quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Inauguração do Comitê de Davidson é hoje






É hoje, minha gente!


Vamos vestir branco e participar da inauguração do Comitê Davidson 65. 

É nesta quinta-feira, 18, às 18h, na Avenida Firmino Alves, 94 - Beira Rio (perto do Módulo Center).






Trabalhadores: Medidas de Temer aprofundam desemprego


Sindimetal
  
“Apesar da importância do emprego para a sociedade, o governo não tem atuado para a solução desse grave problema. Ao contrário, na contramão do que deseja toda a sociedade, tem proposto medidas que aprofundam cada vez mais o drama dos/as trabalhadores/as”, diz trecho do documento “Assembleia Nacional dos Trabalhadores pelo Emprego e Garantia de Direitos”, divulgado no dia 26 de julho.

Na terça-feira (16) os trabalhadores realizaram atos em cerca de 12 estados brasileiros denunciando o desemprego e contra as propostas de Temer que “agravam o drama”.

Perda do emprego e de direitos

Entre as medidas que decretaram a união das principais centrais estão propostas de reforma da Previdência como o aumento da idade mínima e do tempo de contribuição, além da equiparação de regras de aposentadoria para homens e mulheres e desvinculação da aposentadoria do reajuste do salário mínimo.
 
Na área trabalhista, o governo Temer propõe mais prejuízos ao trabalhador quando sinaliza que a reforma que virá privilegiará a negociação coletiva. É o que os dirigentes chamam de prevalecer o negociado sobre o legislado.

Direitos assegurados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como férias e 13º, entre outros, podem ser reduzidos se a negociação, que virá com a força de lei, assim decidir. 

Nas costas do trabalhador

Matéria publicada no Brasil 247 desta quarta-feira revela que Temer prepara o anúncio para setembro de um plano para preservar empregos.
 
De acordo com a matéria, a proposta reduziria o salário do trabalhador em 30% assim como reduziria também a jornada. 
 
Na opinião do diretor técnico do Departamento de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz, medidas que tentem preservar o emprego sempre são importantes, porém, o cenário de alto desemprego deixa o trabalhador sem opção.

“É uma medida muito pesada em um momento de crise como o que vivemos. O drama do desemprego acaba obrigando o trabalhador a aceitar propostas que reduzem a sua renda”, analisou.

Clemente lembrou ainda que o custo dessa medida também deve ser compartilhado para que não fique tudo “nas costas do trabalhador”.

De acordo com o que é descrito na reportagem do Brasil 247, a atual proposta prevê que empregados e empregadores abram mão do salário e da produção mas o governo não entra com nenhum subsídio.

No Programa de Proteção ao Emprego (PPE) criado pelo governo Dilma Rousseff em 2015, que preservou cerca de 53 mil empregos, a redução do salário era compensada por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do Ministério do Trabalho e Previdência Social, assim denominado naquele período.
 
Precarização das relações de trabalho

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) afirmou que, se concretizada, a medida de Temer promove a flexibilização e precarização das relações de trabalho. 

Na opinião do dirigente, o governo é despreparado e incapaz de indicar um rumo para a economia do país. “Esse programa é paliativo que não vai resolver o desemprego no país. É uma gota no meio de um oceano”, opinou.

Reduzir os juros

O sindicalista voltou a citar as proposições do documento aprovado pelas centrais como medidas para a retomada do crescimento e geração de empregos.
 
“É preciso romper com a política de juros altos, que demonstrou que não combate a inflação, e retomar um novo caminho na política macroeconômica”, defendeu Adilson.

Os trabalhadores sugeriram um conjunto de medidas para a retomada do crescimento e combate ao desemprego, entre elas o destravamento do setor de construção, através de instrumentos institucionais adequados, que garantam a manutenção das atividades produtivas e dos empregos nas empresas do setor.

Privatização

Clemente reconheceu que há dificuldade de que as medidas propostas pelas centrais surtam efeitos em curto prazo, no entanto, afirmou que a retomada das obras públicas paralisadas podem desenhar um novo cenário no combate ao desemprego.
 
Segundo ele, o governo Temer deve realizar um grande processo de transferência do setor público para o privado para executar a visão de retomada do crescimento deste governo.

“O problema é que isso possa comprometer no médio e longo prazo a nossa perspectiva de desenvolvimento”, completou Clemente.
 


Do Portal Vermelho

Wikileaks: EUA armaram Estado Islâmico


Terroristas da Al-Nusra (esq.) e Estado Islâmico Terroristas da Al-Nusra (esq.) e Estado Islâmico
Em 18 de fevereiro de 2010, o chefe da inteligência síria, general Ali Mamlouk, apareceu de surpresa em uma reunião entre diplomatas estadunidenses e Faisal a-Miqad, vice-ministro das relações exteriores da Síria. A visita de Mamlouk foi uma decisão pessoal de Bashar al-Assad, presidente sírio, em mostrar empenho no combate ao terrorismo e aos grupos terroristas no Oriente Médio, assinala o documento.

Neste encontro com Daniel Benjamin, coordenador das ações de contra-terrorismo dos EUA, “o general Mamlouk enfatizou a ligação entre a melhoria das relações EUA-Síria e a cooperação nas áreas de inteligência e segurança”, afirmam os diplomatas estadunidenses em telegrama destinado à CIA, ao Departamento de Estado e às embaixadas dos EUA em Líbano, Jordânia, Arábia Saudita e Reino UNido.

Para Miqad e Mamlouk, essa estratégia passava por três pontos: com o apoio dos EUA, a Síria deveria ter maior papel na região, a política seria um aspecto fundamental para ações de cooperação contra o terrorismo e a população síria deveria ser convencida dessa estratégia com a suspensão dos embargos econômicos contra o país.

Para Imad Mustapha, embaixador sírio em Washington, “os EUA deveriam retirar a Síria da lista negra”. Nas palavras de George W. Bush, o país fazia parte do “eixo do mal”, junto com Coreia Popular e Afeganistão.

Apesar da discordância entre EUA e Síria quanto ao apoio de Assad a grupos como Hezbolá e Hamas, os dois países concordavam quanto à necessidade de interromper o fluxo de guerrilheiros estrangeiros para o Iraque e impedir a proliferação de grupos como a Al-Qaida, o ISIS e o Junjalat, uma facção palestina com a mesma orientação política. Para Benjamin, as armas chegavam ao Iraque e ao Líbano contrabandeadas pelo território sírio.

Mamlouk reforçou a “experiência síria em combater grupos terroristas”. “Nós não ficamos na teoria, tomamos atitudes práticas”, foram as palavras do chefe de inteligência de Assad. Segundo o general, o governo sírio não mata ou ataca imediatamente esses grupos. “Primeiro, nós nos infiltramos nessas organizações e entendemos o funcionamento delas”. De acordo com Damasco, “essa complexa estratégia impediu centenas de terroristas de entrarem no Iraque”.

Guerra do Iraque e surgimento do Estado Islâmico

No entanto, apesar de afirmarem cooperar com a Síria para combater o terrorismo, os EUA também trabalharam para armar os opositores sírios e isso causaria um problema maior na região: a criação do atual Estado Islâmico. Segundo documentos obtidos pelo jornal britânico The Guardian, grande parte do armamento utilizado pelo ISIS (antigo nome do Estado Islâmico) veio de grupos armados pelos EUA e cooptados por Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Califado Islâmico, que hoje controla territórios na Síria e no Iraque.

Saddam al-Jammal, líder do Exército de Libertação da Síria, outro grupo anti-Assad, também jurou lealdade ao Estado Islâmico desde novembro de 2013. Para garantir tal apoio, o ISIS mudou a sua estratégia de controle: dava autonomia a essas autoridades locais em vez de controlar diretamente a governança das cidades. Como resultado, o ISIS se expandiu e conseguiu lutar em cinco frentes: contra o governo e os opositores sírios, contra o governo iraquiano, contra o Exército libanês e milícias curdas.

