sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"Estado falido": Declaração de Mujica exacerba crise no México

Durante protesto, mulher acusa Estado de assassinato, após o desaparecimento de 43 estudantes no México.
Revista Semana
Durante protesto, mulher acusa Estado de assassinato, após o desaparecimento
de 43 estudantes no México.

No domingo passado, autoridades mexicanas convocaram o embaixador uruguaio, Jorge Alberto Delgado, para uma conversa. A secretaria de Relações Exteriores do país emitiu um comunicado afirmando “surpresa” e “rejeitando categoricamente” as declarações do presidente do Uruguai, José Mujica, que chamou o México de “Estado falido” em uma entrevista à revista Foreign Affairs. Enrique Peña Nieto, mandatário do México, enfrenta críticas cada vez mais duras e não conseguirá “tapar o sol com a peneira”.

Mujica se referiu à crise vivenciada no México após o desaparecimento dos 43 estudantes da escola de Ayotzinapa, que ocorreu na cidade de Iguala, no final de setembro. Para o mandatário uruguaio, a situação do país “é pior do que a vivenciada em uma ditadura”.

Quase dois meses depois do incidente, nenhuma resposta considerada satisfatória foi dada, o que tem motivado uma série de protestos no México e em outros países da região.


De forma diplomática, Mujica até tentou retificar sua colocação, afirmando que “frente ao narcotráfico estamos falindo todos” e que “o que passa com ele, amanhã pode se passar comigo”. No entanto, a “franqueza” do presidente uruguaio atingiu uma ferida aberta no corpo político e social da América Latina.

O fato é que a indisposição entre os países latino-americanos, gerada por conta deste episódio, colocou o sumiço dos jovens ainda mais em evidência e o assunto não pode mais ser negligenciado pelas autoridades. A comunidade internacional tem sua atenção voltada para as ações do governo mexicano, que até o momento pouco fez para solucionar o caso. Inclusive a Organização das Nações Unidas (ONU) já emitiu uma nota considerando o caso dos 43 estudantes como “desaparecimento forçado”.

O presidente mexicano está cercado e vive uma avalanche crescente de críticas. Um movimento no Twitter pede #RenunciaEPN (renuncia, Enrique Peña Nieto). Algumas especulações midiáticas citam um possível impeachment no México. A renúncia do presidente antes do fim do mandato (2018) também é possível caso o Congresso aceite os motivos do mesmo.

Sob pressão

“Com a corda no pescoço”, o governo começa a reagir e, na terça-feira (25), Peña Nieto reuniu-se com o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), Luis Raúl González Pérez. O encontro terminou com a afirmação de que o país deve ter um defensor dos direitos humanos.

Na quarta-feira (26), o presidente mexicano conversou por telefone com o chefe de Estado norte-americano, Barack Obama, que “manifestou suas condolências profundas aos familiares e amigos das vítimas”. Para o governo estadunidense, esse “crime atroz e bárbaro” precisa ser investigado de forma “exaustiva e transparente”. Até o momento, a Casa Branca havia qualificado como “preocupante” as informações sobre o caso de Iguala, mas tinha evitado abordar o assunto diretamente.

O empresariado também expressou a sua preocupação com a insegurança no México. O presidente do Conselho Coordenador Empresarial (CCE) nacional, Gerardo Gutiérrez Candiani, disse em um vídeo publicado no site que os empresários manifestam “a sua solidariedade com todas as vítimas e as famílias afetadas pela insegurança pública”. O vídeo, chamado “Renovação sem violência”, é um “apelo” à sociedade e às autoridades mexicanas para contribuir para um país seguro.

Entenda o caso:


Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações da Voz da Rússia

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