Abrem-se as cortinas da famosa Ópera de Paris e a câmera mostra a reação das pessoas na plateia, como uma espécie de exercício de metalinguagem com os espectadores acomodados nas poltronas do cinema.
Quando se pensar na produção cinematográfica de 2012, aliás, os nomes e Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva deverão estar em destaque. Não é à toa que ela está indicada ao Oscar de melhor atriz, por um filme que concorre a outras quatro estatuetas – filme, direção, roteiro original e melhor filme estrangeiro. E não se trata de um exagero. A história de um casal de idosos, cuja mulher vai, aos poucos, ficando inutilizada num quarto de apartamento é realmente tocante e reflete até onde uma relação afetuosa de amor e amizade é capaz de nos levar.
Exceto pela cena da ópera, o filme se passa todo no interior de um apartamento – no quarto, na sala, na cozinha e no hall de entrada. Anne (Emmanuelle Riva) é uma pianista aposentada que, durante um café da manhã, sofre um derrame, para desespero do marido, Georges (Jean-Louis Trintignant). Eles têm uma filha, Eva (Isabelle Hupert), que mora fora da França.
Com um lado do corpo paralisado, Anne começa a sofrer as transformações físicas e emocionais provocadas por seu estado de saúde, numa interpretação realmente soberba. Já Georges não aceita a possibilidade de levar sua mulher para uma casa de repouso e também se revolta diante da agressividade e falta de tato das cuidadoras. Por isso, assume toda a responsabilidade e tenta dar-lhe as últimas alegrias na vida. A cena em que os dois cantam juntos, por exemplo, tem uma força emocionante.
Amor trata com lirismo de uma situação difícil e é muito comum não só entre os casais de idosos – lidar com as próprias deficiências e também com as do companheiro. E demonstra os sentimentos capazes de superar obstáculos. Portanto, se a temática não é lá grande novidade, a maneira como é trabalhada pelo cineasta alemão, conhecido por filmes como Caché e A Fita Branca, faz com que essa produção mereça os prêmios que tem arrebatado mundo afora, como a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Fonte: Rede Brasil Atual via Vermelho
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