quinta-feira, 8 de maio de 2014

Sessão Solene na Câmara comemora 30 anos do movimento Diretas Já

Os 30 anos do movimento conhecido como Diretas Já (1983-1984), que levou a população brasileira às ruas de todo o país par a reivindicar a volta das eleições diretas para presidente, recebeu homenagem com sessão solene na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (7). A última eleição antes desse período aconteceu em 1961, quando Jânio Quadros foi eleito. 


Agência Câmara
A Emenda das Diretas Já, apresentada em 1983 pelo deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT), recebeu apoio popular, no começo de forma tímida e, depois, ampla. A Emenda das Diretas Já, apresentada em 1983 pelo deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT), recebeu apoio popular, no começo de forma tímida e, depois, ampla. 
O movimento reuniu estudantes, artistas, sindicalistas, artistas, atletas e políticos da oposição. A manifestação ocorrida em São Paulo, no dia 25 de janeiro de 1984, levou mais de 1,5 milhão de pessoas ao centro da capital paulista, em apoio ao movimento. Foi a maior manifestação popular pela democracia já vista no país.

Idealizador da homenagem na Casa, o líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), explica que o objetivo é prestar as devidas homenagens ao maior movimento de participação popular do Brasil. "A Câmara rejeitou a Emenda Constitucional das diretas. Assim mobilizou o povo que fez a democracia ressurgir. É de baixo para cima que o Brasil avança e o Congresso pode rever seus erros", argumentou Beto.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), que discursou na sessão solene, destacou que a Câmara não podia deixar de rememorar o movimento que teve a maior participação popular da história do nosso país e que marca a trajetória da vida política institucional dos últimos 30 anos.

Sentimento patriótico

“Ver, ouvir e compartilhar a emoção transmitida por Milton Gonçalves relembra o sentimento patriótico, cívico e cultural que reuniu todos nós, impregnados de esperança, com o objetivo de vencer aquele período ditatorial, autoritário, e apostar num país democrático, de homens e mulheres livres”, disse o parlamentar, após a exibição do vídeo com imagens da época.

“E nós fomos vitoriosos; o Brasil, o povo brasileiro foi vitorioso nesse processo político que está em construção permanente”, avalia Daniel Almeida, para quem “o resultado desse movimento de rua foi o fim daquele ciclo ditatorial. Nós não podemos imaginar as conquistas da Constituição de 1988, sem essa trajetória, sem esse acúmulo, sem a pressão das ruas e sem a presença desses movimentos sociais no processo de construção, de elaboração da nossa Constituição Cidadã”.

Daniel Almeida lembrou que a ditadura militar tentou impedir que o movimento crescesse. E recordou também que o PCdoB, naquele momento ainda na clandestinidade, constituiu uma Comissão Nacional em Defesa da Legalidade, imaginando que não era possível defender a liberdade e a democracia sem permitir que uma corrente política de opinião, de pensamento, pudesse estar na rua livremente se expressando.

“Essa comissão em defesa da legalidade começou a visualizar que era possível levantar a bandeira naqueles movimentos de rua que surgiam em torno das Diretas. Começamos com uma bandeirinha, num primeiro evento. No final desse processo, nos grandes comícios, a bandeira vermelha em defesa da legalidade dos comunistas tinha uma força, uma presença muito expressiva”, recordou Daniel, dizendo que ele foi um dos que carregou essas bandeiras.

História

A Emenda das Diretas Já, citada por Beto Almeida, foi apresentada em 1983 pelo deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT). Assim que foi apresentada, a Emenda Dante começou a receber apoio popular, no começo de forma tímida e, depois, ampla.

Os protestos representavam a vontade popular pela redemocratização. O país completava 20 anos de ditadura militar, regime que já dava sinais de enfraquecimento. A inflação era alta e a recessão também. O surgimento de novos partidos e o fortalecimento dos sindicatos contribuíram para reforçar a oposição ao regime.

Após a derrota da emenda no Congresso, as eleições indiretas pelo Colégio Eleitoral consagraram o candidato da oposição, o civil Tancredo Neves, em 1985. Mas Tancredo morreu sem tomar posse. Na gestão de seu vice, José Sarney, as eleições voltaram a ser diretas. Seu governo marcou o período de transição democrática.

Em 1989, cinco anos após a rejeição da Emenda Dante de Oliveira e um ano depois da Constituinte, Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito por voto direto em 30 anos.

De Brasília
Márcia Xavier

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