sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os 100 anos do Amado camarada


Em meio à ascendência das plantações de cacau do município de Itabuna, no sul da Bahia, nascia Jorge Amado, há 100 anos (10). Filho de um fazendeiro da região, João Amado de Faria, o “romancista do povo”, como ficou conhecido, decidiu não seguir com os negócios da família, preferindo as letras e a militância pela paz e pela igualdade social. A participação política, aliás, foi uma das principais fontes para a produção e popularização dos trabalhos do escritor.
Ainda cedo, Jorge se mudou para Ilhéus, outro município da região cacaueira, onde passou a infância. Depois foi para Salvador, onde estudou em colégios tradicionais da cidade. Foi na capital baiana que começou a participar da vida literária, tendo trabalhado em jornais e fundado a Academia dos Rebeldes. Aos 19 anos, lança o primeiro romance, “O país do Carnaval” (1931), uma crítica à ética de intelectuais da época diante do cenário político, anterior à Revolução de 30, e surpreendeu.
Da Bahia, o jovem escritor partiu para o Rio de Janeiro, onde estudou na Faculdade Nacional de Direito, se formando em 1935. Nesse período, Amado se insere na militância comunista, onde permaneceu por mais de duas décadas. Um dos primeiros sinais da ligação do baiano com a ideologia foi dado já no início da década de 1941, quando decidiu contar em livro a vida de Carlos Prestes. O objetivo de “Cavaleiro da Esperança” (1942) era pressionar a libertação do líder, que tinha sido preso seis anos antes.
Imerso na luta, Amado vislumbrou compor a Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Comunista do Brasil, que na época utilizava a sigla 'PCB', e se candidatou a deputado federal por São Paulo. Na campanha, destacava o título de “Romanceiro do Povo” e os romances publicados, que, naquele momento, já eram famosos, como Jubiabá (1935), Mar Morto (1936), Capitães da Areia (1937). Foi eleito em 1945 com uma votação expressiva, se tornando o deputado mais votado no estado.
No exercício do mandato, o baiano esteve à frente da elaboração da Constituição de 1946 e defendeu, principalmente, as liberdades individuais. Foi ele o autor do projeto que garante aos brasileiros o direito à liberdade de culto religioso.
O Vermelho teve acesso ao áudio do discurso de Jorge na promulgação da Carta Magna, em que ele falava pela bancada comunista:
“Hoje, o Brasil ingressa em um novo período da sua vida política. O Partido Comunista do Brasil, e a sua bancada na Assembléia Constituinte, se despoliu e votou essa Constituição e está, tanto o partido quanto a sua bancada, dispostos a lutar para que essa Constituição seja cumprida nos seus preceitos democráticos, para que o povo brasileiro tenha nela uma bandeira da democracia”, discursou Jorge Amado.
O artista brasileiro mais importante do comunismo morreu em Salvador, no dia seis de agosto de 2001, quatro dias antes de completar 89 anos. A pedido dele, o corpo foi cremado e as cinzas enterradas no jardim da casa onde morou anos com Zélia Gattai e os filhos, no endereço mais famoso da Rua Alagoinhas, no tradicional bairro do Rio Vermelho.  
Fonte: Vermelho

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