quarta-feira, 9 de março de 2016

Aos que vão protestar contra Dilma

Na ditadura militar, brasileiros ou brasileiras que se revoltassem contra qualquer coisa eram presos a uma cadeira de zinco ligada a fios desencapados que disparavam choques, causando convulsões, queimaduras e mordidas que decepavam a própria língua. 

Por Elvino Bohn Gass*  


E é por nossa governante ser Dilma, e não um ditador, que você pode protestar livremente. Ela foi torturada para que você pudesse ter esse direito.  E é por nossa governante ser Dilma, e não um ditador, que você pode protestar livremente. Ela foi torturada para que você pudesse ter esse direito.  
Na ditadura militar, quem defendesse eleições livres era amarrado nu em uma barra de ferro atravessada entre os punhos e os joelhos enquanto sofria pancadas, choques e queimaduras de cigarro.

Na ditadura militar, quem discordasse de qualquer ação do governo sofria “telefones”, tapas tão violentos contra os dois ouvidos que rompiam tímpanos e provocavam surdez. Na ditadura militar, quem denunciasse qualquer ato de corrupção tinha as narinas fechadas e, na boca, um cano que fazia engolir água até o afogamento.

Na ditadura militar, quem ofendesse o presidente, uma autoridade do regime ou mesmo um amigo do sistema tinha a cabeça mergulhada num tanque cheio de água e sua nuca era forçada para baixo até o limite.

Na ditadura militar, quem pedisse direitos iguais era despido e jogado numa cela baixa que impedia ficar de pé por dias, sem água e sem comida, recebendo rajadas super frias alternadas a ondas de calor insuportável, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes.

Então, quando você ouvir o som dos foguetes de Jair Bolsonaro, quando encontrar alguém com um cartaz pedindo intervenção militar, quando participar de um movimento onde haja pessoas defendendo isso, lembre-se: você está sendo cúmplice de um modelo que assassinou, enlouqueceu, mutilou e estuprou muitos brasileiros e brasileiras.

Eles e elas eram pessoas como você. Só queriam poder dizer o que pensam, manifestar sua inconformidade. Não aceitavam mandos e desmandos sem qualquer explicação. Consideravam legítimos os direitos das mulheres, do povo negro, dos indígenas, dos sem-terra e, especialmente, daqueles brasileiros e brasileiras que, por ganharem pouco ou quase nada, não tinham acesso ao estudo, à casa própria.

O único crime desses homens e mulheres era a sua inconformidade com um país onde uns poucos brancos e ricos viviam muito bem, enquanto a maioria era submetida à fome, à miséria e a salários aviltantes.

Entre esses brasileiros e brasileiras estava uma mulher chamada Dilma Vana Rousseff. Hoje, é ela quem governa o Brasil. E é por nossa governante ser Dilma, e não um ditador ou seus comparsas, que você, se quiser, pode protestar livremente, contra o que bem entender, inclusive contra o governo da própria Dilma.

Ela foi torturada para que você pudesse ter esse direito. Então, faça sua manifestação como bem entender, mas antes de ofender Dilma, pense nisso. 
 

Esse artigo foi escrito no Dia Internacional da Mulher em homenagem e gratidão à brasileira Dilma Rousseff.

*É deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul e Secretário Nacional Agrário do PT 
Fonte; Vermelho

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