terça-feira, 17 de março de 2015

Lucas Galindo: O terceiro turno que ofusca debate político

Os trabalhadores devem ir às ruas defender seus direitos e rechaçar o movimento golpista
Mariana Serafini
Os trabalhadores devem ir às ruas defender seus direitos
e rechaçar o movimento golpista

A movimentação que objetiva reverter no tapetão o resultado da eleição presidencial de 2014 se expressa através de um ódio refratário ao debate de ideias. O que prepondera são xingamentos machistas à presidenta Dilma, enquanto os verdadeiros temas de interesse nacional não são levados em conta.


Por Lucas Galindo*, especial para o Portal Vermelho


Vamos a eles:
 


1) Corrupção - sobre este assunto temos muito o que comemorar - isso mesmo! - afinal, devido ao fortalecimento contínuo das instituições democráticas, aqueles que se beneficiam de antigos esquemas não só vem sendo exemplarmente punidos, como os recursos desviados estão sendo devolvidos em quantias jamais verificadas.

Tal qual um câncer, esse problema não será resolvido num passe de mágica. Ele é sistêmico, está entranhado na maior parte das organizações das esferas pública e privada.

Compreender sua complexidade não é obstáculo à sua superação, pois se parece impossível fechar todas as torneiras de uma vez, o certo é desligar o registro. Neste caso, combater o mal pela raiz significar implantar uma reforma política que acabe definitivamente com o financiamento de campanhas por empresas, origem de toda a corrupção.

Alerta: Enquanto propaga uma improvável deposição da presidenta reeleita (não há qualquer fundamento jurídico que sustente tal tese), a mídia mercenária "esquece" de informar a população de que o projeto de reforma política que circula no Congresso Nacional não prevê o fim do patrocínio empresarial a candidatos, tampouco assegura a paridade entre homens e mulheres na ocupação dos cargos eletivos;

2) Crise conjuntural - o capitalismo vive de crises, e essa que se arrasta desde 2008 e é a mais grave desde 1929, após ser minimizada pela acertada política econômica anticíclica, agora atinge o Brasil mais profundamente, impondo dificuldades concretas.

É importante reconhecer o cenário adverso, mas ao mesmo tempo discordar do governo quanto à maneira de superá-lo. Se concordarmos com a necessidade de ajustes fiscais, nós trabalhadores não aceitaremos pagar a conta sozinhos. É mais justo tributar as grandes fortunas, heranças e remessas de lucros ao exterior, que seguem livres de qualquer contribuição significativa. Ou ainda, fazer com que o IPVA incida sobre jatinhos, helicópteros e lanchas, atualmente com alíquota 0%.

Com essas medidas poderia se obter um incremento de mais R$100 bilhões no orçamento, enquanto as indigestas Medidas Provisórias 664 e 665, que diminuem direitos trabalhistas e previdenciários, representariam não mais que R$18 bilhões de acréscimo. Em suma, o momento é delicado e refuta conclusões precipitadas.

É fundamental aos trabalhadores valorizar os direitos conquistados, seguir lutando por ainda mais melhorias nas condições de vida, conscientes de que o projeto político que orquestra a tomada da presidência de assalto representa retrocesso às vitórias obtidas. "Pior do que tá não fica" foi o lema que elegeu Tiririca, e na situação atual soluções mirabolantes não favorecem.
Impeachment pode ser um alívio emocional para alguns, mas não tem nenhuma conexão com a recuperação do desenvolvimento do país, menos ainda com o combate à corrupção - pelo contrário, é desvio de foco!

Travestidos de ofensas covardes à figura de Dilma, os ataques que temos visto são na verdade direcionados à solidez da democracia brasileira, que após 30 anos sem sofrer interrupções, possibilitou um vasto conjunto de avanços aos trabalhadores. Estes, além de ter clareza dos interesses em disputa, precisam se posicionar em consonância com os seus próprios. Abaixo o golpismo, viva a democracia!

Lucas Galindo - militante da União da Juventude Socialista e diretor de juventude da Federação dos Bancários Bahia e Sergipe]


Fonte: Vermelho

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