O armamento começou a ser enviado para os opositores sírios em setembro de 2013. Na época, analistas davam o ISIS como terminado e a alegação para fortalecer esses grupos era a de que o governo Assad havia usado armas químicas. Para enviar as armas, o governo Obama usou bases clandestinas na Jordânia e na Turquia. Aliados dos EUA na região, como Arábia Saudita e Catar, também forneceram ajuda financeira e militar.

Ironicamente, os EUA sabem inclusive a real identidade do líder do Califado. Durante um ataque à cidade iraquiana de Faluja em 2004, os estadunidenses prenderam alguns dos militantes pelos quais procuravam. Entre eles, estava um homem de 30 e poucos anos e pouco importante na organização: Ibrahim Awad Ibrahim al-Badry. 10 anos depois, ele se tornaria líder do grupo terrorista, segundo informações de um oficial do Pentágono.


Do Portal Vermelho, com informações do Opera Mundi

Geólogos vão à Justiça para reverter venda de campo do pré-sal


  
Dias depois do anúncio, a Febrageo emitiu nota oficial acusando a venda de “crime de lesa-pátria”. A justificativa é o baixo valor do negócio, considerando o potencial único do Campo de Carcará. Segundo o presidente da Febrageo, João Cézar de Freitas Pinheiro, os conhecimentos existentes sobre o campo indicam que ele pode valer até “dez vezes mais”, considerando todas as variáveis do negócio.

“A empresa não pode vender um ativo sem estudar melhor o valor desse ativo”, critica Pinheiro. A entidade afirma que entrará na Justiça nos próximos dias para tentar reverter a venda. “Carcará é uma descoberta singular, ímpar, potencialmente portadora de grandes volumes, como pode ser deduzido com base nas informações publicadas dos três poços perfurados”, explica.

Na entrevista concedida a RBA, o presidente da Febrageo rebate os argumentos utilizados pela Petrobras para justificar o negócio e afirma que a posição da entidade e de outros especialistas é puramente técnica, em defesa do patrimônio do país.

Como a Federação Brasileira de Geólogos avalia a venda do Campo de Carcará?
Com os conhecimentos que temos da Bacia de Campos e o vasto conhecimento que a geologia brasileira de petróleo detém da Bacia de Santos, não se pode ignorar os indícios de que o Campo de Carcará pode valer dez vezes mais. Nunca uma empresa entregaria um campo como o de Carcará desse modo açodado, desfazer-se de um ativo só para captar recursos financeiros.

Como a Febrageo pretende agir?
Estamos juntando todos os dados técnicos e jurídicos por meio de geólogos especialistas que estão se debruçando sobre o processo. São profissionais com mais de 40 anos de experiência e que conhecem a característica daquele reservatório e do seu óleo. Vamos entrar na Justiça para tentar reverter essa venda. Temos consciência de que nossa posição é estritamente técnica.

Estamos pondo as denominações geológicas em linguagem jurídica, econômica e financeira e juntando esforços com as demais federações, associações e conselhos de geologia, geofísica, engenharia, agronomia, entre outros, em um grande grupo para a proposição de uma ação conjunta, não contra o governo, e sim, a favor do Brasil, na preservação de um dos geradores de energia de petroquímica de interesse estratégico para o país.

Vamos tentar exaustivamente convencer o governo federal de que o que está se fazendo é um açodamento que não condiz com os conhecimentos que temos sobre a Bacia de Santos.

A Petrobras alega que a transação é parte importante do Plano de Parcerias e Desinvestimentos 2015-2016. A empresa diz que essa operação faz parte da política de gestão em priorizar investimentos em ativos com maior potencial de geração de caixa no curto prazo. Qual sua opinião sobre isso?
O potencial de geração de caixa existe em todos os ativos. Achamos, entretanto, que o Brasil deve ter uma política pública de defesa da Petrobras. A empresa não pode vender um ativo sem estudar melhor o valor desse ativo. Exigimos do governo brasileiro que tenha cuidado para que não se jogue fora o patrimônio do Brasil de forma impensada, responsável pelas finanças e geração estratégica de caixas do amanhã empresarial. Dizer que vai fortalecer a Petrobras não nos convence.

A Petrobras alega que as condições tributárias da venda são mais favoráveis do que a venda feita pela Shell, em 2011, de sua parte no mesmo campo, pois não está prevista a cobrança de participação especial. O que o senhor acha dessa explicação?

As condições tributárias não são mais nem menos favoráveis. São as mesmas, pois o bloco BM-S-8 não está submetido ao regime de partilha. É anterior à data da sua implantação e as regras não mudaram. As condições básicas são muito diferentes das praticadas pela Shell em 2011, que vendeu o bloco com prospectos exploratórios de riscos elevados onde, antes da descoberta de Carcará, perfurou-se um poço sub-comercial denominado Biguá, um prospecto de características completamente diferentes das de Carcará. Já a Petrobras vendeu uma acumulação com três poços perfurados, ou seja, um campo de petróleo ainda pequeno, pois não foi delimitado nos flancos, com a certeza da continuidade hidráulica em áreas além dos poços, em pelo menos dois quilômetros lineares, onde se calculam volumes recuperáveis da ordem de 2 bilhões de barris recuperáveis. Além disso, vendeu junto pelo menos dois excelentes prospectos com características e assinaturas sísmicas semelhantes às de Carcará. A Shell vendeu a especulação e a Petrobras, a certeza e a quase certeza. São coisas absolutamente diferentes.

Outro argumento da empresa é que Carcará é uma área isolada e com maior pressão no reservatório, o que aumentaria os custos logísticos e de equipamentos. Qual sua opinião?

Carcará é uma descoberta singular, ímpar, potencialmente portadora de grandes volumes, como pode ser deduzido com base nas informações publicadas dos três poços perfurados, todos situados no ápice da estrutura, com os flancos limítrofes da acumulação ainda não perfurados, num processo de delimitação onde deve haver volumes de hidrocarbonetos maiores ainda que os anunciados.

No mundo, como Carcará, só um campo de petróleo denominado Tengiz, no Cazaquistão, é portador de volumes recuperáveis (reservas) da ordem de 20 bilhões de barris. Ambos têm as pressões dos reservatórios anormalmente elevadas, ou seja, seus reservatórios são altamente energizados, o que facilita a produção, mantém elevadas vazões por poço e as suas respectivas curvas de declínio são pouco acentuadas, quando comparadas às de reservatórios com pressões normais. Numa análise econômica, isto significa antecipação de capital via maior produção por poço, ou seja, de retorno de capital imediato, com amortização rápida de investimento, como é desejável em qualquer negócio de qualquer espécie, principalmente o de risco, como o petróleo, cujos preços podem oscilar rapidamente por razões geopolíticas e guerras nas regiões de conflagrações do Oriente Médio.

Qual a importância de Carcará num contexto de preço baixo do petróleo e numa conjuntura geológica diferente das demais até agora descobertas? 


Normalmente na exploração de petróleo, em operações de capital intensivo, como é o caso do pré-sal, perfuram-se poços horizontais, muito mais caros que os verticais, para garantir que o poço atravesse maiores áreas do reservatório e aumente o índice de produtividade por poço, pois assim se drena, ao mesmo tempo, maiores áreas do reservatório com um único investimento, no caso um poço.

Em Carcará, a lógica será diferente. Ali, como a coluna vertical de reservatórios é muito grande, será possível drenar grandes áreas verticais com poços verticais, com resultados de produtividade semelhantes às dos poços horizontais, a despeito da operação de perfuração, em áreas de alta pressão, exigirem equipamentos especiais e dutos mais resistentes e caros para transportar os hidrocarbonetos. Assim, é falaciosa a explicação de que Carcará exigirá mais investimentos que as demais áreas, pois o retorno antecipado de investimento e o preço do poço vertical compensa a diferença. Além disso, Carcará não tem CO² e H2S, que são elementos corrosivos de plantas e dutos, não sendo necessárias plantas especiais de processamento para drenar e produzir tais elementos. Também os hidrocarbonetos limpos e leves de Carcará podem ser misturados aos hidrocarbonetos das outras acumulações e melhorar a eficácia de transporte e até viabilizar produções de áreas menores, hoje subsidiárias, se o escoamento passar por áreas adjacentes. As análises econômicas de tais áreas, sem a necessidade do custo dos dutos, provavelmente tornará muitas delas viáveis.

