Mobilizar os jovens para a luta. Este foi o principal debate do 2o Encontro da Juventude Bancária da Bahia e Sergipe, que aconteceu no último sábado (03), no Hotel Monte Pascoal, em Salvador. Participaram do encontro 80 jovens (59 homens e 21 mulheres), representantes dos sindicatos da base da Federação dos Bancários (FEEB-BA/SE).
Os participantes do encontro destacaram a importância do evento para a mobilização dos jovens. “Esse encontro é muito importante, pois não estamos discutindo o futuro da categoria, mas o presente, já que os jovens são maioria da categoria bancária”, opinou Augusto Vasconcelos, vice-presidente do Sindicato da Bahia. Para Emanoel Souza, presidente da Federação, o objetivo é possibilitar que os jovens mobilizem outros jovens não só para participarem da luta bancária, mas também de outras lutas sociais. “Para que a juventude seja mais protagonista”, salientou.
Lucas Galindo, diretor da Juventude da FEEB, destacou que o encontro tem incentivado e contribuído para uma participação efetiva dos jovens. “Mas o trabalho de mobilização da juventude é de longo prazo”, constatou. Já o deputado estadual e bancário Álvaro Gomes lembrou que esta juventude nasceu no momento da ofensiva neoliberal, não pode esquecer que sempre existiu a luta de classes e precisa saber de que lado está.
Perfil da juventude trabalhadora – Após a abertura do encontro, iniciou o debate sobre o perfil da juventude trabalhadora no Brasil, com a palestra de Paulo Vinícius, secretário da Juventude da CTB Nacional. Paulo Vinícius afirmou que a nossa juventude foi formada numa cultura individualista, antipartidária e antissindical. Uma geração criada sob o monopólio da mídia do Regime Militar e das políticas neoliberais.
Paulo chamou a atenção para a disputa da consciência dos jovens na sociedade atual pela mídia, grupos religiosos e o imperialismo, principalmente, através das redes sociais. Observou que é necessário que esta geração, que busca a solidariedade e a igualdade, se una a gerações passadas que lutaram por justiça social. “Esta disputa em torno da consciência da juventude é fundamental para o futuro do nosso povo (...). E qual o lugar dos jovens na luta? Na luta pelo um projeto nacional de desenvolvimento (...). Não podemos permitir que a mídia golpista, o imperialismo, falem por nossa juventude”, concluiu.
Agosto, mês de revoltas – Para introduzir o painel sobre as manifestações dos jovens, foi exibido um vídeo sobre o Quebra-quebra (1981) e a Revolta do Buzú (2003). Após a exibição, Osmar Pereira, aos 70 anos, falou de sua experiência de luta no movimento sindical bancário durante a ditadura militar. Osmar foi funcionário do Banco da Bahia desde 1960 e criador, junto com Antoniel Queiroz (BNB), da Associação dos Bancários de Feira de Santana, que logo passou à condição de Sindicato. Foi preso no interior do banco, demitido e torturado pelo regime militar. Agora ganhou na Justiça a reparação por esta demissão arbitrária. “Aos 70 anos, me considero ainda jovem, pois sempre tive como lema de vida lutar sempre, não desistir jamais”, declarou.
Emanoel Souza deu o seu testemunho sobre o Quebra-quebra, em 1981, quando ônibus foram depredados na capital baiana, durante 13 dias, em protesto pelo aumento da tarifa. Comparou aquele movimento com as manifestações dos jovens que ocorreram em junho deste ano. Lembrou que naquela época, além das formas de comunicação mais precárias, vivíamos ainda em plena ditadura militar e ocorreram repressão com balas de verdade, prisões arbitrárias e espancamentos.
Augusto Vasconcelos falou sobre a sua participação na Revolta do Buzú (2003), em Salvador, que originou o Movimento do Passe Livre em outras cidades do Brasil. O movimento foi influenciado pela luta a favor da cassação do senador ACM por causa da quebra do sigilo do painel do Senado. Augusto afirmou que a manifestação chegou a ter 50.000 estudantes nas ruas. Ao final, a maioria das reivindicações foi atendida, como meia-passagem dos estudantes aos domingos e feriados, congelamento das tarifas de ônibus e auditoria nos cálculos das tarifas.
Sobre as manifestações de junho deste ano, Marianna Dias, vice-presidente da UNE na Bahia, observou que a avaliação é mais difícil, pois ainda estamos vivendo e refletindo sobre suas consequências. Destacou que a repressão da polícia, principalmente em São Paulo, que fez aumentar a adesão e a solidariedade ao movimento, continua a mesma dos outros movimentos, já que os policiais são ainda formados numa cultura de repressão da ditadura. Além disso, chamou a atenção para a tentativa de manipulação do movimento pela mídia. “A nossa geração não pode esquecer a contribuição das outras gerações e também tem que dar a sua contribuição nas lutas sociais (...). Disputar a atual mobilização para torná-la mais de esquerda e democrática”, concluiu.
Fotos: Manoel Porto
Fonte: Feeb/Ba-Se
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