Verdadeira
contradição, numa visão extremamente comedida, a proposta anunciada pela
presidenta Dilma Rousseff de abertura do capital da Caixa. Justamente após
uma dura disputa eleitoral quando a
então candidata comprometeu-se através de carta aberta aos bancários dos bancos
públicos a fortalecer as instituições “que são indispensáveis para a economia
brasileira e um patrimônio da sociedade”. E concluiu: “Juntos, bancos públicos,
seus funcionários e o governo federal fizemos muito e faremos muito mais”.
Desde o governo
Sarney (1985-1990) passando por Collor (1990-1992) e FHC (1994-2002), que são
tramadas nos gabinetes iniciativas visando enfraquecer, privatizar e/ou
extinguir a Caixa Econômica Federal. Todas elas refutadas pela sociedade,
através dos seus empregados, do movimento sindical, partidos políticos
contrários ao neoliberalismo e demais segmentos.
O governo Dilma tem
buscado a todo custo a governabilidade, cedendo espaço ao chamado “mercado” –
bancos, indústrias e demais corporações. Contudo, não deve confundir amplitude
política com capitulação diante dos representantes do capital, que, diga-se de
passagem, tudo fizeram para derrotar o projeto da candidata Dilma que busca uma
alternativa de desenvolvimento em relação aos clássicos preceitos do
neoliberalismo.
A ideia de abertura
do capital da Caixa é certamente uma exigência do mercado financeiro (bancos)
de reduzir ou cessar os investimentos governamentais nos bancos públicos, seus
concorrentes, além de possibilitar num primeiro momento o auferimento de lucros
por parte dos investidores e num segundo facilitar a fusão com outra
instituição financeira ou até mesmo a privatização.
O mercado está de
olho em uma empresa que conta hoje com 3.362 agências, 100 mil empregados,
ativos totais da ordem de R$ 1,01 trilhão e que obteve de janeiro a setembro de
2014 o lucro líquido de R$ 5,3 bilhões e as transações somaram R$ 1, 72 bilhão.
Sem falar que é o maior agente financeiro de habitação e administra fundos e
programas (FGTS, PIS, FIES, FAT, Bolsa Família) do governo federal.
Não podemos nos
esquecer do pioneiro e decisivo papel desempenhado pela Caixa, como agente do
governo federal, no enfrentamento aos impactos da crise financeira de 2008 em
ações anticíclicas como a redução dos juros e do spread, enquanto que no Banco do Brasil o então presidente Lula
teve que despedir o presidente para que tais políticas fossem executadas.
Enquanto isso, os bancos privados fizeram justamente o contrário com o objetivo
de provocar a retração do crédito.
Fica claro que é
fundamental a um governo que busca o crescimento econômico com a valorização do
trabalho um banco totalmente a ele vinculado, principalmente em momentos de
crise e dificuldades. Certamente a Caixa deve estar a serviço do Brasil e dos
brasileiros e não do mercado financeiro.
É totalmente
incoerente, um verdadeiro estelionato eleitoral a tese apresentada pela equipe
econômica e defendida pela presidenta Dilma de abertura do capital da Caixa
Econômica Federal. Esse projeto constava nos programas eleitorais do PSDB e do
PSB, ambos derrotados.
Exigimos coerência
política e respeito ao programa eleitoral!
Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região
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