Há outros campos em condições semelhantes e que a Petrobras pode querer vender?


A Petrobras não poderá negociar áreas semelhantes, pois não há outra área já perfurada, com as mesmas excelentes características constatadas. Nas cercanias de Carcará, e nos alinhamentos geológicos específicos do mesmo conjunto, foram identificadas outras potenciais acumulações similares, conhecidas como prospectos. Para perfurá-los, os riscos exploratórios serão sempre elevados, apesar de serem minorados pela semelhança com Carcará. Tais prospectos, certamente, serão objeto de futuras negociações pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), pois estão em áreas promissoras que ainda pertencem à União.
 

Fonte: Rede Brasil Atual via Vermelho

Cartilha em quatro idiomas mostra "caçada judicial" a Lula


Reprodução/JB
  
O texto destaca que Lula é alvo "da mais violenta campanha de difamação contra um homem público em toda a história do país", e aponta que o ex-presidente teve 12 direitos violados.

"Agentes partidarizados do Estado, no Ministério Público, na Polícia Federal, e no Poder Judiciário, mobilizaram-se com objetivo de encontrar um crime -- qualquer um -- para acusar Lula e levá-lo aos tribunais."

A cartilha cita o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o juiz Sergio Moro e o ministro do STF Gilmar Mendes; e destaca que há uma tentativa de impedir o retorno do ex-presidente ao poder.

A condução coercitiva de Lula no dia 4 de março é mencionada como "verdadeiro sequestro por parte da força-tarefa da Lava Jato".

"Apesar de tudo não há ação judicial aceita contra Lula, ou seja: ele não é réu, mas seus acusadores, no aparelho de Estado e na mídia, o tratam como previamente condenado", diz a publicação.
 

 Fonte: Jornal do Brasil via Vermelho

Gilmar Mendes diz que Lei da Ficha Limpa parece ter sido “feita por bêbados”


  
A Lei da Ficha Limpa foi aprovada em 2010 e é resultado da iniciativa da população brasileira. A lei determina a inelegibilidade, por oito anos, de políticos condenados em processos criminais em segunda instância, cassados ou que tenham renunciado para evitar a cassação, entre outros critérios.

“Esta lei foi mal tão feita, que eu já disse no plenário… Sem querer ofender ninguém, mas já ofendendo, ou reconhecendo pelo menos, que parece que [a lei] foi feita por bêbados. É uma lei malfeita, nós sabemos disso. No caso específico, ninguém sabe se é contas de gestão ou contas [de governo]… No fundo, é rejeição de contas. E é uma lei tão casuística, queria pegar quem tivesse renunciado”, afirmou o ministro durante sessão do STF.

A declaração foi dada quando os ministros discutiam se um prefeito que teve as contas desaprovadas somente por um tribunal de contas (órgão auxiliar do Legislativo) poderia se tornar inelegível. Para Mendes, a redação da lei, que determina a inelegibilidade de candidatos que tiverem contas rejeitadas “pelo órgão competente”, sem especificar qual seria esse órgão (câmara municipal ou um tribunal de contas), é o motivo para desqualificar a lei.

Na semana passada, os ministros decidiram por maioria que a desaprovação por um tribunal de contas não basta para tirar um prefeito da disputa – seria necessário também uma rejeição por ao menos 2/3 da Câmara dos Vereadores.

Nesta quarta, os ministros analisam o tema para fixar uma tese (uma regra geral para aplicação pelas demais instâncias da Justiça). O ministro Luiz Fux chegou a sugerir que o novo entendimento da Corte valesse só para 2018, o que foi rejeitado pelos demais.

Os ministros também discutiram o que aconteceria se, após a rejeição das contas por um tribunal de contas, a Câmara dos Vereadores não analisasse as contas.

Chegou-se à conclusão que a omissão pelo Legislativo não inviabiliza a candidatura, mas também não impede que os parlamentares venham a ser responsabilizados por descumprir tal dever e que prefeito fique isento de ações por improbidade ou criminais em caso de má gestão dos recursos públicos.


Do Portal Vermelho, com informações de agências

Deutsche Welle: Como os turistas estão vendo o Rio de Janeiro


Evelin, Elfi e Fabian foram ver a amiga atleta competir pela AlemanhaEvelin, Elfi e Fabian foram ver a amiga atleta competir pela Alemanha
Os alemães Elfi Spieler, Fabian Bergwitz e Evelin Selan nem ligaram para a dor de barriga que tiveram nos primeiros dias de Rio de Janeiro – resultado da "experimentação" com todo tipo de comida vendida nas barraquinhas espalhadas pela cidade. Do acarajé ao cachorro quente, a coxinha foi do que mais gostaram. "Tivemos que aprender como se fala, porque adoramos essa comida", conta Selan.

Eles vieram ao Rio torcer pela amiga atleta Anne Haug, única representante da Alemanha no triatlo. "Enquanto ela não compete, a gente se mistura com a torcida brasileira. Todos aqui são muito simpáticos", conta Bergwitz. "Na Alemanha também tem gente simpática, mas nunca vi nada igual ao Brasil."

O abraço

Com tanta simpatia e informalidade, a família holandesa Tangelder não estava acostumada. Edwin, Sandy e a filha Nienke fizeram um tour pelo Pantanal antes de desembarcar na cidade olímpica.

"Na hora da despedida, o dono da pousada se aproximou muito e eu estranhei. Ele me deu um abraço! Não fazemos isso na Holanda", contou Edwin Tangelder. "Imagine a cena: eu, um holandês de quase 2 metros sendo abraçado por um senhor de 1,50 metro. Eu não sabia o que fazer", relembra com humor a experiência.

O ônibus

Com os abraços, Thaís Peixoto já está se acostumando. A americana de 13 anos é filha de uma brasileira e está hospedada na casa dos avós, em Penedo, a 180 quilômetros do Rio.

"Tive que aprender a andar de ônibus. Eles são muito confortáveis aqui no Brasil, até mais que os assentos nos aviões. Foi uma boa surpresa!", contou. "Na minha cidade, eu nem sei onde fica o ponto de ônibus. Na maior parte dos Estados Unidos, todos só sabem andar de carro."

A gentileza

A americana Jamie Ledford quer levar tudo o que puder do Rio de Janeiro para a Califórnia. A camiseta com a bandeira brasileira bordada com lantejoulas, ele só conseguiu comprar graças à ajuda de um estranho.

"Eu tentei falar com a vendedora na rua, que não me entendeu e continuou andando. Uma outra moça brasileira, que assistiu à cena, correu atrás da vendedora e intermediou a conversa. Nos Estados Unidos, eu acho que ninguém sairia correndo atrás de uma outra pessoa para ajudar um estranho."

Ambulantes: um show à parte

Jamie e o namorado Chris estavam impressionados com o show que os vendedores ambulantes fazem, ao preparar uma caipirinha.

"É maravilhoso poder beber essa bebida típica caminhando à beira mar. Nos Estados Unidos, é proibido consumir bebida alcoólica na rua", comentou o pai de Jamie, Mark Ledford.

O sósia

Prestes a pagar a compra na loja de suvenires, depois de muita ginástica linguística para se comunicar com a vendedora que só entendia português, a inglesa Ria Chowdhury abandonou tudo sobre o balcão e correu para fotografar o jogador de futebol que ela conhecia da TV.

Ele usava o uniforme da seleção brasileira, tinha cabelos compridos e uma faixa preta na cabeça. Ria tinha certeza de que estava diante de Ronaldinho. Ela chamou toda a família, se infiltrou entre os fotógrafos que cercavam a figura e clicou Ronaldinho, para alegria do pai, Ash Chowdhury, fã de futebol.

