quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Paulo Nogueira: Futebol tomado pela Globo é herança de João Havelange


Premiação dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro: festa nas mãos da GloboPremiação dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro: festa nas mãos da Globo
Havelange, na CBF, forjou uma aliança extremamente lucrativa com a então jovem Globo de Roberto Marinho.

A Globo ganhou bilhões com o monopólio das transmissões de futebol. E Havelange levou sua cota em propinas para garantir que a Globo jamais perdesse seu privilégio, expresso monetariamente em cotas publicitárias multimilionárias, para não falar da audiência trazida pelas partidas.

A parceria, a partir de um certo momento, incluiu não só a CBF como a Fifa. Foi quando Havelange assumiu o comando da Fifa.

É documentado o escândalo dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Havelange foi subornado para que uma emissora brasileira transmitisse a Copa. O jornalista brasileiro Jamil Chade conta, em seu livro sobre a sujeira da Fifa, detalhes da negociata.

Quem transmitiu a Copa para o Brasil foi a Globo, como sabemos.

Na CBF, Havelange tratara de deixar ao ir para a Fifa seu genro, Ricardo Teixeira, para que o esquema com a Globo não fosse interrompido.

A Globo, com Teixeira na CBF, continuou a desfrutar das mamatas das transmissões de futebol.

As coisas se complicaram pessoalmente, num determinado momento, entre Havelange e Teixeira. O motivo não poderia ser mais comum nas rupturas entre sogros e genros: Teixeira se divorciou da filha de Havelange.

Mas a Globo não perdeu nada com a briga entre seus dois aliados no futebol.

O saldo de tudo pode ser resumido assim: a Globo, Havelange e Teixeira ganharam barbaramente com o futebol brasileiro. E o futebol brasileiro ficou em ruínas: campos precários, gramados parecidos com pasto, arquibancadas vazias.

E um terrível êxodo dos melhores jogadores.

É um padrão que se repete onde quer que a Globo se meta: para ela os lucros. Para a outra parte, e não estou falando aqui de parceiros como Havelange, as ruínas. No cinema, com a Globofilmes, é a mesma coisa.

Havelange legou a Globo para o futebol brasileiro.

Cada vez que você dormir no meio de um jogo às dez da noite, lembre-se dele.


*Fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Fonte: Vermelho

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