quarta-feira, 2 de março de 2016

Ato anuncia luta para barrar projeto tucano que ameaça Petrobras

O projeto aprovado no Senado que tira da Petrobras a condição de operadora única do pré-sal foi recebido na Câmara com uma “chuva” de críticas, nesta quarta-feira (3), no Ato em Defesa da Petrobras, reunindo parlamentares e representantes dos movimentos sociais. O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras, deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), que abriu o evento, anunciou um calendário de luta contra o projeto que ameaça a indústria petrolífera e a Petrobras. 


Agência Câmara
A deputada Luciana Santos falou sobre o compromisso do PCdoB em lutar com toda força e capacidade contra esse atentado ao povo brasileiroA deputada Luciana Santos falou sobre o compromisso do PCdoB em lutar com toda força e capacidade contra esse atentado ao povo brasileiro
O ato foi pontuado por discursos em defesa da Petrobras e de repúdio ao projeto aprovado no Senado, seguido de palavras de ordem que manifestam a posição do público presente, que lotou o plenário da Câmara:

O grito “Da Petrobras não abro mão, quero o pré-sal cem por cento pra nação” seguiu-se a fala da deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), presidenta nacional do Partido, que falou sobre o compromisso do PCdoB em lutar com toda nossa força e capacidade contra esse atentado ao povo brasileiro.

Ela disse, sob aplausos da plateia, que “temos que nos agigantar porque, por trás da Operação Lava Jato, querem impor a agenda e o projeto deles de colocar as mãos nas nossas riquezas, um projeto entreguista, e ameaçar o nosso projeto de usar essa riqueza para financiar a educação e saúde no nosso país”.

Luciana avalia que “o momento é de muita gravidade, que exige luta política e de massas, porque o povo brasileiro tomou para si uma decisão de defesa de um patrimônio e ativo que é motivo de muitos conflitos no mundo”.

Repúdio da FUP

O presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria, registrou “o repúdio da FUP ao governo federal que, em um tema de tanta importância, tenha tomado uma atitude sem conversar com a base parlamentar. O petróleo não é uma questão de governo, mas de Estado”, inaugurando as críticas ao governo que permitiu, por meio de uma emenda, aprovar o projeto do senador tucano José Serra (SP).

Ele, como os demais oradores, lembrou que a luta em defesa do petróleo é antiga, remonta ao período de criação da Petrobras, e persiste hoje com as tentativas de acabar com os privilégios da Petrobras na exploração do petróleo brasileiro.

“Esse tema do petróleo divide opiniões entre os que acreditam que o petróleo pode ser a redenção de um povo e os que querem entregar a riqueza do nosso país aos outros países, mantendo o Brasil submisso ao capital internacional”, explicou José Maria.

Quem defende a mudança na lei de partilha parte da premissa de que o capital estrangeiro quer investir em nosso país, mas eles querem somente explorar, explicou o líder sindical, que teve sua fala seguida da palavra de ordem: “Abaixo, abaixo, abaixo a concessão, o pré-sal é nosso e não abrimos mão”.

A luta continua


As senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Fátima Bezerra (PT-RN) também discursaram para manifestar apoio à luta, que agora prossegue na Câmara, para rejeitar os projetos que ameaçam a atuação da Petrobras. “Perdemos uma batalha, mas não perdemos a guerra”, disse Grazziotin, seguida por Fátima Bezerra que anunciou: “Vamos transformar o luto em luta”.

Elas destacaram o trabalho dos que lutaram contra o projeto no Senado, criticando a ação dos que defendem o projeto, lembrando que na Câmara a luta será mais ferrenha. E, a exemplo de todos os oradores, alertou para a necessidade de mobilização e força na luta contra esse e outros projetos que ameaça a Petrobras, que é a única que tem condições de garantir o desenvolvimento nacional.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que também falou no evento, destacou a importância da participação do povo nos debates, denunciando o cerco de violação da democracia brasileira feito pelo Congresso e o massacre midiático. “Cerco que se constrói e que só pode ser vencido por nossa ousadia, nossa luta e nossa unidade.”

“Defender a Petrobras é defender o Brasil”, gritou um velho petroleiro, interrompendo a fala da parlamentar, para ser seguido, em seu “grito de guerra”, por toda a plateia.

Após a manifestação de apoio às suas palavras, Jandira prosseguiu, afirmando que as ameaças à Petrobras não são uma agenda em si, mas uma agenda em curso nesse país, “desses amorais que falam em ética e, mesmo delatados, não são investigados”, eles “têm agenda do capitalismo contemporâneo que é o neoliberalismo, que envolve também a autonomia do Banco Central e o monopólio da comunicação”.

“Não podemos permitir que o governo fique refém dessa pauta. Tem que fazer a disputa da agenda e do governo”, se posicionando contra a autonomia do Banco Central, que vai se tornar instrumento do sistema financeiro e a favor da democratização da comunicação, destacando que nenhum veículo da grande mídia fez a cobertura do evento.

Tempo curto

Davidson Magalhães lembrou que a luta é grande e o tempo é curto, porque existe prazo determinado para votação, anunciando para próxima terça-feira (9) visita aos gabinetes dos deputados e bancadas para fazer pressão contra a aprovação do projeto. E destacou que “os argumentos não resistem ao debate, por isso querem fazer uma votação açodada”.

“Defender a Petrobras é defender o Brasil, é defender a saúde, é defender a educação. Quando se descobriu o pré-sal pensamos que era hora de o país pagar a sua dívida com a educação do país. Esse Plano Nacional de Educação (PNE) é muito importante para nós e não podemos abrir mão do pré-sal”, destacou Selene Miqueli, representante da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNDE), pedindo que cada um vista a camisa da defesa do petróleo para a educação, entregando uma camiseta da campanha de defesa do pré-sal para educação. 
 

De Brasília - Vermelho - Márcia Xavier  

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