Há 25 anos, a Venezuela protagonizava a rebelião conhecida como Caracazo, que foi a primeira manifestação verdadeiramente popular contra o neoliberalismo no mundo. A revolta popular encerrou um ciclo histórico no país vizinho e marcou o início da chamada Revolução Bolivariana, ou Socialismo do Século 21, construído pelo ex-presidente Hugo Chávez Frías.
Por Vanessa Martina Silva, do Portal Vermelho
À época, enquanto a América Latina vivia um período marcado por ditaduras militares em diversos países, a Venezuela se destacava pela vigência de uma “democracia” que, sustentada no preço do petróleo, era mantida a partir da alternância de dois partidos de centro-direita no poder, excluindo setores populares.
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A renda do petróleo mantinha uma elite improdutiva que importava tudo, de pés de alface a roupas e bens de primeira necessidade. Por outro lado, a pobreza alcançava 80% da população. As pessoas passavam fome e, como o próprio Chávez denunciou anos depois, as mães compravam comida de cachorro para cozinhar e preparar para os filhos como carne e suprir a deficiência de proteínas das crianças.
Descontentes com a crise pela qual passava o país, que nas décadas de 1960/70 era chamada de Venezuela saudita pela riqueza oriunda da exploração do petróleo, em 1988, os venezuelanos elegeram Carlos Andrés Pérez pela segunda vez. CAP, como era chamado, representava a opulência petroleira, com seu crescimento econômico, altos níveis de emprego e melhoria constante no padrão de vida.
"Nós que vivemos o Caracazo soubemos dos mais de 3 mil mortos e desaparecidos, agradecemos a Chávez por defender a paz no país".
Mas, no governo, uma de suas primeiras medidas foi pactuar um conjunto de ações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), entre elas um empréstimo de US$ 4,5 bilhões que seriam pagos pela população venezuelana.
Entre elas estavam a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, a redução do gasto público e do crédito, a liberação de preços, o congelamento de salários e o aumento dos preços de gêneros de primeira necessidade. Mas o estopim esteve no fato de que a gasolina sofreria um reajuste imediato de 100% e o transporte coletivo foi reajustado na mesma medida, gerando profunda revolta.
Mas, no governo, uma de suas primeiras medidas foi pactuar um conjunto de ações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), entre elas um empréstimo de US$ 4,5 bilhões que seriam pagos pela população venezuelana.
Entre elas estavam a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, a redução do gasto público e do crédito, a liberação de preços, o congelamento de salários e o aumento dos preços de gêneros de primeira necessidade. Mas o estopim esteve no fato de que a gasolina sofreria um reajuste imediato de 100% e o transporte coletivo foi reajustado na mesma medida, gerando profunda revolta.
"A Revolução Bolivariana de nosso Comandante Chávez é filha do 27F e hoje se projeta para o Socialismo Cristão do século 21".
Como resultado disso, ainda nas primeiras horas da manhã da segunda-feira, 27, estudantes começaram os primeiros protestos. A eles, somaram-se trabalhadores que iniciaram barricadas nas principais avenidas do país. Caminhões com cargas alimentícias, supermercados e outros estabelecimentos comerciais foram saqueados em um ato de revolta e de apropriação de bens que esta população esteva impedida de ter.
“O Caracazo teve um mérito de que as massas venezuelanas romperam coletivamente com o sagrado mito burguês da propiedade privada”, escreveu Ángel Guerra Cabrera, em artigo publicado na Rádio Nacional da Venezuela.
"Mais de 3 mil mortos do povo humilde, traídos nos dois séculos por uma oligarquia que saqueou a Pátria, elevemos uma oração em sua memória".
Repressão
Como resposta, o governo anunciou o toque de recolher e a suspensão das garantias constitucionais. Teve início então a repressão extremada. O governo autorizou seus corpos armados a atirarem contra civis. No bairro de Petare, as forças repressivas chegaram a disparar contra uma multidão. Apareceram franco-atiradores no alto de alguns edifícios no bairro 23 de Janeiro. Soldados armados com fuzis FAL, de vasto poder destrutivo, chegaram disparando contra os edifícios.
