeira e seu aval para registrá-la como patrimônio da humanidade também foram levados em conta no dossiê entregue à Unesco. Entre eles, a possibilidade de a capoeira se tornar disciplina obrigatória nas escolas e nos encontros de troca de conhecimento. Segundo mapeamento do Iphan, a modalidade é praticada por todo o país.

No documento que recomenda o registro, o comitê técnico da Unesco destaca que a capoeira nasce da resistência contra a discriminação e favorece a convivência social entre pessoas diferentes. “[A roda] funciona como uma afirmação de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos e promove a integração social e da memória da resistência à opressão histórica".

No pedido, o Iphan também cita ações como o registro nacional da capoeira de roda como um bem cultural, a criação de grupos de trabalho, encontros e o prêmio Viva Meu Mestre, desenvolvidos com a sociedade civil e órgãos de governo. Para o futuro, como patrimônio da humanidade, são sugeridas medidas para promover a capoeira, contextualizá-la como legado africano no Brasil, além de mapear as rodas e seus mestres.

Conhecido como um dos maiores portos de desembarque de africanos, o Brasil organiza para 2015 o pedido de registro como patrimônio da humanidade do Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro. Estima-se que o país tenha recebido 40% de todos os africanos escravizados que chegaram vivos às Américas e, desses, cerca de 60% entraram pelo Rio de Janeiro, segundo o antropólogo e fotógrafo Milton Guran, do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do Escravo da Unesco. O Cais do Valongo é considerado sagrado por religiões de matriz africana.


Fonte: Agência Brasil via Vermelho

“O maior desafio é combater o preconceito contra pobre”, diz ministra

Tereza Campelo Após uma campanha eleitoral acirrada, em que parte da sociedade brasileira vilanizou os beneficiários de programas como o Bolsa Família – muitos deles, pobres e nordestinos –, resta a necessidade de “combater o preconceito contra o pobre”, na opinião da ministra do governo federal responsável pelos programas.

Há quase quatro anos à frente do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a economista Tereza Campello encabeça iniciativas que marcaram os governos petistas na última década, entre eles o Bolsa Família e o Plano Brasil Sem Miséria.

“A gente não pode pegar esse ódio de meia dúzia de pessoas absolutamente nefastas que falam absurdos do Bolsa Família e achar que isso é o Brasil”, diz a ministra, que cita dados comprovando que os brasileiros, em sua maioria, apoiam os programas sociais.

Formada pela Universidade Federal de Uberlândia, Campello fez parte da equipe de transição do primeiro governo Lula e foi alçada ao cargo de ministra na administração de Dilma Rousseff. Ela conversou com a BBC Brasil na semana passada, durante um evento na London School of Economics, em Londres.

A ministra reconheceu que a deterioração da economia pode ter um impacto negativo nas populações mais pobres e discutiu dados oficiais divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostram um aumento no número de brasileiros vivendo na miséria.

Sobre sua permanência no cargo no próximo mandato, a ministra diz que a “pergunta deve ser feita à presidenta da República”, mas que “pretende continuar ajudando o projeto, independente de onde for”. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

BBC Brasil – Números divulgados pelo Ipea no início deste mês com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que a quantidade de brasileiros vivendo na miséria não só parou de diminuir, mas também cresceu de 10,08 milhões em 2012 para 10,45 milhões em 2013. O que aconteceu? Por que o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza cresceu?

Tereza Campello - Mesmo seguindo essa linha (de pobreza adotada pelo) Ipea, se a gente for olhar, vamos ver que esta variação está dentro da margem de erro. Não podemos dizer que uma coisa subiu ou desceu quando está dentro da margem de erro. O ideal é que a gente olhe a tendência dos últimos dez anos ou do último período, para poder fazer uma avaliação econômica.

No ano passado, por exemplo, essa mesmo pesquisa da PNAD apresentou dentro da margem de erro uma variação de aumento dos analfabetos. Foi o maior escarcéu. Como pode aumentar analfabeto no Brasil? As pessoas deixaram de saber ler? Sabiam ler e deixaram de saber ler? Fomos olhar este ano, e era uma variação estatística.

Tereza: A minha avaliação é que a pobreza continua caindo. A extrema pobreza continua caindo. O Bolsa Família para os extremamente pobres teve um aumento real de 20% no período analisado pela PNAD, o salário mínimo aumentou e o desemprego para a população extremamente pobre continuou caindo. Então, todos elementos econômicos que dão base à avaliação comprovam que as políticas continuam tendo eficiência.

BBC Brasil – Na última quinta-feira, a FGV divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1, que mede a inflação para as famílias com renda de até 2,5 salários mínimos, voltou a subir em outubro e já acumula alta de 6,24% nos últimos doze meses. Nós sabemos que a inflação acaba por comprometer a renda, especialmente dos mais pobres. Não há o risco de a piora da situação econômica acabar anulando os ganhos com os programas sociais?

Tereza - Nós temos atualizado os valores da linha de pobreza para garantir a paridade do poder de compra. Recentemente, nós aumentamos o valor do Bolsa Família de R$ 70 para R$ 77 (mensais per capita). Se a gente olhar os dados do Bolsa Família para os extremamente pobres, não tem nenhum outro indicador no Brasil que tenha tido um aumento maior dentro do mandato da presidenta Dilma do que o aumento da renda dos mais pobres com o Bolsa Família.

