Abertura de capital da instituição financeira
pode comprometer ações de inclusão social do banco. Representantes dos
trabalhadores cobram audiência com governo federal para discutir o assunto
A Caixa completou 154 anos de fundação em 12
de janeiro em meio a um debate que pode significar mudança radical em seu
caráter público. Isso porque, no final de dezembro, foram veiculadas notícias
de que o governo federal pretende iniciar processo de abertura de capital na
instituição financeira.
Os sindicatos de bancários, as federações,
a Fenae (Federação Nacional das Associações de Empregados da Caixa
Federal), juntamente com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no
Ramo Financeiro (Contraf) e as centrais sindicais se contrapõem a essa medida,
e enviaram ofício à presidenta Dilma Rousseff, no qual defendem a manutenção da
Caixa 100% pública. Além disso, aguardam retorno à solicitação de audiência
para discutir o assunto.
Protestos
na Bahia e Sergipe hoje
A Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e
os sindicatos realizam manifestações em diversas cidades dos dois estados hoje,
20 de janeiro. Em Itabuna, o protesto será na agência Grapiúna, na Avenida
Cinquentenário, Centro.
“Abrir o capital é dar espaço para
investidores que almejam apenas o retorno financeiro em detrimento do
importante papel social que a instituição desenvolve”, desabafa Jorge Barbosa,
presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região.
Papel importante
Com mais de 100 mil empregados em 3.362
agências espalhadas por todo o Brasil, a Caixa é um banco 100% público com um
volume de ativos totais que ultrapassa R$ 1 trilhão. De janeiro a setembro de
2014, o lucro líquido foi de R$ 5,3 bilhões e as transações somaram R$ 1,72
bilhão.
Além desse peso comercial, a Caixa cumpre um
importante papel no desenvolvimento de políticas públicas de distribuição de
renda e inclusão, principalmente no que se refere ao acesso à moradia, com os
programas Minha Casa, Minha Vida e Minha Casa Melhor. Somente o Minha Casa,
Minha Vida beneficiou mais de 6 milhões de brasileiros.
Para o presidente da Federação dos Bancários
da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza, a justificativa de abrir o capital da Caixa
para reforçar em R$ 20 bilhões o saldo para o superávit primário “é um
contracenso”.
Para ele, a Caixa não é somente um banco
público com importante papel social, mas um banco com capacidade de intervir no
mercado brasileiro. “O Estado estaria abrindo mão de ter um instrumento que
regulamente o mercado financeiro. Um instrumento capaz de fazer o mercado, em
determinados momentos, se subordinar aos interesses maiores do país. Ao
contrário, a abertura de capital subordina o banco à lógica do mercado”.
Fonte: Seeb-SP e Feeb-Ba-Se
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