Estima-se que cerca de 1.500 e 5 mil pessoas morreram e milhares ficaram feridas neste período no país. Dados oficiais do governo falam em 300 mortos.
Repressão
Como resposta, o governo anunciou o toque de recolher e a suspensão das garantias constitucionais. Teve início então a repressão extremada. O governo autorizou seus corpos armados a atirarem contra civis. No bairro de Petare, as forças repressivas chegaram a disparar contra uma multidão. Apareceram franco-atiradores no alto de alguns edifícios no bairro 23 de Janeiro. Soldados armados com fuzis FAL, de vasto poder destrutivo, chegaram disparando contra os edifícios.
Estima-se que cerca de 1.500 e 5 mil pessoas morreram e milhares ficaram feridas neste período no país. Dados oficiais do governo falam em 300 mortos.
Há 25 anos o povo rompeu com as amarras e disse chega de neoliberalismo, foi massacrado mas não derrotado. Ali começou esta Revolução do Século 21".
Um novo Caracazo?
Jornais e sites de notícias internacionais publicaram, nesta quinta (27), matérias comparando a situação atual da Venezuela com a de 1989 para dizer que o país congrega as situações para a ocorrência de um novo Caracazo. O líder da oposição, Henrique Capriles, deu declarações no mesmo sentido.
Mas, ao contrário daquele contexto histórico, quando foram as bases sociais que realizaram a revolta que resultou na ascensão de Chávez dez anos depois, hoje são grupos de classe média que saem às ruas descontentes com a economia do país e negam as conquistas da Revolução Bolivariana.
Um novo Caracazo?
Jornais e sites de notícias internacionais publicaram, nesta quinta (27), matérias comparando a situação atual da Venezuela com a de 1989 para dizer que o país congrega as situações para a ocorrência de um novo Caracazo. O líder da oposição, Henrique Capriles, deu declarações no mesmo sentido.
Mas, ao contrário daquele contexto histórico, quando foram as bases sociais que realizaram a revolta que resultou na ascensão de Chávez dez anos depois, hoje são grupos de classe média que saem às ruas descontentes com a economia do país e negam as conquistas da Revolução Bolivariana.
"Povo do Petare lembra O Caracazo"
Embora a Venezuela viva tempos difíceis economicamente, tampouco é possível comparar ambos os processos. Durante o governo Pérez, a Venezuela se submeteu ao receituário o FMI, aplicando as medidas neoliberais que trouxeram retrocesso, pobreza e perda de qualidade de vida e conquistas sociais para a população. Os governos bolivarianos primeiro com Chávez e agora com Nicolás Maduro aplicam políticas pós-neoliberais e romperam há sete anos, com o fundo, conquistando maior independência econômica.
Além disso, o atual governo pactuou a chamada Lei de Preços Justos para regular o preço dos produtos essenciais e evitar a especulação com alimentos, tal como ocorria durante o governo Pérez; empresas estratégicas privatizadas em governos anteriores foram nacionalizadas e o Banco Central da Venezuela regula as taxas de juros e cambial evitando maiores especulações econômicas no país.
"Quando uma pessoa não tem consciência histórica, é capaz de fazer conjecturas como comparar o Caracazo com nossos dias".
Por fim, desde o começo dos protestos na Venezuela em 12 de fevereiro, morreram 14 pessoas, como produto de violência reiteradamente condenada pelo governo e incentivada por setores da oposição. No Caracazo, a repressão foi realizada com o apoio do governo e matou mais de 1.500, de modo que a ânsia opositora e da imprensa hegemônica venezuelana e internacional não se sustenta.
Documentário llovinando cantos:
Por fim, desde o começo dos protestos na Venezuela em 12 de fevereiro, morreram 14 pessoas, como produto de violência reiteradamente condenada pelo governo e incentivada por setores da oposição. No Caracazo, a repressão foi realizada com o apoio do governo e matou mais de 1.500, de modo que a ânsia opositora e da imprensa hegemônica venezuelana e internacional não se sustenta.
Documentário llovinando cantos:
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