Então veio o choque: aquele Ronaldinho não deixou a família ir embora enquanto não recebesse 10 reais pela foto. "Como será que ele perdeu toda a fortuna que ganhou?", perguntava Niria, mãe de Ria. Foi só quando retornaram ao hotel, um tanto decepcionados, que se deram conta de que o homem da foto não era o Ronaldinho dos gramados.

"O funcionário do hotel nos explicou que aquele era um sósia. Nós rimos muito e tudo fez sentido. É que na Inglaterra os artistas não exigem dinheiro quando tiramos foto. Aquele Ronaldinho praticamente nos perseguiu", contou Niria sobre o seu primeiro choque cultural em solo brasileiro.

O biquíni

O chileno Omar Pino Acuna se sente privilegiado por circular no Rio de Janeiro usando apenas o transporte coletivo. Ele veio acompanhar os Jogos sem a esposa, que deu uma missão especial ao marido: comprar um biquíni.

Acuna não imaginou que seria tão complicado atender ao pedido: "Os biquínis aqui são muito pequenos. São bem menores que os biquínis que as argentinas usam nas nossas praias. E todos no Chile já acham que as argentinas mostram bastante...", comentou Acuna, que está acompanhado do pai. "Não que eu tenha ciúmes, mas se minha esposa usar biquíni brasileiro no Chile, acho que todo o mundo vai ficar olhando."

A crítica

Em seu primeiro passeio pelo famoso calçadão de Copacabana, o chinês Jin Gan dizia que a paisagem das montanhas tão próximas ao mar era de tirar o fôlego. Apesar de todas as diferenças culturais entre China e Brasil, uma em especial chocou Gan: a resistência dos brasileiros em apoiar os Jogos.

"Quando recebemos as Olimpíadas, em 2008, todos os chineses estavam em festa, foi um sonho para o nosso país. Aqui, eu já vi bastante gente protestando, e isso foi muito diferente para mim. Eu ainda não consigo entender", contou Gan, que minutos antes tentava acompanhar, timidamente, o ritmo dos músicos de rua que tocavam forró.



Fonte: Deutsche Welle. Fotos de N. Pontes, para a DW - via Vermelho

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Para vereador, Jorge Barbosa - 65611


A campanha de Jorge já está na rua!!!


Grazielle contesta Temer:Tem que melhorar arrecadação; não cortar gastos

“É permitido cortar direitos e alterar a Constituição, mas não é permitido arrecadar de uma forma mais adequada?”, este é um dos questionamentos feitos pela especialista em orçamento, assessora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Grazielle David. Em vídeo da TV Vermelho, ela contesta a tese de descontrole de despesas alardeada por Temer, afirma que a PEC 241 é “perversa” e aponta formas de amenizar a queda da arrecadação, considerada por ela o principal problema.


Como formas de melhorar a receita, ela cita o combate à sonegação, a cobrança da dívida ativa e o fim de desonerações tributárias. Segundo Grazielle, a recuperação desse valores poderia cobrir até oito vezes o déficit fiscal do ano passado.

De acordo com ela, a PEC 241 - que limita o crescimento de gastos públicos à variação da inflação -  significará menos recursos para áreas como saúde e Educação e "precarização de todas as políticas públicas e de todos os direitos". Confira abaixo:

A encruzilhada entre a democracia e a oligarquia de direita

Nenhum direito a menos – esta consigna resume o motivo da manifestação ocorrida na terça-feira (16), reunindo unitariamente as centrais sindicais brasileiras.

Esta manifestação ocorreu no mesmo dia em que a presidenta constitucional Dilma Rousseff, divulgou a carta intitulada Mensagem da Presidenta da República Dilma Rousseff ao Senado Federal e ao Povo Brasileiro. 

Ela manifestou sua inequívoca adesão à convocação de um plebiscito pela convocação de novas eleições para a presidência da República. “Quem deve decidir o futuro do país é o nosso povo”, disse, em defesa da legalidade e da democracia.

O sonho dos golpistas é completar, até o final deste mês, o ataque à democracia iniciado desde a reeleição de Dilma Rousseff. E que tomou forma com a chantagem do então presidente da Câmara dos Deputados, o ineváfel Eduardo Cunha, em conluio com os demais golpistas e o ilegítimo Michel Temer.

Aquela confraria - aliada a setores do Ministério Público Federal, do judiciário e da Polícia Federal – brandiu a bandeira da suposta luta contra a corrupção para tentar legitimar o golpe. Foi a história repetida à exaustão pela mídia patronal a seu serviço.

Mas o objetivo do golpe não é combater a corrupção, ao contrário do que alegam! A tomada do poder visa inicialmente a acobertar corruptos notórios. Mas seu alvo principal é destruir todas as conquistas sociais alcançadas sob a Constituição de 1988 e efetivadas, ou ampliadas, nos governos Lula e Dilma. 

O objetivo principal é restaurar a velha ordem política, anterior à Constituição de 1988 e vigente sob a ditadura militar de1964. Com todas as conseqüências econômicas, sociais e culturais desse retorno, que atinge de forma brutal os ganhos civilizacionais alcançados pelo Brasil e pelos brasileiros.

Esta é a verdadeira razão de ser do golpe apelidado de legal com o uso do disfarce constitucional dado a ele pelos golpistas.

Foi o atalho encontrado pelas forças conservadoras e de direita para chegar à presidência da República depois de sua quarta derrota sucessiva para as forças progressistas, democráticas e de esquerda, desde 2002. 

Os golpes de estado, como o atual em curso no Brasil, são preparados e conduzidos por poderes de estado, e por suas corporações públicas, que ampliam crescentemente sua autonomia funcional e administrativa chegando até o centro do poder. E que levada ao mais alto cargo da República pelo golpe parlamentar que resultou na perspectiva de uma farra fiscal impensável configurada nos déficits previstos para este ano e para o próximo. Cujo objetivo, não se tenha dúvidas, será pagar a conta do impeachment!

É o preço do projeto de poder da classe dominante capitalista, financeira, as forças conservadoras brasileiras, que se utilizaram avidamente do atalho, golpista para impor a volta à velha ordem. Ordem antidemocrática e autoritária, que destrói o pacto de progresso social, e de consolidação da ordem econômica de desregulamentação financeira, de liberdade de ação para o capital, impondo políticas de austeridade e cortes de despesas primárias essenciais – o capitalismo contemporâneo, dito neoliberal. Que restaura e aprofunda o círculo vicioso e perverso de juros altos e câmbio valorizado - desastre que levou à desindustrialização e a enormes déficits nas contas externas e deu adeus ao desenvolvimento nacional. O golpe é a saída encontrada pela oligarquia financeira e por representantes do imperialismo.

O Brasil encontra-se, hoje, outra vez, na encruzilhada histórica que coloca em jogo seu destino como nação soberana e também do povo brasileiro – avançar ou retroceder em nossa trajetória civilizacional.

É por isso que a premissa para restaurar a democracia, o Estado Democrático de Direito é a volta da presidenta constitucional e legítima Dilma Rousseff.

Encruzilhada perante a qual os senadores estão postos - condenar o absolver uma presidenta sem crime de responsabilidade. Em síntese, hoje, é o eco mais uníssono: Fora Temer!


Fonte: Vermelho

Dilma reforça plebiscito: Quem deve decidir o futuro do país é o povo


Roberto Stuckert Filho
  
“Todos sabemos que há um impasse gerado pelo esgotamento do sistema político, seja pelo número excessivo de partidos, pelas práticas políticas questionáveis a exigir profunda transformação nas regras vigentes. Estou convencida da necessidade e darei apoio irrestrito à convocação de plebiscito para consultar a população sobre a realização antecipada de eleições, bem como sobre a reforma política e eleitoral”, afirmou a presidenta.

Sobre o processo de impeachment Dilma reforçou que é uma fraude contra o seu mandato porque não há crime de responsabilidade.

“Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo ‘conjunto da obra’. Quem afasta o presidente pelo ‘conjunto da obra’ é o povo e, só o povo, nas eleições. Por isso, afirmamos que, se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de Estado. O colégio eleitoral de 110 milhões de eleitores seria substituído, sem a devida sustentação constitucional, por um colégio eleitoral de 81 senadores”, salientou.

E finalizou: “O que peço aos senadores e senadoras é que não se façam a injustiça de me condenar por um crime que não cometi. Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente. A vida me ensinou o sentido mais profundo da esperança. Resisti ao cárcere e à tortura. Gostaria de não ter que resistir à fraude e à mais infame injustiça”.

Confira a íntegra da “Mensagem ao Senado e ao povo brasileiro”:

Brasília, 16 de agosto de 2016

Dirijo-me à população brasileira e às Senhoras Senadoras e aos Senhores Senadores para manifestar mais uma vez meu compromisso com a democracia e com as medidas necessárias à superação do impasse político que tantos prejuízos já causou ao País.

Meu retorno à Presidência, por decisão do Senado Federal, significará a afirmação do Estado Democrático de Direito e poderá contribuir decisivamente para o surgimento de uma nova e promissora realidade política.

Minha responsabilidade é grande. Na jornada para me defender do impeachment me aproximei mais do povo, tive oportunidade de ouvir seu reconhecimento, de receber seu carinho. Ouvi também críticas duras ao meu governo, a erros que foram cometidos e a medidas e políticas que não foram adotadas. Acolho essas críticas com humildade e determinação para que possamos construir um novo caminho.

Precisamos fortalecer a democracia em nosso País e, para isto, será necessário que o Senado encerre o processo de impeachment em curso, reconhecendo, diante das provas irrefutáveis, que não houve crime de responsabilidade. Que eu sou inocente.

No presidencialismo previsto em nossa Constituição, não basta a desconfiança política para afastar um Presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade. E está claro que não houve tal crime. Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo “conjunto da obra”.

Quem afasta o Presidente pelo “conjunto da obra” é o povo e, só o povo, nas eleições. Por isso, afirmamos que, se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de estado. O colégio eleitoral de 110 milhões de eleitores seria substituído, sem a devida sustentação constitucional, por um colégio eleitoral de 81 senadores. Seria um inequívoco golpe seguido de eleição indireta.

Ao invés disso, entendo que a solução para as crises política e econômica que enfrentamos passa pelo voto popular em eleições diretas. A democracia é o único caminho para a construção de um Pacto pela Unidade Nacional, o Desenvolvimento e a Justiça Social. É o único caminho para sairmos da crise.

Por isso, a importância de assumirmos um claro compromisso com o Plebiscito e pela Reforma Política. Todos sabemos que há um impasse gerado pelo esgotamento do sistema político, seja pelo número excessivo de partidos, seja pelas práticas políticas questionáveis, a exigir uma profunda transformação nas regras vigentes.

Estou convencida da necessidade e darei meu apoio irrestrito à convocação de um Plebiscito, com o objetivo de consultar a população sobre a realização antecipada de eleições, bem como sobre a reforma política e eleitoral. Devemos concentrar esforços para que seja realizada uma ampla e profunda reforma política, estabelecendo um novo quadro institucional que supere a fragmentação dos partidos, moralize o financiamento das campanhas eleitorais, fortaleça a fidelidade partidária e dê mais poder aos eleitores.

A restauração plena da democracia requer que a população decida qual é o melhor caminho para ampliar a governabilidade e aperfeiçoar o sistema político eleitoral brasileiro. Devemos construir, para tanto, um amplo Pacto Nacional, baseado em eleições livres e diretas, que envolva todos os cidadãos e cidadãs brasileiros.

Um Pacto que fortaleça os valores do Estado Democrático de Direito, a soberania nacional, o desenvolvimento econômico e as conquistas sociais. Esse Pacto pela Unidade Nacional, o Desenvolvimento e a Justiça Social permitirá a pacificação do País.

O desarmamento dos espíritos e o arrefecimento das paixões devem sobrepor-se a todo e qualquer sentimento de desunião. A transição para esse novo momento democrático exige que seja aberto um amplo diálogo entre todas as forças vivas da Nação Brasileira com a clara consciência de que o que nos une é o Brasil.

Diálogo com o Congresso Nacional, para que, conjunta e responsavelmente, busquemos as melhores soluções para os problemas enfrentados pelo País. Diálogo com a sociedade e os movimentos sociais, para que as demandas de nossa população sejam plenamente respondidas por políticas consistentes e eficazes.

As forças produtivas, empresários e trabalhadores, devem participar de forma ativa na construção de propostas para a retomada do crescimento e para a elevação da competitividade de nossa economia.

Reafirmo meu compromisso com o respeito integral à Constituição Cidadã de 1988, com destaque aos direitos e garantias individuais e coletivos que nela estão estabelecidos. Nosso lema persistirá sendo “nenhum direito a menos”.

As políticas sociais que transformaram a vida de nossa população, assegurando oportunidades para todas as pessoas e valorizando a igualdade e a diversidade deverão ser mantidas e renovadas. A riqueza e a força de nossa cultura devem ser valorizadas como elemento fundador de nossa nacionalidade.

Gerar mais e melhores empregos, fortalecer a saúde pública, ampliar o acesso e elevar a qualidade da educação, assegurar o direito à moradia e expandir a mobilidade urbana são investimentos prioritários para o Brasil. Todas as variáveis da economia e os instrumentos da política precisam ser canalizados para o País voltar a crescer e gerar empregos.

Isso é necessário porque, desde o início do meu segundo mandato, medidas, ações e reformas necessárias para o País enfrentar a grave crise econômica foram bloqueadas e as chamadas pautas-bomba foram impostas, sob a lógica irresponsável do “quanto pior, melhor”.

Houve um esforço obsessivo para desgastar o governo, pouco importando os resultados danosos impostos à população. Podemos superar esse momento e, juntos, buscar o crescimento econômico e a estabilidade, o fortalecimento da soberania nacional e a defesa do pré-sal e de nossas riquezas naturais e minerárias.

É fundamental a continuidade da luta contra a corrupção. Este é um compromisso inegociável. Não aceitaremos qualquer pacto em favor da impunidade daqueles que, comprovadamente, e após o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa, tenham praticado ilícitos ou atos de improbidade.

Povo brasileiro, Senadoras e Senadores,

O Brasil vive um dos mais dramáticos momentos de sua história. Um momento que requer coragem e clareza de propósitos de todos nós. Um momento que não tolera omissões, enganos, ou falta de compromisso com o País.

Não devemos permitir que uma eventual ruptura da ordem democrática baseada no impeachment sem crime de responsabilidade fragilize nossa democracia, com o sacrifício dos direitos assegurados na Constituição de 1988. Unamos nossas forças e propósitos na defesa da democracia, o lado certo da História.

Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita presidenta do Brasil. Tenho orgulho de dizer que, nestes anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta. Honrei os votos que recebi.
Em nome desses votos e em nome de todo o povo do meu País, vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para assegurar a democracia no Brasil. A essa altura todos sabem que não cometi crime de responsabilidade, que não há razão legal para esse processo de impeachment, pois não há crime.

Os atos que pratiquei foram atos legais, atos necessários, atos de governo. Atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles, e também não é crime agora.

Jamais se encontrará na minha vida registro de desonestidade, covardia ou traição. Ao contrário dos que deram início a este processo injusto e ilegal, não tenho contas secretas no exterior, nunca desviei um único centavo do patrimônio público para meu enriquecimento pessoal ou de terceiros e não recebi propina de ninguém.

Esse processo de impeachment é frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente.

O que peço às senadoras e aos senadores é que não se faça a injustiça de me condenar por um crime que não cometi. Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente.

A vida me ensinou o sentido mais profundo da esperança. Resisti ao cárcere e à tortura. Gostaria de não ter que resistir à fraude e à mais infame injustiça. Minha esperança existe porque é também a esperança democrática do povo brasileiro, que me elegeu duas vezes Presidenta.