O Bolsa Família cresceu 84% acima da inflação em quatro anos. Então, nós estamos com valores que já estão bem acima do crescimento inflacionário e a expectativa é que a gente mantenha o poder de compra dos ganhos dessa população.

BBC Brasil – Então em uma eventual permanência dessas pressões inflacionárias os programas serão reajustados novamente?

Tereza- Não tem porque a gente mudar a prática. É isso que tem acontecido. Agora, é óbvio que a inflação impacta. A nossa expectativa é que a inflação se mantenha dentro da meta e nós estamos tomando medidas para que isso aconteça.

BBC Brasil - Ao mesmo tempo, a deterioração da economia faz com que haja uma pressão de diversos setores por ajustes e cortes de gastos. Como resolver esse impasse entre a necessidade de continuar atendendo às famílias na miséria e na pobreza e a necessidade de cortar gastos. A senhora acha que os programas sociais também terão que sofrer ajustes?

Tereza - Os programas dentro do (Plano) Brasil Sem Miséria certamente não serão objeto de redução. Tem alguns programas que vão ter redução, mas não por conta da agenda de cortes. Por exemplo, no caso de cisternas, nós cumprimos nossa meta. Hoje fizemos uma quantidade de cisternas [750 mil no primeiro mandato Dilma Rousseff] e no próximo período certamente não vamos manter o mesmo nível, porque não tem necessidade.

BBC Brasil 
– Existe ainda uma impressão de que o progresso em outros aspectos, como educação, saúde e outros serviços, não andou na mesma velocidade. Não há um problema nisso?

Tereza - Eu acho que cada vez que a gente conquista um patamar, esse patamar se torna insuficiente. A gente andou um tanto, isso só faz com que a população queira mais ainda. Não só é legítimo querer mais saúde e educação, como isso é bom para o conjunto das famílias e bom para o Brasil. É importante que a gente tenha essa pressão popular e legítima, porque a gente quer melhorar também.

BBC Brasil – Na visão da senhora, qual são os grandes desafios do governo na área social neste mandato?


Tereza
 - O maior desafio é a gente continuar garantindo uma inclusão econômica de qualidade para os pobres. Tem gente que acha que o pessoal do Bolsa Família não trabalha. Metade do público não trabalha mesmo, porque tem menos de 18 anos de idade. Felizmente eles não trabalham. Isso é uma vitória do Brasil, ter tirado as crianças do trabalho infantil, e o Bolsa Família ajudou muito nisso.

Talvez o nosso maior desafio seja lutar contra o preconceito contra o pobre, de dizer que o pobre não trabalha. Porque a população pobre do Brasil trabalha e trabalha muito.

O bisavô foi analfabeto, o avô foi analfabeto, o pai é analfabeto, essa pessoa não teve acesso a educação de qualidade, e tem gente que acha que ela tem de competir no mesmo nível com quem teve tudo isso. Não, nós temos é que ajudá-la a sair dessa situação, que não é a situação de preguiça. Essa pessoa trabalha. É a situação de não ter tido acesso a oportunidades.

O grande desafio hoje é que não só a gente melhore a vida da população pobre, mas principalmente a gente melhore a qualidade do trabalho no Brasil. [Por isso] uma coisa que a gente vai continuar trabalhando é o Pronatec, que são os cursos de qualificação profissional. Parte desses cursos tem sido levada para as populações de baixa renda. Com isso a gente melhorou muito a situação inclusive para a própria classe média. Você tem um garçom de qualidade, um cozinheiro de qualidade no restaurante, um cuidador de idoso, um cuidador de criança…

BBC Brasil –
 A senhora diria que deveria haver um prazo para o Bolsa Família acabar, mesmo que seja um longo prazo? Ou esses programas tendem a se tornar permanentes?

Campello - Todos os países do mundo, como a Inglaterra, têm programas que são programas sociais, programas de transferência de renda. A ideia de imaginar que você pode abrir mão deles significa que você acha que os países estão imunes (a crises) ou então parte daquela ideia de que o pobre é preguiçoso.

Tem muita gente que diz: você dá dois anos de oportunidade para essa pessoa, se ela em dois anos não se consertar, você tira do Bolsa Família. As pessoas não estão no Bolsa Família por preguiça.

Segundo, se você pega um país como a Espanha, que foi um dos países que mais sofreu com a crise: uma parte grande da população da Espanha hoje está desempregada. Então você estaria sujeitando seus programas a ter prazo segundo o quê?

Terceiro: nós já chegamos, em nossa avaliação, na quantidade de brasileiros que deveriam estar em tranferência de renda. Então esse patamar já se estabilizou.

O exemplo do Brasil tem mostrado como programas que não têm prazo de duração de dois anos são mais eficientes do que esses programas que terminavam artificialmente, jogando muitas vezes as crianças no desalento. A criança estava na escola, estava bem, a família cai na pobreza de novo, a criança sai da escola e vai para o trabalho infantil.

BBC Brasil – Então seria o caso de tornar o programa um benefício constitucional?


Tereza - Eu acho que esse é um debate que a sociedade tem de fazer. Hoje o Bolsa Família é lei. Aliás, ele é lei desde 2003 e hoje ele está anunciado como um direito. Qualquer brasileiro que receba – considerando a sua renda e o número de seus familiares – menos de US$ 1,25 (por dia) tem direito ao Bolsa Família, e nós queremos que ele esteja dentro do Bolsa Família. O debate se bota na Constituição como um direito ou não é um debate legítimo que a sociedade tem que fazer.

