terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Caixa Econômica Federal tem de ser 100% pública

Abertura de capital da instituição financeira pode comprometer ações de inclusão social do banco. Representantes dos trabalhadores cobram audiência com governo federal para discutir o assunto

A Caixa completou 154 anos de fundação em 12 de janeiro em meio a um debate que pode significar mudança radical em seu caráter público. Isso porque, no final de dezembro, foram veiculadas notícias de que o governo federal pretende iniciar processo de abertura de capital na instituição financeira.
Os sindicatos de bancários, as federações,  a Fenae (Federação Nacional das Associações de Empregados da Caixa Federal), juntamente com a  Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf) e as centrais sindicais se contrapõem a essa medida, e enviaram ofício à presidenta Dilma Rousseff, no qual defendem a manutenção da Caixa 100% pública. Além disso, aguardam retorno à solicitação de audiência para discutir o assunto.

Protestos na Bahia e Sergipe hoje

A Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e os sindicatos realizam manifestações em diversas cidades dos dois estados hoje, 20 de janeiro. Em Itabuna, o protesto será na agência Grapiúna, na Avenida Cinquentenário, Centro.
“Abrir o capital é dar espaço para investidores que almejam apenas o retorno financeiro em detrimento do importante papel social que a instituição desenvolve”, desabafa Jorge Barbosa, presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região.

Papel importante

Com mais de 100 mil empregados em 3.362 agências espalhadas por todo o Brasil, a Caixa é um banco 100% público com um volume de ativos totais que ultrapassa R$ 1 trilhão. De janeiro a setembro de 2014, o lucro líquido foi de R$ 5,3 bilhões e as transações somaram R$ 1,72 bilhão.
Além desse peso comercial, a Caixa cumpre um importante papel no desenvolvimento de políticas públicas de distribuição de renda e inclusão, principalmente no que se refere ao acesso à moradia, com os programas Minha Casa, Minha Vida e Minha Casa Melhor. Somente o Minha Casa, Minha Vida beneficiou mais de 6 milhões de brasileiros.
Para o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza, a justificativa de abrir o capital da Caixa para reforçar em R$ 20 bilhões o saldo para o superávit primário “é um contracenso”.
Para ele, a Caixa não é somente um banco público com importante papel social, mas um banco com capacidade de intervir no mercado brasileiro. “O Estado estaria abrindo mão de ter um instrumento que regulamente o mercado financeiro. Um instrumento capaz de fazer o mercado, em determinados momentos, se subordinar aos interesses maiores do país. Ao contrário, a abertura de capital subordina o banco à lógica do mercado”.


Fonte: Seeb-SP e Feeb-Ba-Se

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