Quem deve decidir o futuro do País é o nosso povo. A democracia há de vencer.

Dilma Rousseff

 

Do Portal Vermelho

Renato Rabelo: O golpe é para impor a velha ordem política


Foto: Eder Bruno
 O Golpe é para impor a velha ordem política O Golpe é para impor a velha ordem política
Ao processo de ruptura constitucional contido no curso de um impeachment fraudado no Brasil não interessa provar inocência ou culpa da presidenta Dilma Rousseff. Semelhante ao ocorrido no Paraguai e Honduras, o único objetivo perseguido aqui é destituir o presidente da República pelo novo modelo de intervenção golpista, seguido na atualidade pelas oligarquias de direita.

Assim sucede na sétima potência econômica do mundo, o Brasil, onde a classe dominante pretende consumar no final deste mês de agosto a grande operação derruba-presidenta. A pantomima do impeachment em marcha segue o rito através de um golpe parlamentar com benção judicial, onde não se prova devidamente o crime de responsabilidade da presidenta.

Em nosso país cresce amplamente a consciência de rejeição ao presidente interino, demonstrada nas últimas pesquisas de opinião pública. E entre as camadas mais esclarecidas de dentro e de fora do país (quase unanimidade) torna-se presente a conclusão de que culmina na história política brasileira mais um golpe de Estado, hoje, sem tropas e blindados e sem as urnas – a léguas do voto popular.

No entanto, este foi o atalho encontrado, que resultou de tentativas conspirativas e depois escrachadas de um consórcio político das forças conservadoras dominantes, após a quarta derrota eleitoral sucessiva infligida pelas forças progressistas, democráticas e de esquerda. Essas forças dominantes formaram uma coalizão parlamentar, empresarial, judicial e com ampla ação midiática, que sem pejo se aproveitaram e contaram impávidos com o difamado presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do vice-presidente da República, Michel Temer, os quais completaram uma simbiose canalha entre a trapaça e a traição, com base promíscua em seus grupos na Câmara e no Senado. Pasmem! Usaram uma fachada de vestais na luta contra a corrupção. Uma trama urdida que deflagrou e conduziu o processo de impeachment arranjado e simplesmente se aboletaram no centro do poder de Estado.

Aonde se chegou a terra amada Brasil? É inédita essa situação no país, em que a oligarquia de direita, no afã de capturar o poder, se utilizar de gente tão escrachada que (des)qualifica o governo interino desde sua origem: governo que vive sobressaltado pelo homem bomba, que se resolve abrir a boca afunda o governo e enterra a Câmara. É por isso que o governo provisório vive seu impasse original, não pode abandonar a figura detonadora do impeachment, alma gêmea do presidente interino, financiador de meio regimento de deputados. O efeito bumerangue resultante será arrasador. Isto é realmente o que é recôndito do processo de impeachment, assumido pela denominada elite dominante conservadora brasileira.

Daí a situação na qual o governo usurpador, o presidente da Câmara recém eleito e a base de apoio nessa casa se juntam, reféns da ameaça, para adiar para sempre, descaradamente, o julgamento de Eduardo Cunha na Câmara, com o beneplácito dos incentivadores do golpe e seus beneficiados. O crime é inevitavelmente escancarado.

É preciso distinguir nas aparências o fundo da questão. Os golpes de Estado, como o atual em curso no Brasil, são preparados e conduzidos por poderes de Estado, e por suas corporações públicas, que ampliam crescentemente sua autonomia funcional e administrativa chegando até o centro do poder. A desestabilização do poder Executivo levou ao crescimento de autoridades e maior disputa entre poderes. E extrapolação de função das corporações públicas atropelando, até mesmo, o modelo clássico de liberalismo. O poder que ocupou a ponta do iceberg no processo de impeachment foi a Câmara e o Senado, que resulta num golpe parlamentar. Por conseguinte, o Orçamento Federal deste ano e do próximo será devidamente utilizado para pagar a conta do impeachment – lançaram mão de um déficit primário de mais de 170 bilhões de Reais em 2016. Imaginem se isso acontecesse no governo Dilma!

Mais significativo ainda é que desde os primórdios da crise política o embate não era apenas entre a presidenta -- que “não sabia fazer política” e políticos “profissionais” -- mas o que estava em jogo era e é um projeto de poder da classe dominante capitalista, financeira globalizada, as forças conservadoras brasileiras, que se utilizaram avidamente de um atalho, por meio da via golpista, para a volta à ORDEM POLÍTICA fundada na sua concepção de Estado, antidemocrática e autoritária, desmontando um pacto de progresso social, e de consolidação da ordem econômica de desregulamentação financeira, liberação do fluxo de capital, tudo pela estabilidade da moeda, através de políticas de austeridade, com cortes de despesas primárias essenciais – o capitalismo contemporâneo, dito neoliberal.

Segue então a linha dos países capitalistas centrais, nos quais a grande crise capitalista é respondida com o resgate antes de tudo do grande capital,
principalmente o financeiro, desemprego aberto, concentração e centralização da riqueza, aprofundando o fosso da desigualdade.

Por isso, é que a crise mundial, sistêmica, não encontrou ainda uma solução de superação. No caso do Brasil, vejam o tamanho do resgate financeiro: Congelamento das despesas federais, desde o nível mais baixo, por 20 anos. Eles é que vão se apropriar de enorme parcela do Orçamento federal, que aproximadamente equivale a uma queda de 50% per capta das despesas federais, num desmonte sem paralelo das sofridas conquistas sociais, atingindo de cheio o destino do SUS e do sistema de educação público. E mais, na vigência desse governo usurpador, porquanto ele se volta para a manutenção da base macroeconômica, que vem, sobretudo, desde o plano Real, presa ao círculo vicioso e perverso de juros altos e câmbio apreciado – desastre que levou à desindustrialização do país e a enormes déficits nas contas externas e deu adeus ao desenvolvimento nacional.

Por isso que a presidenta Dilma foi acerbamente desqualificada quando tentou sair desse círculo vicioso e conduzir, o que eles cunharam como sendo uma nova matriz macroeconômica, considerando isto a causa do descaminho econômico. E mais, agora sua enaltecida equipe econômica segue o mesmo padrão moldado pela ortodoxia ultraliberal brasileira de manter e justificar sempre os juros altos, diante de um curso de dois anos de uma queda de 8% da economia, ou seja, em plena recessão.

Em suma o golpe é a saída para fundamentalmente instituir essa velha ordem política, que pela via eleitoral seria inviável. As forças conservadoras pró-submissão às potências imperialistas, para imporem sua ordem republicana, ostensivamente e rapidamente já iniciaram e indicaram nesses dois meses, que seu desiderato e sua avidez são essencialmente voltados para desmontar o pacto de conquistas democráticas, sociais e de igualdade de direitos lavrados na Constituinte de 1988. É um retrocesso do avanço civilizacional em mais de três décadas.

À volta a ordem política conservadora e de realinhamento as grandes potências, imperialistas, como versa seu conceito estatal, parte da hipertrofia de corporações e ações de inteligência, que amolda até o próprio Ministério Público Federal e a Policia Federal, distinguindo sua doutrina de “inimigo interno” ou a “teoria dos fatos”, que neste momento histórico no Brasil, situa-se na existência engendrada de uma “organização criminosa” conduzida pelo PT e por Lula e seus aliados, com os cunhados “núcleos políticos e operacionais”. A criminalização é seletiva e a repressão se intensifica tendo como norte esse inimigo interno. A utilização desregrada da Lei antiterror já começa ser aplicada visando criminalizar a ação dos movimentos sociais.

