quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Estudante é atacada após discurso em cerimônia do Mais Médicos

Depois de ser ofendida por médicos e colegas, Ana Luiza recebe apoio de médicos populares
Reprodução/NBR
Depois de ser ofendida por médicos e colegas, Ana Luiza recebe apoio de médicos populares

A estudante de medicina Ana Luiza Lima, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), denunciou, em seu perfil no Facebook, as ofensas sofridas após discurso realizado durante a cerimônia de dois anos do Programa Mais Médicos, em Brasília. Luiza falou sobre as transformações que a educação provocou na sua vida, a partir da oportunidade de estudar medicina por políticas públicas do governo Dilma Rousseff.


“Vadia”, “ignorante” e “médica vagabunda pobre” foram alguns dos adjetivos usados por médicos e estudantes para ofendê-la. “Fui atacada em minha página pessoal brutalmente por médicos e futuros médicos, além de outras pessoas. O machismo e a elite mostraram sua cara”, escreveu Luiza. A Rede Nacional de Médicas e Médicas Populares divulgou nota nesta terça-feira (11) em solidariedade à jovem.


Confira a nota da Rede na íntegra:

Nota de Desagravo da Rede de Médicas e Médicos Populares à Ana Luiza Lima

A onda de ódio não passará!

A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares vem, através desta nota, prestar solidariedade à estudante de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ana Luiza Lima, que recentemente comoveu todo o país com seu discurso na comemoração dos dois anos do Programa Mais Médicos. Seu discurso emocionado, por meio do qual agradece as recentes políticas educacionais que permitiram “a neta de um agricultor sonhar em ser doutora” (nas próprias palavras dela) inspirou milhões, mas provocou a ira de um setor reacionário e conservador, que encontra em parte da nossa categoria uma das suas mais perversas formas de expressão.

A onda conservadora dentro da categoria mostrou sua face logo após o anúncio da vinda de médicas e médicos cubanos para atender áreas de difícil provimento destes profissionais por parte do governo federal. Erigiu funerais da Presidenta Dilma e do Ministro Alexandre Padilha e perpassou por cenas nefastas como o “corredor polonês” contra os médicos cubanos no Ceará, com direito a ovos arremessados e xingamentos que não merecem mais ser repetidos. Vários colegas foram perseguidos pelos conselhos regionais de Medicina (CRMs) Brasil afora por se posicionarem favoráveis ao Programa Mais Médicos e não se alinharem com o discurso corporativista, permanecendo as ameaças dos CRMs sobre os médicos que contribuem com o programa (supervisores e tutores) até hoje.

Agora a vítima é uma estudante de Medicina que cometeu o pecado de falar a verdade. Uma estudante oriunda de família humilde que ousou entender que seu sucesso hoje foi fruto de uma política pública e ousou agradecer à presidenta Dilma pelo esforço de manter políticas voltadas aos mais pobres deste país. O ódio contra Ana Luiza manifestou-se não apenas sob a forma de machismo – numa das regiões do país onde as mulheres mais sofrem com violência e onde o patriarcado se mantém firme e forte – mas, fundamentalmente, como ódio de classe, ódio ao que representou o seu discurso, ódio ao agradecimento à Presidenta, ódio de quem não suporta ver seus privilégios ameaçados.

Por tudo isto e muito mais, a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares denuncia a ofensiva conservadora que se materializa no ódio à Ana Luiza e presta irrestrita solidariedade à nossa futura colega. Saiba, Ana Luiza, que assim como você, existem médicas e médicos que se preocupam com o povo brasileiro, que respeitam sua diversidade étnica, sexual, religiosa e ideológica, que se preocupam com a conformação do SUS como sistema de direitos sociais, público, gratuito, integral e de qualidade. Assim como você, existem médicas e médicos que sonham e que fundamentalmente lutam por um futuro onde este tipo de agressão a você fique num passado distante.

Todo apoio à Ana Luiza Lima

Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares


Fonte: Pragmatismo Político via Vermelho

Nenhum comentário:

Postar um comentário