BBC Brasil – Como a senhora vê o uso dos programas sociais durante a campanha? A impressão é de que houve nas redes sociais um aumento no preconceito contra os nordestinos usando muitas vezes o Bolsa Familia e os programas sociais como base para essas críticas.

Como vê isso?

Tereza- A gente não pode pegar o número de pessoas que postam coisas preconceituosas e racistas nas redes sociais e achar que isso reflete o povo brasileiro. A gente não pode pegar esse ódio de meia dúzia de pessoas absulutamente nefastas que falam absurdos do Bolsa Família e achar que isso é o Brasil. Não é mesmo.

Tem uma pesquisa do Ibope a que eu tive acesso em setembro, no auge do período eleitoral, que dizia que 75% dos brasileiros eram a favor do Bolsa Família. Os brasileiros não acham que os pobres são preguiçosos e os brasileiros acham que o Bolsa Família deve ser garantido sim.

Essa é uma discussão em que a gente permanentemente tem que informar à sociedade. Por exemplo, a informação de que 75% dos adultos do Bolsa Família trabalham. Na sociedade que não recebe Bolsa Família, 75% dos brasileiros trabalham. Se não é diferente, por que é que acham que são os do Bolsa Família que não trabalham? Não tem nenhuma base factual para que as pessoas afirmem isso.

Fonte: BBC Brasil via Vermelho

PCdoB na Câmara defende menos superávit e mais investimentos

 A líder do PCdoB na Câmara, Jandira Fgehali (na foto à esq. do presidente da Casa) e a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) querem a aprovação em Plenário da alteração da meta fiscal.
Agência Câmara
 A líder do PCdoB na Câmara, Jandira Fgehali
(na foto à esq. do presidente da Casa) e a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE)
querem a aprovação em Plenário da alteração da meta fiscal.

Parlamentares do PCdoB na Câmara dos Deputados vão intensificar a defesa da aprovação do projeto que desobriga o governo federal de fazer superávit primário nas contas públicas. A decisão da bancada é apoiar a escolha do governo Dilma Rousseff, que resolveu priorizar medidas de incentivo à economia nacional para minimizar os efeitos da crise financeira internacional.


Segundo a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), “o objetivo central da equipe de política econômica de Dilma é adotar medidas para sustentar a geração de emprego e renda, garantindo o presente e construindo um futuro melhor para 202,7 milhões de brasileiros.”

Ela lembrou que “os governos Lula e Dilma promoveram a geração de 20,6 milhões de empregos, mais do que o dobro dos antecessores: 8,3 milhões entre 1985 e 2002. O desemprego também atingiu o menor nível histórico no Brasil”.

A proposta que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano deve ser votada na próxima terça-feira (25) na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e, em seguida, no Plenário do Congresso Nacional (sessão conjunta da Câmara e do Senado).

Crescimento X arrocho fiscal

O governo federal quer aprovar no Congresso a mudança na LDO 2014 para permitir que uma parcela maior dos recursos públicos possa ser destinada ao PAC e às renúncias fiscais. A proposta acaba com o limite de desconto para essas programações.

Essa mudança legal desobriga o governo de priorizar a meta de superávit primário, referendando a posição governamental de valorizar o crescimento em vez do arrocho fiscal no Brasil. Com essa medida, o governo federal fará mais investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mais desonerações fiscais. Sem o limite de descontos para esse tipo de despesa, há um estímulo concreto para o Executivo manter essas prioridades e incentivar a economia.

Os líderes da oposição querem que o Brasil priorize a produção de superávit. São contra as mudanças que viabilizam a ampliação dos investimentos, a expansão dos serviços públicos e as desonerações tributárias. A oposição quer repetir o que fazia durante o governo tucano de FHC. Por privilegiar o superávit, abandonou os investimentos e o Brasil viveu o apagão de 2001 e o desemprego explodiu.

Produção e infraestrutura

O superávit primário é uma reserva de recursos feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano (LDO 2014), que estabelece metas e prioridades para o período, determina a produção de um superávit primário de R$ 116,1 bilhões.

A proposta do governo é reduzir a meta fiscal de superávit primário em até R$ 67 bilhões, com pagamentos de obras do PAC, carro-chefe de investimentos dos governos Lula e Dilma, e na redução da carga tributária de segmentos estratégicos para o crescimento do Brasil.

Para combater os efeitos da crise econômica mundial, especialmente depois de 2011, o governo federal aumentou os investimentos, para viabilizar obras de infraestrutura e diminuir a carga tributária. Em 2014, Dilma investiu pesado na ampliação dos investimentos públicos e dos programas sociais. E, com renúncias fiscais, o governo tem compensado as dificuldades da economia e das empresas, em busca do aumento da produtividade e da ampliação do emprego e dos salários.

Nos últimos anos, o governo abriu mão de receber dezenas de bilhões de reais em impostos. Somente neste ano, até setembro, foram pelo menos R$ 75,7 bilhões e esse valor deve somar R$ 100 bilhões até o final do ano.

Ao reduzir os custos da produção e da comercialização de combustíveis, energia elétrica, transporte coletivo e cesta básica, o governo incentiva a produção, viabiliza o emprego e reduz preços, beneficiando o consumidor e toda a economia.

De janeiro a setembro, foram pagos R$ 47,2 bilhões em projetos do PAC. A maior parte dos investimentos do PAC é destinada a rodovias, ferrovias, aeroportos, portos, energia, recursos hídricos, hospitais e creches. Além da expansão da infraestrutura, há melhoria dos serviços públicos. Para as mães trabalhadoras, por exemplo, Dilma entregou 5.902 creches (98,3% do prometido).