A pretendida consumação da farsa do impeachment ainda este mês, que conduz à concretização do golpe de Estado, é uma viragem para consolidação e desenvolvimento dessa velha ordem política, com suas consequências econômica, social e cultural, razão de ser do golpe dito legal. E recorrentemente, quando as forças conservadoras voltam ao poder central, vêm para ficar.
Enfim, nosso país está essencialmente diante de uma disjuntiva que coloca em jogo o destino da Nação e do povo brasileiro – avançar ou retroceder em nossa trajetória civilizacional. Por isso a premissa para restaurar a democracia, o Estado Democrático de Direito é a volta da presidenta da República, Dilma Rousseff, legalmente eleita com mais de 54 milhões de votos. Os senadores serão colocados diante dessa encruzilhada – condenar o absolver uma presidenta sem crime de responsabilidade.

A luta popular contra o golpe não recrudesceu. Ao contrario, a consciência e a luta contra o governo intruso e pela democracia se estendem. Os trabalhadores começam a se mobilizar mais amplamente diante de reformas estruturais reversas, antidemocráticas: as reformas da providência e trabalhista. Ganha força a alternativa política apresentada pela presidenta Dilma, que após sua volta proporá e se empenhará pela convocação de um plebiscito, onde o povo é convocado para se pronunciar sobre a antecipação ou não da eleição direta presidencial. Esse é o anseio de ampla maioria do povo, no atual estágio da crise. Em contraste, os mais diversos setores e porta-vozes das forças conservadoras, fogem das urnas como o diabo da cruz, e se insurgem contra essa alternativa de renovação da democracia. Em síntese, hoje, é o eco mais uníssono: Fora Temer!
 

*Renato Rabelo foi presidente nacional do PCdoB, atualmente é presidente da Fundação Maurício Grabois.
Fonte: Vermelho

Frente Brasil Popular convoca atos no desfecho do impeachment


PAULO PINTO / FOTOS PÚBLICAS
  
Segundo nota emitida pela frente, "afirmamos como fundamental o esforço de resistência ao golpismo nestes dias que nos separam da votação final. Seja qual for o cenário que prevalecerá, a ofensiva conservadora não cessará, portanto, é fundamental que os movimentos populares estejam nas ruas, convocando o povo brasileiro à resistência".

A frente realizará um ato político com a presença de Dilma Rousseff reunindo intelectuais, personalidades, partidos políticos e lideranças populares, que representam o campo democrático e lutaram durante a jornada de lutas contra o Golpe de Estado. O ato será em São Paulo, com data a ser definida.

No próximo 29 de agosto, dia em que Dilma será julgada no Senado, será convocado um dia nacional de luta contra o golpe, com uma grande concetração ocorrendo em Brasília, local que ocorrerá o julgamento. Um acampamento será montado no local.

No momento que a direita avança sua consolidação no poder através de um golpe parlamentar que culminou com o processo de impeachment sem fundamentos legais, manifestações espontâneas ou convocadas pelos movimentos sociais acontecem diariamente no país. Nesta terça-feira (16)  ocorrerão atividades em Minas e Pernambuco rechaçando o governo interino Temer.

Na quarta-feira (17) a Frente Povo Sem medo convoca uma manifestação pelo Fora Temer, às 14h, no Metrô Arthur Alvim, na capital paulista.


Do Portal Vermelho com informações da Frente Brasil Popular 

    Paulo Nogueira: Futebol tomado pela Globo é herança de João Havelange


    Premiação dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro: festa nas mãos da GloboPremiação dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro: festa nas mãos da Globo
    Havelange, na CBF, forjou uma aliança extremamente lucrativa com a então jovem Globo de Roberto Marinho.

    A Globo ganhou bilhões com o monopólio das transmissões de futebol. E Havelange levou sua cota em propinas para garantir que a Globo jamais perdesse seu privilégio, expresso monetariamente em cotas publicitárias multimilionárias, para não falar da audiência trazida pelas partidas.

    A parceria, a partir de um certo momento, incluiu não só a CBF como a Fifa. Foi quando Havelange assumiu o comando da Fifa.

    É documentado o escândalo dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Havelange foi subornado para que uma emissora brasileira transmitisse a Copa. O jornalista brasileiro Jamil Chade conta, em seu livro sobre a sujeira da Fifa, detalhes da negociata.

    Quem transmitiu a Copa para o Brasil foi a Globo, como sabemos.

    Na CBF, Havelange tratara de deixar ao ir para a Fifa seu genro, Ricardo Teixeira, para que o esquema com a Globo não fosse interrompido.

    A Globo, com Teixeira na CBF, continuou a desfrutar das mamatas das transmissões de futebol.

    As coisas se complicaram pessoalmente, num determinado momento, entre Havelange e Teixeira. O motivo não poderia ser mais comum nas rupturas entre sogros e genros: Teixeira se divorciou da filha de Havelange.

    Mas a Globo não perdeu nada com a briga entre seus dois aliados no futebol.

    O saldo de tudo pode ser resumido assim: a Globo, Havelange e Teixeira ganharam barbaramente com o futebol brasileiro. E o futebol brasileiro ficou em ruínas: campos precários, gramados parecidos com pasto, arquibancadas vazias.

    E um terrível êxodo dos melhores jogadores.

    É um padrão que se repete onde quer que a Globo se meta: para ela os lucros. Para a outra parte, e não estou falando aqui de parceiros como Havelange, as ruínas. No cinema, com a Globofilmes, é a mesma coisa.

    Havelange legou a Globo para o futebol brasileiro.

    Cada vez que você dormir no meio de um jogo às dez da noite, lembre-se dele.


    *Fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
    Fonte: Vermelho

    terça-feira, 16 de agosto de 2016

    O Brasil que luta feito mulher na Rio 2016


     Joana Maranhão mantém se mantém protagonista mesmo sem medalha olímpica Joana Maranhão mantém se mantém protagonista mesmo sem medalha olímpica
     Era domingo à tarde no Rio de Janeiro olímpico e alguns dos bairros mais cenográficos da cidade foram cortados pelas ciclistas que disputavam o melhor tempo na categoria ciclismo de estrada. A brasileira Flávia Oliveira não ganhou medalha, mas entrou para a história como o melhor lugar na categoria jamais conquistado por uma brasileira. Ficou na sétima posição, a apenas 20 segundos de distância da primeira colocada. Das 68 ciclistas na disputa, apenas nove completaram a prova no mesmo minuto, o que mostra a façanha de Flavia, ainda que tenha ficado fora do pódio.

    Os novos ‘inquisidores’ tomam conta da rede


    No dia seguinte, a judoca Rafaela Silva brigava no tatame por sua vingança dourada. Na Olimpíada de Londres 2012, ela perdera nas oitavas de final, o que resultou em uma avalanche de críticas e xingamentos, inclusive racistas, nas redes sociais. Chegou a ser chamada de macaca. Aquilo havia abalado o emocional da judoca a ponto de fazê-la pensar em parar de lutar.

    Mas o Rio seria a sua revanche. Com um wazari aplicado na líder do ranking, Sumiya Dorjsuren, da Mongólia, Rafaela Silva conquistou o primeiro - e até agora único - ouro do Brasil nesta Olimpíada. As mulheres, dede o início, representavam a grande esperança de medalha no judô brasileiro. Mariana Silva quase chegou lá, perdendo na semifinal, nesta terça. Levando em conta que a participação feminina no judô em uma olimpíada é coisa recente - só passou a ser permitida em 1992 - as judocas avançam com uma velocidade de canhão em relação aos atletas homens no Brasil. Em Londres 2012, Sarah Menezes conquistou o único ouro do esporte.

    A vitória acachapante de Rafaela Silva, porém, não foi capaz de frear o duro tribunal das redes sociais. No mesmo dia em que o Brasil ganhava seu primeiro ouro, no tatame, perto dali, na piscina, a nadadora brasileira Joanna Maranhão ficava de fora da semifinal dos 200 metros Medley. Os inquisidores da Internet rapidamente reagiram com ofensas, xingando a nadadora e remexendo em uma história pesada do seu passado.

