sexta-feira, 6 de maio de 2016

Fora do grande círculo: Primeiro tempo


Gol do Operário de Ponta Grossa na final do Campeonato Paranaense de 2015 contra o Coritiba, em CuritibaGol do Operário de Ponta Grossa na final do Campeonato Paranaense de 2015 contra o Coritiba, em Curitiba
Quando fui convidado pelo meu xará Thiago Cassis, colega do coletivo “Futebol, Mídia e Democracia” a escrever uma coluna semanal em um dos principais sítios do Brasil, o Portal Vermelho, me senti lisonjeado e também com muita responsabilidade por saber do perfil do internauta que busca informações por esses gramados e pautei em nossa conversa que meu objetivo principal era o que explanei no parágrafo de pontapé inicial desta coluna.

No entanto, o fato futebolístico desta semana, talvez do ano e por que não dizer da década, precisava passar por essas linhas.

O título de campeão inglês do Leicester, apesar de estar em um grande centro futebolístico mundial, com grandes cifras e com muitos holofotes, foge a regra geral da mercantilização da bola e por isso mereceu estar nesta minha coluna de estreia. É um time de fora do grande círculo e que só poderia ter sido campeão no futebol, esporte que é tratado por muitos como a principal invenção do homem.

O Leicester jamais seria campeão no basquetebol, nunca seria campeão no voleibol, de maneira alguma ergueria troféu no handebol. Não quero aqui desmerecer esses esportes, que inclusive já pratiquei e que sempre acompanho quando posso, mas provar com isso que a ação de empurrar uma bola com os pés é muito mais que um simples esporte. Uma atividade capaz de levar ao topo, com bons exemplos, aqueles que nem sempre são os que mais têm bala na agulha ou mais garrafas vazias para vender.

Neste 3 de maio último, comemorou-se um ano do título estadual de campeão paranaense do Operário Ferroviário Esporte Clube, time centenário fundado na cidade de Ponta Grossa em 1912 por trabalhadores das ferrovias e que venceu o maior vencedor de títulos do estado, o Coritiba Foot Ball Club por 5 a 0 no placar agregado, erguendo a taça de campeão estadual pela primeira vez em 103 anos de história.

Um título que, com suas devidas peculiaridades e proporções, se assemelha muito a esse do time inglês comandado pelo italiano Cláudio Ranieri, o Itamar Schülle** do Leicester. Ambos são times tradicionais em suas regiões, com orçamento reduzido perto dos grandes e que nunca foram favoritos, mas que contam com uma torcida apaixonada que chorou enlouquecida com a conquista e com uma cidade capaz de vestir as suas cores.

Ah o futebol! Como nos apaixona e como nos emociona. Vibrei com o título do Leicester quase como vibrei com a conquista do meu Operário Ferroviário, por ser a vitória deste contra um sistema, contra o planejado, contra o esperado.

Afinal, o futebol que queremos é esse, com muitas mais vitórias de Operários e Leicesters...

Uma ótima semana e até a próxima quinta! 


**Itamar Schülle foi o comandante do título paranaense do Operário Ferroviário em 2015 e atualmente é treinador do Botafogo da Paraíba.

*Thiago Moro é torcedor operariano desde criança, presidente do PCdoB de Ponta Grossa-PR e da Associação Avante Fantasma. 

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