Da Redação do Vermelho em Brasília
Com informações da Lid. PCdoB na Câmara

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Movimentos se mobilizam em todo o país pelo Dia da Consciência Negra

Tradicional lavagem da estátua do Zumbi dos Palmares na Bahia
Sindicato dos Bancários da Bahia
Tradicional lavagem da estátua do Zumbi dos Palmares na Bahia

Esta quinta-feira marca o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o momento em que os movimentos sociais se unem em torno de apenas uma causa: o combate ao racismo em busca pela igualdade dos povos. Ações voltadas para esta questão serão realizadas em diversos estados brasileiros. Segundo o presidente da Unegro, Edson França, neste dia o país para e faz um “balanço” das conquistas e se prepara para fortalecer a luta no período seguinte. 


Dia da Consciência Negra é feriado em mais de mil cidades

imentos sociais vão realizar atividades para levantar o debate sobre a questão racial e convidar a sociedade a refletir sobre o tema. De forma conjunta, o movimento negro paulista realiza a 11ª edição da Marcha da Consciência Negra, com pautas pontuais sobre a realidade dos negros no país.

A data recorda a histórica resistência de Zumbi, do Quilombo dos Palmares, e destaca a luta contemporânea contra o racismo. Para Edson, este dia é importante porque o país inteiro volta os olhos para esta questão e de forma conjunta, ações são propostas para dar continuidade na luta ao longo do ano seguinte. Ele classifica a data como uma “pausa para balanço”, onde os movimentos avaliam suas atuações e se preparam para fortalecer a busca por uma sociedade mais justa.

Segundo Edson, apesar dos esforços de governos progressistas em desenvolver políticas públicas para compensar a desigualdade entre negros e brancos, o Estado brasileiro ainda é “lamentavelmente racista”. “Precisamos separar Estado de Governo, e o Estado tem sido negligente, é um agente do racismo, a violência policial é a principal causa de mortes dos jovens negros”, denuncia.

Edson afirma que, os governos progressistas eleitos nos últimos anos, têm sido mais sensíveis à questão do racismo, porém, o Estado brasileiro está longe de dar a mesma importância ao tema.

“O dia da consciência negra é para reflexão e luta. Reflexão sobre a formação histórica do nosso país, o papel dos negros e negras na construção da nossa sociedade e os limites que até hoje são impostos, limites estes que nós precisamos enfrentar. Então, é também um dia de luta porque muito já foi feito, mas ainda há muito que se fazer para combater o racismo. Os negros recebem menos ao realizar as mesmas funções que outras pessoas, são sub-representados e até hoje estão no último lugar da fila nos serviços públicos, então é também um dia onde toda a sociedade deve se unir, brancos e negros, para refletir e lutar pelo fim do racismo”, diz o deputado federal eleito, Orlando Silva.

Questões como a Reforma Política e a Reforma da Mídia estão diretamente ligadas à luta do movimento negro. A primeira porque ainda hoje o congresso nacional é majoritariamente branco e masculino. A população negra, apesar de ser maioria do país, não é proporcionalmente representada nos espaços públicos de poder.

A democratização da mídia é necessária, entre outras questões, para mudar os paradigmas da imprensa hegemônica onde a figura do negro é estereotipada e a agenda antirracismo invisibilizada.

De acordo com a secretária de Políticas de Igualdade Racial da CTB, Mônica Custódio, no Rio de Janeiro a Marcha vai homenagear figuras importantes na luta contra o racismo: a escritora Carolina de Jesus e o ativista Abdias Nascimento.

Com o tema “De Zumbi a João Cândido” a concentração da marcha começa às 16 horas com a lavagem do busto de João Cândido, na Praça XV, centro da capital carioca, e segue até a Candelária, onde lavam a estátua de Zumbi. O ato político contará com a presença de lideranças dos movimentos sociais e autoridades políticas.

Na Bahia a lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, na Praça da Sé, em Salvador também será a ação principal, e começa às 9 horas. Este ano o tema do evento é “O extermínio da juventude negra”, além do ato político haverá atividades culturais cuja atração principal é a banda Tambores de Búzios.


Em São Paulo a concentração do movimento negro para a Marcha será no Vão do Masp, na Avenida Paulista, a partir das 11 horas. Depois do ato político, os ativistas seguem em passeata pelas principais ruas da capital. “Saímos para as ruas, em todo o país, com muito samba para derrotarmos a tristeza da opressão, da discriminação, do racismo e mostramos a nossa alegria, uma alegria com esperança de um futuro com igualdade, justiça, solidariedade. Um futuro onde todos sejam respeitados pelo que são e não pela cor da pele, pela orientação sexual ou pelo sexo”, afirma Mônica Custódio.

Ainda na capital paulista, o Vale do Anhangabaú será palco para uma grande festa ao som de música africana a partir das 11 horas. Já no sábado (22) é dia de atividades no CEU Caminho do Mar, no Jabaquara. O evento Mulher Negra, que começa às 9 horas e segue até 22 horas conta com a apresentações artísticas, roda de capoeira, samba, hip hop e show de Ivo Meirelles. E para encerrar as comemorações, na terça-feira (25) há um lançamento, seguido de debate da reedição da obra Dialética radical do Brasil negro de Clóvis Moura, às 19 horas na Funarte.

