terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Caixa Econômica Federal: abertura de capital - azedo presente de Natal!

Verdadeira contradição, numa visão extremamente comedida, a proposta anunciada pela presidenta Dilma Rousseff de abertura do capital da Caixa. Justamente após uma  dura disputa eleitoral quando a então candidata comprometeu-se através de carta aberta aos bancários dos bancos públicos a fortalecer as instituições “que são indispensáveis para a economia brasileira e um patrimônio da sociedade”. E concluiu: “Juntos, bancos públicos, seus funcionários e o governo federal fizemos muito e faremos muito mais”.

Desde o governo Sarney (1985-1990) passando por Collor (1990-1992) e FHC (1994-2002), que são tramadas nos gabinetes iniciativas visando enfraquecer, privatizar e/ou extinguir a Caixa Econômica Federal. Todas elas refutadas pela sociedade, através dos seus empregados, do movimento sindical, partidos políticos contrários ao neoliberalismo e demais segmentos.

O governo Dilma tem buscado a todo custo a governabilidade, cedendo espaço ao chamado “mercado” – bancos, indústrias e demais corporações. Contudo, não deve confundir amplitude política com capitulação diante dos representantes do capital, que, diga-se de passagem, tudo fizeram para derrotar o projeto da candidata Dilma que busca uma alternativa de desenvolvimento em relação aos clássicos preceitos do neoliberalismo.

A ideia de abertura do capital da Caixa é certamente uma exigência do mercado financeiro (bancos) de reduzir ou cessar os investimentos governamentais nos bancos públicos, seus concorrentes, além de possibilitar num primeiro momento o auferimento de lucros por parte dos investidores e num segundo facilitar a fusão com outra instituição financeira ou até mesmo a privatização.

O mercado está de olho em uma empresa que conta hoje com 3.362 agências, 100 mil empregados, ativos totais da ordem de R$ 1,01 trilhão e que obteve de janeiro a setembro de 2014 o lucro líquido de R$ 5,3 bilhões e as transações somaram R$ 1, 72 bilhão. Sem falar que é o maior agente financeiro de habitação e administra fundos e programas (FGTS, PIS, FIES, FAT, Bolsa Família) do governo federal.

Não podemos nos esquecer do pioneiro e decisivo papel desempenhado pela Caixa, como agente do governo federal, no enfrentamento aos impactos da crise financeira de 2008 em ações anticíclicas como a redução dos juros e do spread, enquanto que no Banco do Brasil o então presidente Lula teve que despedir o presidente para que tais políticas fossem executadas. Enquanto isso, os bancos privados fizeram justamente o contrário com o objetivo de provocar a retração do crédito.

Fica claro que é fundamental a um governo que busca o crescimento econômico com a valorização do trabalho um banco totalmente a ele vinculado, principalmente em momentos de crise e dificuldades. Certamente a Caixa deve estar a serviço do Brasil e dos brasileiros e não do mercado financeiro.

É totalmente incoerente, um verdadeiro estelionato eleitoral a tese apresentada pela equipe econômica e defendida pela presidenta Dilma de abertura do capital da Caixa Econômica Federal. Esse projeto constava nos programas eleitorais do PSDB e do PSB, ambos derrotados.

Exigimos coerência política e respeito ao programa eleitoral!


Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região

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