sexta-feira, 17 de maio de 2013

Bahia agora tem Comissão da Verdade


Foram mais de 20 anos de torturas, desaparecimentos, assassinatos e falta de liberdade no Brasil e na Bahia. Assim como no restante do país, no Estado, a ditadura militar (1964-1985) teve como marco a forte repressão dos militares e o fim dos direitos humanos mais básicos. 

O regime não poupou ninguém. “Fui preso por diversas vezes somente por ser visto como subversivo. Meus direitos foram violados e eu apanhei muito”, conta o ex-presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Raimundo Reis. 

As lembranças de um passado de opressão fazem parte da história de muitos baianos. Agora, tudo vem à tona com a instalação da Comissão de Verdade na Bahia. Depois das tentativas dos governos passados de jogar para debaixo do tapete a verdade, os baianos, enfim, terão a oportunidade de saber os bastidores obscuros da ditadura no Estado.

Para o presidente da comissão, Marcelino Galo, o projeto resgata a memória e a verdade dos fatos. O objetivo é “romper o silêncio da época tirana e fazer com que a juventude baiana saiba o que realmente aconteceu nos anos de chumbo”.
 
Trabalhos começam na terça-feira

Os trabalhos da Comissão da Verdade da Bahia começam na terça-feira (21/05), com audiência pública às 9h, no edifício Senador Jutahy Magalhães, CAB. De acordo com o presidente, Marcelino Galo, o grupo, formado por oito parlamentares, vai colher depoimentos de presos políticos, familiares e militares da época, tendo em vista os direitos humanos como principal instrumento de avaliação dos levantamentos. 

As investigações serão feitas de forma integrada à Comissão Nacional da Verdade, que já examinou mais de 30 milhões de páginas de documentos desde a criação, há um ano. Agora é esperar para que o Brasil realmente conheça a história do período mais assustador e violento do país em mais de 500 anos.
 
Nem os bancários escaparam da repressão

A ditadura militar (1964-1985) foi marcada pela repressão, em especial para os movimentos populares e as organizações políticas dos trabalhadores. Entidades sindicais sofreram intervenção dos militares por anos. Foi o caso do Sindicato dos Bancários da Bahia.

Um dos principais alvos foi a atuação do Sindicato, cujo o então presidente, Raimundo Reis, foi preso e torturado. Mais de 370 bancários foram cassados com a instauração do Ato Institucional nº 1, em 9 de abril de 1964. Antes disso, em 1º de abril, a sede da entidade foi invadida. Os documentos e a instalação destruídos. O Sindicato chegou a passar dias fechado.

Limitar a atuação política das organizações sindicais era uma das formas de minimizar pronunciamento de ativistas, obviamente posicionados contra a ditadura militar.

Fonte: O Bancário

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