Leia mais:O grito de liberdade que veio do Nordeste brasileiroDia da Consciência Negra é feriado em mais de mil cidades
Do Portal Vermelho,
Mariana Serafini

PCdoB homenageia Dia da Consciência Negra na Câmara dos Deputados

O deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE) homenageou em discurso feito na Câmara dos Deputados na terça-feira (18) o Dia da Consciência Negra, que é comemorado em centenas de cidades pelo Brasil nesta quinta-feira (20).


Por Ramon de Castro, para a Rádio Vermelho


Ouça o áudio na íntegra na Rádio Vermelho:


    Na luta contra a morte de jovens negros, Zumbi é a nossa inspiração!

    Para cada grupo de 100 mil temos uma taxa de mortalidade de 13,9 para jovens brancos e espantosos 72,6 para jovens negros.  
    Revista Afro
    Para cada grupo de 100 mil temos uma taxa de mortalidade de 13,9 par
    a jovens brancos e espantosos 72,6 para jovens negros.

    Ao celebrarmos mais um 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, ouvimos um soluçar de dor, um canto de revolta pelos ares, certamente entoado por mães que perdem seus filhos negros, no cotidiano de violência das grandes cidades brasileiras. Os dados do Mapa da Violência de 2014 nos exibe uma dura realidade de sangue. A violência tem sido a principal causa mortis de jovens no país, e ela tem como alvo preferencial a juventude negra. 

    Por Olívia Santana* 



    Para cada grupo de 100 mil temos uma taxa de mortalidade de 13,9 para jovens brancos e espantosos 72,6 para jovens negros. Sem dúvida as condições de vulnerabilidade social põem em risco a vida de milhões de meninos negros que habitam os guetos do Brasil, que os tornam vítimas da brutalidade do tráfico, dos grupos de extermínio e, lamentavelmente, das forças policiais de Estado. São mais que estatísticas. Os números mascaram histórias de vida e suas rotas alteradas. Os grandes centros urbanos têm se transformado em arenas onde a tragédia da morte de jovens de 15 a 29 anos deixa como herança o drama familiar e a perda prematura de potencial humano para a nação.

    Em 2013 o Brasil gastou 258 bilhões de reais em segurança, o equivalente a 5,4% do PIB, mas é um recurso que se esvai em um modelo fracassado de segurança pública. Causa indignação saber que em 5 anos a polícia brasileira matou mais que a dos EUA em 30 anos. Está em marcha uma cultura de morte, banalizada e espetacularizada por uma parcela importante dos meios de comunicação, que descobriu nisso um público que tem fascínio pela catástrofe e com ele têm alimentado suas contas comerciais.

    É inconcebível o tanto de situações de desaparecimento de jovens, após serem levados em viaturas policiais. Na Bahia, após o chocante caso Geovanne Mascarenhas, estamos às voltas com o desaparecimento de Davi, um menino negro de 16 anos, que nunca mais foi visto, após ter sido levado em uma viatura policial, em Vila Verde, periferia de Salvador. Diante desse quadro, medidas urgentes precisam ser tomadas pela garantia de um aparato de segurança pública capaz de respeitar a cidadania de todos, agir com inteligência, eficiência e, sobretudo, com justiça, comprometida com a cultura da vida e com a convicção de que nenhuma lei instituiu pena de morte no Brasil.

    É urgente, portanto, a aprovação do PL 4471/2012 que acaba com os autos de resistência, que têm sido usados como escudo para não se apurar a morte de vítimas da violência policial, especialmente quando essas são pobres, pretos, sem sobrenomes. A presidenta Dilma tem se mostrado comprometida com essa demanda. Em pronunciamento no ato político em que o movimento negro formalizou apoio à sua reeleição, em Nova Lima, Dilma fez um importante pronunciamento pelo fim dos autos de resistência e reafirmou essa posição numa coletiva de imprensa. Nesta mesma linha ganha cada vez mais corpo nas redes sociais, e em todo debate sério sobre segurança, a necessidade de mudança do artigo 144 da Constituição para promover a desmilitarização da polícia. As forças armadas são fundamentais para a defesa do país, mas a polícia que vai às ruas defender o cidadão, não pode usar práticas letais e torturas como num suposto vale tudo de guerra.

    Um outro desafio é ter foco em programas vocacionados a apoiar o jovem, que dialoguem com suas perspectivas de vida. Os avanços proporcionados pelas cotas para negros nas universidades e no serviço público, o Prouni, o Pronatec e o Juventude Viva, são um caminho a ser alargado com outras ações estruturais. A reforma da educação básica e a reforma urbana são indispensáveis à humanização das cidades e à elevação da qualidade de vida dos jovens e de todas as pessoas. O Plano Nacional de Educação é uma esperança, uma promessa de dias melhores para a nossa escola pública, seus alunos, majoritariamente pretos, e educadores. Obras urbanas de infraestrutura, de mobilidade, construções de ginásios, quadras de esporte, ciclovias, ambientes de lazer, entre outras, distensionam o ambiente social e promovem bem-estar, especialmente à juventude que explode vitalidade. Há que se cuidar do broto, para que os rebentos não virem guris no mato de papo pro ar, sem se saber se está rindo ou se está morto, como na canção que se inspira na crua realidade dos sem vozes. Urge quebrar a sina da carne mais barata do mercado e garantir a vida da juventude negra. O princípio da vida uma vez afirmado, suplanta o signo da morte anunciada como destino para milhares de pretos e pobres.