    Mas, ainda que longe dos tatames, Joanna não fugiu da briga. “As pessoas não gostarem do meu rendimento é um direito delas”, disse a atleta ao canal SporTV. “Nem todo mundo compreende a grandiosidade e a competitividade que é a natação mundial, o quanto que brigamos para chegar na final. Mas desejar que eu seja estuprada, que minha mãe morra, que um bandido me mate, que eu me afogue. Falar que a história da minha infância foi algo que inventei para estar na mídia, isso ultrapassa”, disse.

    Em 2008, a nadadora reuniu forças para revelar publicamente em uma entrevista que sofreu abuso sexual de ex-treinador, Eugênio Miranda. Agora, tanto tempo depois, usam dessa história para atingir a nadadora, que reagiu. “Quando vem para a história da minha infância, o desrespeito às mulheres, pelo fato de ser do Nordeste, aí vou ter que tomar medidas jurídicas”, afirmou ao canal de TV.

    Poucas horas depois da derrota de Joanna, o Estádio Deodoro era palco de uma cena que entrou para a história das olimpíadas, sem envolver medalhas. A jogadora de rugby da seleção brasileira, Isadora Cerullo, foi pedida em casamento. Por sua namorada. E aceitou, beijando-a na frente de toda a imprensa e da torcida. A cena ocorreu após a Austrália ser coroada com o ouro. O Brasil não subiu no pódio com o rugby, mas em tempos de estatuto da família, a jogadora, cuja foto rodou o mundo, ganharia fácil uma medalha pela luta contra o preconceito.

    O simples fato de esta ser a Olimpíada com a maior participação feminina da história (45% das atletas são mulheres) já seria um dado a ser minimamente comemorado. Mas isso é pouco. As atletas brasileiras querem disputar também o protagonismo dos Jogos, no quadro de medalhas, com suas desafiantes histórias, e não só encaixadas nos estereótipos de gênero. E até o momento vem conseguindo.

    São elas que estão carregando nas costas o peso da expectativa e da busca de uma alegria da pátria do futebol. A seleção brasileira feminina ganhou o primeiro jogo por 3 a 1 contra a China, na sexta-feira. Na partida seguinte, no sábado, fez mais bonito ainda e deu uma goleada na Suécia, vencendo por 5 a 1. Nesta terça, empatou em 0 a 0 contra a África do Sul, mas ainda assim saíram de campo aplaudidas em Manaus. Enquanto isso, a seleção masculina de futebol amarga uma triste decadência: ficou no zero a zero nas duas partidas que jogou até o momento.

    Não é à toa que se tornou emblemática a imagem da camiseta da seleção com o nome de Neymar - riscado. Por cima, aparece escrito Marta, a estrela do futebol feminino. Não é pouca coisa. A maioria do tempo, as mulheres, apesar dos avanços históricos e recentes que ajudaram inclusive a disputar modalidades olímpicas reservadas aos homens, sequer aparecem lado a lado com os homens. Elas ganham menos (inclusive no esporte, basta ver as diferenças salariais nas equipes de futebol e vôlei brasileiros), trabalham mais, são a maior parcela de vítimas de violência doméstica e nem sendo figuras públicas escapam de escrutínio preconceituoso. É por isso que a Rio 2016, a julgar pelos últimos dias, parece emplacar um novo bordão para sepultar o clichê machista: agora é lute como uma mulher.


    Fonte: El Pais via Vermelho

    Disparidade: Mulheres recebem menos na maioria dos esportes


    divulgação
    Se Marta recebesse por gols ganharia cerca de 12 mil reais enquanto Neymar receberia 905 mil reais por golSe Marta recebesse por gols ganharia cerca de 12 mil reais enquanto Neymar receberia 905 mil reais por gol
    Em um caso que ganhou destaque recentemente, o time brasileiro vencedor da Liga Mundial de vôlei feminino de 2016 levou pra casa um cheque de 200 mil dólares, valor cinco vezes inferior ao recebido pelo primeiro lugar da Liga Mundial masculina.

    Em entrevista ao Gênero e Número, a oposta Sheilla Castro, bicampeã olímpica e integrante da atual equipe de vôlei campeã, critica a diferença entre as premiações. “Muito discrepantes os prêmios no masculino e feminino. Nunca formalizamos nenhuma reclamação, mas já conversamos com o Ary [Graça, atual presidente da Federação Internacional de Vôlei], quando ele era presidente da CBV”, disse a jogadora.

    A diferença de remuneração é ainda mais notória quando se olha para o prêmio em dinheiro oferecido pela FIFA, órgão de gestão do futebol no mundo que apenas em 2013 teve a primeira mulher em seu comitê executivo, a burundesa Lydia Nsekera. Enquanto a equipe feminina dos EUA ganhou US$ 2 milhões da organização por vencer a Copa do Mundo do ano passado, a seleção masculina alemã arrecadou US$ 35 milhões após ser campeã da Copa do Mundo de 2014. Se o prêmio fosse dividido pelos jogadores em campo, a receita das americanas não chegaria a US$ 200 mil por atleta, enquanto os alemães embolsariam mais de US$3 milhões individualmente.
     
    Sheilla afirma que a justificativa dada para a disparidade é a diferença de patrocinadores, o que impactaria no valor que entra. “Se é ou não verdade, eu não sei”, disse.

    As contas bancárias dos atletas refletem essa diferença. Na última classificação divulgada pela Forbes, entre os cem atletas mais bem pagos do mundo há apenas duas mulheres: as tenistas Serena Williams, que recebe US$ 28,9 milhões, e Maria Sharapova, com US$ 21,9 milhões por ano, respectivamente 40º e 88º no ranking. Valores altos, mas nem metade do que recebe a estrela masculina do tênis Roger Federer, US$ 67 milhões.

    Se no tênis, um dos esportes mais equânimes em termos de gênero, onde todos os principais torneios oferecem prêmios idênticos nas disputas femininas e masculinas, a diferença de salários e patrocínios dos primeiros do ranking ainda é considerável, no futebol ela atinge seu ápice.

    Neymar e Marta são dois expoentes dessa a paixão nacional, e estarão em campo na disputa pelo ouro olímpico. Ela já foi eleita cinco vezes melhor jogadora do mundo pela Fifa e marcou 103 gols com a camisa da seleção. Ele conquistou o terceiro lugar na última votação para melhor do mundo, e chegou a 50 gols defendendo o Brasil. Mas é na conta bancária que a diferença entre os dois se sobressai: Marta recebe de salário anual US$400 mil contra US$14,5 milhões de Neymar, de acordo com a Forbes. Se fossem pagos por gols, cada bola na rede da Marta valeria cerca de US$3,9 mil (cerca de R$12,2 mil), enquanto as do Neymar valeriam US$290 mil (cerca de R$905 mil).
     
    Pode ser moralmente escandaloso que Marta receba tão menos que Neymar? Em um mercado movido a patrocínios, tudo parece justificável. As receitas patrocinadas da Copa do Mundo masculina chegaram a US$ 529 milhões. No mundial feminino, US$ 17 milhões de investimentos privados.
     
    Visibilidade e popularidade são palavras-chave para entender por que os esportes femininos atraem menos patrocínios. “A mídia dá pouca visibilidade às conquistas das mulheres, aos campeonatos das mulheres”, explica Silvana Goellner, professora da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e especialista em questões de gênero no esporte. “A mídia produz muito a representação do esporte para os homens, então como vamos tê-las como inspiração?”, questiona Silvana.

    Os acordos de transmissão e direitos televisivos exercem uma poderosa influência nos negócios esportivos. A popularidade dos jogos, com o comparecimento aos estádios para ver as equipes femininas, também afeta diretamente a receita dos campeonatos e o interesse das emissoras. Quanto menos pessoas prestigiam as atletas, menos elas são noticiadas e televisionadas. Quanto menos são noticiadas e televisionadas, menos pessoas têm o interesse despertado e as prestigiam. Um círculo vicioso que explica em grande parte a batalha para equalizar economicamente as competições feminina e masculina.


    Por Mariana Mazotte para revista Web Gênero e Número, Agência Pública
    Fonte: Vermelho