quinta-feira, 23 de junho de 2016

"Erro histórico": Hollande proíbe protestos e recua após pressão


Juventude comunista luta contra alteração na lei trabalhista francesaJuventude comunista luta contra alteração na lei trabalhista francesa
A manifestação foi autorizada pela governo, mas num percurso diferente do pretendido, após uma reunião de emergência exigida por Philippe Martinez, secretário geral da CGT. O trajeto programado pelos manifestantes, entre as praças da Bastilha e La Nation, foi proibido.

O protesto seguirá por um novo caminho, de 1,6 quilômetro, na bacia do Arsenal, em redor da Praça da Bastilha, proposto pelo Ministério do Interior, e foi objeto de amplas queixas do participantes, que esperam mais de um milhão de parisienses nas ruas. Ao mesmo tempo, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, ameaçou: "Não será tolerada violência alguma", avisou o ministro do Interior",.

A ameaça de cancelamento da manifestação já tinha sido feita pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e pelo Presidente, François Hollande, e já circulava nos últimos dias. Após a comunicação das autoridades francesas, os representantes de dois dos principais sindicatos envolvidos no protesto, Philippe Martinez, da CGT e Jean-Claude Mailly, da central Força Operária, pediram para ser “imediatamente recebidos pelo ministro do Interior”.

“Desde 1958 que não existe registo de nenhuma proibição à realização de uma manifestação de uma organização sindical” afirmou Jean-Claude Mailly, numa entrevista à rádio francesa RMC. “A França irá juntar-se a um grupo de países que não se podem qualificar de democráticos”, se o Governo não tivesse recuado na decisão, acusava. Jean-Claude Mailly acrescentou ainda que o primeiro-ministro Valls se "encerrava num regime de autoritarismo”.

Também o deputado socialista Christian Paul condenou a medida. “Considero, e estou a medir as minhas palavras, que este é um erro histórico”. Paul partilha a preocupação de outros eleitos socialistas que disseram ver com receio um governo de "esquerda" proibir uma manifestação.

As críticas chegaram também da extrema-direita, pela voz de Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional, que classifica a decisão como um “grave atentado à democracia”.

Um dos apoios à manifestação mais inesperados veio do antigo Presidente francês. Em visita a Berlim, Nicolás Sarkozy – pré-candidato às presidenciais de 2017 –, contrariou a posição de várias figuras do seu partido e afirmou que proibir o protesto “não era razoável”.

Na terça-feira, os sindicatos tinham sugerido sete percursos alternativos que optassem por vias em que as forças de repressão poderiam agir, mas foram recusados. No entanto, a tensão entre o governo e os sindicatos aumentou depois que a repressão à última manifestação, em 14 de junho, ter causado mais de quatro dezenas de feridos.

Os trabalhadores já marcaram outra manifestação para o dia 28 de junho, onde apelam à participação de trabalhadores dos transportes ferroviários e do setor energético.


Do Portal Vermelho, com agências

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