    O inconformismo e a audácia do jovem Zumbi dos Palmares haverá de existir sempre em nós. A consciência política é o tambor que nos anima a ganhar as ruas e gritar pelo fim do extermínio de jovens negros, quebrando a indiferença do olhar, para que um dia o canto de dor não embace o canto de alegria, que precisa ser pleno, sem amarras de alienação. Comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra me remete a letra de Waly Salomão: a felicidade do negro é uma felicidade guerreira.

    * Olívia Santana  é Secretária Nacional do PCdoB de Combate ao Racismo

    Dia da Consciência Negra é feriado em mais de mil cidades

    Estátua Zumbi dos Palmares - PelourinhoO Dia da Consciência Negra é comemorado nesta quinta-feira (20), data da morte de Zumbi dos Palmares. Ele foi o último líder do maior dos quilombos do período colonial, o Quilombo dos Palmares. Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, a data foi incluída em 2003 no calendário escolar nacional. Contudo, somente a Lei 12.519 de 2011 instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Confira as cidades que comemoram o feriado.

    A data é feriado em mais de mil cidades brasileiras. A lista completa de 1.044 cidades brasileiras onde dia 20 de novembro é feriado oficial, com a respectiva lei que regulamenta a data, pode ser conferida em levantamento realizado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). 


    Saiba quais cidades vão ter feriado no Dia da Consciência Negra em 2014:
    Acre: no Acre, o 20 de novembro não é feriado oficial em nenhum município.

    Alagoas: de acordo com a Lei Estadual n° 5.724 de 1995, todos os municípios do estado de Alagoas tem feriado no Dia da Consciência Negra.

    Amazonas: desde 2010, por força de uma lei estadual, o dia 20 de novembro passou a ser considerado feriado em todos os municípios do Amazonas. A capital Manaus também tem uma lei municipal que decreta 20 de novembro feriado do Dia da Consciência Negra.

    Amapá: a Lei Estadual Nº 1169, de 2007, garantiu feriado oficial em 20 de novembro em todas as cidades do estado do Amapá.

    Bahia: apenas três municípios baianos têm o Dia da Consciência Negra no calendário oficial de comemorações: Alagoinhas, Camaçari e Serrinha. Em todos eles, o feriado foi determinado por lei municipal.

    Ceará: no estado do Ceará, o Dia da Consciência Negra não é feriado em nenhum município.

    Distrito Federal: Distrito Federal não tem feriado para comemorar o Dia da Consciência Negra.

    Espírito Santo: as cidades de Cariacica e Guarapari têm feriado oficial no dia 20 de novembro, por determinação de leis municipais.

    Goiás: quatro cidades goianas celebram oficialmente o Dia da Consciêcia Negra em 20 de novembro: a capital Goiânia, Aparecida de Goiânia, Flores de Goiás e Santa Rita do Araguaia.

    Maranhão: apenas o município de Pedreiras terá feriado no dia 20 de novembro, garantido por uma lei municipal de 2008.

    Minas Gerais: 11 cidades mineiras têm feriado do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro: Além Paraiba, Betim, Guarani, Ibiá, Jacutinga, Juiz De Fora, Montes Claros, Santos Dumont, Sapucai-Mirim e Uberaba. Em Belo Horizonte não haverá o feriado.

    Mato Grosso do Sul: só a cidade de Corumbá tem feriado oficial em 20 de novembro, por força de lei municipal de 2008.

    Mato Grosso: uma lei de 2002 determina feriado do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro em todos os municípios do estado.

    Paraíba: o 20 de novembro é oficialmente feriado apenas na capital, João Pessoa.

    Pará: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.

    Paraná: só duas cidades paranenses, Guarapuava e Londrrina, tem feriado oficial no 20 de novembro. Nos dois casos, o feriado foi determinado por lei municipal de 2009.

    Pernambuco: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.

    Piauí: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.

    Rio de Janeiro: lei estadual de 2002 garante o feriado do Dia da Consciência Negra em todos os municípios cariocas.

    Rio Grande do Norte: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.

    Rio Grande do Sul: desde 1987, uma lei estadual determina que o 20 de novembro é feriado em todos os municípios gaúchos.

    Rondônia: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.

    Roraima: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.

    Santa Catarina: Florianópolis

    São Paulo: não há uma lei estadual que detemine o feriado de 20 de novembro no estado. Entretato, a data está no calendário oficial de 101 cidades por leis municipais, incluindo a capital São Paulo. São eles: Aguai, Aguas Da Prata, Aguas De Sao Pedro, Altinópolis, Americana, Americo Brasiliense, Amparo, Aparecida, Araçatuba, Aracoiaba da Serra, Araraquara, Araras, Atibaia, Bananal, Barretos, Barueri, Bofete, Borborema, Buritama, Cabreuva, Cajeira, Cajobi, Campinas, Campos do Jordão, Canas, Capivari, Caraguatatuba, Carapicuíba, Charqueada, Chavantes, Cordeirópolis, Cruz das Almas, Diadema, Embu, Embu Das Artes,Estância De Atibaia, Florida Paulista, Franca, Franco Da Rocha, Francisco Morato, Franco da Rocha, Getulina, Guaira, Guarujá, Guarulhos, Hortolândia, Ilhabela, Itanhaem, Itapecerica da Serra, Itapeva, Itapevi, Itararé, Itatiba, Itu, Ituverava, Jaguariuna, Jambeiro, Jandira, Jarinu, Jaú, Jundiaí, Juquitiba, Lajes,Leme, Limeira, Mauá, Mococa, Olímpia, Paraiso, Paulo de Faria, Pedreira, Pedro de Toledo, Pereira Barreto, Peruíbe, Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, Ribeirão Pires, Ribeirão Preto, Rincão, Rio Claro, Rio Grande Da Serra, Salesópolis, Salto, Santa Albertina, Santa Isabel, Santa Rosa de Viterbo, Santo André , Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São João Da Boa Vista, São Paulo, São Roque, São Vicente, Sete Barras, Sorocaba, Sumaré e Suzano.

