quinta-feira, 2 de junho de 2016

Dilma: É preciso extinguir esta cultura que trata a mulher como objeto


  
Entre os assuntos, a ausência de mulheres no primeiro escalão do governo golpista e a recente nomeação de Fátima Pelaes para a Secretaria de Mulheres, que se posiciona contra o aborto mesmo em casos de estupro, como prevê a lei no Brasil.

"A secretária provisória interina pode ter opinião, é direito dela. Mas, diante da lei, ou seja, enquanto a lei vigorar, essa posição é irrelevante, porque ela é obrigada como agente público a cumprir a lei", disse ao citar os três casos em que o Código Penal prevê a prática em três situações: quando há risco de vida para a mulher causado pela gravidez; quando a gravidez é resultante de um estupro; ou se o feto for anencefálico.

Sobre a falta de mulheres no ministério golpista, Dilma afirmou que Temer conseguiu “a façanha de ser o primeiro governo desde a ditadura militar a não ter nenhuma mulher à frente de ministérios”.

“A foto do primeiro escalão do governo provisório é chocante. Sem mulheres, sem negros, sem jovens. Homens, velhos, ricos e brancos. Conseguiram a façanha de ser o primeiro governo desde a ditadura militar a não ter nenhuma mulher à frente de ministérios.

Para Dilma, apenas com a ampliação da representatividade das mulheres no governo e em espaços de poder os temas de igualdade e de autonomia das mulheres serão tratados com a devida e necessária prioridade.

“Como primeira mulher presidenta do Brasil, quebrei paradigmas e tenho muito orgulho de todas as mulheres de nosso país que lutam todos os dias pelo seu espaço”, destacou.

Dilma disse que a discriminação e violência contra as mulheres, incluindo as "manifestações machistas e preconceituosas que surgiram durante o processo de impeachment", mostram como muitos setores da sociedade ainda são misóginos. Ao falar do caso recente de estupro coletivo a uma adolescente de 16 anos, a presidenta eleita falou que este é mais um episódio de discriminação e violência contra as mulheres.

“Todos os crimes contra a mulher devem ser combatidos e punidos com o rigor previsto em nossa legislação. No entanto, o caso recente de estupro coletivo no Rio de janeiro, assim como aqueles ocorridos no Piauí, e todos os que ocorrem todos os dias em todo o país, mostram que é fundamental que todos nós, governos e sociedade, enfrentemos a cultura do estupro que existe no Brasil”, afirmou.

Segundo Dilma, é preciso “extinguir esta cultura que desvaloriza a mulher, que considera normal tratá-la como objeto”. E acrescentou: “Mulher pode sair sozinha, pode ir à festa, pode se divertir e nenhuma destas atividades pode ser desculpa para que um homem a agrida verbal ou fisicamente. Combater esta cultura do estupro exige que mudemos o processo pelo qual educamos nossas crianças e jovens, ensinando-lhes, desde cedo, que o machismo e a desvalorização da mulher não são compatíveis com um País desenvolvido. Extinguir a cultura do estupro é parte da luta por um Brasil mais igual”, enfatizou.

“Está aí o terrível caso do estupro coletivo que envergonha a todos nós, brasileiras e brasileiros. Estão aí também as manifestações machistas e preconceituosas que surgiram durante o processo de impeachment. É a mobilização das mulheres por todo o Brasil – por direitos, respeito e democracia – que vai mudar esta história, tornando o Brasil mais igual, respeitoso e justo com as mulheres”, completou.

Educação e cultura são pontos chaves para combater o machismo e o sexismo, na avaliação de Dilma. “A educação e a cultura têm um papel estratégico para construção da igualdade de gênero. Daí a importância da nossa iniciativa junto ao MEC no sentido de trabalhar no ensino fundamental e médio, na formação nos cursos de licenciatura, nos programas de pós-graduação, em todas as áreas educacionais e também nas atividades culturais a perspectiva de gênero e o combate ao preconceito e à violência”, disse.

Dilma lembrou a retirada no Congresso Nacional da perspectiva de gênero no Plano Nacional de Educação. Para ela, a retirada é grave “porque a perspectiva de gênero coloca a mulher como protagonista, no mesmo patamar com os homens e afirma: ‘diferentes, porém não desiguais”.

A presidenta e a secretária de Mulheres aproveitaram o bate-papo para destacar a importância do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, existente no governo Dilma e extinto pelo golpista Temer.

“O ministério é o reconhecimento que a questão das mulheres tem de receber tratamento prioritário para construção de um país democrático e civilizado. Sem proteção à mulher, sem apoio à luta por melhores salários, por maior participação política, sem um firme combate à violência que recai sobre a mulher só pelo fato de ser mulher, o Brasil não avançará em direção a uma sociedade mais justa, mais igual e participativa”, disse.

Em uma das perguntas, o questionamento sobre a decisão da nova diretoria da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de banir o uso da terminação feminina na palavra “presidenta”.

Na avaliação de Dilma, a terminação “tem grande importância para a primeira mulher Presidenta da República” e lamentou que “um governo sem voto e provisório tente apagar 54 milhões e meio de votos”.
 

Fonte: Agência PT de Notícias via Vermelho

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