É fato, nosso país foi dividido
no dia 26 de outubro. Não territorialmente, como dizem ou querem os
preconceituosos, esquecendo-se que em Minas e no Rio de Janeiro, Dilma também ganhou
a eleição, sem falar daqueles que votaram no PT ou no PSDB em todos os estados.
O Brasil foi dividido
como é natural que aconteça em processos eleitorais com disputa acirrada, do
ponto de vista ideológico. Do lado de Dilma, ficaram aqueles que apóiam a idéia
da construção de um projeto de desenvolvimento nacional autônomo, com
valorização do trabalho e fortalecimento do mercado interno.
Com Aécio, aqueles que
defendem a tese da supremacia do mercado, de um desenvolvimento subalterno aos
interesses dos Estados Unidos e da União Européia, tendo como princípio macro econômico,
o neoliberalismo, o que implica necessariamente na desvalorização do trabalho e
na concentração de renda.
Foi uma batalha difícil
tendo em vista que o governo perdeu aliados e foi atacado por duas frentes, PSDB
e PSB. Com a morte de Eduardo Campos a
mídia o transformou em um “herói nacional”, criou um clima de comoção e
apresentou a Marina a possibilidade de vencer o pleito. Diante da inconsistência
do programa apresentado pela candidata, a polarização voltou a ficar entre
Dilma e Aécio. As duas frentes unificaram-se e Dilma rompeu o cerco.
Destaca-se o decisivo
papel desempenhado pela militância da candidatura de Dilma, que foi às ruas e
efetivamente fez campanha notadamente no segundo turno, desequilibrando o jogo.
É uma lição que não pode ser esquecida jamais, a importância do militante que
movido pela razão e emoção fez campanha em família, entre amigos e colegas, nas
redes sociais e nas praças. É o elemento consciente em ação.
Relevante foi a postura
despolitizada de milhares de trabalhadores que, de forma completamente insciente
e irresponsável, apoiou e votou no PSDB, o que equivale numa grotesca comparação,
pedir para ter salários e direitos reduzidos. É uma dura reflexão que
precisamos fazer: a consciência de classe do trabalhador brasileiro é quase
inexistente.
Cabe a Dilma enfrentar
o desafio de manter e aprofundar o crescimento e o desenvolvimento econômico
garantindo a inclusão social e o respeito aos direitos dos trabalhadores. Faz-se
necessárias reformas, dentre elas, a política e a de democratização da mídia (foi
notório e explicito o papel dos grandes meios de comunicação, em especial, à
revista Veja, em favorecer o
candidato das elites).
É preciso também mais
critério na indicação da equipe de governo e um duro combate à corrupção com a
punição de qualquer envolvido. A esquerda precisa manter o discurso político e
ideológico vivo e a militância mobilizada porque, sem duvida, será necessário
para garantir os avanços que o Brasil precisa.
Por Jorge Barbosa,
presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna
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