    Sergipe: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.

    Tocantins: só o município de Porto Nacional tem, por lei municipal, feriado no 20 de novembro.

    *A lista acima poderá ser atualizada a partir da publicação ou revogação dos decretos que determinam o feriado.
    Fonte: EBC via Vermelho

    Quando um herói nacional é negro: centenário de Abdias do Nascimento e a História que não aprendemos

    abdias

    Por 
    Diego Iraheta Headshot


    Você sabe o que aconteceu com os escravos a partir de 13 de maio de 1888? Ou o seu livro de História pulou esse capítulo do pós-abolição?
    A liberdade foi assinada. Mas era só um papel a lei da princesa Isabel. Centenas de milhares de negros foram direto da senzala no campo para as senzalas do esquecimento. Formaram a massa de pobres e miseráveis do Brasil no fim do século 19.
    Fosse áurea mesmo aquela canetada, teria vindo com políticas públicas de integração e emancipação. Fosse áurea mesmo, eu não estaria agora prestando minha homenagem aos 100 anos de um dos maiores heróis negros do século 20, Abdias do Nascimento.
    A lacuna no nosso livro de História
    Não, o negro não era mais propriedade do senhor de engenho após a abolição. Porém, o Império nada fez para garantir as mínimas condições da pretensa liberdade. Não houve incentivos à alfabetização e à formação profissional dos ex-escravos. Nem reforma agrária para que tivessem um pedaço de terra e pudessem produzir para si próprios. Tampouco leis que protegessem sua força de trabalho, que havia pouco deixara de ser gratuita e eterna.
    O Estado deveria ter endereçado a esse grupo uma série de ações sociais e educativas. Só assim, poderíamos falar em liberdade e igualdade de condições e oportunidades.Mas os ex-escravos não sabiam nem por onde (re)começar. A República Velha também os esqueceu. E, sem um marco zero, sem uma fonte de conhecimento, de orientações e de renda, o caminho natural dos negros recém-libertos foi amarginalização.
    As mulheres negras deram um jeito. Sabiam cozinhar, lavar, cuidar dos filhos da madame. De mucamas, tornaram-se domésticas nos idos de 1900. Já os homens negros eram vistos com desconfiança. Sabe como é, foram escravos, costumavam fugir dos brancos, organizar quilombos... Quem daria um emprego a vossuncê?! A criminalidade foi consequência dessa exclusão.
    A cor da pobreza no Brasil acabou reforçada no início do século 20: os negros eram desempregados, sub-empregados, os primeiros favelados e criminosos.
    O negro que ousou na vida e no palco
    Abdias do Nascimento, nascido em 1914, não se contentava com esse destino, reservado a ele e aos que tinham sua cor de pele. Pequeno, aprendeu a se queixar dos xingamentos que ouvia na escola por ser preto. E entendeu que afirmar a sua diferença - essa que faziam questão de cuspir-lhe com adjetivos ofensivos - era motivo de orgulho e de força.
    Por isso, participou da Frente Negra Brasileira, movimento que buscava a ascensão social das pessoas "de cor" na década de 30. As lições da época, sobre a necessidade de destacar a própria identidade racial, foram decisivas na trajetória de Abdias.
    Naquele período, "nos teatros municipais do Rio e de São Paulo, negros entravam apenas para limpar o chão que os brancos sujavam", como disse Abdias em entrevista ao Portal Afro. O ativista decidiu transformar o cenário e as personagens do momento. Recrutou domésticas, analfabetos, operários e desempregados, todos negros, para estudar teatro e montar peças.
    Em 1944, ele concebeu o que pode ser considerado um dos maiores laboratórios de diversidade e autoafirmação nas artes cênicas do Brasil. Foi o Teatro Experimental do Negro, que revolucionou a vida de centenas de pretos, pardos, pobres.
    Abdias alfabetizava o elenco, preparava os atores e incentivava a conscientização deles como cidadãos. O palco virou espaço para os negros marginalizados terem voz e exercitarem seu talento. Eles aprendiam sobre as próprias origens, aceitavam as raízes africanas, orgulhavam-se de ser quem eram. Abdias trabalhou a autoestima daqueles ex-escravos que quase não tinham deixado de ser ex,mais de 50 anos depois da Lei Áurea.
    Algumas das encenações badaladas foram: O Filho Pródigo (1947), de Lúcio Cardoso;Aruanda (1950), de Joaquim Ribeiro; e Sortilégio (1957), do próprio Abdias. Foram formados pelo Teatro Experimental do Negro artistas do calibre de Ruth de Souza eMilton Gonçalves.
    abdias
    A semente germinada por Abdias
    Além da experiência bem-sucedida no teatro, o ativista dedicou parte da vida às atividades políticas. No exílio, durante a ditadura militar, aproximou-se de Leonel Brizola. Na volta ao Brasil, participou da criação do PDT (Partido Democrático Trabalhista). A igualdade racial tornou-se sua principal defesa e foi incorporada como bandeira pelo trabalhismo da sigla de Brizola.
    Foi deputado federal nos anos 80 e senador ao longo da década de 90. Sempre que discursava, reivindicava políticas de integração dos negros na sociedade brasileira. Políticas nacionais que nunca haviam sequer sido pensadas por qualquer governo.
    Em 2006, quando tive a honra de entrevistá-lo, Abdias festejou a adoção em massa de ações afirmativas pelas universidades públicas brasileiras.
    "Essa realidade de hoje, com cotas para negros, foi uma briga minha, nossa, do movimento, lá de trás, de anos", recordou, já um pouco combalido, na cadeira de rodas.
    Com mais de um século de atraso, a igualdade começava a ser construída. E Abdias foi um dos responsáveis por tentar virar a página dos reflexos e do legado da escravidão.
    Um herói nacional que, se estivesse vivo, completaria hoje 100 anos.
    Um herói nacional que merece ser conhecido, estudado e celebrado pelos brasileiros interessados em preencher as lacunas da nossa História.
    Fonte: http://www.brasilpost.com.br/

