O
Dia do Saci consta do projeto de lei federal nº 2.762, de 2003 (apensado
ao projeto de lei federal nº 2.479, de 2003), elaborado pelo Chico Alencar, (PSOL
- RJ) e Ângela Guadagnin (PT - SP), com o objetivo de resgatar figuras do folclore
brasileiro, em contraposição ao "Dia das Bruxas", ou Halloween,
de tradição cultural celta. Propõe-se seja celebrado em 31 de Outubro.
Etimologia
"Saci" é oriundo do termo tupi sa'si.
"Matimpererê" é oriundo do termo tupi matintape're.
O saci
A figura do saci surge como um ser maléfico, como
somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns ao sul.
Na Região Norte do Brasil, a mitologia africana o
transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira,
imagem que prevalece nos dias de hoje. Herdou também, da cultura africana, o
pito, uma espécie de cachimbo e, da mitologia européia, herdou o píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário
trasgo.
Trasgo é um ser encantado do folclore do norte de Portugal, especialmente da região
de Trás-os-Montes. Rebeldes, de pequena
estatura, os trasgos usam gorros vermelhos e possuem poderes sobrenaturais.
Representação
O saci é um negro jovem de uma só perna, portador de
uma carapuça sobre a cabeça que lhe concede poderes mágicos. Sobre este último
caractere, é de notar-se que, já na mitologia
romana, registrava Petrônio,
no Satiricon,
que o píleo conferia poderes ao íncubo
e recompensas a quem o capturasse.
Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com
os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades
domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assovios – bastante
agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos
dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho
das cozinheiras, fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos
recipientes de açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas.
O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII
ou começo do XIX.
Papel do mito
A função desta "divindade" era o controle,
sabedoria, e manuseios de tudo que estava relacionado às plantas medicinais, como guardião das
sabedorias e técnicas de preparo e uso de chá, beberagens e outros
medicamentos feitos a partir de plantas.
Como suas qualidades eram as da farmacopéia, também
era atribuído, a ele, o domínio das matas onde guardava estas ervas sagradas, e
costumava confundir as pessoas que não pediam a ele a autorização para a coleta
destas ervas.
Na cultura popular
Literatura
"Retrato do
Saci-pererê" (2007) por J. Marconi
O primeiro escritor a se voltar para a figura do
saci-pererê foi Monteiro Lobato, que realizou uma pesquisa
entre os leitores do jornal O Estado de S. Paulo. Com o título de
"Mitologia Brasílica – Inquérito sobre o Saci-Pererê", Lobato colheu
respostas dos leitores do jornal que narravam as versões do mito, no ano de
1917. O resultado foi a publicação, no ano seguinte, da obra O Saci-Pererê: resultado de um
inquérito, primeiro livro do escritor.
Mais tarde, em 1921, o autor voltaria a recorrer ao
personagem, no livro O Saci, seu segundo trabalho dedicado à literatura infantil.