    quarta-feira, 19 de novembro de 2014

    Negros Guerreiros: Zacimba Gaba princesa africana que lutou contra a escravidão no Brasil

    Zacimba Gabzacimbaa, princesa africana trazida para o Sapê do Norte no ES, para ser escrava. Quando seu Barão descobriu, a manteve trancafiada na casa grande. Zacimba foi trazida muito nova, mas soube esperar para se livrar dos abusos que sofria, junto com seus irmãos. Envenenamento foi sua arma, durante um longo período alimentou seu Senhor a conta gotas. Quando ele morreu, livrou seus irmãos e foi se aquilombar no meio da mata fechada do norte do estado do ES liderando várias revoltas e muitas vitórias para seu povo africano.

    Há cerca de trezentos anos o fazendeiro português José Trancoso desembarcara no Porto de São Mateus, “com uma dúzia de negros de Angola na África, e “uma mocinha de feições finas e olhos esfumaçantes”, sem se dar conta que estava levando para a sua fazenda, aquela que seria uma das precursoras das lutas dos negros contra o regime cruel e desumano, que levou muitos Africanos a perderem sua honra, liberdade, pátria e até mesmo suas vidas, na região de São Mateus no Espírito Santo. Crescendo em absoluto sofrimento e sobrepujada pelas açoitadas dolorosas, amarrada ao tronco, Zacimba foi uma negra que se diferenciou entre os seus, por se tornar uma libertadora e líder de seu povo Africano…Escravizado. (Texto baseado na historia “Princesa, Escrava e Guerreira” do livro Os Últimos Zumbis de Maciel de Aguiar.)
    Fonte: http://prazeresdeamelie.wordpress.com/

    Além de Zumbi, outros guerreiros negros lutaram contra a escravidão no país

    Ilustração Daniel Kondo
    Zumbi
    Zumbi, líder do quilombo dos Palmares, traz a ideia de imortalidade no significado do seu nome, originário das línguas bantas. Sua história de resistência sobreviveu ainda hoje. O dia de sua morte marca o Dia da Consciência Negra (20/11).
    Mas foram muitos os guerreiros que resistiram contra a escravidão no país. E boa parte é tão pouco conhecida quanto a princesa de Cabinda chamada Zacimba Gaba. Só na região norte do Espírito Santo, no Vale do rio Cricaré, onde existem dezenas de comunidades quilombolas, diversos negros feitos escravos fizeram história. Eles têm suas sagas registradas no livro "Os Últimos Zumbis", de Maciel Aguiar.
    Na primeira metade do século 19, surge a figura de Benedito Meia-Légua, que aterrorizou fazendeiros da região. Organizou vários grupos de negros revolucionários, que entravam na luta. E em cada grupo um integrante se vestia como Benedito Meia-Légua para confundir os capitães-do-mato, que passaram quarenta anos no encalço do guerreiro. Dizem que no fim de sua vida ele carregava num embornal a imagem de são Benedito, santo dos negros. Sua última morada foi no oco de uma grande árvore, que acabou sendo incendiada por seus perseguidores. Morria, assim, um dos grandes guerreiros da região.
    Outra figura lendária da região é Viriato Canção-de-Fogo, que diziam ter vindo ao Brasil ainda menino, num navio abarrotado de africanos. Corria a lenda que ele só andava na escuridão, nunca na luz do dia. Era temido por seus poderes, devido à prática da cabula, uma religião africana. Quando algum escravo em fuga estava encurralado, gritava pelo nome de Viriato, que surgiu para socorrê-lo. Ninguém sabe como ele morreu.
    Na segunda metade do século 19, Constança de Angola marca a triste história dos filhos de escravos no período. Os filhos dos escravos, depois da Lei do Ventre Livre (1871), não podiam trabalhar e significavam prejuízo para os escravocratas (aqueles que tinham escravos). Cruelmente, muitos foram queimados e afogados pelos donos das fazendas. Foi o que aconteceu com o filho de Constança, que foi jogado na fornalha por chorar insistentemente. A mãe do menino acabou acorrentada para que não pudesse se vingar, mas conseguiu fugir e se juntou a outros guerreiros. Lutou muito, até morrer enfrentando seu pior inimigo, o capitão-do-mato Zé Diabo, que também foi morto no duelo.

    Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/